Minha primeira resenha

Mais uma conquista, fui convidado pela editora e hoje é publicada minha primeira resenha no blog da Biruta

Além dos muros do meu blog

O João Luiz Marques, autor do meu livro, criou uma chamada bem bacana para anunciar a minha resenha de estreia:

Ele nasceu personagem de blog, virou personagem de livro, e agora escreve resenhas pra fora. Esse é o Heitor!

Adorei!

Outro dia, ele também me falou sobre os personagens dos livros terem vida própria, e que eu era um exemplo disso, nunca acreditei muito nessas histórias, achava que isso era conversa fiada de escritor que não quer se responsabilizar pelos destinos que dá a seus personagens. Então, na hora, nem dei muita importância ao que ele me dizia, mas, agora, estou sentindo que ele tinha razão.

Conheci muitas pessoas e vivi muitas aventuras com o meu blog, algumas dessas aventuras saídas da minha própria cabeça; depois, contei uma boa história, virei personagem de livro e realizei um sonho; hoje, inauguro outra grande conquista, fui convidado pela Editora Biruta para escrever resenhas no blog dela. Como ouço falar nas reuniões políticas das quais participo, acho que “me empoderei e me apropriei” da minha vida, e pretendo cuidar muito bem dela.

Nas conversas que tive com as minhas amigas da Biruta, quando estávamos combinando a publicação das resenhas, a Carol disse que a editora está super-aberta e que já podemos selecionar outros livros pra eu resenhar, e a Ana escolheu o dia de hoje, 29 de novembro, um dia muito especial, Dia Nacional do Livro, para lançar a minha resenha. Como já disse outro dia, acho que elas acreditam, mesmo, em mim!

Minha conversa com o escritor Luiz Antonio Aguiar

O livro que resenhei é o Piscina, já!, do Luiz Antonio Aguiar, ilustrado por Tiago Lacerda e publicado pela Editora Biruta. Enviei um e-mail contando para o Luiz Antonio que eu ia resenhar o livro dele, ele me agradeceu, dizendo que ia ser um barato ler a minha resenha e me falou outras coisas sobre esse livro.

Disse que essa história tem muito a ver com a própria história dele, pois, na década de 1970, ele militou no movimento estudantil na PUC do Rio de Janeiro, disse que não sofreu nenhuma barra mais pesada, mas teve seus problemas com a repressão, amigos torturados e alguns que não foram nunca mais vistos.

Ele sempre soube que um dia escreveria um livro ambientado nos anos da Ditadura Militar e fez isso quando pôde escrever uma história, com enredo, gostosa de ler, e não um manifesto político, já que ele não acha que a Ditadura deva ser um veículo de mensagens de espécie alguma. E me disse o que costuma comentar com seus leitores:

“No máximo, quando comento o livro para a garotada, faço questão de ressaltar que a democracia que temos, com todos os seus defeitos, é melhor do que qualquer ditadura. E que essa democracia se deve à luta de muitos, algumas lutas pequenas, outras maiores, que aconteceram naquela época. Não é gratuita. Cobrou seu preço, de várias maneiras.”

Vamos à resenha. Leia a minha resenha do livro Piscina, já!, de Luiz Antonio Aguiar, ilustrado por Tiago Lacerda e publicado pela Editora Biruta, no blog da editora: http://www.blogbirutagaivota.com.br/soltando-a-lingua/o-direito-de-brincar/

Susana Ventura, língua portuguesa e as minhas resenhas

Hoje vou falar da nossa língua portuguesa, de dois livros da Susana Ventura e de como vou virar um resenhista

Nossa língua portuguesa

Nesses dias, enquanto procurava minha identidade, me lembrei de um post que escrevi, sobre um passeio que fiz ao Museu da Língua Portuguesa, em que vi uma exposição sobre Fernando Pessoa, aprendi o que é heterônimo, e achei que eu era isso. Mas hoje não quero falar de identidade, já superei essa fase, quero falar da língua portuguesa. Pois nessa visita que fiz ao Museu, me senti parte de um povo muito maior que a população do Brasil, o povo de todos que falam e escrevem em Português no mundo.

Fiquei curioso por esse assunto, fui pesquisar na internet sobre livros e língua portuguesa e descobri que a Susana Ventura tinha acabado de lançar um infantil que se chama De onde vem o Português?. Fui atrás desse livro, queria descobrir de onde vem a nossa língua. Sei que a Susana é especialista nessa área, em 2010 ela foi contratada pelo Museu da Língua Portuguesa, pra fazer uma seleção de textos de literaturas africanas de língua portuguesa.

Então, hoje vou falar desse e de outro livro da Susana Ventura, que já tinha lido um tempo atrás e que também tem a nossa língua-mãe como tema, O Tambor Africano e outros contos dos países africanos de língua portuguesa.

De onde vem o Português

O livro De onde vem o Português?, escrito por Susana Ventura, ilustrado por Silvia Amstalden e publicado pela Editora Peirópolis começa assim:

Era uma vez, há muito, muito tempo, uma terra perto do mar.

Aquela terra ficava tão junto dele, que era como se o mar fosse quase tudo.

A história segue, bonita assim, e faz uma viagem pelas origens da nossa língua portuguesa, começando pelos documentos ainda escritos em Latim, que apresentaram os homens, mulheres e crianças que viviam nessa terra. E continua…

Pelos poemas, que contam, em galego-português – idioma já bem parecido com a língua portuguesa, quem eram e o que sentiam algumas dessas pessoas; passa pela história de Portugal, contada por Fernão Lopes, ainda em português arcaico; pelo teatro de Gil Vicente; e pelos poemas de Luís de Camões, navegador e poeta português, que contou suas histórias, na língua que falamos e escrevemos hoje, em 10 países, Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Macau e Goa.

Contos de países africanos de língua portuguesa

O Tambor Africano e outros contos de países africanos de língua portuguesa, publicado pela Editora Volta e Meia, reúne contos dos cinco países africanos que tem o português como língua oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, e São Tomé e Príncipe. O livro tem quinze contos que foram selecionados e adaptados por Susana Ventura. Essas histórias são contadas e recontadas há séculos, em diversas línguas, inclusive em português.

Eu fui ao lançamento  desse livro, foi no SESC Vila Mariana, nesse dia a Susana lançou também O Príncipe das Palmas Verdes e outros contos portugueses, no final do evento, sortearam um exemplar de cada. Eu fui sorteado! Ganhei o dos contos africanos e ainda levei o autógrafo da Susana. Foi nesse dia que eu conheci a Susana Ventura, depois a encontrei na Flip, conversamos e fiquei amigo dela. Adoro conversar com a Susana, aprendo bastante, ela fala tantas coisas importantes e bonitas sobre literatura.

Cinco países

O orelha desse livro explica como foi feita a seleção dos contos “recontados à brasileira” por Susana Ventura. São histórias de povos bem diferentes e com muitos temas, “desde contos que buscam justificar as origens do mundo como o conhecemos, ou contar a história do primeiro tambor africano, até narrativas de natureza filosófica, além dos esperados contos de animais”. Gostei de todos, mas não vai dar pra eu falar de todos os contos do livro, então, também vou fazer a minha seleção, vou escolher um conto de cada país e falar um pouquinho de cada.

De Angola, escolhi o A rã Mainu, o filho de Kimanauaze e a filha do Sol e da Lua. É a história do menino que cresceu, chegou à idade de se casar e escolheu como sua esposa, a filha do Sol e da Lua. Seu pai achou a ideia impossível, “quem poderia ir ao céu, onde está a filha do Sol e da Lua?”. O menino disse ao pai, que deixasse, que “ele mesmo trataria do assunto”. Escreveu uma carta, buscou a ajuda de muitos animais, até encontrar a rã Mainu, que depois de muitos truques, conseguiu aproximar o menino de sua pretendente.

De Cabo Verde, escolhi História do boi Blimundo. Blimundo era um boi grande, forte, qua amava a vida e a liberdade, era muito querido, respeitava tudo e todos e vivia em harmonia com o mundo. Mas o rei cismou com Blimundo, dizia que o boi era um irreverente, livre pensador, vagabundo que anda aí à vontade pelos campos, senhor de si mesmo. Concluiu que Blimundo era uma ameaça terrível à ordem estabelecida, declarou guerra e passou a perseguir o boi. O rei perde as primeiras batalhas, até essa história terminar numa grande tragédia.

De Guiné-Bissau, escolhi o conto que dá o título ao livro, O tambor africano. “Um dia, na mata, um bando de macaquinhos brancos começou a macaquear e inventar brincadeiras.” Um deles teve a ideia de ir à lua, mas como fazer pra chegar lá. Depois de muitos palpites, decidiram subir, uns nas costas dos outros, dos maiores para os menores, até que o menorzinho de todos alcançasse a lua. Deu certo! O difícil foi voltar, mas com a ajuda de um o tambor, “algo nunca antes visto por ninguém na Terra”, que ganhou de presente da Lua, o macaquinho voltou pra casa.

