O PMLLLB e um concurso literário

No post de hoje vou contar umas novidades do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca (PMLLLB), que estou acompanhando de perto, e também vou falar de um concurso literário e mostrar os trabalhos vencedores

DEBATE COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES AJUDA A CONSTRUIR O PLANO DE SÃO PAULO

Já falei aqui do PMLLLB da cidade de São Paulo e disse que voltaria ao assunto quando tivesse novidade. Na outra semana participei, com o LiteraSampinha, de um debate na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato. Nesse encontro foram discutidas as propostas, que serão encaminhadas ao Grupo de Trabalho (GT) para ajudar a construir o Plano.

O que é o PMLLLB

“A cidade de São Paulo está elaborando o seu Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca para promover o acesso de todos. Os objetivos do plano são: estabelecer políticas públicas claras para o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas e garantir recursos para sua implementação; assegurar o acesso aos livros e a inclusão de todos; promover a integração entre escolas, bibliotecas e outros espaços; debater e promover a formação de mediadores e a bibliodiversidade (diversidade de temas, títulos, editoras e autores na produção editorial e nos acervos); desenvolver e apoiar ações de literatura; incentivar escritores, editores e livreiros.”

O GT e os debates do PMLLLB

Quatro secretarias da Prefeitura de São Paulo (Cultura, Educação, Governo e Direitos Humanos) e diversas entidades ligadas ao livro e à leitura participam do GT, e o LiteraSampa é uma delas. O GT, junto com a população da cidade, está realizando um diagnóstico da situação existente e realizando “debates setoriais” para levantar as propostas de mudança, em outubro começam os “debates regionais”. A ideia é “promover a construção coletiva do Plano, que deve espelhar a diversidade e a dimensão da cidade de São Paulo”.

O PMLLLB tem cinco eixos de discussão (democratização do acesso, fomento à leitura e à formação de mediadores, valorização institucional da leitura e incremento de seu valor simbólico, desenvolvimento da economia do livro, e literatura), e quem quiser pode (e deve) participar dos debates, as informações estão no site http://pmlllbsp.com/. Se preferir também pode mandar sua proposta pelo site em “Dê sua contribuição”. Participe da construção do PMLLLB da cidade de São Paulo!

O debate do LiteraSampinha

Já é o quarto ano consecutivo que o LiteraSampa promove o LiteraSampinha na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, crianças de 3, até adolescentes de 14 anos se encontram para ler, contar e ouvir histórias, e conversar sobre livros, leituras e bibliotecas. Neste ano, o encontro serviu como debate, e o resultado da conversa será transformado nas propostas, que o LiteraSampa vai encaminhar ao GT, para ajudar a construir o PMLLLB. Minha amiga Bel, do LiteraSampa me convidou para participar do encontro deste ano. Eu fui, adorei, e hoje vou falar um pouco desse encontro.

Cheguei mais cedo, antes de começar e encontrei a minha amiga Neide, ela trabalha no Museu Afro Brasil, no Ibirapuera, e estava com o Daniel, que nasceu no Congo e mora no Brasil há nove anos. Eles fizeram a abertura do evento, que foi no auditório da biblioteca, contaram histórias e cantaram músicas africanas. Também encontrei a Bel, a Val, a Sueli, e os “escritureiros” do LiteraSampa, o Rodrigo, o Eduardo, o Rafael, o Bruninho, a Sidinéia, a Ketli, a Silvani, e a Tamiris, que coordenaram os debates. Eram quatro grupos de debates, divididos por faixas etárias (3 a 5, 6 a 8, 9 a 11 e 12 a 14 anos). No total, havia mais de cem crianças e adolescentes, eu fiquei no grupo da minha faixa etária e quem coordenou a nossa turma foram Eduardo e Tamiris.

Rodas de conversa

Nossa turma foi para uma das salas da biblioteca, sentamos no chão, em roda, e nos apresentamos. Depois, o Eduardo fez um monte de perguntas e nós fomos respondendo, uma a uma: Tem biblioteca no seu bairro? Você vai? O que você mais gosta na biblioteca (no espaço)? O que mais chama sua atenção quando entra na biblioteca? Para onde você olha primeiro? Qual é o canto, a estante, o lado da biblioteca que você mais gosta? O que prende o seu olhar quando entra na biblioteca? Por quê? O que você gostaria que tivesse na biblioteca?

