Li 13 contos de medo

Outro dia eu recebi um e-mail do Almir Correia dizendo que leu meu blog. Esse blog só me dá alegria! Já conheci tanta gente por causa dele. O Almir é escritor e mora em Curitiba. Ele criou uma série de animação, que passa na tevê e que se chama Carrapatos e Catapultas. Ele escreve poemas para crianças e tem um monte de ideias! Eu o conheci na FELIT, aquela feira de literatura de São Bernardo do Campo, e já falei dele aqui. Também tem um livro do Almir que faz parte do nosso clube de leitura. É O menino com monstros nos dedos. Por falar no clube de leitura, preciso conversar com o pessoal da Sintaxe e ver com a escola, se a gente vai continuar o clube neste ano. Ainda temos quatro livros pra ler e o nosso clube é tão legal!

Mas voltando ao e-mail do Almir, eu aproveitei e perguntei se ele tinha algum livro novo para eu ler e ele me disse que estava lançando um de contos de terror, com poemas de Augusto dos Anjos. Ele até me mandou a capa por e-mail. O nome do livro é 13 Contos de Medos e Arrepios. Só de ver a capa já me deu medo e eu respondi para o Almir: – Deve ser muito legal esse seu novo livro! Não vejo a hora de ler. Já li e hoje vou contar tudo aqui.

O livro 13 Contos de Medos e Arrepios, escrito por Almir Correia, inspirado em poemas de Augusto dos Anjos, ilustrado por Alexandre Jubran e publicado pela Editora Noovha América conta cada história, uma melhor que a outra e todas de botar medo. A primeira chama-se A bota do cemitério e conta a história do Gaspar, um mendigo que dormia junto ao muro do cemitério e numa manhã, quando acorda, encontra um par de botas ao seu lado. Ele calça a bota, passa o dia todo com ela e à noite tira, para dormir e aliviar o chulé, que veio junto com a bota. Nessa hora uma fumacinha começa a sair das botas e vai aumentando, aumentando até cobrir todo o cemitério de uma neblina fedorenta. Chega a cobrir toda a cidade, o prefeito vai a tevê explicar e lê um soneto de Augusto dos Anjos, que tem uma estrofe que diz o seguinte: Quando a faca rangeu no teu pescoço / Ao monstro que espremeu teu sangue grosso / Teus olhos – fontes de perdão – perdoaram! Ninguém entendeu nada do que o prefeito disse, a história segue, e até morte tem no final.

Tem outro conto que se chama O caixão fantástico e foi baseado em outra poesia do Augusto dos Anjos, que também tem esse nome. Ele conta a história do Raul, que morava em frente ao cemitério e adorava filmar os caixões entrando pelo portão principal. Todo dia entravam pelo menos cinco e ele já tinha filmado mais de 100. Ele planejava um dia colocar tudo no YouTube. Um dia ele filmou um caixão diferente, muito grande e todo feito em ouro 18 quilates. Isso atraiu a atenção de muita gente que pretendia roubar o caixão para ficar com o ouro. Mas o defunto era um milionário mafioso que teve muito poder em vida e depois de morto parece que ganhou um poder sobrenatural.

Tem a história da noiva suicida que é abandonada na igreja pelo noivo no dia do seu casamento – “maior humilhação não existe e nem inventaram”. E depois de morta ela aparece apavorando as pessoas. Tem a do carro-fantasma que transforma o adolescente Maicon em um cruel assassino. Tem também a história do dedo, encontrado pelo Afonso dentro de um vidro de maionese e que ele guarda numa caixinha de madeira. O polegar se transforma no “dedo sangrento” e o Afonso, misteriosamente, vai encontrando pessoas que perderam o dedo. Li todas as histórias do livro do Almir Correia, comecei e não parei mais, até acabar. Elas são mesmo de botar medo, mas são muito divertidas. As ilustrações do Alexandre Jubran são muito boas: a velha sem nariz, o bebê macabro, a caveira da capa. Foi desse jeito, mesmo, que eu imaginei as figuras assustadoras das histórias do Almir.

Almir Correia mora em Curitiba, no Paraná. Escritor e professor, escreve poemas, e contos e já publicou mais de 25 livros por diversas editoras. Além do livro 13 Contos de Medos e Arrepios, já publicou Poemas malandrinhos; Poemas sapecas – rimas traquinas; que recebeu o prêmio de melhor livro de poesia infantil pela APCA, e Altamente Recomendável pela FNLIJ, em 1997; Meu poema abana o rabo, que foi selecionado para a Feira de Bolonha, em 2005; Anúncios amorosos dos bichos, que foi indicado como Altamente Recomendável pela FNLIJ, em 2006; O Leão Camaleão, Enrola bola língua e vitrola, O menino com monstros nos dedos, entre outros. Almir é também roteirista, criador e diretor da série de animação Carrapatos e Catapultas (Projeto AnimaTV – Rede Cultura de Televisão; TV Brasil).

Alexandre Jubran é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ilustrador e autor do livro Um curso de desenho à mão livre. É autor de infografias para as revistas Superinteressante, Mundo Estranho e Aventuras na História, da Editora Abril; design gráfico de embalagens e HQs para Marvel, Image, Innovation. Recebeu três prêmios Hqmix, além de prêmios Esso, Abril e Ângelo Agostini. Pela Editora Noovha América também ilustrou o livro Amazonas do Sem Fim.

Augusto dos Anjos nasceu em Pau D’Arco, na Paraíba, em 1884, e morreu de pneumonia, em 1914, com apenas 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais. Foi um dos maiores poetas brasileiros e pertenceu a um movimento chamado pré-modernista. Ele ficou famoso pelos temas das suas poesias, que trazem sentimentos de pessimismo e desânimo, além de inclinação para a morte. Com relação à estrutura, pode-se dizer que suas poesias apresentam rigor na forma e rico conteúdo metafórico. Seu livro Eu e Outras Poesias foi publicado dois anos antes de sua morte e foi a sua única obra. Formado em Direito, foi promotor público e professor.

Compartilhe:
  • Facebook
  • Twitter
  1. Olá Heitor…não resisti e vim concordar com você na opinião sobre o livro do Almir. Me diverti muito lendo e realmente podemos identificar seus textos como sendo de
    “um medo…que também nos faz sorrir”…e que delícia ficou essa parceria né?…Grande bj Neusinha

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *