Eu ia escrever este post na semana passada, quarta-feira à tarde, quando voltei da passeata, mas não consegui, foi semana de provas na escola e eu não tive tempo pra nada. Nesses dias meus pais controlam minha internet e dizem que é para me “dar limites, que eu tenho que estudar pras provas e que o blog pode esperar”. Não gosto de ficar muitos dias sem escrever aqui, quem me acompanha vai achar que eu desisti. Nunca vou desistir do meu blog, ele só me dá alegria! Com ele conheci muita gente legal e aprendi um monte de coisa bacana. Hoje, como minhas provas já acabaram, vou escrever o post e falar da passeata em comemoração à vitória parcial da nossa luta política, de um livro que eu li e do o lançamento que fui no outro sábado. Vou começar pela passeata.
Mais notícias da nossa luta política
Na quarta-feira passada fez um ano da primeira passeata em defesa do quarteirão do nosso bairro e pra comemorar nós fizemos outra, e festejamos a vitória parcial da nossa luta. Na primeira passeata eu ainda não conhecia ninguém, foi o primeiro evento que eu participei e só queria defender a minha biblioteca. Meu pai me incentivou a ir e disse que seria a minha primeira luta política. Na época não entendi direito o que ele estava dizendo, mas achei legal. Depois desse dia, eu fui a muitos outros eventos do nosso movimento. Fui a uma audiência pública na Câmara Municipal, duas vezes ao Condephaat, participei de diversas reuniões, fiz panfletagens e caminhadas, ajudei a agitar o nosso bairro e contei quase tudo aqui no blog. (Tem muitas coisas dessa história, que eu ainda não contei, coisas que só eu vi e um dia vou contar, não sei se aqui ou em outro lugar).
Hoje conheço muita gente, tenho novos amigos e aprendi muitas coisas. Agora a minha luta é em defesa de todo o quarteirão do bairro. Luto pela biblioteca; pelo teatro; pelas duas escolas; pela creche; pelos dois serviços de saúde, a UBS e o CAPS; e pela APAE. E sou contra este projeto da prefeitura e a especulação imobiliária que quer acabar com o quarteirão do meu bairro e de outros bairros, e destruir o patrimônio histórico e cultural da cidade. Eles se esquecem dos alunos das duas escolas do quarteirão, das crianças da creche, das pessoas que usam os serviços de saúde, dos que vão ao teatro ou frequentam a biblioteca. Nem querem saber que lá é um parque escola, um projeto do Anísio Teixeira, e que a biblioteca está nesse terreno por sugestão do Monteiro Lobato. Eles só pensam em construir prédios e ganhar dinheiro. “É a força da grana”, diz o meu pai. Mas desta vez fomos mais forte que ela.
A passeata começou ao meio-dia e eu cheguei às 11h00 para ajudar a pregar as faixas. O Helcias e o Luiz, do Grupo de Memórias do bairro, e o Hamilton, do CAPS, já estavam por lá. Logo depois chegou o meu amigo bibliotecário, o João Gabriel. Também chegaram a Nena, a Vera, a Joyce e a Luciana, moradoras do bairro, a Lucila, do Movimento Defenda São Paulo, a atriz Eva Wilma e o Roberto, assessor de imprensa do nosso movimento. O vereador Eliseu Gabriel e o deputado Carlos Giannazi, que estão com a gente desde o começo, também vieram. Foram chegando mais gente, os usuários dos serviços de saúde, mais moradores do bairro, pessoas que eu já vi em outros eventos da nossa luta e finalmente os quatrocentos e cinquenta alunos e os professores da escola estadual que fica no quarteirão. Eles chegaram gritando: Aha-uhu, o quarteirão é nosso! Aha-uhu, o quarteirão é nosso! Aha-uhu, o quarteirão é nosso! E animaram a passeata, que no total, tinha quase mil pessoas.
Tinha até carro de som, o Helcias, o vereador e o deputado fizeram discursos. A Eva Wilma leu o nosso manifesto – alguém gravou, peguei o vídeo do YouTube e coloquei aí embaixo. Depois saímos em passeata gritando nossas “palavras de ordem”: Aha-uhu o quarteirão é nosso! Aha-uhu o quarteirão é nosso! Andamos pelo quarteirão e todas as pessoas que encontramos pelo caminho, apoiaram a nossa luta. Foi um sucesso a nossa segunda passeata, mas temos que continuar lutando, se o próximo prefeito quiser, ele pode vender, a Câmara já autorizou a venda (até hoje não me conformo com isso!). Alguns vereadores estão do nosso lado, mas a maioria votou a favor da prefeitura. Só vamos ficar tranquilos, mesmo, quando o Condephaat tombar o nosso quarteirão como patrimônio histórico e cultural. Só assim ele estará protegido para sempre. No final fui me despedir dos meus amigos, pois tinha que voltar para casa pra estudar, e o Luiz me perguntou:
– Você se lembra de como estava o tempo na passeata do ano passado, Heitor?
