Li Oscar Wilde

Eu já falei aqui no blog que eu gosto de ler jornal com o meu pai, quando eu não entendo alguma notícia, ele me explica, e neste final de semana nós lemos o jornal juntos. Li alguma coisa do primeiro caderno, fui para os outros cadernos, até chegar ao caderno de cultura, que é o que eu mais gosto, principalmente a seção que fala dos livros. Lá eu descubro os escritores, que eu nunca ouvi falar, e vou fazendo a minha lista de livros para ler depois. Alguns deles eu só vou poder ler daqui uns anos, mesmo, pois devem ser muito difíceis de entender. Mas vou fazendo a minha lista e guardando. Neste final de semana saiu matéria de dois livros, que acabaram de ser lançados, com peças de teatro de um dramaturgo e escritor muito famoso, que viveu no final do século XIX e que eu já ia colocar nessa minha lista, o Oscar Wilde.

– Pai, você leu essa matéria dos livros do Oscar Wilde?

– Li. Legal, né, filho? São algumas peças de teatro que ele escreveu. Você gostou da matéria?

(A Editora Companhia das Letras lançou A Importância de Ser Prudente e Outras Peças, e a Editora Landmark, Teatro Completo – Volume 1)

– Gostei! Aqui diz que em 1895 uma peça de teatro dele, que fazia sucesso, saiu de cartaz, porque ele era homossexual?

– Sim, Heitor, ele sofreu muito com isso. Oscar Wilde foi perseguido, suas obras foram recolhidas e suas peças tiradas de cartaz. Até preso ele foi por ser homossexual. Naquele tempo prendiam os homossexuais, mas isso acabou.

– Como acabou, pai? Hoje batem nos homossexuais.

– São alguns nazistas e homofóbicos, o preconceito ainda existe, mas a lei protege.

– Queria ler alguma coisa dele. Acho que vou colocar na minha lista de livros para ler no futuro.

– Que nada, Heitor. Você já pode ler Oscar Wilde agora! Tem um livro dele chamado O Fantasma de Canterville, que eu tenho certeza que você vai gostar. Ele foi um pai carinhoso, que gostava de contar histórias para os seus dois filhos, e essa história ele escreveu quando os seus filhos ainda eram pequenos.

– É mesmo, pai? Como é a história desse livro?

– É a história de um ministro americano que compra um castelo mal-assombrado na Inglaterra e se muda pra lá, com toda a sua família. Depois, ao invés do fantasma, que vivia nesse castelo, aterrorizar a família, é a família que inferniza a vida do fantasma.

– Que legal! Essa história deve ser bem engraçada! Quero ler esse livro!

– Amanhã eu passo na livraria e compro pra você.

– Oba! Depois de ler, vou escrever no blog, e contar pra todo mundo, que eu li Oscar Wilde!

Ganhei o livro e já li!  É uma edição traduzida por Braulio Tavares, com ilustrações de Romero Cavalcanti, e lançada neste ano pela Editora Casa da Palavra. A história de O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde começa com um diálogo entre Mr. Hiran Otis, ministro norte-americano, e Lorde Canterville, proprietário do Canterville Chase, um castelo mal-assombrado. O ministro norte-americano estava comprando o castelo do nobre inglês, que por ser “um homem extremamente meticuloso em questões de honra” fez questão de dizer que o local era mal-assombrado. Disse que era o seu dever alertá-lo e que o fantasma, que estava lá desde 1584 tinha sido visto por diversos membros ainda vivos da sua família.

O ministro norte-americano, que não acreditava em fantasmas disse que compraria o castelo e o fantasma junto, desde que viesse incluído no preço da mobília. – Fantasmas não existem senhor, e eu não creio que as leis da natureza estejam dispostas a abrir uma exceção para a aristocracia britânica. E Lorde Canterville respondeu ao norte-americano: – Para vocês na América tudo parece muito natural e se a presença de um fantasma na casa não o preocupa, está muito bem. Lembre-se, apenas, de que eu o avisei.

Mr. Hiran Otis se muda para o castelo com toda a sua família, a sua mulher Mrs. Lucrécia Otis, e os quatro filhos, Washington, de dezoito anos, Virgínia, de quinze, e os gêmeos, de oito anos. O fantasma usa todos os seus truques para assustar a família, mas não consegue, ao contrário, é a família que aterroriza o fantasma, principalmente os gêmeos. Tem cada história engraçada! Chega uma hora que o fantasma começa a ficar desiludido e desesperado e perde todas as esperanças de assustar aquela “rude família norte-americana”.

Um dia ele estava distraído, vestido de “Jonas o Sem Túmulo, o Violador de Cadáveres de Chertsey Barn” e aparecem à sua frente os gêmeos “agitando os braços freneticamente sobre as cabeças e gritando ‘buuu!’.” O fantasma se assustou correu e encontrou Washington, o filho mais velho que lhe deu um banho de mangueira. Esse foi o limite, a partir deste dia, a vida do fantasma de Canterville começa a entrar em decadência, ele fica desesperado, até chegar ao ponto de preferir a morte e confessar emocionado esse desejo a Virginia, a filha de Mr. Otiz. – “Sim, a Morte. A Morte deve ser tão bela! Ficar deitado dentro da terra marrom, macia, com a grama ondulando por cima, e escutar o silêncio.” Mas antes disso, muita coisa engraçada acontece nessa história do Oscar Wilde.

Oscar Wilde nasceu em Dublin, na Irlanda, em 1854, e morreu na França, em Paris em 1900. Foi um dos maiores escritores de língua inglesa do século 19. Ficou famoso pela sua obra e pela sua personalidade, era “sofisticado e inteligente”. Criava “frases espirituosas”, que eram repetidas por todo mundo e fazia “observações ferinas”, que não perdoavam nada nem ninguém. Escreveu contos, como O Crime de Lord Arthur Saville; teatro, O Leque de Lady Windermere, A importância de Ser Prudente, entre muitos outros; ensaios, A alma do homem sob o socialismo, e o romance O Retrato de Dorian Gray, sua obra prima.

Minha primeira luta política

Como eu disse no post anterior, nesta semana teve assembleia em defesa da minha biblioteca e do quarteirão do meu bairro. Eu fui! Essa foi a sexta assembleia, desde que o movimento começou, há quase um ano. Eles me pediram e eu li o discurso, o meu primeiro discurso, aquele que eu não consegui apresentar quando recebi a homenagem da Câmara e já publiquei aqui no blog. Durante a assembleia foram apresentadas algumas propostas para continuar a nossa luta. Entre elas, visitas à Câmara para agradecer aos vereadores que votaram ao nosso favor e conversar com aqueles que votaram contra; panfletagem no bairro nos dias 29 e 30 de novembro, aniversário de um ano do movimento; preparação da nossa apresentação no Condephaat para defender o tombamento do quarteirão; formação de comissões para visitar e buscar apoio no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), na imprensa, e em outras instituições; e marcar as próximas assembleias para buscar mais apoio e continuar a nossa luta.

Clube de leitura

Ontem o pessoal da Sintaxe esteve na EMEF Itaim A, em reunião com as professoras Rose e Márcia para concluir a primeira postagem do nosso clube de leitura e combinar a próxima. Eles sortearam os brindes entre os alunos que deixaram comentário lá no primeiro post do clube. Foram mais de quarenta alunos que comentaram. Quem quiser ver: (Lia Zatz no Clube de Leitura – http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=1520). Os sorteados foram o Lucas Lenon dos Santos, que ganhou um kit da Faber-Castell; a Letícia Campos Pereira, um kit com livros da Rosana Rios, e Taynára R. S. Almeida, um livro da Eliana Sá. Eu já falei desses brindes em outro post aqui no blog (Ganhei brindes para o Clube de Leitura – http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=1249). O próximo livro que a gente vai falar no Clube de Leitura é o Bullying – Vamos sair dessa?, da Miriam Portela, com ilustrações de Toni D´Agostinho, publicado pela Editora Noovha América. Eu já li e adorei. O pessoal da escola também leu e eu soube que eles gostaram muito. Vamos contar tudo no próximo post.

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Li um livro da Angela-Lago

Nesta semana o pessoal da Sintaxe me ligou.

– Tudo bem, Heitor.

-Tudo bem. E vocês como estão?

– Estamos bem, também. Vamos mandar um livro de presente pra você.

– Oba! Que livro é?

– O nome do livro é Marginal à esquerda, da Angela-Lago. Ela ganhou dois Jabutis no ano passado com esse livro.

– Eu sei quem é a Angela-Lago, mas nunca li nada dela. Quero ler esse! Como é a história dele?

– É a história de um menino que vive num lugar, onde as crianças têm poucas oportunidades.

– Conta mais.

– O texto da Angela-Lago é muito bonito, as ilustrações são lindas, e o jeito como ela conta essa história… você vai gostar. Chega. Não vou contar mais nada, mas acho que vai ser bom você ler esse livro.

– Por quê?

