Três passeios e um livro sobre livro

– Você vai abandonar seu blog, Heitor?

– Por que, mãe?!

– Nunca mais você escreveu…

É a segunda vez que minha mãe fala isso, outra vez que fiquei um tempo sem publicar aqui, ela me disse a mesma coisa, minha mãe é meio exagerada, depois, desta vez, nem faz tanto tempo assim.

– Nunca vou abandonar o blog, mãe!

Eu disse, um pouco alterado, e corri ao computador pra escrever o post de hoje.

Assunto não falta, neste mês fiz três passeios da hora e li um livro que conta a história de uma biblioteca mágica. O primeiro passeio foi na cidade de São José dos Campos, fui com o pessoal da Sintaxe encontrar os alunos do professor Carlos, que participaram do clube de leitura, que está no post anterior. O segundo passeio foi na sala São Paulo, no centro da cidade, fui com minha amiga Paula assistir à entrega do prêmio Jabuti. O terceiro foi numa livraria; e o livro que li, adorei e vou contar um pouco da história dele é A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, de Jostein Gaarder e Klaus Hagerup.

Passeio a São José dos Campos

Quando comecei a fazer este blog só queria falar dos livros que leio e mostrar como e por que gosto tanto de ler. Com o tempo fui descobrindo outras vantagens, fiz passeios, fui a lançamentos e feiras de livros, conheci escritores, ilustradores, editores e um monte de gente legal nesse mundo maravilhoso da literatura. Ainda teve mais, fiz contatos por e-mail com alguns professores e organizamos aqui no blog os nossos clubes de leitura, que agora começam a render outra atividade e trazer mais vantagens: Recebi um convite do professor Carlos, com quem organizamos o último clube de leitura.

O convite era para participar de um encontro com seus alunos e conversar sobre livros e leitura. Só que a escola dele fica em São José dos Campos, não podia ir sozinho e tive que pedir ajuda ao pessoal da Sintaxe. Todos sabem quem é o pessoal da Sintaxe? Eu já falei deles, aqui… Sintaxe é a assessoria de imprensa que me deu este blog de presente, me apresentou aos primeiros escritores e me ajuda a divulgar. Eles concordaram em me levar, conversaram com os meus pais e fomos. Eles também participaram do bate-papo. Esse foi o nosso primeiro encontro pra falar de livros com alunos de outras escolas, adorei e quero fazer mais.

A turma do Vera Lúcia

Vitória Sousa, Stefanie, Raiane, Isabelle, Eduardo, Bruna, Ana Camila, João Victor, Cristian, Diego, Carlos, Adriele, João Gabriel, Bruno, Iago, Pedro Henrique, Mateus, Nicole, Pedro Lucas, Iara, Gustavo e Vitória Morais são alguns dos meus novos amigos, que conheci, pessoalmente, na visita que fiz à EMEF Vera Lúcia Carnevalli Barreto, na cidade de São José dos Campos. Eles formam o clube de leitores dessa escola, que fica perto do centro da cidade, num terreno enorme, cheio de árvores, tombado pelo patrimônio histórico. O encontro foi na sala de leitura da escola.

Participamos de um bate-papo, coordenado pelo professor Carlos, sobre livro e leitura. Descobri que assim como eu, eles também gostam muito de ler, e acho que foi isso que me aproximou, ainda mais, deles, o amor pelo livro e pela leitura. Falamos do que gostamos mais de ler; dos nossos escritores preferidos; de como viramos leitores; com quem aprendemos a gostar de livros; falamos do livro O gênio do crime, de João Carlos Marinho, que foi o tema do nosso clube; e trocamos dicas de leitura. No intervalo, eles leram trecho de um livro do professor Carlos – me disseram que ajudaram o professor a escrever esse livro; e no final ainda me fizeram um monte de perguntas sobre o blog.

Aproveitei para contar algumas das muitas aventuras que já vivi com o blog, inclusive, a luta com o prefeito da minha cidade na defesa da biblioteca do meu bairro. Acho que foi a que eles mais gostaram e prometi que um dia vou contar mais detalhes dessa história. Almoçamos e na parte da tarde visitamos, com o professor Carlos, a Bienal do Livro de São José dos Campos. Na Bienal eu participei de um bate-papo sobre poesia. Adorei o encontro e o passeio, um dia quero voltar a São José dos Campos e rever meus novos amigos.