– Sim, claro que eu me lembro, estava nublado e choveu.
– E hoje?
– Está aberto e fazendo muito sol.
– E o que significa isso?
– Que o tempo também está do nosso lado.
Rimos e eu fui embora pra casa, feliz, muito feliz!
Eva Wilma leu o nosso manifesto
Antonio Prata e Laerte
No outro sábado eu fui ao lançamento de um livro chamado Felizes Quase Sempre. Quem escreveu esse livro foi o Antonio Prata, e o Laerte fez as ilustrações. Eu já falei do Laerte aqui no blog, duas vezes. Uma vez eu falei de um livro dele que se chama Carol. É um livro de quadrinhos. Eu li, entrevistei o Laerte e contei no post “Li uma HQ e entrevistei o autor” (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=198). Depois eu encontrei o Laerte na Bienal e contei aqui, também. Eu sempre leio as tirinhas do Laerte no jornal e gosto muito.
Outro dia eu vi uma entrevista dele na televisão. Ele está se vestindo de mulher e nessa entrevista ele falou sobre isso. Eu assisti a entrevista até o final, conversei com minha mãe e cheguei a seguinte conclusão: Vestir-se de mulher é a luta política do Laerte! Como a minha luta em defesa da biblioteca do meu bairro. Gostei da luta política do Laerte e soube que ele já teve outras. No sábado, quando vi que ia ter esse lançamento, pensei: “Tenho que ir! Quero encontrar o Laerte e ver se ele se lembra de mim”.
Também queria aproveitar para conhecer o Antonio Prata. Meu pai sempre lê as crônicas dele no jornal. Eu já disse aqui que gosto de ler jornal com o meu pai. Quando eu não entendo alguma notícia, ele me explica. Também quando tem alguma coisa interessante ou engraçada ele passa para eu ler. Outro dia ele me mostrou uma crônica do Antonio Prata muito engraçada. Gostei tanto do jeito que ele escreve, que toda semana dou uma olhada e se o assunto é legal, eu leio, também. E sempre é!
Na crônica desta semana, por exemplo, ele contou que uma vez, quando voltava de Ubatuba, parou para abastecer o carro, e para impressionar a namorada – era a primeira viagem deles juntos – resolveu calibrar os pneus. “Menos por necessidade do que pelo gesto, que a meu ver envolvia certo charme viril”. E enquanto ele estava agachado, calibrando, ouviu a garota perguntando: “Você não quer dar uma olhada na água?” Ele entrou em pânico, pois não tinha a menor ideia onde ficava a água e para que servia. Mesmo assim, ele respondeu: “Claro.” Abriu o capô e “entornou” uns cinco litros de água no galão de óleo. Mesmo assim, o carro resistiu até chegar em São Paulo e ele acha que valeu a pena, pois essa garota está com ele até hoje. Pelo menos até o dia em que publicou a crônica, ele escreveu.
Fui ao lançamento e quando cheguei lá tinha muita gente. Fila pra comprar o livro e fila para o autógrafo. Entrei na primeira fila, comprei o livro e a moça do caixa me perguntou para quem era o autógrafo. Eu disse que era pra mim, mesmo. Ela perguntou meu nome. Eu respondi: Heitor. Ela escreveu o meu nome num papelzinho e grudou no livro. Peguei meu livro, fui para a fila do autógrafo e logo chegou minha vez. Primeiro eu falei com o Antonio Prata e me apresentei: “Meu nome é Heitor, gosto muito de ler e tenho um blog, o blog do Le-Heitor”. Ele abriu um sorriso – acho que ele gostou de mim – e depois me pediu para enviar um e-mail pra ele com o link do meu blog, que ele queria ver. Vou mandar, hoje, mesmo! No autógrafo ele escreveu assim: “Pro Heitor, leitor imaginário! Abraço concreto do Antonio Prata.” Gostei do “leitor imaginário”. Agora tenho mais um apelido! Depois fui pegar o autógrafo do Laerte: “Oi, Laerte. Tudo bem? Eu sou o Heitor do blog. Lembra de mim?” Ele também sorriu e disse que se lembrava, sim. No autógrafo o Laerte desenhou pra mim, um dragão bem legal!