– O menino dessa história tem uma vida muito difícil. Você vai ver que pra muita gente a vida não é fácil.

– Pra mim também não é muito fácil…

– É, mas você estuda, gosta de ler, ganha livros, seus pais lhe apóiam, você tem um blog, escreve nele, tem amigos, brinca, passeia, joga bola, tem muita gente que gosta de você… Você tem uma vida muito boa, Heitor!

– Mas o que tem de errado nisso?

– Na sua vida nada. O errado é que algumas pessoas não têm nada.

– E eu sou o culpado?

– Claro que não, Heitor.

– Ainda bem. E não dá pra mudar isso?

– Dá sim.

– Como?

– Lutando por justiça social.

– Isso também é luta política?

– Sim. Igual a que você já faz pra defender a sua biblioteca. E por falar em biblioteca, nós fomos convidados para participar de uma assembleia em defesa do quarteirão.

– Legal! Quando vai ser?

– Na semana que vem.

– E eu posso ir?

– Claro que pode. Agora você é um convidado de honra! E leva o seu discurso que dessa vez você vai falar.

– Oba!

Recebi o livro do pessoal da Sintaxe, li e adorei. Marginal à esquerda, escrito e ilustrado por Angela-Lago e publicado pela Editora RHJ é história do Miúdo, o rapa-de-tacho, e quem conta essa história é a Maria, sua irmã mais velha, que era casada com o Zé Pita. Eram quatro irmãos na família, os outros dois foram para São Paulo, trabalhar num “restaurante de gente chique”, onde a mãe já havia trabalhado. O Miúdo tinha dez anos, era meio calado e estava atrasado na escola. A mãe ficou doente, largou o serviço, e o Zé Pita ofereceu dinheiro para o Miúdo vender droga. O cunhado era traficante. O menino foi pego pela polícia, e a mãe, que estava por perto não deixou que levassem o “seu esmirradinho”.

Depois de um tempo a polícia voltou, mas a mãe que tinha colocado o menino na oficina de música mostrou o Miúdo tocando. Na oficina o menino aprendeu a tocar violino e gostou. Tocava tão bem, que diziam que ele “tinha aprendido o instrumento em outra encarnação”. O Zé Pita continuou oferecendo dinheiro para o Miúdo trabalhar com ele, o menino resistia e continuava a estudar o violino. A mãe, que antes só elogiava os mais velhos, agora ria quando falava dele. A história segue, e o Miúdo, com muito sacrifício vai virando um grande violinista. O final é triste, como disse o pessoal da Sintaxe, pra muita gente a vida é muito difícil e para o Miúdo da história da Angela-Lago ela não foi nada fácil.

Angela-Lago nasceu em Belo Horizonte em 1945. Desde 1980 escreve e desenha livros para criança. Ela ganhou muitos prêmios Jabuti e outros prêmios internacionais, como o Octogone de Fonte, Prêmio Iberoamericano de Ilustración e BIB Plaque. Ela já ilustrou e escreveu muitos livros, entre eles Cena de rua, Tampinha e Sete histórias para sacudir o esqueleto. Seus livros são publicados na França, nos Estados Unidos, no Japão, na Venezuela e em muitos outros países.

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Fui homenageado pela Câmara Municipal

Vocês se lembram que eu disse no outro post, que teria uma surpresa pra mim, na festa de aniversário do bairro, mas eu ainda não sabia o que era? Então… FUI HOMENAGEADO!!! Recebi uma homenagem pela minha “contribuição para preservação das memórias e defesa da qualidade sócio-cultural da região.” Ganhei placa de reconhecimento com o meu nome. Subi no palco pra receber a placa e fui aplaudido, só faltou fazer discurso. Essa homenagem não foi só pra mim, foi também para o pessoal da Sintaxe, que me deu de presente este blog e me ajuda a fazer e a divulgar. Fiquei muito feliz. Sinceramente, eu não esperava isso. Nunca poderia imaginar que eu, um simples personagem, poderia ser homenageado pelo que escreve no seu blog e até receber uma placa de reconhecimento da Câmara Municipal de São Paulo.

Minha mãe disse que está muito orgulhosa de mim, disse pra eu continuar na luta em defesa da minha biblioteca, e que “aquele lugar não pode acabar.”

– Você se lembra, Heitor, quando você ainda não sabia ir sozinho e eu te levava?

– Claro que eu me lembro, mãe, até já contei isso no blog. Às vezes tenho saudades desse tempo.

– Não seja por isso, amanhã podemos ir juntos lá.

– Legal mãe! Vamos sim, eu topo!

O pessoal da Sintaxe não foi à festa, mas eles me ligaram pra saber como foi.

– A festa estava muito legal, foi lá no Teatro Décio de Almeida Prado, primeiro teve a parte política e depois teve dois shows de música. Por que vocês não foram?

– A gente não quis atrapalhar, Heitor. O mérito desse prêmio é todo seu. Você é o responsável pelo sucesso desse blog. Você foi inventando as coisas, tendo ideias, fizemos o clube de leitura, você entrou pra essa luta política e o blog foi ganhando vida.

– Devo isso a vocês que sempre me ajudam e me apoiam. Obrigado!

– Mas não se esqueça de uma coisa importante, o seu blog é sobre livros, precisa voltar a falar deles.

– Vou falar sim. Vocês sabem que eu adoro falar de livros e nesses dias li um montão.

Meu pai também ficou feliz e disse que eu deveria escrever um discurso para ler na hora que eu recebesse o prêmio.

– Um discurso, pai?

– Sim, por que não? Nessas horas a gente tem que fazer discursos, sim. Escreve e leva pronto e se tiver uma oportunidade, você discursa.

– Mas eu não sei escrever discursos, pai.

– Claro que sabe. Faz como você faz com os posts. Senta e começa a escrever, você vai ver como o discurso sai. E quando chegar lá na festa, pergunta pra organização, se você pode ler o seu discurso.

Segui o conselho do meu pai, sentei e escrevi, coloquei o discurso no bolso e fui pra festa. Só não consegui falar com a organização, tive vergonha, e o discurso voltou do jeito que foi, no bolso, sem ser lido. Mas acho que vou colocar o discurso aqui no blog. Tenho que mostrar pra vocês, afinal de contas, este é o meu primeiro discurso.

Meu primeiro discurso

Obrigado! Eu não esperava essa homenagem, fiquei sabendo esses dias e resolvi preparar um discurso. Meu pai que insistiu para que eu fizesse isso. Eu disse a ele: Mas um discurso, pai? E ele respondeu: Se você já participa de lutas políticas tem que começar a fazer discursos, também. Tudo bem, eu concordei com ele, mas não vou tomar muito o tempo da festa. Vamos ao discurso, então.

Eu conheço este lugar desde o tempo em que eu era bem pequeno. No começo eu vinha com a minha mãe ou com as minhas professoras. Depois eu aprendi a vir sozinho e fiquei livre pra vir quando quisesse – se a minha mãe deixasse, é claro – mas pra vir aqui, ela sempre deixa.

Aqui eu fiz amigos e vivi os momentos mais felizes da minha vida, brincando e aprendendo muita coisa com os livros da minha biblioteca. Depois veio essa notícia, que a prefeitura queria vender este terreno pra derrubar tudo o que tem nele – a biblioteca, o teatro, duas escolas, uma creche, dois serviços de saúde e a Apae – e construir um prédio de apartamentos no lugar. Fiquei assustado e com medo. – Isso não pode acontecer!

Conversei com o meu amigo João Gabriel, que era o bibliotecário da Anne Frank, e ele me disse que as pessoas estavam se organizando para defender este quarteirão do ataque da prefeitura. Não foi exatamente assim que o João falou, mas foi desse jeito que eu ouvi. Como em muitas histórias que eu li, estamos sendo atacados e temos que nos defender.

Fui falar com o meu pai pra saber se eu podia participar. Ele me deu a maior força, disse que eu deveria participar, sim, e que essa seria a minha primeira luta política. Achei mó legal e comecei a participar do movimento de defesa do quarteirão do Itaim.

Nesse tempo eu li e aprendi muita coisa sobre este lugar. Hoje eu sei que a minha biblioteca foi inaugurada em 1946, é a primeira biblioteca infantil de bairro da cidade de São Paulo, e foi o Monteiro Lobato que escolheu este terreno. Aprendi também que aqui é um parque escola. Tem diversos serviços públicos no mesmo lugar. Aqui tem educação, cultura, saúde e lazer.

Naquele tempo foram construídos muitos espaços assim. Essa é uma ideia do Anísio Teixeira, um dos maiores educadores brasileiros, que nasceu em 1900 e morreu em 1971. E este é um dos últimos lugares, em São Paulo, que ainda não foram derrubados e que contam essa parte da história da nossa cidade. Não podemos deixar a prefeitura acabar com ele e destruir a nossa história.

A Câmara Municipal apóia a Prefeitura. Não são todos os vereadores, é claro, quinze estão do nosso lado, inclusive o vereador que participa dessa nossa festa e que luta com a gente, mas a maioria votou a favor da prefeitura. Trinta e três vereadores também querem derrubar o nosso quarteirão. Não entendi porque isso foi acontecer. Acho que eles não sabem a importância que tem este lugar. Não é possível! Eu li e aprendi. Acho que temos que convidar esses vereadores pra fazer uma visita à nossa biblioteca e ler um pouquinho. Quem sabe eles descobrem a importância, também.

Assinado, Heitor. Obrigado!

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Fui ao Condephaat

– Pai, posso ir ao Condephaat amanhã?

– O que vai ter lá?

– A prefeitura vai apresentar o projeto dela para os conselheiros.

– Aquele projeto da maquete que saiu no jornal?

– Deve ser.

– E quem vai apresentar?

– O secretário da prefeitura.

– Mas o Condephaat fica lá na Luz, ao lado da Sala São Paulo.

– Eu sei, eu olhei no Google.

– E como você vai pra lá?

– Você não pode me levar? É de manhã.

– Levar eu posso, mas não posso ficar. Até gostaria… queria ver a cara-de-pau desse secretário, mas tenho que trabalhar… Como você vai voltar?

– Eu volto com o João da biblioteca, ele também vai.

– Vou ligar para o João amanhã de manhã, pra saber se ele pode trazer você de volta. Se ele puder, tudo bem, pode ir.

– Oba!

Nesta semana fui ao Condephaat em mais um evento da minha luta política. O Condephaat é um conselho de defesa do patrimônio histórico, arqueológico, artístico, e turístico do Estado de São Paulo. Ele é formado por técnicos e especialistas, que cuidam da preservação dessas áreas no Estado. Eles se reúnem frequentemente para discutir os “assuntos em pauta”. O pedido de tombamento do quarteirão do meu bairro está lá para eles analisarem. A presidente do conselho disse que agora, as reuniões do Condephaat são abertas ao público, “essa abertura é muito recente” e o resultado de todas as decisões são publicadas.

Quem quiser pode ir lá assistir às reuniões e ouvir tudo que eles falam, mas não pode participar. “Ele é aberto, mas não é participativo.” Ficam mais de vinte conselheiros reunidos numa sala, em volta de uma mesa, “discutindo e analisando os processos”. Eu cheguei mais cedo e fiquei atrás, ouvindo a conversa deles. Muita gente vai assistir. Quando chegou a hora de a prefeitura apresentar o seu projeto da venda do nosso quarteirão, tinha tanta gente para assistir, que nós tivemos que ir para um auditório, no primeiro andar do prédio.

O secretário começou dizendo que não ia falar sobre o tombamento, pois essa questão quem vai decidir é o Condephaat, e o que for decidido, ele irá apoiar. Se o Condephaat decidir por tombar o quarteirão, como patrimônio histórico, ele disse que será o primeiro a aplaudir essa decisão. Nessa hora eu me lembrei do meu pai, que queria ver a cara-de-pau do secretário, e me deu vontade de levantar e falar “então estamos todos de acordo, vamos logo tombar o nosso quarteirão e voltar pra casa”. Mas eu não podia falar nada, a presidente disse que a reunião não era participativa. Depois ele falou de creches, que a cidade precisa de creches – nos concordamos com ele e sabemos que tem muita criança em São Paulo sem creche.

Na proposta da prefeitura, a empresa que ganhar o terreno terá que construir 200 creches na cidade. Nós sabemos que creche é muito importante e toda criança tem direito a uma, mas deve ter outro jeito de fazer essas creches sem ter que derrubar a minha biblioteca, o teatro, duas escolas, uma creche, dois serviços de saúde e a Apae, construir um prédio de apartamentos no lugar, e acabar com o quarteirão que conta a história do meu bairro e da minha cidade. A minha biblioteca está lá desde 1946, é a primeira biblioteca infantil de bairro da cidade de São Paulo e foi o Monteiro Lobato que escolheu o terreno onde ela está até hoje.

No final da apresentação os conselheiros fizeram umas perguntas ao secretário – perguntas bem legais, que eu gostaria de ter feito – e o secretário teve dificuldades para responder. Nessa hora, como a gente não podia falar nada, batemos palmas. Foi o nosso jeito de participar e defender o quarteirão. Depois pedimos desculpas à presidente, e ela disse que tudo bem, que nós até que fomos muito bem comportados. Nós vamos ter o direito de apresentar “uma réplica” lá no Condephaat para mostrar a “nossa posição” aos conselheiros. Assim que for marcado o dia dessa apresentação, eu conto aqui.

Não se esqueçam da festa na próxima terça-feira. É o aniversário do bairro e a programação está no post anterior, vejam lá e apareçam. Vamos aproveitar pra continuar a nossa luta em defesa do quarteirão e conseguir mais apoio para o nosso movimento.

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Li a história da Sayuri e dos livros enterrados

Na semana passada eu não escrevi nada no blog, não deu tempo, tinha muita coisa para estudar e eu tive provas na escola. Quando isso acontece, minha mãe não deixa eu ficar muito tempo na internet, ela me dá limites. Já falei disso aqui no blog, dos limites dos meus pais, é chato, às vezes eu fico com raiva e eles dizem que é para o meu bem. Mas hoje estou de volta e vou falar da minha luta política e de um livro bem legal que eu li.

Boas notícias da minha luta política

Depois daquele momento de tensão do post anterior, na outra semana teve boas notícias da nossa luta política. O Tribunal de Justiça negou o pedido da prefeitura e manteve a suspensão da lei que autorizava a venda do quarteirão. A prefeitura tentou “derrubar uma liminar concedida” por um juiz, “em uma ação movida” por um vereador, mas não conseguiu – aos poucos eu vou aprendendo essas coisas. A venda do terreno onde fica a minha biblioteca, o teatro, duas escolas, uma creche, dois serviços de saúde e a Apae continua suspensa. Por enquanto a prefeitura não pode vender e com isso vamos ganhando tempo para continuar a nossa luta.

Nesta semana eu recebi um e-mail da organização do movimento dizendo que no próximo dia 4 de outubro vai acontecer uma festa em comemoração ao aniversário do bairro do Itaim Bibi. Vamos aproveitar esse dia para divulgar a nossa luta e ganhar mais pessoas para o movimento. Vai ter programação o dia todo: às 7h00 da manhã tem missa na paróquia do bairro, a Santa Tereza de Jesus; às 12h00, hasteamento das bandeiras do Brasil e do Itaim e execução do Hino Nacional, na esquina das ruas Joaquim Floriano e Bandeira Paulista; e às 19h00, no Teatro Décio de Almeida Prado – que fica na rua Cojuba, 45, ao lado da minha biblioteca – vai ter uma “sessão solene” e em seguida apresentação de música e teatro. O Teatro Décio de Almeida Prado está lindo, acabou de ser reformado, eu já assisti a alguns shows lá e contei aqui no blog. No e-mail que eu recebi está escrito que eu não posso faltar a esse evento do teatro, que vai ter uma surpresa para mim. Fiquei curioso e perguntei, mas eles não me disseram o que é. Estarei lá para comemorar o aniversário do meu bairro, lutar para defender a minha biblioteca e todo o quarteirão e descobrir que surpresa é essa.

A história dos livros enterrados

Durante a Segunda Guerra Mundial, que aconteceu de 1939 a 1945, o Japão era inimigo do Brasil e os japoneses, que já moravam aqui foram perseguidos pela polícia brasileira. Suas casas eram invadidas e revistadas, se encontrassem armas, tomavam deles, e se encontrassem livros escritos em japonês, queimavam todos. Como os brasileiros não entendiam o que estava escrito, achavam que podia ser alguma informação dos inimigos. As escolas japonesas daqui também foram fechadas nessa época. A história do livro que eu li se passa nesse tempo, se chama Os livros de Sayuri e foi publicado pela Edições SM. Quem escreveu e ilustrou foi a Lúcia Hiratsuka, eu conheci a Lúcia na Flip, ela participou da Flipinha e eu conversei com ela, lá em Parati. A Lúcia é descendente de japoneses e a história desse livro começou com uma história que sua mãe contou. A mãe da Lúcia se lembrou de ter visto os pais e os irmãos enterrando os livros, quando ela tinha uns 6 ou 7 anos. Eu adorei esse livro e li numa sentada. Comecei a ler e não parei, até chegar o final.

Quem conta a história do livro da Lúcia é a Sayuri e ela começa falando do dia em que sua família teve que enterrar todos os livros da casa, com medo de que eles fossem queimados, também. “Parece um enterro. Mas ninguém morreu.” Colocaram os livros da família em uma caixa e fizeram um buraco embaixo do abacateiro. “E a caixa foi enterrada. Como se os livros estivessem mortos. Ou como se fossem tesouros? Os mortos não voltam. Mas e os tesouros? Voltam algum dia? Igual nas histórias de tesouros enterrados?” Eram os livros que eles tinham trazido do Japão. Entre eles havia um que a mãe da Sayuri tinha prometido dar a ela, quando ela aprendesse a ler. Sayuri não deixou que enterrassem esse, separou, escondeu e esse passou a ser o seu segredo. Quando estava sozinha em casa, pegava o livro e tentava adivinhar o que estava escrito nele. Quando a Sayuri chegou na idade de estudar, a escola dos japoneses foi fechada. Ela teve que estudar à noite e ia escondida por um caminho escuro, iluminado pelo lampião. Gostei do jeito da Sayuri contar essa história, tem uma partes emocionantes e é muito bonita. Eu também gosto de contar histórias e sempre presto atenção no jeito que alguns personagens contam.

