Susana Ventura, língua portuguesa e as minhas resenhas

Hoje vou falar da nossa língua portuguesa, de dois livros da Susana Ventura e de como vou virar um resenhista

Nossa língua portuguesa

Nesses dias, enquanto procurava minha identidade, me lembrei de um post que escrevi, sobre um passeio que fiz ao Museu da Língua Portuguesa, em que vi uma exposição sobre Fernando Pessoa, aprendi o que é heterônimo, e achei que eu era isso. Mas hoje não quero falar de identidade, já superei essa fase, quero falar da língua portuguesa. Pois nessa visita que fiz ao Museu, me senti parte de um povo muito maior que a população do Brasil, o povo de todos que falam e escrevem em Português no mundo.

Fiquei curioso por esse assunto, fui pesquisar na internet sobre livros e língua portuguesa e descobri que a Susana Ventura tinha acabado de lançar um infantil que se chama De onde vem o Português?. Fui atrás desse livro, queria descobrir de onde vem a nossa língua. Sei que a Susana é especialista nessa área, em 2010 ela foi contratada pelo Museu da Língua Portuguesa, pra fazer uma seleção de textos de literaturas africanas de língua portuguesa.

Então, hoje vou falar desse e de outro livro da Susana Ventura, que já tinha lido um tempo atrás e que também tem a nossa língua-mãe como tema, O Tambor Africano e outros contos dos países africanos de língua portuguesa.

De onde vem o Português

O livro De onde vem o Português?, escrito por Susana Ventura, ilustrado por Silvia Amstalden e publicado pela Editora Peirópolis começa assim:

Era uma vez, há muito, muito tempo, uma terra perto do mar.

Aquela terra ficava tão junto dele, que era como se o mar fosse quase tudo.

A história segue, bonita assim, e faz uma viagem pelas origens da nossa língua portuguesa, começando pelos documentos ainda escritos em Latim, que apresentaram os homens, mulheres e crianças que viviam nessa terra. E continua…

Pelos poemas, que contam, em galego-português – idioma já bem parecido com a língua portuguesa, quem eram e o que sentiam algumas dessas pessoas; passa pela história de Portugal, contada por Fernão Lopes, ainda em português arcaico; pelo teatro de Gil Vicente; e pelos poemas de Luís de Camões, navegador e poeta português, que contou suas histórias, na língua que falamos e escrevemos hoje, em 10 países, Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Macau e Goa.

Contos de países africanos de língua portuguesa

O Tambor Africano e outros contos de países africanos de língua portuguesa, publicado pela Editora Volta e Meia, reúne contos dos cinco países africanos que tem o português como língua oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, e São Tomé e Príncipe. O livro tem quinze contos que foram selecionados e adaptados por Susana Ventura. Essas histórias são contadas e recontadas há séculos, em diversas línguas, inclusive em português.

Eu fui ao lançamento  desse livro, foi no SESC Vila Mariana, nesse dia a Susana lançou também O Príncipe das Palmas Verdes e outros contos portugueses, no final do evento, sortearam um exemplar de cada. Eu fui sorteado! Ganhei o dos contos africanos e ainda levei o autógrafo da Susana. Foi nesse dia que eu conheci a Susana Ventura, depois a encontrei na Flip, conversamos e fiquei amigo dela. Adoro conversar com a Susana, aprendo bastante, ela fala tantas coisas importantes e bonitas sobre literatura.

Cinco países

O orelha desse livro explica como foi feita a seleção dos contos “recontados à brasileira” por Susana Ventura. São histórias de povos bem diferentes e com muitos temas, “desde contos que buscam justificar as origens do mundo como o conhecemos, ou contar a história do primeiro tambor africano, até narrativas de natureza filosófica, além dos esperados contos de animais”. Gostei de todos, mas não vai dar pra eu falar de todos os contos do livro, então, também vou fazer a minha seleção, vou escolher um conto de cada país e falar um pouquinho de cada.

De Angola, escolhi o A rã Mainu, o filho de Kimanauaze e a filha do Sol e da Lua. É a história do menino que cresceu, chegou à idade de se casar e escolheu como sua esposa, a filha do Sol e da Lua. Seu pai achou a ideia impossível, “quem poderia ir ao céu, onde está a filha do Sol e da Lua?”. O menino disse ao pai, que deixasse, que “ele mesmo trataria do assunto”. Escreveu uma carta, buscou a ajuda de muitos animais, até encontrar a rã Mainu, que depois de muitos truques, conseguiu aproximar o menino de sua pretendente.

De Cabo Verde, escolhi História do boi Blimundo. Blimundo era um boi grande, forte, qua amava a vida e a liberdade, era muito querido, respeitava tudo e todos e vivia em harmonia com o mundo. Mas o rei cismou com Blimundo, dizia que o boi era um irreverente, livre pensador, vagabundo que anda aí à vontade pelos campos, senhor de si mesmo. Concluiu que Blimundo era uma ameaça terrível à ordem estabelecida, declarou guerra e passou a perseguir o boi. O rei perde as primeiras batalhas, até essa história terminar numa grande tragédia.