O livro Felizes quase sempre, escrito por Antonio Prata e ilustrado pelo Laerte começa contando a história de uma princesa que viveu feliz para sempre. “Ah, ela nunca vai esquecer do primeiro dia em que viveu feliz para sempre! Acordou ao lado do seu príncipe encantado só quando não tinha mais nem um tiquinho de sono para aproveitar, abriu a janela do quarto lá no alto do castelo e deu de cara com o dia mais lindo que já fez num conto de fadas. O sol brilhava bem forte no meio do céu azul e uma única nuvenzinha passava num canto, caso eles quisessem deitar na grama e brincar de adivinhar as figuras.” Depois eles passaram o dia todo brincando, cantando, montando a cavalo, andando de bicicleta, tomando banho de cachoeira, fazendo guerra de frutas no pomar e se divertiram muito.
Depois desse primeiro dia feliz vieram outros, muitos outros, sempre felizes, para sempre, e sempre iguais. Aquela história já estava ficando muito chata e eles descobriram que a felicidade também cansa. “A gente tem que parar de ser feliz para sempre! Se não tiver uma infelicidadezinha de vez em quando, a vida perde a graça!” Começaram a se lembrar das coisas que aconteciam antes de ficarem felizes para sempre e sentiram saudades. A princesa sugeriu que eles fizessem uma reunião, um encontro com todo mundo que era feliz para sempre. Foram à biblioteca, leram os contos de fada, anotaram os nomes dos personagens, pesquisaram na internet, descobriram os e-mails e mandaram o seguinte convite:
Assunto: Cansado de ser feliz.
Olá, se você não aguenta mais ser feliz para sempre e quer fazer algo a respeito, não perca a reunião no nosso castelo, sábado de manhãzinha!
Eles se encontram e decidem mudar o final das suas histórias. O que eles fazem para mudar é bem legal. Vocês precisam ver!
Antonio Prata nasceu em São Paulo em 1977. Estudou filosofia na USP, cinema da FAAP e Ciências Sociais na PUC-SP. Tem nove livros publicados, entre eles As pernas da tia Corália (Objetiva, 2002), O inferno atrás da pia (Objetiva, 2004), Adulterado (Moderna, 2009) e Meio intelectual e meio de esquerda (Editora 34, 2010), que recebeu o Prêmio Jabuti na categoria contos e crônicas. Entre 2003 e 2010, escreveu para o jornal O Estado de S. Paulo; e depois passou a publicar suas crônicas na Folha de S. Paulo, sempre às quartas-feiras. Trabalha também como roteirista de cinema e TV, colaborando na novela Avenida Brasil, da Rede Globo.
Laerte é reconhecido como um dos mais importantes cartunistas do Brasil. Nascido em São Paulo em 1951, estudou desenho e teatro na FAAP e técnicas de animação na Escola Panamericana de Arte. Desde 1991, publica na Folha de S. Paulo, onde criou personagens como Overeman, Suriá e Lola, a andorinha. Foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba e ganhou Prêmio Angelo Agostini, além de ter recebido o Troféu HQ Mix em todas as suas edições. Ilustrou, entre outros, O livro das tatianices, de Tatiana Belinky (Moderna, 2004); Agora eu era, de Arthur Nestrovski (Companhia das Letrinhas, 2009); e O doente imaginário, de Molière, com adaptação de Marilia Toledo (Editora 34, 2010).
AH que bom que hoje tem novo post, logo hoje eu posso entrar na internet.
faz tempo que não escrevo aqui, mas eu sempre dou uma lida bem rápida. Vc sabe, né que eu não posso ficar muito tempo.
Eu acho muito legal a sua batalha, nos aqui tb torcemos pelo seu quarteirão. Sabemos bem o que é perder espaço.
Ah queria ler esse livro achei muito legal essa ideia de um novo final para as estorias,vou perguntar para minha professora.
beijão
Estava com saudade! Obrigado pela torcida. Fala com a sua professora… Esse livro é bem legal, mesmo.
Ola Heitor tudo liem Cem o Voce eu estou Falando da Escols Em
Oi, Marcos. Sim, tudo bem. E você? Que escola você estuda?