Hoje eu vou falar de três assuntos. 1º – Assisti a uma palestra e li um livro sobre a semana de 22. Fazia tempo que eu queria saber mais sobre esse grande evento que aconteceu em fevereiro de 1922, no Teatro Municipal, aqui de São Paulo. 2º – Assisti a um filme bem legal de um livro que eu já tinha lido e contado aqui no blog. 3º – Li e ouvi boas notícias sobre a nossa luta política, a luta em defesa da biblioteca e do quarteirão do meu bairro e vou começar por este.
Notícias da nossa luta política
Na semana passada saiu uma notícia no jornal sobre a minha luta política, que me deixou feliz: “Prefeitura desiste de vender quarteirão no Itaim, sub de Pinheiros e mais 16 áreas”. Mas a minha felicidade durou muito pouco… Li a matéria e o secretário da prefeitura dizia que neste ano não daria tempo de fazer as licitações para a venda e por isso estava desistindo, mas disse que continuaria defendendo esse projeto e que iria deixar tudo pronto para a próxima administração da cidade.
No dia seguinte saiu outra notícia: “Troca de área do Itaim fica para sucessor, diz prefeito”. Desta vez quem falou foi o próprio prefeito. Ele admitiu que pode não conseguir concluir neste ano e que vai deixar para o próximo prefeito continuar o projeto. Depois o secretário também deu uma entrevista para a rádio e disse que não desistiu coisa nenhuma, e que só não vai fazer isso agora, pois tem que esperar a resposta do Condephaat sobre o tombamento.
É uma grande vitória, mas a nossa luta tem que continuar. “Foi um recuo da prefeitura, mas pode ser só um recuo estratégico”. Foi o que disse um “analista” do nosso movimento. Lutar politicamente é complicado, temos que fazer a nossa parte e sempre avaliar as reações do adversário, mas é legal. Estou adorando! Da nossa parte, vamos continuar o trabalho para convencer os conselheiros do Condephaat.
Os técnicos e especialistas do nosso movimento já mandaram as informações para o Condephaat, e sempre que aparece alguma novidade mostrando a importância de tombar o quarteirão, eles mandam pra lá. O quarteirão precisa ser tombado como patrimônio histórico e cultural. Só assim estaremos tranquilos e nenhum prefeito vai poder mexer nele. Nunca mais! A biblioteca, o teatro, a creche, as duas escolas, os dois centros de saúde e a Apae ficarão lá pra sempre, servindo a população.
Na semana passada tivemos outra reunião do nosso movimento. Comemoramos essa vitória parcial e organizamos a continuidade da nossa luta. Agora em março vai fazer um ano da nossa passeata. Aquela foi a minha primeira passeata e eu contei isso aqui no blog (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=863). Daquela vez, caminhamos pelo bairro, demos as mãos e abraçamos todo o quarteirão.
No próximo dia 21 de março, ao meio dia, vamos “repetir a dose” e promover o nosso segundo abraço. Vamos comemorar esse ano de luta e mostrar para a prefeitura que o quarteirão é nosso. Quem estiver em São Paulo e puder vir, venha ao grande “Abração do Quarteirão”. O encontro vai ser na esquina das ruas Cojuba e Salvador Cardoso, aqui no bairro do Itaim Bibi. Venham todos, lutar com a gente!
A Invenção de Hugo Cabret
Na semana passada eu fui assistir ao filme “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese. Gostei muito! Eu já tinha lido o livro e falei dele aqui, no post “Livro é quase um filme de cinema” (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=225). E não é que virou filme, de verdade! Mas já estava na cara… Lendo o livro a gente já percebe. O filme é bem legal, em cada cena eu me lembrava do livro. É tão bom ver um filme baseado em um livro, depois de ter lido o livro! A gente fica vendo como o diretor imaginou os personagens, as cenas… Acho que foi mais ou menos assim, que eu imaginei, também. O livro foi escrito e ilustrado por Brian Selznick e eu peguei emprestado da biblioteca, na primeira vez que eu fui lá sozinho, e contei aqui no blog. Foi indicação do meu amigo bibliotecário, o João Gabriel. Ele só me dá dica boa! Foi lá no começo do blog. Faz tempo! Naquela época a prefeitura nem pensava em vender o terreno e transformar tudo em prédios de apartamentos. Meu blog já tem história!
A semana de 22 e a turma do sítio
Desde que eu fui à Flip no ano passado, fiquei interessado em saber mais sobre a semana de 22. O homenageado foi o Oswald de Andrade, ouvi muitas coisas sobre ele e contei no post Notícias da Flip (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=1360). Lá em Paraty eu encontrei um monte de amigos e conheci muita gente nova. Uma delas foi a Marcia Camargos. Assisti a mesa da Marcia lá na Flip e ela falou sobre o Oswald de Andrade e a semana de 22. Foi ouvindo ela que aumentou, ainda mais, a minha curiosidade. Ela fala de um jeito tão legal sobre essa semana, parece que também esteve lá.