De Guiné-Bissau, escolhi o conto que dá o título ao livro, O tambor africano. “Um dia, na mata, um bando de macaquinhos brancos começou a macaquear e inventar brincadeiras.” Um deles teve a ideia de ir à lua, mas como fazer pra chegar lá. Depois de muitos palpites, decidiram subir, uns nas costas dos outros, dos maiores para os menores, até que o menorzinho de todos alcançasse a lua. Deu certo! O difícil foi voltar, mas com a ajuda de um o tambor, “algo nunca antes visto por ninguém na Terra”, que ganhou de presente da Lua, o macaquinho voltou pra casa.

De Moçambique, escolhi O princípio do mundo. “No tempo sem tempo do início dos tempos, Céu e Terra estavam juntos. Não havia nem noite, nem dia. Não havia nuvens, trovoada ou chuva. Só Céu e Terra juntos e a profundeza das águas.” Nessas águas profundas vivia a Cobra Grande e pairando entre o Céu e a Terra, ficavam o Sol e a Lua, juntos, vivendo como marido e mulher. O casal teve problemas, Cobra Grande se aproximou da Lua e se apaixonou por ela. Do romance nasceram dois filhos, o homem e a mulher, Sol e Lua se separaram e nunca mais se encontraram.

De São Tomé e Príncipe, escolhi A história do cãozinho fiel e de seu dono. Há muitos anos, um casal de jovens vivia num povoado distante, perto da floresta. Um dia, o marido saiu para caçar, levou seu cão, abateu três macacos e dois porcos selvagens, e a caça ficou pesada para carregar de volta para casa. O rapaz pediu a ajuda de seu cãozinho que lhe respondeu: – Pois não, meu amo. Vamos dividir o peso, eu o ajudo… mas com uma condição. O rapaz ficou espantado, o cão falava e pediu segredo, mas ele contou à mulher, e nunca mais nenhum cão voltou a falar com um ser humano.

A autora

Susana Ramos Ventura é mestre e doutora em Letras pela Universidade de São Paulo na área de Estudos Comparados de Literatura de Língua Portuguesa e Literatura para Crianças e Jovens. Ela faz parte do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ e desenvolve um trabalho de pós-doutorado. Pesquisadora do CLEPUL (Centro de Estudos de Literaturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa) e do CRIMIC (Centro de Investigação sobre os Mundos Ibéricos Contemporâneos), de Sorbonne, Paris IV.

Além de O Tambor Africano e outros contos dos países africanos de língua portuguesa, é autora de O Príncipe das Palmas Verdes e outros contos portugueses, Convite à navegação – uma conversa sobre literatura portuguesa, entre outros. Desde 2007, trabalha em diversos projetos com o SESC como curadora, palestrante, professora e moderadora. Em 2010 foi contratada pelo Museu da Língua Portuguesa e Ministério das Relações Exteriores para seleção de textos de literaturas africanas de língua portuguesa e composição de material sobre escritores e países de Língua Portuguesa para a exposição Linguaviagem do Itamaraty.

Um dia desses, estava conversando com a minha mãe, sobre uns planos que tenho para o meu futuro. Foi depois de uma conversa dessas, que de personagem de blog, virei personagem de livro, ela me incentivou a correr atrás do meu sonho, isso tudo está contado no livro Os meninos da biblioteca.

Desta vez meu sonho era outro, gosto de escrever e escrevo aqui no meu blog, mas gostaria de escrever também para outros lugares. Queria escrever sobre livros e fazer resenhas, do meu jeito, para outro blog, por exemplo. Quem sabe o blog de alguma editora!? Mas me sentia inseguro, daí a conversa com ela:

– Mãe, queria tanto escrever para outro lugar.

– Como assim?

– Sei lá, escrever para outro blog, pensei em falar com alguma editora.

– Fale com suas amigas da Biruta, lendo sua entrevista (http://www.blogbirutagaivota.com.br/papeando/papeando-com-heitor/), percebi que elas acreditam em você.

– Você acha que elas acreditam, mesmo, em mim?

– Claro, que acreditam!

– Mas se elas não toparem?

– Você vai ter que se conformar e procurar em outro lugar, mas só vai saber se conversar com elas.

No mesmo dia liguei lá e elas toparam! VIVA! Vou fazer resenhas para o blog da Biruta, vou ter uma coluna com meu nome, minha coluna vai se chamar “Resenhas do Heitor”. Fizeram uma vinheta especial para abrir as minhas resenhas, que eu apresento em primeira-mão, aí acima.

Já acertamos os detalhes e escolhemos o primeiro livro que vou resenhar, será o Piscina, já!, do Luiz Antonio Aguiar, que também conta a história de uma luta política, assim como o meu livro. Vou virar um resenhista, minha primeira resenha será publicada no próximo dia 29 de outubro, no blog da Biruta, eu aviso quando sair.

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  1. Que honra e que alegria ser resenhada no Blog!!! Obrigada João E ao Heitor. E que bom saber que teremos resenhas sempre!!! Obrigada pelo carinho e pelo acompanhamento atento da minha trajetória – vamos juntos fazendo coisas bacanas para jovens. Beijos da fã, Susana

  2. Obrigado, Susana!
    Aprendo tanto com meus amigos escritores e você é uma das que mais me ensina. Pode deixar, vou transmitir seus agradecimentos ao João.
    Beijos, Heitor.

  3. Oi Heitor. Mas eu não consegui descobrir a palavra , mas eu gostei do ultimo capitulo do livro!!!

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