E a Lúcia me falou mais do seu livro: “Os livros de Sayuri é uma ficção, baseado em fatos reais. Fiz pesquisa, li livros que falam dessa época, da segunda guerra, quando o Brasil e Japão cortaram as relações diplomáticas e as escolas foram fechadas. Os imigrantes, mesmo os nascidos no Brasil, não podiam falar na língua de origem, ler, nem mesmo viajar sem autorização. Pesquisei também sobre o que comiam, as brincadeiras da minha mãe quando criança, se ela tinha brinquedos ou improvisava. Criei os personagens – o nome Sayuri não é o da minha mãe – inspirados em pessoas que conheço, imaginando alguns, observando o ser humano, etc. Enfim, aquilo que faz um ficcionista. E me inspirei na minha própria infância também, pois fui uma criança de roça e aprendi primeiro o japonês, antes de entrar na escola.”

Lúcia Hiratsuka é escritora e ilustradora. Nasceu em Duartina, interior de São Paulo e mora na cidade de São Paulo desde os 16 anos. Formada em Artes Plásticas, fez pesquisa sobre livros ilustrados na Universidade de Educação de Fukuoka no Japão (1988-89). Também faz pesquisa de mitos e lendas do Japão e muitas dessas histórias ela ouvia de sua avó, na infância. Além deste, ela também é autora de Festa no céu Festa no mar, Histórias de Mukashi, Contos da montanha, Lin e o outro lado do Bambuzal, Um rio de muitas cores, Urashima Taro, Coleção Contos e Lendas do Japão e Histórias Tecidas em Seda, que recebeu o Prêmio de Melhor Reconto 2008 da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

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Momentos de tensão na minha luta política

Eu já fiquei feliz, triste e agora estou com medo. Meu pai disse que é assim, mesmo: “Toda luta política sempre traz emoções muito fortes, meu filho.” Semana passada saiu uma notícia no jornal. A prefeitura apresentou o projeto do que ela pretende agora construir no terreno onde fica a minha biblioteca. Todos que acompanham o meu blog ou essas notícias no jornal, já sabem desta história. A prefeitura quer vender o terreno onde fica a biblioteca, um teatro, duas escolas, uma creche, dois serviços de saúde e a Apae para construir no lugar um prédio de apartamentos. No começo a prefeitura dizia que ia manter a biblioteca e o teatro, depois disse que ia demolir e transferir o acervo para outras bibliotecas. A Biblioteca Anne Frank seria extinta!

Agora ela diz que vai derrubar os dois, teatro e biblioteca, e no pedaço do terreno onde eles estão agora, construir um prédio e colocar a biblioteca no térreo e o teatro no subsolo. Depois desse prédio pronto, eles vão demolir as duas escolas, a creche e os serviços de saúde e transferir pra lá também, e no lugar onde eles ficam atualmente, construir o prédio de apartamentos e um parque aberto à população. A prefeitura apresentou uma maquete transparente. Meu pai disse que não acredita em maquetes e que nesse projeto o que falta é transparência. Achei engraçado e concordo em ele, uma hora a prefeitura diz que vai deixar a biblioteca, outra hora diz que vai derrubar e agora vem e diz que vai colocar em outro lugar. Dá pra confiar? Meu pai me disse que a lei aprovada na Câmara, que autorizou a prefeitura a negociar o terreno não diz nada sobre o que vai ser construído lá dentro. “A prefeitura e a construtora podem fazer o que bem entenderem. Por isso, Heitor, é melhor prevenir. Depois que a obra começar não vai adiantar espernear.” Essas palavras do meu pai me dão medo, mas também me animam.  Vou procurar os meus amigos e companheiros para continuar nossa luta, minha primeira luta política.

Depois de ler a notícia cheguei a uma conclusão: mesmo que a prefeitura cumprisse essa sua última promessa, eu prefiro a minha biblioteca do jeito que ela está. Aquele lugar tem história! Foi o Monteiro Lobato que escolheu o terreno para construir a Biblioteca Anne Frank, que foi inaugurada em janeiro de 1946 e no começo se chamava Biblioteca Infantil do Itaim. Ela é a primeira biblioteca infantil construída num bairro da cidade de São Paulo, antes dela só existia a biblioteca do centro, que hoje se chama Biblioteca Monteiro Lobato.

Durante minha luta política conheci um monte de gente e aprendi muita coisa. Hoje eu sei que o quarteirão onde está a minha biblioteca foi construído seguindo o modelo de “Parque Escola” do educador Anísio Teixeira, que nasceu em 1900 e morreu em 1971 e junto com Paulo Freire foi um dos maiores educadores da história do Brasil.

Lá existe uma escola em período integral e os seus alunos frequentam a biblioteca, que é aberta ao público e é por isso que eu também vou lá. Meu pai me disse que “todo o espaço do quarteirão, hoje é público, e é só desse jeito que fica garantido o nosso acesso àquele lugar”.  Achei um pouco confusa essa história de “acesso” e pedi para o meu pai me explicar melhor. Ele me explicou direitinho, eu entendi tudo muito bem e fiquei com medo do que pode acontecer.

Também aprendi que esse terreno conta um pouco da história da cidade e que ele é um dos poucos “redutos” que está sobrevivendo à “especulação imobiliária”. Soube também, que além deste a prefeitura tem projetos para vender outros terrenos parecidos com o quarteirão do meu bairro, que resistem e contam a história do bairro em que eles ficam. A empresa que ficar com o nosso quarteirão vai ter que construir 200 creches. A cidade precisa de creches, mas a prefeitura tem dinheiro para construir e já podia ter feito desde o começo do governo. Resolveu fazer só agora e pra isso quer derrubar a minha biblioteca! Deve ter outro jeito.

Eu sou contra a venda do quarteirão do meu bairro e dos quarteirões dos outros bairros que contam a história da minha cidade. Meu pai disse que ficou decepcionado com um jornalista que falou numa rádio a favor do projeto da prefeitura. “Esse jornalista sempre apoiou os movimentos sociais e se destaca por valorizar projetos ligados à educação e à cultura”. O jornalista disse que o projeto da prefeitura “é um bom negócio”. “Bom negócio pra quem?” “Pra cidade?” Meu pai disse que não concorda e nem eu. Ele disse na rádio que a comunidade que defende a manutenção do espaço esta preocupada com a vista: “Eles não querem perder a vista, na verdade.” A prefeitura já vinha dizendo isso há algum tempo, que a única perda será da vista que as pessoas que moram nos apartamentos em volta têm desse lugar.

Eu não moro nesses prédios, não vou perder a minha vista e não quero que derrubem a minha biblioteca. Assim como eu, tem muita gente que não vai perder a sua vista e não quer que o quarteirão seja vendido. Meu pai sempre se revolta com essas coisas. “Dizer que a nossa única preocupação é a vista é uma estratégia sórdida, uma tentativa de desvalorizar os nossos argumentos, banalizar as nossas crenças e ignorar a importância que esse quarteirão tem para a história do bairro e da cidade. Espero que o Condephaat reconheça isso e tombe logo o nosso quarteirão.”

– É isso aí, pai!

Dois livros de Jorge

Acabei de ler dois livros do primeiro escritor que eu conversei e conheci pessoalmente, o Jorge Miguel Marinho. Um desses livros ganhou um monte de prêmios, até o Jabuti. Vou falar deles no próximo post. Conheci o Jorge Miguel no dia em que eu fui visitar uma editora e lá apareceu a ideia de fazer este blog. Contei tudo isso lá no comecinho, nos primeiros posts. Outro dia eu encontrei o Jorge na FELIT e ele me disse que tem umas ideias para o meu blog. Tenho o telefone do Jorge, vou ligar pra ele pra saber dessas ideias e também pra falar que eu adorei os livros dele.

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Ganhei livros de duas escritoras

Nosso clube de leitura

No post anterior eu disse que não estava mais feliz com o nosso clube de leitura, mas a tristeza já passou e eu estou feliz de novo, muito feliz. O nosso clube está dando super certo. Uns quarenta alunos já comentaram, a professora Rose comentou e até a Lia Zatz, a autora do livro que a gente leu, deixou o seu comentário também. Está demais! Vocês precisam ver. Tá tudo lá no post “Lia Zatz no Clube de Leitura”. Agora eu preciso falar com a professora pra saber se mais algum aluno vai comentar. Quero sortear os brindes entre todos os alunos que comentaram. Desta vez os brindes serão um kit de material escolar da Faber-Castell, um kit de livros da Rosana Rios e um livro da Eliana Sá, que a empresa e as autoras doaram para sortear no clube e eu já falei disso aqui no blog. Também quero combinar com o pessoal da Sintaxe e com a professora qual vai ser o próximo livro que a gente vai ler. Nosso clube não pode parar.

