Eu já falei aqui no blog que eu gosto de ler jornal com o meu pai, quando eu não entendo alguma notícia, ele me explica, e neste final de semana nós lemos o jornal juntos. Li alguma coisa do primeiro caderno, fui para os outros cadernos, até chegar ao caderno de cultura, que é o que eu mais gosto, principalmente a seção que fala dos livros. Lá eu descubro os escritores, que eu nunca ouvi falar, e vou fazendo a minha lista de livros para ler depois. Alguns deles eu só vou poder ler daqui uns anos, mesmo, pois devem ser muito difíceis de entender. Mas vou fazendo a minha lista e guardando. Neste final de semana saiu matéria de dois livros, que acabaram de ser lançados, com peças de teatro de um dramaturgo e escritor muito famoso, que viveu no final do século XIX e que eu já ia colocar nessa minha lista, o Oscar Wilde.
– Pai, você leu essa matéria dos livros do Oscar Wilde?
– Li. Legal, né, filho? São algumas peças de teatro que ele escreveu. Você gostou da matéria?
(A Editora Companhia das Letras lançou A Importância de Ser Prudente e Outras Peças, e a Editora Landmark, Teatro Completo – Volume 1)
– Gostei! Aqui diz que em 1895 uma peça de teatro dele, que fazia sucesso, saiu de cartaz, porque ele era homossexual?
– Sim, Heitor, ele sofreu muito com isso. Oscar Wilde foi perseguido, suas obras foram recolhidas e suas peças tiradas de cartaz. Até preso ele foi por ser homossexual. Naquele tempo prendiam os homossexuais, mas isso acabou.
– Como acabou, pai? Hoje batem nos homossexuais.
– São alguns nazistas e homofóbicos, o preconceito ainda existe, mas a lei protege.
– Queria ler alguma coisa dele. Acho que vou colocar na minha lista de livros para ler no futuro.
– Que nada, Heitor. Você já pode ler Oscar Wilde agora! Tem um livro dele chamado O Fantasma de Canterville, que eu tenho certeza que você vai gostar. Ele foi um pai carinhoso, que gostava de contar histórias para os seus dois filhos, e essa história ele escreveu quando os seus filhos ainda eram pequenos.
– É mesmo, pai? Como é a história desse livro?
– É a história de um ministro americano que compra um castelo mal-assombrado na Inglaterra e se muda pra lá, com toda a sua família. Depois, ao invés do fantasma, que vivia nesse castelo, aterrorizar a família, é a família que inferniza a vida do fantasma.
– Que legal! Essa história deve ser bem engraçada! Quero ler esse livro!
– Amanhã eu passo na livraria e compro pra você.
– Oba! Depois de ler, vou escrever no blog, e contar pra todo mundo, que eu li Oscar Wilde!
Ganhei o livro e já li! É uma edição traduzida por Braulio Tavares, com ilustrações de Romero Cavalcanti, e lançada neste ano pela Editora Casa da Palavra. A história de O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde começa com um diálogo entre Mr. Hiran Otis, ministro norte-americano, e Lorde Canterville, proprietário do Canterville Chase, um castelo mal-assombrado. O ministro norte-americano estava comprando o castelo do nobre inglês, que por ser “um homem extremamente meticuloso em questões de honra” fez questão de dizer que o local era mal-assombrado. Disse que era o seu dever alertá-lo e que o fantasma, que estava lá desde 1584 tinha sido visto por diversos membros ainda vivos da sua família.
O ministro norte-americano, que não acreditava em fantasmas disse que compraria o castelo e o fantasma junto, desde que viesse incluído no preço da mobília. – Fantasmas não existem senhor, e eu não creio que as leis da natureza estejam dispostas a abrir uma exceção para a aristocracia britânica. E Lorde Canterville respondeu ao norte-americano: – Para vocês na América tudo parece muito natural e se a presença de um fantasma na casa não o preocupa, está muito bem. Lembre-se, apenas, de que eu o avisei.