De Moçambique, escolhi O princípio do mundo. “No tempo sem tempo do início dos tempos, Céu e Terra estavam juntos. Não havia nem noite, nem dia. Não havia nuvens, trovoada ou chuva. Só Céu e Terra juntos e a profundeza das águas.” Nessas águas profundas vivia a Cobra Grande e pairando entre o Céu e a Terra, ficavam o Sol e a Lua, juntos, vivendo como marido e mulher. O casal teve problemas, Cobra Grande se aproximou da Lua e se apaixonou por ela. Do romance nasceram dois filhos, o homem e a mulher, Sol e Lua se separaram e nunca mais se encontraram.

De São Tomé e Príncipe, escolhi A história do cãozinho fiel e de seu dono. Há muitos anos, um casal de jovens vivia num povoado distante, perto da floresta. Um dia, o marido saiu para caçar, levou seu cão, abateu três macacos e dois porcos selvagens, e a caça ficou pesada para carregar de volta para casa. O rapaz pediu a ajuda de seu cãozinho que lhe respondeu: – Pois não, meu amo. Vamos dividir o peso, eu o ajudo… mas com uma condição. O rapaz ficou espantado, o cão falava e pediu segredo, mas ele contou à mulher, e nunca mais nenhum cão voltou a falar com um ser humano.

A autora

Susana Ramos Ventura é mestre e doutora em Letras pela Universidade de São Paulo na área de Estudos Comparados de Literatura de Língua Portuguesa e Literatura para Crianças e Jovens. Ela faz parte do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ e desenvolve um trabalho de pós-doutorado. Pesquisadora do CLEPUL (Centro de Estudos de Literaturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa) e do CRIMIC (Centro de Investigação sobre os Mundos Ibéricos Contemporâneos), de Sorbonne, Paris IV.

Além de O Tambor Africano e outros contos dos países africanos de língua portuguesa, é autora de O Príncipe das Palmas Verdes e outros contos portugueses, Convite à navegação – uma conversa sobre literatura portuguesa, entre outros. Desde 2007, trabalha em diversos projetos com o SESC como curadora, palestrante, professora e moderadora. Em 2010 foi contratada pelo Museu da Língua Portuguesa e Ministério das Relações Exteriores para seleção de textos de literaturas africanas de língua portuguesa e composição de material sobre escritores e países de Língua Portuguesa para a exposição Linguaviagem do Itamaraty.

Um dia desses, estava conversando com a minha mãe, sobre uns planos que tenho para o meu futuro. Foi depois de uma conversa dessas, que de personagem de blog, virei personagem de livro, ela me incentivou a correr atrás do meu sonho, isso tudo está contado no livro Os meninos da biblioteca.

Desta vez meu sonho era outro, gosto de escrever e escrevo aqui no meu blog, mas gostaria de escrever também para outros lugares. Queria escrever sobre livros e fazer resenhas, do meu jeito, para outro blog, por exemplo. Quem sabe o blog de alguma editora!? Mas me sentia inseguro, daí a conversa com ela:

– Mãe, queria tanto escrever para outro lugar.

– Como assim?

– Sei lá, escrever para outro blog, pensei em falar com alguma editora.

– Fale com suas amigas da Biruta, lendo sua entrevista (http://www.blogbirutagaivota.com.br/papeando/papeando-com-heitor/), percebi que elas acreditam em você.

– Você acha que elas acreditam, mesmo, em mim?

– Claro, que acreditam!

– Mas se elas não toparem?

– Você vai ter que se conformar e procurar em outro lugar, mas só vai saber se conversar com elas.

No mesmo dia liguei lá e elas toparam! VIVA! Vou fazer resenhas para o blog da Biruta, vou ter uma coluna com meu nome, minha coluna vai se chamar “Resenhas do Heitor”. Fizeram uma vinheta especial para abrir as minhas resenhas, que eu apresento em primeira-mão, aí acima.

Já acertamos os detalhes e escolhemos o primeiro livro que vou resenhar, será o Piscina, já!, do Luiz Antonio Aguiar, que também conta a história de uma luta política, assim como o meu livro. Vou virar um resenhista, minha primeira resenha será publicada no próximo dia 29 de outubro, no blog da Biruta, eu aviso quando sair.