O Pequeno Leitor

Na semana passada o pessoal da Sintaxe me ligou. Eles vivem me ligando, mas eu gosto, sempre tem novidade e dessa vez foi uma bem legal.

– Oi, Heitor. O que você vai fazer no sábado?

– Eu? Nada. Por quê?

– Fomos convidados para a apresentação de um site.

– É mesmo? Que site?

– O Pequeno Leitor. Aquele site que saiu na revista, quando saiu matéria do seu blog.

– Eu conheço o Pequeno Leitor. Que legal! Vamos conhecer a Stela e o Gabriel!

– A Stela disse que faz questão da sua presença.

– A Stela é legal! Ela deixou comentário no blog, eu também coloquei comentário no blog dela. Onde vai ser?

– Na casa do Saber, aí perto da sua casa. Avisa sua mãe. Vamos passar pra te pegar às 10.

– Beleza! Tá combinado.

Foi maior legal a apresentação de O Pequeno Leitor. Chegamos e fomos conhecer a Stela e o Gabriel. Ela disse que estava muito feliz com a nossa presença. A gente também estava feliz! É tão bom conhecer pessoas que gostam da mesma coisa que a gente gosta! A Stela falou, mostrou o site e depois ainda teve a contação de uma história bem bacana. A história contada é da Stela e se chama Dudu e a caixa. Esta história está num livrinho que eu ganhei de presente na saída, ele é bem bonito e tem ilustrações de Renato Moriconi.

O Pequeno Leitor (http://www.opequenoleitor.com.br/) é um site para incentivar o interesse pela leitura nas crianças de 5 a 8 anos. Tem histórias com ilustrações, livrinhos virtuais, poemas, brincadeiras rimadas e até piadinhas. Tem um monte de histórias criadas pela Stela. Cada história legal! O Gabriel também sabe criar histórias. Lá na festa ele veio mostrar pra gente uma que ele tinha acabado de inventar, com ilustrações e tudo. Era a história de um menino que virou craque de futebol e foi jogar no Santos e no Milan. Ele é santista e também torce para o Milan. Acho que ele quis escrever uma autobiografia. No site tem também alguns espaços pra gente criar as nossas histórias. A Stela disse que já tem mais de mil e duzentas histórias criadas.

Para participar é preciso se cadastrar, mas o cadastro é bem legal. A gente cria um personagem, escolhe o cabelo, os olhos, a boca, e alguns acessórios, e depois escolhe um amigo imaginário, que vai dar as dicas e as ideias pra gente viajar no site. Depois é só salvar e escrever o nosso nome e o e-mail do adulto que vai autorizar a nossa participação no site. As histórias são bem legais e a gente ainda aprende umas palavras novas. Aparecem umas palavras mais difíceis que a gente pode clicar nela, descobrir o que é e jogar para o nosso baú de palavras. No final da história tem um teste e os pontos ganhos a gente pode trocar por tranqueiras virtuais. O Pequeno Leitor é bem legal! Vocês precisam ver. A Stela é redatora publicitária desde 1991 e se dedica a projetos infantis desde que nasceu o seu filho Gabriel, que também ajuda a cuidar do site.

Ganhei livros de duas escritoras

Hoje eu vou falar de dois livros que eu ganhei de duas escritoras na FELIT. Essa FELIT rendeu bastante coisa boa, ganhei livros, conheci e encontrei muitos escritores e ilustradores, e descobri que depois que eu comecei a fazer esse blog, conheci tanta gente legal. E quero conhecer mais.

O primeiro livro que eu vou falar é da Ieda de Oliveira. Eu não conhecia a Ieda, quem me apresentou a ela foi o pessoal da Sintaxe. Quando encontramos a Ieda ela estava atrasada, com hora marcada para voltar para o Rio de Janeiro.

– Esse é o Heitor, Ieda, do blog do Le-Heitor. Você conhece o blog dele?

– Sim, claro que eu conheço o blog do Le-Heitor. Muito prazer, Heitor!

A Ieda estava com um livro dela na mão e me deu de presente.

– Este é pra você.

– Oba! Obrigado.

Ela estava com pressa, nem deu tempo de pegar um autógrafo dela. Eu adoro pegar autógrafo dos escritores para colocar na minha coleção de livros autografados.

O livro que ela me deu, eu já li e gostei é O Leão e o Macaco. Este livro foi publicado pela Editora Larousse Júnior e tem ilustrações do Maurício Veneza, que também estava na FELIT, mas nem deu tempo de conversar com ele. Vou contar agora um pouco da história deste livro. Ele começa assim: “Dizem que há muitos anos morava na floresta um leão chamado Sourrei muito esquisito e mandão, mas que não era de todo mal. Implicava com um, com outro, queria saber da vida de todo mundo e fazia questão de ser chamado de majestade. Um dia, sem ninguém saber porquê, ele disse que ia viajar e que em breve voltaria com muitas novidades. Todo mundo ficou se perguntando quais seriam essas tais novidades, mas ninguém ousou perguntar.”  Depois de um tempo sumido o leão volta para a floresta com a juba pintada de vermelho ao lado de duas girafas gêmeas, que ele disse que eram as suas cabeleireiras e que iam cuidar da sua beleza daqui pra frente. Os bichos da floresta se esforçaram para não rir na frente daquele leão de cabelão vermelho, tinham medo de serem castigados. Nesse dia o leão determinou que a floresta só seria habitada por animais jovens, e que todos estavam obrigados a pegar os seus parentes velhos, levar para o alto da montanha e deixar por lá. O cabrito leva o bode, a corujinha, a sua mãe coruja e ninguém mais quis fazer festa de aniversário. Até o dia em que o leão Sourrei bateu na casa do macaquinho e disse que estava na hora de ele levar o pai para a montanha. Nesse dia a história da floresta começa a mudar.

Ieda de Oliveira é escritora compositora e professora. Fez pós-doutorado na Universidade de Paris, é doutora em Letras pela Universidade de São Paulo, mestre em Letras pela PUC-RJ e especialista em Literatura Infantil e Juvenil pela UFRJ. É professora universitária de Literatura Infantil e Juvenil e Teoria da Literatura e é fundadora e diretora da COLL – Consultoria de Língua Portuguesa e Literatura no Rio de Janeiro. Além de O Macaco e o leão, publicou muitos livros, entre eles O espelho, Bruxa e Fada, O Sapo e o Pássaro, A Cobra e o Sábio, O cheiro da morte e outras histórias, Brasileirinho, A saga de um rei, e muito mais.

O outro livro que eu vou falar é da Anna Claudia Ramos. Ela eu já conhecia desde a Bienal do ano passado, depois eu encontrei com ela na FLIP e agora na FELIT. Todos esses encontros eu contei aqui no blog. Faz tempo que eu estava a fim de falar de um livro dela aqui.

– Anna Claudia, eu quero falar de um livro seu no meu blog.

– Que legal, Heitor! É mesmo?

– Você pode me indicar algum.

– Acho que podia ser o primeiro livro que eu publiquei. Eu relancei por outra editora. O nome dele é Pra onde vão os dias que passam?.

– Que nome legal!

– É a história de uma menina que sai de casa atrás de uma resposta para essa pergunta.

– Já estou gostando da história.

– A menina é um pouco mais velha que você, mas acho que você vai gostar dessa história.

A Anna Claudia me deu o livro de presente com uma dedicatória bem bonita, eu li, já coloquei na minha coleção de livros autografados, e agora vou contar um pouquinho da história dele. Pra onde vão os dias que passam? tem ilustrações de Martha Werneck, foi publicado pela Editora Escrita Fina e conta a história de Mariana, uma menina que gostava de ver o mar antes do dia clarear, ficava sozinha, de costas, olhando por debaixo das pernas, vendo o mar de cabeça pra baixo e imaginando tempestade, navios piratas, pássaros, ventos e furacão. Ela vivia imaginando coisas e sonhando com um mundo diferente. Queria ter fazenda, cavalos, árvores, montanha para escorregar. Mariana sonhava muito e procurava as respostas para um monte de perguntas que ela tinha. Uma delas é o título deste livro. Pra onde vão os dias que passam? Um dia conversando com a sua mãe, ela decide ir para outra cidade, foi morar em São Pedro da Serra. Foi embora à noitinha, os pais e os irmãos não estavam em casa. A despedida tinha sido uma conversa na hora do almoço. – Preciso ir, mãe! Eu tenho que tentar. Nem que seja pra quebrar a cara. – Mas, filha? Não fala mais nada, não, mãe! – Se cuida, Mariana. Telefona sempre que der, tá? E Mariana foi embora. Precisava entender sua natureza. Perder o medo de muita coisa. Aprender a ficar sozinha. Alugou uma casinha dessas de cidade pequena, janela verde, de madeira, igual à porta, verde. Colocou plantas, levou fotos e muitos livros. Agora, o que aconteceu por lá com a Mariana, só lendo o livro, mesmo. A Anna Claudia escreveu na dedicatória que ela fez pra mim, que era para eu quebrar a cabeça descobrindo Pra onde vão os dias que passam? Acho que eu descobri! Aquele dia que a gente se encontrou na FELIT já passou… Sabe onde ele está agora? Guardado na minha memória! Acertei?

Anna Claudia Ramos é escritora e ilustradora, desde pequena tem mania de inventar histórias e passava horas brincando e inventando novos mundos pra morar e viajar. Foi por isso que ela virou escritora, foi a forma que encontrou de nunca parar de brincar. Formada em Letras pela PUC-RJ, fez mestrado na UFRJ em Ciência da Literatura, já foi professora de educação infantil, coordenadora de sala de leitura, fez teatro amador, e é professora de oficinas de criação literária. Além de Pra onde vão os dias que passam?, publicou Não é bem assim a história, A história de Clarice, Apenas diferente, Tempo mágico, tempo de namoros, Sempre por perto, e muito mais.

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Notícias da FELIT

Nosso clube de leitura

Querem saber? Eu não estou mais feliz com o nosso clube de leitura. Nove alunos da escola comentaram e os comentários estão lá no post anterior. Gostei muito do que esses alunos escreveram. Eles viram coisas na história que eu não tinha visto. Eu também vi que eles gostaram de ler o livro, de participar do clube e também gostaram do meu blog. Mas eu esperava mais, estava tão animado, achando que todos iam gostar como eu estava gostando. Mais de trinta alunos leram esse livro e só nove comentaram. Será que os outros não querem mais participar do clube e não gostaram de ler e escrever sobre o livro. Estava combinado que todos que leram esse livro iam comentar… Sei lá, fico pensando em tudo isso e fico muito triste. O pessoal da Sintaxe fala para eu ter paciência, que a professora tem mais o que fazer e que ela disse que todos os alunos estão muito animados, gostando de participar do clube e que vão colocar mais comentários. Mas por que não colocam logo, então?

O Salão vem à São Bernardo

Existe um ditado bem famoso que diz o seguinte: “Se Maomé não vai à montanha a montanha vem a Maomé” e foi o que aconteceu comigo nesses dias. O pessoal da Sintaxe vive me falando do Salão da FNLIJ, eles dizem que o salão é isso, que o salão é aquilo e que junta um monte de escritores e ilustradores bacanas, lançando livros e conversando com o público. Esse salão acontece todo ano na cidade do Rio de Janeiro e é promovido pela FNLIJ, que eu já falei dela aqui no blog e que quer dizer Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Eu sempre quis ir ao Salão da FNLIJ no Rio de Janeiro, mas nunca consegui, nunca me levaram. Não é que neste ano o Salão veio aqui pra perto, em São Bernardo e eu pude ir! A prefeitura da cidade fez parceira com a FNLIJ e promoveu a 1ª FELIT – Feira Literária de São Bernardo do Campo. Disseram que essa feira foi igualzinha ao Salão. Como eu nunca fui ao Salão, não posso dizer nada, só posso dizer que a FELIT foi bem legal e hoje eu vou falar um pouco do que eu vi e dos escritores e ilustradores que eu encontrei por lá. Mas mesmo tendo ido à FELIT, que dizem que foi igual, ainda tenho muita vontade de conhecer o Salão, quero ver como é esse lugar de que falam tanto. Também quero aproveitar para conhecer duas montanhas que ficaram por lá e não vieram até Maomé: o Pão de Açúcar e o Corcovado.

O pessoal da Sintaxe foi à FELIT para trabalhar e eu fui junto, passear. Logo que chegamos à feira, eu vi uma autora que eu conheci na Bienal: – Aquela não é a Luciana Savaget? – Sim é a Luciana, vamos lá conversar com ela, Heitor. Cumprimentamos a Luciana com dois beijinhos – no Rio eles beijam duas vezes, é engraçado – mas ela tinha um compromisso naquela hora e depois eu não a vi mais, nem conversamos, que pena! Vou procurar um livro dela para eu ler e contar aqui no blog. De lá fomos encontrar a Miriam Portela, ela estava lançando um livro chamado Só se você prometer e ia conversar com os alunos das escolas. Tinha um monte de alunos das escolas municipais passeando pela feira e conversando com os escritores e os ilustradores. A Miriam está participando do nosso clube de leitura com o livro Bullying – Vamos sair dessa?. Eu disse para ela que a “EMEF Itaim A” já está programando um debate na escola, pra quando a gente for ler o livro dela para o clube de leitura. Eu ganhei o livro novo da Miriam, já li, gostei e logo vou contar aqui no blog. Depois fomos encontrar o Jorge Miguel Marinho, ele também estava lançando um livro e ia conversar com os alunos. O novo livro dele tem um nome engraçado: A ideia que se esquecia. É uma história bem legal, de uma ideia que vai sendo esquecida. Depois eu vou contar essa historia aqui, também. O Jorge Miguel foi o primeiro escritor de verdade que eu conheci depois que eu comecei a fazer o blog. Ele disse que está gostando muito do meu blog e que tem umas ideias pra me dar. Vou mandar um e-mail para o Jorge, para ele não se esquecer das minhas ideias, ou melhor, das ideias dele.

Conheci outra escritora do Rio de Janeiro, a Ieda de Oliveira, ela conhece o pessoal da Sintaxe e eles conversaram um pouco. Ela me disse que já tinha lido o meu blog, me deu um exemplar de um livro que estava lançando, O leão e o macaco, já li, gostei e vou falar dele no próximo post. Conheci o André Neves, mas nem deu tempo de conversar com ele. Eu sei que ele tem muito livro bacana. Vou procurar algum para eu ler. Encontrei a Rosinha, ela é ilustradora e agora também está escrevendo. A Rosinha é de Recife e até já deixou comentário aqui no blog. Eu já fui a um lançamento dela aqui em São Paulo, nesse dia ela lançou três livros de literatura de cordel e eu contei aqui. A Rosinha me disse que tem mais três livros novos. Essa Rosinha é danada, como diz minha tia, só lança de três em três! Conheci o Jô Oliveira, ele é ilustrador. A Rosinha e o Jô falaram sobre desenhos e ilustração de livros. Eles disseram que desenham desde criança e nunca pararam, e hoje, desenhar é o trabalho deles. Legal, não é? Encontrei a Socorro Acioli, ela é de Fortaleza e falou de um livro dela, escrito em versos de cordel e que tem uma história bem engraçada. O nome do livro é Inventário de Segredos. A história conta os segredos dos habitantes de uma cidade do interior do Ceará. Tem cada segredo! A Socorro também vai participar do nosso clube de leitura com o livro A Bailarina Fantasma.

Conheci o Luiz Antonio Aguiar. Eu já falei de um livro dele aqui e ele até já deixou comentário no blog. Eu vi o Luiz Antonio falando para os alunos de uma escola. Ele disse que adora ser escritor e que para escrever é preciso ler muito. Ele disse que às vezes demora anos para terminar um livro, “o livro fica cozinhando dentro da gente”, e em outras vezes ele sai rapidinho. Encontrei também a Anna Claudia Ramos. Conheci a Anna Claudia na Bienal e encontrei com ela na FLIP. Eu disse pra ela que queria falar de um livro dela no meu blog e pedi para ela me indicar algum. Ela me deu o primeiro livro que ela escreveu, que se chama Pra onde vão os dias que passam?, e fez uma dedicatória muito bonita. Parece ser uma história bem bacana. Vou ler e depois vou contar aqui. O pessoal da Sintaxe me apresentou para a Nilma Lacerda. Eles disseram que ela tem um livro que conta uma história “emocionante”. Eles falaram que eu tenho que ler esse livro e que eu vou gostar. O nome do livro é Pena de Ganso e eles vão me dar de presente. Oba! Também assisti a uma palestra da Nilma. Ela disse que ler e escrever são atividades solitárias. Ela tem razão! Acho que é por isso que eu sempre falo pro meu amigo Lipe ler o livro que eu estou lendo pra gente fazer a nossa roda de conversa.

Conheci o Caio Riter, ele é de Porto Alegre. Eu já falei de um livro dele aqui e ele também já deixou comentário no blog. Ele disse que os personagens dos livros dele sempre têm que ter algum sofrimento e contou como inventa suas histórias. Uma vez ele ouviu uma frase de um aluno “rebelde”, que disse para os pais que o adotaram: “Eu sou assim, porque vocês mudaram a minha história.” Ele gostou tanto dessa frase, que escreveu um livro a partir dela: O rapaz que não era de Liverpool. Ganhei o livro e peguei um autógrafo dele, vou ler e depois vou contar aqui. Encontrei o Marciano Vasques, ele acompanha o meu blog desde o começo, mas eu ainda não o conhecia pessoalmente. Ele estava lançando um livro de versos bem bacana chamado Algazarra das Letras. As letras dos versos do Marciano mudam de lugar e sai cada coisa engraçada. Ele também escreveu um livro sobre a Tatiana Belinky. Ele conhece a Tatiana e vai me apresentar. Oba! Quero muito conversar com ela. Outro que estava lançando um livro de versos é o Almir Correia. Ele é de Curitiba e veio lançar o Enrola bola, língua e vitrola. O Almir também vai participar do nosso clube de leitura. Vamos ler um livro dele chamado O menino com monstros nos dedos. Ele disse que essa história vai virar animação de cinema. Quando a gente for falar desse livro, vou perguntar mais coisas para o Almir.

Então foi isso… Vi mais gente, os ilustradores Maurício Veneza e Ciça Fittipaldi, os escritores Ilan Brenman e Flávia Côrtes, e muito mais, mas não deu tempo de conversar com todo mundo. Fica pra próxima.

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Lia Zatz no Clube de Leitura

Hoje é um dia muito importante pra mim e para o meu blog. Vou falar do primeiro livro que lemos no clube de leitura e vamos colocar aqui, tudo o que a escola, o pessoal da Sintaxe e eu já fizemos para organizar o nosso clube. Todos sabem do nosso clube de leitura, não sabem? Pra quem não sabe, o Clube de Leitura do Blog do Le-Heitor foi organizado pela EMEF Itaim A e pelo pessoal da Sintaxe, e tem como “sócios” cento e oitenta alunos, do sexto e do sétimo anos dessa escola. Conseguimos o apoio de três editoras (Editora Biruta, Editora DCL e Editora Noovha América) que doaram para a escola dois títulos e dez exemplares de cada título. No total a escola recebeu sessenta exemplares de livros, que os alunos estão lendo em “sistema de revezamento.” Os livros escolhidos foram: A Bailarina Fantasma, de Socorro Acioli; e O Cachecol, de Lia Zatz, ilustrado por Inácio Zatz; da Editora Biruta. Robinson Crusoe, de Daniel Defoe, recontado por Fernando Nuno e ilustrado por Marcelo Ribeiro; e A Odisseia, de Homero, recontada por Silvana Salerno e ilustrada por Dave Santana e Maurício Paraguassu; da Editora DCL. Bullying – Vamos sair dessa?, de Miriam Portela, ilustrado por Toni D’Agostinho, e O menino com monstros nos dedos, de Almir Correia, ilustrado por Victor Tavares; da Editora Noovha América. Quem quiser saber mais sobre o funcionamento do nosso clube de leitura pode ler em http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=1156.

Hoje vou falar de O Cachecol e vou esperar os comentários dos sócios do nosso clube, os alunos da escola, e quem mais quiser comentar também, é claro. Os alunos vão colocar os comentários durante as aulas. Devem aparecer alguns, ainda hoje e os outros virão nos próximos dias. Depois vamos sortear os brindes, que eu já falei aqui no blog, entre os alunos que comentarem.

O Cachecol

– Viu, Le, gostei desse livro! O que eu achei o maior legal no cachecol foi a avó contar o que aconteceu com elas de um jeito muito diferente da história que a neta contou. Era outra história! Nada a ver.

– É, mesmo, Lipe! Eu também achei maior legal isso. E a avó, tipo tentando adivinhar o que a neta estava sentindo, e a neta tipo achando que a avó estava gostando.

O Lipe é meu amigo, o nome dele é Felipe, ele mora na minha rua e estuda na mesma escola que eu. Ele está no sexto ano e eu estou no sétimo. Nós somos amigos desde criança, antes ele me chamava de Heitor, mas depois que apareceu esse apelido lá na escola, para me zoar, ele começou a me chamar de Le, também, e se acostumou. Eu pedi para o Lipe ler O cachecol pra gente fazer como fizeram os alunos da EMEF Itaim A, que “compartilharam” suas leituras em rodas de conversa. Às vezes eu peço para o Lipe ler os livros que eu leio. No começo ele reclama: – Poxa, Le, já tem tanto livro pra gente ler pra escola, ainda você fica inventando essas coisas. Mas depois de ler, ele gosta e vem correndo, todo animado, querendo fazer a nossa roda de conversa. E depois da conversa, eu sempre descubro muita coisa que eu não tinha percebido, quando li sozinho. E foi o que a gente fez com este livro. Foi muito legal! Agora, depois de ler O cachecol e conversar com o Lipe, eu vou falar um pouco do livro.

O cachecol, escrito por Lia Zatz, ilustrado por Inácio Zatz e publicado pela Editora Biruta faz parte da série de livos ver-a-cidade e conta o mesmo acontecimento em duas histórias. A avó e a neta que moravam em um sítio, mudam para uma cidade grande e essa mudança é contada de dois jeitos: a versão da avó e a versão da neta. O livro tem duas capas, a história da avó fica de um lado e a da neta está na outra capa. A avó começa a história dela assim: “O dia em que eu cheguei na cidade, eu mais minha neta, cruz credo! não gosto nem de lembrar: era tanto carro, tanta construção, tanto barulho, tanta sujeira, tanta gente mal encarada… A menina segurava firme na minha mão, acho que tava morrendo de medo, que nem eu. Se eu pudesse, voltava pro sítio na mesma hora.” E a neta começa sua história desse jeito: “O dia em que eu cheguei na cidade, eu e minha avó, puxa! Eu não sabia nem pra onde olhar: era tanta cor, tanta letra, tanta luz acendendo e apagando, tanta coisa nova, tanta gente bonita… Minha avó virava prum lado, depois pro outro, acho que ela tava boba que nem eu, querendo ver tudo de uma vez. Por mim eu ficava ali só olhando, esquecida da vida.”

A avó vai tricotando um cachecol, observando e descobrindo as coisas da cidade. A neta vai conhecendo pessoas, fazendo amigos e também vai descobrindo a cidade. E o final da história é bem legal! Na roda de conversa que eu fiz com o Lipe, depois de ler o livro, nós ficamos lendo alguns pedaços, vendo as ilustrações e imaginando outros jeitos de contar essa história. Saiu cada coisa engraçada! Estou curioso pra saber como foram as rodas de conversa dos alunos da escola e o que eles acharam do livro.

Lia Zatz é formada em filosofia pela Universidade de Paris e pós-graduada em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Recebeu por duas vezes o Prêmio APCA de melhor autor de literatura infantil, o Prêmio Monteiro Lobato promovido pela Academia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil (1990), fez parte do White Ravens, Catálogo Oficial da Biblioteca Internacional de Munique e ganhou a Menção no prêmio Espace Enfants (Suíça). Além de O Cachecol, ela publicou pela Editora Biruta, da série ver-a-cidade, os livros Dona Magnólia Roxa – Ser ou Não ser: eis a questão e Tô com Fome . Publicou cinco títulos da série Marrom de Terra: Uana e marrom de terra; Tenka, preta, pretinha; Luanda filha de Iansã; Manu da Noite Enluarada e Papí o construtor de Pipas, e publicou também Era uma vez uma bota, em parceria com Graça Abreu

Inácio Zatz nasceu em São Paulo. Formou-se em Cinema em 1980, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA-USP. Produziu curtas e médias metragens, compôs músicas para cinema e para outros artistas. Foi fundador das Revistas Balão e Boca, de HQ. Premiado várias vezes no Salão de Humor de Piracicaba.

Notícias da minha luta política

Na semana passada eu li no jornal notícias da minha luta política. Na sexta-feira saiu que o juiz concedeu uma liminar suspendendo a venda do quarteirão do meu bairro. O juiz disse que a venda foi “autorizada ilegalmente pela lei municipal” em “flagrante e potencial dano ao patrimônio cultural”. Concordo com esse juiz, só não entendo como a maioria dos vereadores não viu isso quando votou a favor de derrubar a minha biblioteca, um teatro, uma creche, duas escolas, duas unidades de saúde e a Apae para colocar no lugar um prédio de apartamentos. Com essa liminar a minha biblioteca fica protegida, mas por pouco tempo, pois no sábado eu li que o prefeito vai “recorrer sobre a venda do terreno”. Ele disse que “não tem sentido” suspender a venda e o pedido já deve ser apresentado no começo desta semana. A prefeitura não vai desistir da ideia de vender o quarteirão da cultura do meu bairro. Portanto, a nossa luta tem que continuar. Já participei de uma passeata, de uma audiência pública e de algumas reuniões e contei tudo aqui no blog. Vou continuar firme nessa luta, como diz o meu pai, minha primeira luta política.

Saiu na revista

Hoje de manhã o pessoal da Sintaxe me ligou.

– Tá ficando famoso, hem, Heitor!

– Famoso eu?! Por quê?

– Saiu matéria na revista Língua Portuguesa falando do seu blog.

– É mesmo!!!??? Quero ver.

– Vamos mandar a revista pra você. Antes dessa matéria já tinham falado do seu blog a revista Brasil Que Lê, do Galeno Amorim, a Villaggio Panamby, da Luiza Oliva, e também a revista do Conselho Federal de Biblioteconomia, que citou o post que você fez sobre a biblioteca (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=172), para mostrar a importância do trabalho do bibliotecário. Não é legal?

– Poxa, se é.

– Mas não vai ficar se achando…

– Eu me achando? Sai fora… Mas, pensando bem, é o maior legal ver os outros falando bem da gente. Não é?

– Se liga rapaz.

– Tô ligado!

Ia me esquecendo

Estou tão preocupado com o nosso clube de leitura, que eu ia me esquecendo de contar um passeio que eu fiz na semana passada. O pessoal da Sintaxe me levou numa feira de livros, a FELIT – Feira Literária de São Bernardo do Campo. Essa feira é organizada pela prefeitura de São Bernardo e pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil). Começou no dia 2 de agosto e vai até o dia 14. Vi e conversei com alguns escritores, assisti a umas palestras e ganhei uns livros. Acho que vou mais uma vez nesta semana e depois vou contar tudo aqui.

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Li história legal de um menino chamado Luís

Minhas férias já estão acabando e logo vão começar as aulas. Eu gosto das férias, a gente não tem muito horário pra fazer as coisas, mas tudo bem, eu gosto de ir à escola, também. Mas o que está me deixando mais feliz, mesmo, é voltar às aulas e continuar o meu clube de leitura com os alunos da EMEF Itaim A. Logo eu vou poder escrever sobre o nosso primeiro livro lido e vou esperar o comentário deles. Não vejo a hora disso acontecer! Nesses dias eu ganhei mais brindes para sortear no clube. Com a quantidade de brindes que eu estou ganhando, acho que vai dar para fazer outro clube de leitura.

A Taís da Editora Martin Claret me mandou dois exemplares de um livro com três histórias de uma escritora inglesa muito famosa, a Jane Austen, que nasceu em 1775 e morreu em 1817. Um exemplar ela deu pra mim e o outro é para eu sortear no clube. Ela me disse que essa escritora não escreveu literatura infantojuvenil, mas que os livros dela são muito lidos pelos adolescentes. Vou ler e contar aqui no blog! Acho que eu vou gostar, afinal, já sou quase um adolescente, não sou?

O Carlos José dos Santos que é professor, escritor e poeta também mandou um livro de presente pra mim e seis livros para sortear no clube de leitura. O livro que ele me deu de presente chama-se Pérolas, são poesias sobre essas coisas que a gente fala ou escreve e que são verdadeiras “pérolas”. Eu não sabia disso, meu pai que me explicou. Eu dei uma olhada, tem umas muito legais e outras engraçadas. Vou ler e depois vou contar aqui. Os outros que ele deu para sortear são livros de poesia e de contos.

Outra escritora que me deu um livro de presente foi a Lúcia Winther. Ela escreveu a história de um menino que já estava no quinto ano, mas não sabia ler direito, o livro se chama O menino que não entendia o que lia. Também vou ler e depois vou contar aqui. Também ganhei uma revista em quadrinhos da Petra. Ela sempre coloca comentários aqui no blog e está me ajudando na campanha contra o fechamento da biblioteca. Outro dia eu conheci a Petra pessoalmente, ela me deu uma revista em quadrinhos e disse que vai me mandar mais. Quero ler todas e depois contar aqui.

Quanta coisa está acontecendo. Que bom! Desse jeito, nunca vai faltar assunto para o meu blog. Hoje, por exemplo, eu vou falar de outro livro que eu ganhei, já li e adorei! O livro se chama Olha a cocada, da Eloí Bocheco, com ilustrações de Walther Moreira Santos, publicado pela Editora Movimento. A Eloí acompanha o meu blog, sempre deixa um comentário e diz que gosta muito dele. Ela já escreveu um monte de livros e acaba de lançar esse, que ela me mandou de presente. O livro conta a história de um menino chamado Luís, que mora no Morro da Neblina, na cidade de Florianópolis (SC). O Luís queria estudar na classe da professora Letícia, mas caiu na turma de outra professora. Ele fez de tudo, conversou com a supervisora e conseguiu mudar de sala. Ele gostava da Letícia porque as aulas dela sempre “mudam de jeito”. “Uma hora é pra contar da gente. Outra hora é pra inventar. Tem dias que são para ‘sair de casa’ e visitar coisas que nem museus, planetários, feiras de livros. Tem hora que é pra ouvir. Tem vezes que é pra ler em voz alta pra aprender a ouvir a própria voz.” O Luís achou legal ouvir a própria voz, ele nunca tinha ouvido. Ele achou que a gente aumenta de tamanho quando ouve a própria voz.

É o próprio Luís que conta essa história, que tem outros personagens, o seu irmão mais novo, o Breno e a sua amiga, a Lúti. Eu gostei do jeito dele contar. Sempre que eu leio um livro, eu presto bastante atenção no jeito que a história é contada. Vou lendo, observando, pegando um pouquinho de cada jeito, e descobrindo o meu jeito de contar. Vou colar nesse Luís, eu acho que ele pode me ajudar a contar as minhas histórias. A professora Letícia também fazia mutirão poético, a turma dela ia nas outras salas ler poesia. A Letícia também tinha um balaio cheio de livros no canto da sala. Todos os alunos dela pegavam os livros pra ler nas horas de leitura ou pra levar pra casa. A professora também pedia para os alunos escreverem cartas para os escritores que eles leram. O Luís escreveu uma carta para a Cora Coralina e ele mostra a carta no livro. Uma coisa bem legal que a professora Letícia fez com a turma foi pedir pra eles escreverem um livro chamado O livro da minha vida. Cada aluno ia escrever a sua história. O Luís não sabia por onde começar, ele queria falar do seu pai, mas era uma parte triste e achou que não valia a pena começar o livro com coisa triste. Foi perguntar para professora e ela respondeu com outra pergunta: por que não? E o Luís começou a sua história pelo seu pai. E assim segue o livro da Eloí, com o Luís contando sua história. Tem umas partes tristes e outras engraçadas. É uma história bem legal. Eu gostei muito!

Eloí Bocheco mora na cidade de Bombinhas (SC). Escritora formada em Letras pela Universidade de Passo Fundo (RS) e pós-graduada em Alfabetização e Metodologias de Leitura. Atuou, até a aposentadoria, como professora, em classe, e como responsável pela biblioteca escolar. Escreveu muitos livros e ganhou diversos prêmios. Coordenou, durante dez anos, a pauta do Jornal de Literatura Infantil e Juvenil O Balainho – da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC. Ela também tem blogs: http://wwwprosaseversos.blogspot.com/ http://wwwsaladeferramentas.blogspot.com/.

“Fica Décio, fica!”

Na sexta-feira passada eu fui à reinauguração do Teatro Décio de Almeida Prado, vizinho da minha biblioteca, a Anne Frank. A prefeitura reabriu o teatro, mas quer derrubar, junto com todo quarteirão. Eu já falei disso aqui no blog. O pessoal do movimento de defesa do quarteirão estava todo lá, estenderam faixas e distribuíram um folheto bem bacana,que eu coloquei aí ao lado. O teatro está lindo! Vocês precisam ver. Teve show da Graziela Medori, ela é filha de uma cantora bem famosa, chamada Cláudia. Ela cantou e defendeu o teatro. “Vamos manter esse espaço, ele é muito bom”. Neste fim de semana tem mais show e eu vou. A cantora Izzy Gordon vai se apresentar na sexta, sábado e domingo, às 19 horas. Eu quero conversar com a Izzy. Ela e o marido dela, o Edu são amigos do meu pai! Meu pai me disse que ela tem um CD com músicas de uma cantora e compositora antiga, que já morreu, chamada Dolores Duran. Ela é sobrinha da Dolores. Neste ano a Izzy lançou outro CD. Não quero perder esse show e também quero continuar a minha luta em defesa do quarteirão e da minha biblioteca. O Teatro Décio de Almeida Prado fica na Rua Cojuba, 45, no Itaim Bibi.

Agenda de eventos

A Regina Marchi colocou um comentário no blog dizendo que no dia 5 de agosto vai acontecer em sua cidade (Potim-SP) o “2º Interagindo com Monteiro Lobato”. Ela disse que esse evento “tem por objetivo discutir com educadores, a questão do pedido de veto a obra de Lobato, bem como oferecer alternativas para o trabalho com estratégias de leitura.” Na primeira edição do evento eles discutiram o livro Caçadas de Pedrinho e nesta edição eles vão falar sobre o Reinações de Narizinho. Quem quiser saber mais: http://letrasdovale.com.br. O comentário da Regina me deu uma ideia: Vou falar com o pessoal da Sintaxe e ver se dá pra gente abrir aqui no blog uma agenda de eventos e quem quiser divulgar o seu evento é só mandar pra cá, que a gente publica.

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