Antes de vir embora o professor Carlos me deu dois livros que ele acabou de lançar, Os Palermas e O dia que tentaram virar os pés do Curupira, este da coleção Histórias da lua-cheia. Além de professor, ele também é escritor, já falei de outro livro dele aqui. Agora vou ler esses dois e depois eu conto.

Passeio ao Jabuti

Outro dia recebi um e-mail da minha amiga Paula: “Oi, Heitor. Vc vai na entrega do Jabuti? Tem convite? Bj, Paula.”.

Eu respondi: “Oi, Paula. Convite eu tenho, eles me mandaram, mas não sei se vou, à noite, no centro da cidade, não posso ir sozinho. Bj, Heitor.”.

Ela respondeu: “Vai comigo, na volta, te deixo em casa.”.

Eu respondi:  “OBA!”. E fomos!

Meus amigos escritores

Chegamos à Sala São Paulo, pegamos a fila pra ver se nosso nome estava na lista de convidados, estava, entramos na sala e já começamos a encontrar nossos amigos, a Paula encontrou o Guilherme Azevedo, que também é jornalista como ela, publicou um livro, As Aventuras de Alencar Almeida (O Repórter) e é editor de um site, “Jornalirismo“ (www.jornalirismo.com.br). O Guilherme é bem legal, ficou com a gente e fomos passear pela sala pra encontrar mais amigos.

O primeiro que encontrei foi o Luiz Antonio Aguiar, que mora no Rio de Janeiro. Ele tem muitos livros publicados e premiados, gosto muito do Luiz Antonio e já falei de um livro dele aqui, A espada turca, um romance de literatura fantástica. Neste Jabuti ele ganhou o segundo lugar de Melhor Juvenil com o livro Os anjos contam histórias. Quero ler esse também.

Depois encontrei o Nelson Cruz, que mora em Santa Luzia, Minas Gerais. Já fizemos um clube de leitura aqui no blog com um livro dele, Os herdeiros do Lobo. Neste Jabuti ele ganhou o terceiro lugar de Melhor Ilustração Infantil e Juvenil com o livro A máquina do poeta. Também encontrei a Marilda Castanha, mulher do Nelson, eu a conheci no outro Jabuti, daquela vez foi ela quem ganhou prêmio de melhor ilustração.

Fui procurar a Socorro Acioli, precisava encontrá-la, afinal, torci por ela, e o seu livro Ela tem olhos de céu pegou o primeiro lugar de Melhor Infantil. Encontrei a Socorro, que me disse que não acreditou quando recebeu a notícia, ficou tão feliz e emocionada que não conseguia conversar com ninguém, nem responder as mensagens que recebia em sua casa em Fortaleza. Disse que demorou um tempo pra voltar ao normal. Também encontrei a Eny Maia da Editora Biruta e conversei um pouco com ela. Foi a Eny que publicou o livro da Socorro.

Também encontrei o Jeosafá Fernandes Gonçalves, outro dia falei de um livro dele, O Jovem Mandela, ele estava com a Rosa, da Nova Alexandria, que é a sua editora. O livro Cheiro de chocolate e outras histórias, de Roniwalter Jatobá, publicado pela Nova Alexandria ganhou o terceiro lugar na categoria Livro de Contos e Crônicas. Conversei um pouco com o Roniwalter e o cumprimentei pelo prêmio.

Conheci o Tomás Martins, da Ateliê Editorial. A Ateliê ganhou o Jabuti, em primeiro lugar, na categoria Arquitetura e Urbanismo com o livro do professor Benedito Lima de Toledo, Esplendor do Barroco Luso-brasileiro. O Tomás me contou que o Benedito foi seu professor na Faculdade de Arquitetura. Já tinha trocado alguns e-mails com o Tomás quando falei, aqui no blog, de um livro da Ateliê, o Contos da Nova Cartilha – Segundo Livro de Leitura, de Liev Tolstói.

No final, depois da entrega dos troféus, encontrei o André Neves, ele me disse que a gente só se encontra no Jabuti, eu disse pra ele continuar a ganhar os prêmios pra gente se encontrar sempre. Da outra vez, ele ganhou o segundo lugar de Ilustração e o primeiro de Melhor Infantil com o livro Obax. Li esse livro, adorei e falei dele aqui no blog. Desta vez o André ganhou o primeiro lugar de Melhor ilustração Infantil e Juvenil com o livro Tom. O André estava com a Daniela Padilha, da Editora Jujuba, que me convidou para visitar sua editora, e eu vou.