Mr. Hiran Otis se muda para o castelo com toda a sua família, a sua mulher Mrs. Lucrécia Otis, e os quatro filhos, Washington, de dezoito anos, Virgínia, de quinze, e os gêmeos, de oito anos. O fantasma usa todos os seus truques para assustar a família, mas não consegue, ao contrário, é a família que aterroriza o fantasma, principalmente os gêmeos. Tem cada história engraçada! Chega uma hora que o fantasma começa a ficar desiludido e desesperado e perde todas as esperanças de assustar aquela “rude família norte-americana”.
Um dia ele estava distraído, vestido de “Jonas o Sem Túmulo, o Violador de Cadáveres de Chertsey Barn” e aparecem à sua frente os gêmeos “agitando os braços freneticamente sobre as cabeças e gritando ‘buuu!’.” O fantasma se assustou correu e encontrou Washington, o filho mais velho que lhe deu um banho de mangueira. Esse foi o limite, a partir deste dia, a vida do fantasma de Canterville começa a entrar em decadência, ele fica desesperado, até chegar ao ponto de preferir a morte e confessar emocionado esse desejo a Virginia, a filha de Mr. Otiz. – “Sim, a Morte. A Morte deve ser tão bela! Ficar deitado dentro da terra marrom, macia, com a grama ondulando por cima, e escutar o silêncio.” Mas antes disso, muita coisa engraçada acontece nessa história do Oscar Wilde.
Oscar Wilde nasceu em Dublin, na Irlanda, em 1854, e morreu na França, em Paris em 1900. Foi um dos maiores escritores de língua inglesa do século 19. Ficou famoso pela sua obra e pela sua personalidade, era “sofisticado e inteligente”. Criava “frases espirituosas”, que eram repetidas por todo mundo e fazia “observações ferinas”, que não perdoavam nada nem ninguém. Escreveu contos, como O Crime de Lord Arthur Saville; teatro, O Leque de Lady Windermere, A importância de Ser Prudente, entre muitos outros; ensaios, A alma do homem sob o socialismo, e o romance O Retrato de Dorian Gray, sua obra prima.
Minha primeira luta política
Como eu disse no post anterior, nesta semana teve assembleia em defesa da minha biblioteca e do quarteirão do meu bairro. Eu fui! Essa foi a sexta assembleia, desde que o movimento começou, há quase um ano. Eles me pediram e eu li o discurso, o meu primeiro discurso, aquele que eu não consegui apresentar quando recebi a homenagem da Câmara e já publiquei aqui no blog. Durante a assembleia foram apresentadas algumas propostas para continuar a nossa luta. Entre elas, visitas à Câmara para agradecer aos vereadores que votaram ao nosso favor e conversar com aqueles que votaram contra; panfletagem no bairro nos dias 29 e 30 de novembro, aniversário de um ano do movimento; preparação da nossa apresentação no Condephaat para defender o tombamento do quarteirão; formação de comissões para visitar e buscar apoio no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), na imprensa, e em outras instituições; e marcar as próximas assembleias para buscar mais apoio e continuar a nossa luta.
Clube de leitura
Ontem o pessoal da Sintaxe esteve na EMEF Itaim A, em reunião com as professoras Rose e Márcia para concluir a primeira postagem do nosso clube de leitura e combinar a próxima. Eles sortearam os brindes entre os alunos que deixaram comentário lá no primeiro post do clube. Foram mais de quarenta alunos que comentaram. Quem quiser ver: (Lia Zatz no Clube de Leitura – http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=1520). Os sorteados foram o Lucas Lenon dos Santos, que ganhou um kit da Faber-Castell; a Letícia Campos Pereira, um kit com livros da Rosana Rios, e Taynára R. S. Almeida, um livro da Eliana Sá. Eu já falei desses brindes em outro post aqui no blog (Ganhei brindes para o Clube de Leitura – http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=1249). O próximo livro que a gente vai falar no Clube de Leitura é o Bullying – Vamos sair dessa?, da Miriam Portela, com ilustrações de Toni D´Agostinho, publicado pela Editora Noovha América. Eu já li e adorei. O pessoal da escola também leu e eu soube que eles gostaram muito. Vamos contar tudo no próximo post.