Encontro de blogueiros e Anne Frank

Hoje vou falar de um encontro de blogueiros de literatura que participei na semana passada, de uma exposição sobre Anne Frank que vi na biblioteca do meu bairro e do livro O diário de Anne Frank.

Na outra semana o pessoal da Sintaxe me ligou.

– E aí, Heitor, beleza?

– Beleza… E vocês?

– Também… Então, a Livraria da Vila e o PublishNews vão promover um encontro de blogueiros literários, entra lá no site e faz sua inscrição.

– Eu vi, eles vão selecionar trinta blogs para esse encontro… Será que eu tenho chance?

– Claro que tem!

Fiz minha inscrição, mas não acreditava que seria selecionado, tem tanto blog bacana por aí… Dois dias antes do encontro recebi um e-mail:

“Boa noite. Estou enviando este email apenas para confirmar que sua inscrição no I Encontro de Blogs de Letras foi confirmada e você foi um dos selecionados para participar. Caso não possa estar presente, por favor, me envie um email para que eu possa colocar outra pessoa em seu lugar. O Encontro será na próxima quarta-feira, às 18h30 no auditório da Livraria da Vila de Pinheiros. Abraços, Matheus.”

Fiquei muito feliz e respondi ao e-mail do Matheus:

“Oi, Matheus. Bom dia. Presença confirmadíssima! Até lá, abraços, Heitor.”

Ganhei presentes e conheci mais um escritor

Peguei um ônibus perto de casa, que me leva até a Livraria da Vila de Pinheiros, chegando lá encontrei o meu amigo escritor Jeosafá Fernandes Gonçalves, ele tem um blog chamado “Amplexos do JeosaFÁ” e também foi selecionado para esse encontro. Fomos para o auditório da livraria e o Sérgio Pavarini, do “PavaBlog”, que, junto com o PublishNews, a Livraria da Vila e a Editora Record organizaram esse evento, começou a fazer as apresentações. Ele falou de seu trabalho e pediu que a gente se apresentasse, também. Quando chegou minha vez, contei a história do meu blog e, como ouvi alguns dizendo que participavam de clubes de leitura, também falei dos clubes de leitura que a gente faz aqui no blog. Quando terminei de falar o Sérgio fez o seguinte comentário:

– Legal, que as pessoas falam, aproveitam e já fazem o seu marketing.

Fiquei pensando: “Será que fui muito exibido?”

Depois o Sérgio dividiu a turma em cinco grupos de seis e começamos uma competição. Ele fez várias perguntas sobre livro e literatura, e o grupo que acertasse a resposta, ganhava pontos. Se errasse, passava a mesma pergunta para o próximo grupo, valendo mais pontos, ainda. No final da competição, quando faltava apenas uma pergunta, meu grupo não tinha feito nenhum ponto, sequer. Os outros grupos tinham 15, 12, 10, 7 e 5 pontos mais ou menos, e o nosso tinha zero. Que vergonha!

Quando chegou à última pergunta, a regra era apostar os pontos que quisesse, e só haveria um acertador. Apostamos quinze, pois era tudo ou nada, se errássemos, sairíamos devendo 15, se acertássemos, seríamos os grandes campeões. Adivinhem o que aconteceu? Acertamos e ganhamos uma caixa luxuosa de metal com livros da Editora Record. Cada pessoa do grupo ganhou uma caixa, antes a gente já tinha ganhado uma sacola com kits (blocos de anotações, etc) e dois livros do escritor que conheci lá, o Santiago Nazarian: Garotos Malditos e Mastigando Humanos.

Existencialismo bizarro

Existencialismo bizarro, foi o que li quando fui pesquisar sobre Santiago Nazarian, antes de ir para o encontro, não entendi muito bem, mas no bate-papo que teve com a gente, ele explicou melhor. Ele disse que nas suas histórias “mistura referências clássicas da literatura existencialista, com cultura pop, trash e de horror”. Em 2007, Santiago Nazarian foi eleito um dos autores jovens mais importantes da América Latina pelo juri do Hay Festival em Bogotá, Capital Mundial do Livro.

O seu romance Mastigando Humanos, apesar de não ter sido escrito para o público juvenil, foi adotado pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) e é leitura obrigatória do vestibular da Universidade Estadual da Paraíba. Ele também faz literatura juvenil e o seu romance Garotos Malditos foi contemplado com bolsa de criação literária do programa Petrobras Cultural. São exatamente esses dois livros que ganhei de presente da editora, até peguei autógrafos do autor e conversei um pouquinho com ele. Vou ler os dois e depois vou contar aqui.

A primeira biblioteca a gente nunca esquece

Outro dia passei na biblioteca do meu bairro pra conversar com o meu amigo Gustavo e visitar a exposição sobre a Anne Frank, a menina que escreveu o diário, que virou “um dos maiores sucessos editoriais de todos os tempos”, e deu nome à nossa biblioteca.

Logo na entrada encontrei o meu amigo, que é o coordenador de lá.

– Oi, Gustavo. Tudo bem?

– Tudo… E você, Heitor? Anda sumido!

– Muitas provas na escola…

– Que nada… Agora que você cresceu, só vai na Lobato, se esqueceu da Anne Frank.

– Não me esqueci, não… A primeira biblioteca a gente nunca esquece, e agora eu tenho duas!

Visitei a exposição “Lendo e escrevendo com Anne Frank”, conversei mais um pouco com o Gustavo e ele me falou que na semana seguinte viria uma escola da cidade de Arapeí, interior de São Paulo, ver a exposição, e me perguntou se eu não queria acompanhar, pois essa visita seria monitorada.

– Venho, sim. Quando vai ser?

– Terça-feira da semana que vem, vão chegar às 11 horas.

– Tô nessa!

A turma de Arapeí

Arapeí é uma cidade que fica no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, quase divisa com o Rio de Janeiro. Monteiro Lobato, que era de Taubaté, cidade da mesma região, incluiu Arapeí entre as “cidades mortas” daquela área. Os alunos e professores que vieram visitar a exposição são obrigados a desmentir o criador do Sítio do Picapau Amarelo. Arapeí está muito viva! Quem me contou essa história de“cidades mortas” foi um dos alunos, eles vieram em vinte, já estão no ensino médio, e estavam acompanhados das professoras Solange, Dagmar e Tânia.

Esse trabalho da escola incluía a leitura de O diário de Anne Frank e alguns já tinham lido o livro. Conversei com esses pra saber se gostaram. Nesse dia eu ainda não tinha lido O diário de Anne Frank, há muito tempo que pensava em ler, mas sempre adiava, achando que seria muito pesado. Depois dessas conversas, criei coragem, eu tinha que ler. Como ainda não li o livro que conta a história da menina que deu nome a minha biblioteca! Então, pensei: leio O diário de Anne Frank, e falo da exposição e do livro. Li, mas agora deixa eu voltar à exposição, que no final do post, eu conto o livro.

Na hora que cheguei à biblioteca, nesse dia, o monitor já estava lá, era o meu amigo Toufic. Fiquei conversando um tempo com ele, até a escola chegar. Ele me contou os detalhes dessa exposição, me disse que ela veio da Holanda e é promovida pela “Anne Frank House”. Assim que a escola chegou fomos para outra sala assistir a um vídeo, depois o Toufic falou do diário e da Anne Frank, passou a palavra para o Gustavo, que falou da nossa biblioteca, a Anne Frank, citou a luta pra ela não ser demolida, disse que eu tinha participado dessa luta e me pediu que eu contasse um pouco dessa história.

Sempre que isso acontece, fico empolgado e acabo fazendo um discurso inflamado. Essa luta mexeu muito comigo! Quando aconteceu, falei dela aqui no blog, e no ano que vem vou contar toda essa história, em detalhes, mas não vai ser aqui no blog, não. Vai ser de outro jeito, de um jeito bem legal. Aguardem!

Voltando a exposição, um painel apresentava a história na ordem cronológica, do lado de fora, a história do mundo, e de dentro, a história de Anne Frank. Fomos acompanhando o Toufic, que foi nos contando todas as etapas dessas duas histórias. No final recebemos um caderno de atividades para testar os nossos conhecimentos e aprender ainda mais sobre o mundo daquela época de guerra e sobre Anne Frank. Na exposição também tinha uma maquete do esconderijo da família Frank, uma reprodução do original do diário e outros livros sobre esse assunto.

Minha querida Kitty

Anne Frank deu o nome de Kitty ao seu diário e escrevia como se contasse a uma amiga. Começou a escrever no diário no dia 12 de junho de 1942, e em julho desse mesmo ano, sua família e outras quatro pessoas foram para um esconderijo em Amsterdã, fugindo da perseguição nazista, Anne tinha 13 anos de idade. Ela queria publicar um livro depois da guerra, usar o diário como base e dar o título de O Anexo Secreto. A última anotação feita no diário de Anne Frank foi no dia 1º de agosto de 1944, três dias depois, na manhã do dia 4, um carro parou em frente à casa onde ficava o esconderijo e os oito moradores do Anexo foram levados para uma prisão em Amsterdã, transferidos para Westerbork, na Holanda, e depois deportados para Auschwitz, na Polônia. Toda a família Frank morrreu nos campos de concentração, exceto o pai, Otto Frank, que escapou de Auschwitz, voltou para a Holanda, se mudou para Suíça, se dedicou a espalhar a mensagem do diário de sua filha e viveu até 1980.

A história de O diário de Anne Frank não é novidade pra ninguém. No livro, ela conta o seu dia-a-dia no esconderijo, fala das dificuldades e faz muitas reflexões:

Digo a mim mesma, repetidamente, para não ligar para o mau exemplo de mamãe. Só quero ver o lado bom, e procurar dentro de mim o que falta nela. Mas isso não funciona, e o pior é que papai e mamãe não percebem suas próprias incapacidades nem como eu os culpo por me deixarem deprimida. Será que existem pais que façam os filhos completamente felizes?

Além de O diário de Anne Frank, ela escreveu algumas histórias e contos, há outras narrativas escritas por ela, publicadas em livros no Brasil. Adorei Anne Frank e o seu diário. Abaixo um dos trechos que me fez gostar tanto desse livro e me apaixonar por Anne.

Eu sei que posso escrever. Algumas de minhas histórias são boas, minhas descrições do Anexo Secreto são bem-humoradas, boa parte de meu diário é vivo e interessante, mas… resta saber se realmente tenho talento.

“O Sonho de Eva” é meu melhor conto de fadas, e o estranho é que não tenho a menor ideia de onde ele surgiu. Algumas partes de “A Vida de Cady” também são boas, mas no todo não é nada especial.

Sou minha crítica melhor e mais feroz. Sei o que é bom e o que não é. A não ser que você escreva, não saberá como é maravilhoso; eu sempre reclamava de não conseguir desenhar, mas agora me sinto felicíssima por saber escrever. E se não tiver talento para escrever livros ou artigos de jornal, sempre posso escrever para mim mesma. Mas quero conseguir mais do que isso. Não consigo me imaginar vivendo como mamãe, a Sra. vam Daan e todas as mulheres que fazem o seu trabalho e depois são esquecidas.

Preciso ter alguma coisa além de um marido e de filhos a quem me dedicar! Não quero que minha vida tenha sido em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo àquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte! E é por isso que agradeço tanto a Deus por ter me dado este dom, que posso usar para me desenvolver e para exprimir tudo que existe dentro de mim!

Boas Festas

Em janeiro eu volto pra contar as minhas leituras de férias. Desejo a todos e a todas Boas Festas, Bom Natal e Feliz Ano Novo. Estou bem animado com 2014, ele promete muitas novidades!

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  1. Heitor, salve!!! Sabe porque é tão bom acompanhar suas aventuras? Porque a gente viaja junto, escuta a conversa e tem vontade de seguir adiante. Obrigada por compartilhar tanto de sua vida de leitor (e escritor)!

    Beijinhos da Penélope

  2. que descriçao do livro!! e que trechos, super bem selecionados.
    este post ficou demais!!! tb tenho curiosidade de ler o diario da anne e tb temo ser muito pesado, ainda encontrarei um momento para le-lo.
    um ótimo final de ano para todos e ótimas leituras.

  3. Obrigado, Penélope. Fico feliz por você acompanhar e gostar das minhas aventuras. Soube que você viajou e está fazendo um monte de coisas legais. Quero conversar, depois. Beijinhos.

  4. Oi, Isabel. Obrigado! Leia, sim, e depois, me conta. Acho que você vai gostar… É muito bonito o jeito como a Anne vê a vida. Pra você também, um ótimo final de ano com muitas leituras.

  5. excelente a reportagem sobre o encontro dos blogueiros, o santiago nazarian, e principalmente o artigo sobre a luta política que levou a queda da ditadura militar no brasil.
    minha netinha mª giovana vai adorar…
    abração heitor!

  6. Sim, Darlan, pelas histórias que li e ouvi, a ditadura militar (assunto do outro post) foi uma época muito difícil.

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