O Luis Fernando Verissimo ganhou o prêmio de Melhor Livro do Ano de Ficção com Diálogos Impossíveis, que foi primeiro lugar na categoria Contos e Crônicas; e o Audálio Dantas, de Melhor Livro do Ano de Não Ficção, com As duas guerras de Vlado Herzog, que foi primeiro lugar na categoria Reportagem. A lista completa dos premiados: http://www.premiojabuti.org.br/resultado-vencedores-2013

Passeio à livraria

– Heitor, vou à livraria, quer ir comigo?

– Claro que quero!

– Então vamos logo, que já estou saindo.

– Espera, só vou me trocar.

Estranhei, fazia tempo que meu pai não me convidava pra ir à livraria com ele, no caminho ele me explicou, eu entendi, e adorei ainda mais nosso passeio daquele dia. A livraria estava fazendo uma promoção, e todos os livros infantojuvenis de uma editora estavam pela metade do preço. Ele me disse que eu podia escolher até três, não muito caros. Eu escolhi A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, de Jostein Gaarder e Klaus Hagerup; Noah foge de casa, de John Boyne; e Os Gêmeos: Crônicas de Salicanda – Livro I, de Pauline Alphen, esta escritora é brasileira, mas mora na França, eu a conheci na Bienal e já falei de outros livros dela, aqui no blog. Desses livros que ganhei já li A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken e hoje vou falar um pouco dele.

Homenagem ao livro

A primeira parte de A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, de Jostein Gaarder e Klaus Hagerup, publicado pela editora Companhia das Letras se chama “O livro de cartas” e é contada pelas cartas que o menino Nils mandava para sua prima Berit e vice-versa. As cartas eram escritas num livro, comprado por Nils, que podia ser fechado a chaves. Só havia duas chaves, uma ficou com Nils e a outra ele enviou a Berit, quando inaugurou o livro, escreveu a primeira carta, trancou e o remeteu para sua prima. O livro partia de Oslo, capital da Noruega, onde morava Nils, e seguia para uma cidadezinha do interior do país, onde morava Berit, em seguida fazia o caminho inverso.

Essa história é cheia de mistérios e o primeiro já acontece logo na primeira carta. Quando Nils entrou na livraria para comprar esse livro, havia lá uma mulher estranha. Segundo ele, ela ficava passando na frente das estantes, olhando os livros e babando, como se eles fossem de chocolate, marzipã ou coisa parecida. E o mais estranho de tudo foi quando o menino foi ao caixa e a mulher se ofereceu para pagar o livro. Ela chegou perto dele e perguntou se não podia dar uma pequena contibuição. Disse isso com um olhar tão esquisito, que Nils não conseguiu recusar e aceitou a oferta da mulher misteriosa.

Atrás de desvendar esse mistério os primos vão encontrando outros, resolvendo alguns, narrando tudo em suas cartas e escrevendo esse livro, até chegar à segunda parte da história, que se chama “A biblioteca”. Nessa parte são revelados todos os mistérios que envolvem a biblioteca mágica de Bibbi Bokken.

São tantos os mistérios que num deles cheguei a pensar que essa mulher misteriosa sabia coisas até da minha própria vida. Diziam que nessa biblioteca havia livros que ainda não tinham sido publicados, um deles seria lançado no ano que vem e contaria a história de uma biblioteca. Eu sei de um livro que conta a história de uma biblioteca e vai ser lançado no ano que vem! De verdade! Mas isso ainda é segredo. Será que ela descobriu o meu segredo? Perguntei pro meu amigo Lipe o que ele achava disso tudo, ele também leu A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken e sabe desse outro livro.

– Você tá pirando, Le, confundindo ficção com realidade.

– Você acha, mesmo, Lipe?

– E anda muito autorreferente.

Não sei onde ele aprendeu essa palavra.

Jostein Gaarder nasceu em 1952, na Noruega. É autor de O mundo de Sofia (1995) e O livro das religiões (2000), entre outros livros de grande sucesso internacional.

Klaus Hagerup, nascido em 1946, é poeta, diretor teatral e autor infantojuvenil premiado na Noruega.