Você gosta de ler? Quais temas? Quais autores? Que tipo de livro? Você já leu para alguém? Pra quem? O que você leu para essa pessoa? Quem foi a primeira pessoa que leu para você? O que você achou da leitura? Gostou? Não gostou? Por quê? O que você gosta de fazer na biblioteca? Quem tem uma história bacana que aconteceu numa biblioteca? Fora da biblioteca, onde mais você costuma encontrar livros? Onde você acha que deveria ter livros também? Na sua biblioteca, o que você mais gosta em seu mediador de leitura? Qual foi a mediação de leitura que você mais gostou?

O Eduardo anotou todas as nossas respostas, leu a poesia “Paraíso”, do livro Poemas para brincar, de José Paulo Paes, em seguida, a Silvani dividiu nossa turma em quatro grupos, distribuiu cartolina, giz de cera e lápis de cor, cantamos a música “Se esta rua fosse minha”, conversamos sobre o tema “Se esta biblioteca fosse minha” (O que teria? Como seria? O que você gostaria de ver nesta biblioteca?), no final colocamos nossas ideias no papel, em forma de desenhos. Foi bem legal!  Depois fomos tomar lanche para nos preparar para os trabalhos da tarde.

Contação de histórias

Depois do lanche voltamos para o auditório, os grupos iriam apresentar, “em plenária”, os resultados dos debates, mas antes teve contação de histórias com Giba Pedroza. Gostei do jeito que ele se apresentou: “Para quem não me conhece meu nome é Giba Pedroza, e para quem me conhece, meu nome, também, é Giba Pedroza”.

O Giba Pedroza é contador de histórias, estudioso e pesquisador da tradição e da literatura infantil. Desde 1987 trabalha com contos e literatura infantil, realizando apresentações e oficinas para crianças e educadores. Participou de diversos encontros e festivais de contadores de histórias no Brasil e no exterior. É também escritor e roteirista. Participou do elenco do especial infantil A menina trança rimas, produzido e exibido na TV Cultura. Ele conta as histórias de um jeito tão gostoso, que emociona. Eu gosto muito de ouvir histórias e adoro as pessoas que sabem contar, bem.

Plenária final

No final, os representantes de cada grupo subiram ao palco, foram oito grupos de debates, mostraram seus trabalhos e falaram de suas propostas e “reivindicações”. Foram muitas, anotei algumas, como: fazer mais bibliotecas na cidade, bibliotecas maiores, mais legais, mais divertidas, com mais livros interessantes, e que todos cuidem bem dos livros.

Também pediram mais brincadeiras e mais conversas nas bibliotecas, que a biblioteca seja um lugar legal, divertido e aconchegante, com muito mais livros. Que a biblioteca seja um lugar para entrar e sair a hora que quiser, e que as pessoas tivessem mais interesse pela leitura. E teve muito mais… Os coordenadores dos grupos vão “sistematizar” todas as propostas para encaminhar ao GT do PMLLLB. Depois quero ver esse relatório!

Participaram desse encontro crianças e adolescentes das seguintes instituições: Associação Maria Flos Carmeli, Instituto Criança Cidadã- ICC, Centro Comunitário Casa Mateus, Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário – IBEAC, Programa Comunitário da Reconciliação e a EE Belkice Manhães Reis.

CONCURSO LITERÁRIO

Nesse dia também aconteceu o anúncio e a entrega dos prêmios aos vencedores do 1º Concurso Literário “Esta Comunidade Também é minha”, promovido pelo Polo de Leitura LiteraSampa. O Polo de Leitura LiteraSampa é um coletivo de organizações sociais, que mantém bibliotecas comunitárias e desenvolve práticas de incentivo à leitura literária.

Segundo o LiteraSampa, entre outros, o concurso tem dois objetivos principais: o de promover oportunidades de desenvolvimento pessoal e social de crianças, adolescentes e jovens por meio do estímulo ao hábito da leitura e escrita literárias; e o de favorecer a troca de conhecimentos e a integração entre as crianças, adolescentes e jovens das bibliotecas comunitárias do Polo LiteraSampa.

O Concurso Literário selecionou 37 produções de crianças, adolescentes e jovens das instituições integrantes do LiteraSampa (Associação Maria Flos Carmeli, Centro Comunitário Casa Mateus, Instituto Criança Cidadã – ICC, Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário – IBEAC, Programa Comunitário da Reconciliação e EE Belkice Manhães Reis), a partir de um gênero único – o diário – e tomando como base a obra “Quarto de despejo: diário de uma favelada” da autora Carolina Maria de Jesus.