Daí o tempo passou e eu me esqueci. Outras coisas pra ler, matérias na escola… Acabei deixando de lado a “semana”. Até que um dia desses, eu recebi um e-mail de uma livraria. Ia ter o evento de encerramento das comemorações dos 90 anos da semana de 22 e a Marcia ia falar. Essa eu não podia perder! Era só pegar um ônibus, que ele me deixaria na porta da livraria e na volta eu iria até a rua de trás, que o mesmo ônibus me traria pra casa. Meus pais deixaram e eu fui. Sozinho!
Cheguei lá, tinha acabado de começar e a Marcia ia falar. Ela contou tudo sobre a semana. Como foi, quem participou, quem patrocinou – eles alugaram o teatro para fazer esse evento e um grande empresário paulistano pagou as despesas -, ela falou das polêmicas, dos aplausos, das vaias – disseram que uma turma da faculdade de Direito foi contratada especialmente para vaiar, “jogada de marketing da época” -, ela também contou como foram as exposições e as apresentações – quem foram os artistas aplaudidos e os vaiados. Enfim, ela contou todos os detalhes da festa que teve em fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo.
No final eu fui conversar com a Marcia. Eu já sabia do livro que ela escreveu sobre a semana de 22, com a turma do sítio contando essa história, e estava muito a fim de ler. Eu disse a ela que ia comprar o livro e perguntei se ela poderia autografar pra mim. Ela me respondeu:
– Eu tenho um exemplar aqui comigo e posso dar pra você, autografado.
– OBA! Eu respondi.
Ela me deu, eu já li e adorei. Ele se chama A turma do sítio na semana de 22 – uma aventura modernista. Foi escrito pela Marcia Camargos, ilustrado pelo Roberto Fukue e publicado pela Editora Globo. O livro é bem legal, a turma do sítio – a Emília, a Narizinho, o Pedrinho, a Dona Benta, a Tia Nastácia e o Visconde, com a ajuda do pó de pirlimpimpim conseguem voltar àquela época e participar da festa. A história começa com um sonho da Emília, que pinta um quadro cubodadafuturista – mais do que modernista – que também fica em exposição no saguão do teatro e ela acaba até dando entrevista. Com a turma do sítio, a Marcia conta neste livro as histórias da semana de 22. Vocês precisam ler!
Além da Marcia tinha outra escritora chamada Carla Caruso. A Carla escreveu uma biografia para o público juvenil sobre a Anita Malfatti, que foi uma pintora muito famosa dessa época. Nesse dia ela contou muitas histórias da Anita Malfatti! Quem apresentou as palestras foi o Marcelino Freire, um escritor pernambucano que mora em São Paulo. No final ele disse que gostou muito da conversa, pois as duas falaram com muita paixão sobre a semana de 22. Eu também achei, e foi por isso que eu adorei, a palestra e o livro!
Marcia Camargos é jornalista com pós-doutorado em História pela USP e especialista na história da formação cultural paulistana. Além do livro A turma do Sítio na Semana de 22: uma aventura modernista, ela também escreveu sobre essa época, Villa Kyrial: crônica da Belle Époque paulistana; A Semana de 22: entre vaias e aplausos e A Semana de 22: revolução estética?. Ela é biógrafa do criador do Sítio do Picapau Amarelo e escreveu, em co-autoria, Monteiro Lobato: Furacão na Botocúndia, Juca & Joyce, memórias da neta de Monteiro Lobato, além de À mesa com Monteiro Lobato. Ela também é curadora da Mostra Cinema: Oriente Médio e tem dois livros sobre a região para a qual viajou em 2008 e 2010: A travessia do albatroz e O Irã sob o chador (em co-autoria). Escreveu e publicou muitos outros livros, entre eles, A imagem e o gesto – fotobiografia de Carlos Marighella (em co-autoria), História do Presídio Tiradentes: um mergulho na iniquidade, Micróbios na cruz, e Em que ano estamos?, que conta a história da construção de São Paulo, a “metrópole do café”, para o público infanto-juvenil.
Roberto Fukue é ilustrador e trabalhou por muitos anos na Editora Abril e nos Estúdios Disney, onde desenhou e criou vários personagens Disney. Começou a trabalhar na Abril na década de 1970. Além dos quadrinhos Disney, Fukue já trabalhou nas revistas Senninha, Sítio do Pica Pau Amarelo e A Turma do Arrepio. Roberto e o seu irmão Paulo Fukue iniciaram a carreira na década de 1960 e foram os responsáveis pela introdução do estilo mangá no Brasil. Na Editora Abril, seu primeiro trabalho foi com o personagem Superpateta, mas trabalhou com várias histórias do Zé Carioca. Possui cerca de 470 histórias publicadas com seus desenhos. Sua primeira história na Disney foi “Quem Inventa É Inventor” na revista Almanaque Disney 18, de 1972, com o Professor Pardal. Atualmente ele trabalha em estúdio próprio.