Coube a uma Comissão Julgadora, composta por especialistas em educação e literatura, indicar os 12 finalistas, os 03 premiados de cada categoria: Diário ilustrado (03 a 05 anos); Diário I (06 a 09 anos); Diário II (10 a 13 anos); Diário III (14 a 24 anos).

Resultado final

No final do evento, fui conversar com a Bel, disse a ela que estava pensando em publicar no blog os trabalhos dos primeiros colocados de cada categoria, e perguntei o que ela achava, e se podia. Ela adorou a ideia, foi conversar com os autores, que me autorizaram a publicar, e adoraram, também. Segue a lista dos ganhadores com os links para os trabalhos dos primeiros colocados, eu li todos e gostei muito, são trabalhos literários de verdade, e de gente grande. Vocês vão ver…

Lista dos ganhadores e os trabalhos dos primeiros colocados

Diário ilustrado (03 a 05 anos)

3° – Maria Eduarda Pantoja (Associação Maria Flos Carmeli)

2° – Vitor da Conceição de Oliveira (Associação Maria Flos Carmeli)

1º – Leandra Vitória Soares do Nascimento (Associação Maria Flos Carmeli) – Baixada do Glicério – Essa Comunidade Também é Minha

Baixada do Glicério – Esta Comunidade

Baixada do Glicério – texto

Diário I (06 a 09 anos)

Menção honrosa: Matheus Henrique Pereira da Silva (Instituto Criança Cidadã – ICC) – Diário do vampiro

3° – Thayná Dantas Barbosa (Centro Comunitário Casa Mateus) – Diário da Thayná

2° – Marina Franco Leon (Centro Comunitário Casa Mateus) – O dia a dia de Marina

1º – Mayane Caroline Luz do Nascimento (Centro Comunitário Casa Mateus) – Meu Bairro, Minha Infância

Meu Bairro, Minha Infância

Diário II (10 a 13 anos)

Menção honrosa: Nina Mayara Franco Leon (Centro Comunitário Casa Mateus) – O mundo da Nina em um diário

3° – Mariana Dias (Programa Comunitário da Reconciliação) – O diário de uma garota top

2° – Bruna Rosa da Silva (Programa Comunitário da Reconciliação) – Minha vida ao avesso

1º – Bianca Rocha de Martino (Centro Comunitário Casa Mateus) – Alguns dos meus dias

Alguns dos meus dias

Diário III (14 a 24 anos)

3° Rafael Santana da Silva (Centro Comunitário Casa Mateus) – Meu querido bairro

2° Giulia Aiko Nishigama Mucheroni (Programa Comunitário da Reconciliação) – Dias de outono

1º – Eduardo Alencar (Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário – Ibeac) – A Parelheiros da ternura

A Parelheiros da Ternura

Compartilhe:
  • Facebook
  • Twitter
  1. Que sorte a minha ser amiga do Heitor.
    Ele está sempre ligado no que acontece na cidade de São Paulo.
    E o melhor: não tem preguiça de escrever tudo o que vê.
    Obrigada, menino!

  2. Oi, Bel. Obrigado. Eu que tenho a sorte de ser seu amigo!
    Pois é, pra ler e escrever, não tenho preguiça, mesmo.

  3. Que delícia mais uma vez ser relatado pelo grande Heitor.
    E orgulho de ser reconhecido tanto com o meu trabalho e agora com a minha escrita.
    Estou muito feliz. Parabéns Heitor.

  4. Obrigado, Eduardo. Isso, mesmo, da outra vez foi o passeio que fiz à Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, em Parelheiros, que vocês cuidam com tanto carinho. Teve até encontro com o Luiz Ruffato, foi maravilhoso esse dia, adorei conhecer a biblioteca e, principalmente, vocês, os escritureiros (aventureiros da escrita de Parelheiros). Parabéns pelo prêmio no concurso literário, gostei muito do seu texto.

  5. Que dia maravilhoso ver cada emoção transmitida por um sorriso, por uma lágrima, por um abraço apertado, o brilho nos olhos… Ler agora uma matéria sobre esse dia é algo que faz voltar no tempo e reviver todas essas emoções. São Paulo, a grande metrópole se movimentando por meio dos “pequenos” para a construção de políticas do livro, leitura, literatura e bibliotecas. PMLLLB para São Paulo já! Parabéns pela bela matéria Heitor…

  6. Obrigado, Luciana. Eu também me emocionei muitas vezes, e ficava orgulhoso quando percebia que a gente está contribuindo para a construção do Plano da nossa cidade. E fiquei emocionado, agora, de novo, ao saber que você reviveu tudo isso, lendo o meu post. Obrigado, mesmo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *