Antonio Prata, Laerte e mais luta política

Eu ia escrever este post na semana passada, quarta-feira à tarde, quando voltei da passeata, mas não consegui, foi semana de provas na escola e eu não tive tempo pra nada. Nesses dias meus pais controlam minha internet e dizem que é para me “dar limites, que eu tenho que estudar pras provas e que o blog pode esperar”. Não gosto de ficar muitos dias sem escrever aqui, quem me acompanha vai achar que eu desisti. Nunca vou desistir do meu blog, ele só me dá alegria! Com ele conheci muita gente legal e aprendi um monte de coisa bacana. Hoje, como minhas provas já acabaram, vou escrever o post e falar da passeata em comemoração à vitória parcial da nossa luta política, de um livro que eu li e do o lançamento que fui no outro sábado. Vou começar pela passeata.

Mais notícias da nossa luta política

Na quarta-feira passada fez um ano da primeira passeata em defesa do quarteirão do nosso bairro e pra comemorar nós fizemos outra, e festejamos a vitória parcial da nossa luta. Na primeira passeata eu ainda não conhecia ninguém, foi o primeiro evento que eu participei e só queria defender a minha biblioteca. Meu pai me incentivou a ir e disse que seria a minha primeira luta política. Na época não entendi direito o que ele estava dizendo, mas achei legal. Depois desse dia, eu fui a muitos outros eventos do nosso movimento. Fui a uma audiência pública na Câmara Municipal, duas vezes ao Condephaat, participei de diversas reuniões, fiz panfletagens e caminhadas, ajudei a agitar o nosso bairro e contei quase tudo aqui no blog. (Tem muitas coisas dessa história, que eu ainda não contei, coisas que só eu vi e um dia vou contar, não sei se aqui ou em outro lugar).

Hoje conheço muita gente, tenho novos amigos e aprendi muitas coisas. Agora a minha luta é em defesa de todo o quarteirão do bairro. Luto pela biblioteca; pelo teatro; pelas duas escolas; pela creche; pelos dois serviços de saúde, a UBS e o CAPS; e pela APAE. E sou contra este projeto da prefeitura e a especulação imobiliária que quer acabar com o quarteirão do meu bairro e de outros bairros, e destruir o patrimônio histórico e cultural da cidade. Eles se esquecem dos alunos das duas escolas do quarteirão, das crianças da creche, das pessoas que usam os serviços de saúde, dos que vão ao teatro ou frequentam a biblioteca. Nem querem saber que lá é um parque escola, um projeto do Anísio Teixeira, e que a biblioteca está nesse terreno por sugestão do Monteiro Lobato. Eles só pensam em construir prédios e ganhar dinheiro. “É a força da grana”, diz o meu pai. Mas desta vez fomos mais forte que ela.

A passeata começou ao meio-dia e eu cheguei às 11h00 para ajudar a pregar as faixas. O Helcias e o Luiz, do Grupo de Memórias do bairro, e o Hamilton, do CAPS, já estavam por lá. Logo depois chegou o meu amigo bibliotecário, o João Gabriel. Também chegaram a Nena, a Vera, a Joyce e a Luciana, moradoras do bairro, a Lucila, do Movimento Defenda São Paulo, a atriz Eva Wilma e o Roberto, assessor de imprensa do nosso movimento. O vereador Eliseu Gabriel e o deputado Carlos Giannazi, que estão com a gente desde o começo, também vieram. Foram chegando mais gente, os usuários dos serviços de saúde, mais moradores do bairro, pessoas que eu já vi em outros eventos da nossa luta e finalmente os quatrocentos e cinquenta alunos e os professores da escola estadual que fica no quarteirão. Eles chegaram gritando: Aha-uhu, o quarteirão é nosso! Aha-uhu, o quarteirão é nosso! Aha-uhu, o quarteirão é nosso! E animaram a passeata, que no total, tinha quase mil pessoas.

Tinha até carro de som, o Helcias, o vereador e o deputado fizeram discursos. A Eva Wilma leu o nosso manifesto – alguém gravou, peguei o vídeo do YouTube e coloquei aí embaixo. Depois saímos em passeata gritando nossas “palavras de ordem”: Aha-uhu o quarteirão é nosso! Aha-uhu o quarteirão é nosso! Andamos pelo quarteirão e todas as pessoas que encontramos pelo caminho, apoiaram a nossa luta. Foi um sucesso a nossa segunda passeata, mas temos que continuar lutando, se o próximo prefeito quiser, ele pode vender, a Câmara já autorizou a venda (até hoje não me conformo com isso!). Alguns vereadores estão do nosso lado, mas a maioria votou a favor da prefeitura. Só vamos ficar tranquilos, mesmo, quando o Condephaat tombar o nosso quarteirão como patrimônio histórico e cultural. Só assim ele estará protegido para sempre. No final fui me despedir dos meus amigos, pois tinha que voltar para casa pra estudar, e o Luiz me perguntou:

– Você se lembra de como estava o tempo na passeata do ano passado, Heitor?
– Sim, claro que eu me lembro, estava nublado e choveu.
– E hoje?
– Está aberto e fazendo muito sol.
– E o que significa isso?
– Que o tempo também está do nosso lado.

Rimos e eu fui embora pra casa, feliz, muito feliz!


Eva Wilma leu o nosso manifesto

Antonio Prata e Laerte

No outro sábado eu fui ao lançamento de um livro chamado Felizes Quase Sempre. Quem escreveu esse livro foi o Antonio Prata, e o Laerte fez as ilustrações. Eu já falei do Laerte aqui no blog, duas vezes. Uma vez eu falei de um livro dele que se chama Carol. É um livro de quadrinhos. Eu li, entrevistei o Laerte e contei no post “Li uma HQ e entrevistei o autor” (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=198). Depois eu encontrei o Laerte na Bienal e contei aqui, também. Eu sempre leio as tirinhas do Laerte no jornal e gosto muito.

Outro dia eu vi uma entrevista dele na televisão. Ele está se vestindo de mulher e nessa entrevista ele falou sobre isso. Eu assisti a entrevista até o final, conversei com minha mãe e cheguei a seguinte conclusão: Vestir-se de mulher é a luta política do Laerte! Como a minha luta em defesa da biblioteca do meu bairro. Gostei da luta política do Laerte e soube que ele já teve outras. No sábado, quando vi que ia ter esse lançamento, pensei: “Tenho que ir! Quero encontrar o Laerte e ver se ele se lembra de mim”.

Também queria aproveitar para conhecer o Antonio Prata. Meu pai sempre lê as crônicas dele no jornal. Eu já disse aqui que gosto de ler jornal com o meu pai. Quando eu não entendo alguma notícia, ele me explica. Também quando tem alguma coisa interessante ou engraçada ele passa para eu ler. Outro dia ele me mostrou uma crônica do Antonio Prata muito engraçada. Gostei tanto do jeito que ele escreve, que toda semana dou uma olhada e se o assunto é legal, eu leio, também. E sempre é!

Na crônica desta semana, por exemplo, ele contou que uma vez, quando voltava de Ubatuba, parou para abastecer o carro, e para impressionar a namorada – era a primeira viagem deles juntos – resolveu calibrar os pneus. “Menos por necessidade do que pelo gesto, que a meu ver envolvia certo charme viril”. E enquanto ele estava agachado, calibrando, ouviu a garota perguntando: “Você não quer dar uma olhada na água?” Ele entrou em pânico, pois não tinha a menor ideia onde ficava a água e para que servia. Mesmo assim, ele respondeu: “Claro.” Abriu o capô e “entornou” uns cinco litros de água no galão de óleo. Mesmo assim, o carro resistiu até chegar em São Paulo e ele acha que valeu a pena, pois essa garota está com ele até hoje. Pelo menos até o dia em que publicou a crônica, ele escreveu.

Fui ao lançamento e quando cheguei lá tinha muita gente. Fila pra comprar o livro e fila para o autógrafo. Entrei na primeira fila, comprei o livro e a moça do caixa me perguntou para quem era o autógrafo. Eu disse que era pra mim, mesmo. Ela perguntou meu nome. Eu respondi: Heitor. Ela escreveu o meu nome num papelzinho e grudou no livro. Peguei meu livro, fui para a fila do autógrafo e logo chegou minha vez. Primeiro eu falei com o Antonio Prata e me apresentei: “Meu nome é Heitor, gosto muito de ler e tenho um blog, o blog do Le-Heitor”. Ele abriu um sorriso – acho que ele gostou de mim – e depois me pediu para enviar um e-mail pra ele com o link do meu blog, que ele queria ver. Vou mandar, hoje, mesmo! No autógrafo ele escreveu assim: “Pro Heitor, leitor imaginário! Abraço concreto do Antonio Prata.” Gostei do “leitor imaginário”. Agora tenho mais um apelido! Depois fui pegar o autógrafo do Laerte: “Oi, Laerte. Tudo bem? Eu sou o Heitor do blog. Lembra de mim?” Ele também sorriu e disse que se lembrava, sim. No autógrafo o Laerte desenhou pra mim, um dragão bem legal!

O livro Felizes quase sempre, escrito por Antonio Prata e ilustrado pelo Laerte começa contando a história de uma princesa que viveu feliz para sempre. “Ah, ela nunca vai esquecer do primeiro dia em que viveu feliz para sempre! Acordou ao lado do seu príncipe encantado só quando não tinha mais nem um tiquinho de sono para aproveitar, abriu a janela do quarto lá no alto do castelo e deu de cara com o dia mais lindo que já fez num conto de fadas. O sol brilhava bem forte no meio do céu azul e uma única nuvenzinha passava num canto, caso eles quisessem deitar na grama e brincar de adivinhar as figuras.” Depois eles passaram o dia todo brincando, cantando, montando a cavalo, andando de bicicleta, tomando banho de cachoeira, fazendo guerra de frutas no pomar e se divertiram muito.

Depois desse primeiro dia feliz vieram outros, muitos outros, sempre felizes, para sempre, e sempre iguais. Aquela história já estava ficando muito chata e eles descobriram que a felicidade também cansa. “A gente tem que parar de ser feliz para sempre! Se não tiver uma infelicidadezinha de vez em quando, a vida perde a graça!” Começaram a se lembrar das coisas que aconteciam antes de ficarem felizes para sempre e sentiram saudades. A princesa sugeriu que eles fizessem uma reunião, um encontro com todo mundo que era feliz para sempre. Foram à biblioteca, leram os contos de fada, anotaram os nomes dos personagens, pesquisaram na internet, descobriram os e-mails e mandaram o seguinte convite:

Assunto: Cansado de ser feliz.
Olá, se você não aguenta mais ser feliz para sempre e quer fazer algo a respeito, não perca a reunião no nosso castelo, sábado de manhãzinha!

Eles se encontram e decidem mudar o final das suas histórias. O que eles fazem para mudar é bem legal. Vocês precisam ver!

Antonio Prata nasceu em São Paulo em 1977. Estudou filosofia na USP, cinema da FAAP e Ciências Sociais na PUC-SP. Tem nove livros publicados, entre eles As pernas da tia Corália (Objetiva, 2002), O inferno atrás da pia (Objetiva, 2004), Adulterado (Moderna, 2009) e Meio intelectual e meio de esquerda (Editora 34, 2010), que recebeu o Prêmio Jabuti na categoria contos e crônicas. Entre 2003 e 2010, escreveu para o jornal O Estado de S. Paulo; e depois passou a publicar suas crônicas na Folha de S. Paulo, sempre às quartas-feiras. Trabalha também como roteirista de cinema e TV, colaborando na novela Avenida Brasil, da Rede Globo.

Laerte é reconhecido como um dos mais importantes cartunistas do Brasil. Nascido em São Paulo em 1951, estudou desenho e teatro na FAAP e técnicas de animação na Escola Panamericana de Arte. Desde 1991, publica na Folha de S. Paulo, onde criou personagens como Overeman, Suriá e Lola, a andorinha. Foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba e ganhou Prêmio Angelo Agostini, além de ter recebido o Troféu HQ Mix em todas as suas edições. Ilustrou, entre outros, O livro das tatianices, de Tatiana Belinky (Moderna, 2004); Agora eu era, de Arthur Nestrovski (Companhia das Letrinhas, 2009); e O doente imaginário, de Molière, com adaptação de Marilia Toledo (Editora 34, 2010).

A Semana de 22, minha luta política e Hugo Cabret

Hoje eu vou falar de três assuntos. 1º – Assisti a uma palestra e li um livro sobre a semana de 22. Fazia tempo que eu queria saber mais sobre esse grande evento que aconteceu em fevereiro de 1922, no Teatro Municipal, aqui de São Paulo. 2º – Assisti a um filme bem legal de um livro que eu já tinha lido e contado aqui no blog. 3º – Li e ouvi boas notícias sobre a nossa luta política, a luta em defesa da biblioteca e do quarteirão do meu bairro e vou começar por este.

Notícias da nossa luta política

Na semana passada saiu uma notícia no jornal sobre a minha luta política, que me deixou feliz: “Prefeitura desiste de vender quarteirão no Itaim, sub de Pinheiros e mais 16 áreas”. Mas a minha felicidade durou muito pouco… Li a matéria e o secretário da prefeitura dizia que neste ano não daria tempo de fazer as licitações para a venda e por isso estava desistindo, mas disse que continuaria defendendo esse projeto e que iria deixar tudo pronto para a próxima administração da cidade.

No dia seguinte saiu outra notícia: “Troca de área do Itaim fica para sucessor, diz prefeito”. Desta vez quem falou foi o próprio prefeito. Ele admitiu que pode não conseguir concluir neste ano e que vai deixar para o próximo prefeito continuar o projeto. Depois o secretário também deu uma entrevista para a rádio e disse que não desistiu coisa nenhuma, e que só não vai fazer isso agora, pois tem que esperar a resposta do Condephaat sobre o tombamento.

É uma grande vitória, mas a nossa luta tem que continuar. “Foi um recuo da prefeitura, mas pode ser só um recuo estratégico”. Foi o que disse um “analista” do nosso movimento. Lutar politicamente é complicado, temos que fazer a nossa parte e sempre avaliar as reações do adversário, mas é legal. Estou adorando! Da nossa parte, vamos continuar o trabalho para convencer os conselheiros do Condephaat.

Os técnicos e especialistas do nosso movimento já mandaram as informações para o Condephaat, e sempre que aparece alguma novidade mostrando a importância de tombar o quarteirão, eles mandam pra lá. O quarteirão precisa ser tombado como patrimônio histórico e cultural. Só assim estaremos tranquilos e nenhum prefeito vai poder mexer nele. Nunca mais! A biblioteca, o teatro, a creche, as duas escolas, os dois centros de saúde e a Apae ficarão lá pra sempre, servindo a população.

Na semana passada tivemos outra reunião do nosso movimento. Comemoramos essa vitória parcial e organizamos a continuidade da nossa luta. Agora em março vai fazer um ano da nossa passeata. Aquela foi a minha primeira passeata e eu contei isso aqui no blog (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=863). Daquela vez, caminhamos pelo bairro, demos as mãos e abraçamos todo o quarteirão.

No próximo dia 21 de março, ao meio dia, vamos “repetir a dose” e promover o nosso segundo abraço. Vamos comemorar esse ano de luta e mostrar para a prefeitura que o quarteirão é nosso. Quem estiver em São Paulo e puder vir, venha ao grande “Abração do Quarteirão”. O encontro vai ser na esquina das ruas Cojuba e Salvador Cardoso, aqui no bairro do Itaim Bibi. Venham todos, lutar com a gente!

A Invenção de Hugo Cabret

Na semana passada eu fui assistir ao filme “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese. Gostei muito! Eu já tinha lido o livro e falei dele aqui, no post “Livro é quase um filme de cinema” (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=225). E não é que virou filme, de verdade! Mas já estava na cara… Lendo o livro a gente já percebe. O filme é bem legal, em cada cena eu me lembrava do livro. É tão bom ver um filme baseado em um livro, depois de ter lido o livro! A gente fica vendo como o diretor imaginou os personagens, as cenas… Acho que foi mais ou menos assim, que eu imaginei, também. O livro foi escrito e ilustrado por Brian Selznick e eu peguei emprestado da biblioteca, na primeira vez que eu fui lá sozinho, e contei aqui no blog. Foi indicação do meu amigo bibliotecário, o João Gabriel. Ele só me dá dica boa! Foi lá no começo do blog. Faz tempo! Naquela época a prefeitura nem pensava em vender o terreno e transformar tudo em prédios de apartamentos. Meu blog já tem história!

A semana de 22 e a turma do sítio

Desde que eu fui à Flip no ano passado, fiquei interessado em saber mais sobre a semana de 22. O homenageado foi o Oswald de Andrade, ouvi muitas coisas sobre ele e contei no post Notícias da Flip (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=1360). Lá em Paraty eu encontrei um monte de amigos e conheci muita gente nova. Uma delas foi a Marcia Camargos. Assisti a mesa da Marcia lá na Flip e ela falou sobre o Oswald de Andrade e a semana de 22. Foi ouvindo ela que aumentou, ainda mais, a minha curiosidade. Ela fala de um jeito tão legal sobre essa semana, parece que também esteve lá.

Daí o tempo passou e eu me esqueci. Outras coisas pra ler, matérias na escola… Acabei deixando de lado a “semana”. Até que um dia desses, eu recebi um e-mail de uma livraria. Ia ter o evento de encerramento das comemorações dos 90 anos da semana de 22 e a Marcia ia falar. Essa eu não podia perder! Era só pegar um ônibus, que ele me deixaria na porta da livraria e na volta eu iria até a rua de trás, que o mesmo ônibus me traria pra casa. Meus pais deixaram e eu fui. Sozinho!

Cheguei lá, tinha acabado de começar e a Marcia ia falar. Ela contou tudo sobre a semana. Como foi, quem participou, quem patrocinou – eles alugaram o teatro para fazer esse evento e um grande empresário paulistano pagou as despesas -, ela falou das polêmicas, dos aplausos, das vaias –  disseram que uma turma da faculdade de Direito foi contratada especialmente para vaiar, “jogada de marketing da época” -, ela também contou como foram as exposições e as apresentações – quem foram os artistas aplaudidos e os vaiados. Enfim, ela contou todos os detalhes da festa que teve em fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo.

No final eu fui conversar com a Marcia. Eu já sabia do livro que ela escreveu sobre a semana de 22, com a turma do sítio contando essa história, e estava muito a fim de ler. Eu disse a ela que ia comprar o livro e perguntei se ela poderia autografar pra mim. Ela me respondeu:

– Eu tenho um exemplar aqui comigo e posso dar pra você, autografado.

– OBA! Eu respondi.

Ela me deu, eu já li e adorei. Ele se chama A turma do sítio na semana de 22 – uma aventura modernista. Foi escrito pela Marcia Camargos, ilustrado pelo Roberto Fukue e publicado pela Editora Globo. O livro é bem legal, a turma do sítio – a Emília, a Narizinho, o Pedrinho, a Dona Benta, a Tia Nastácia e o Visconde, com a ajuda do pó de pirlimpimpim conseguem voltar àquela época e participar da festa. A história começa com um sonho da Emília, que pinta um quadro cubodadafuturista – mais do que modernista – que também fica em exposição no saguão do teatro e ela acaba até dando entrevista. Com a turma do sítio, a Marcia conta neste livro as histórias da semana de 22. Vocês precisam ler!

Além da Marcia tinha outra escritora chamada Carla Caruso. A Carla escreveu uma biografia para o público juvenil sobre a Anita Malfatti, que foi uma pintora muito famosa dessa época. Nesse dia ela contou muitas histórias da Anita Malfatti! Quem apresentou as palestras foi o Marcelino Freire, um escritor pernambucano que mora em São Paulo. No final ele disse que gostou muito da conversa, pois as duas falaram com muita paixão sobre a semana de 22. Eu também achei, e foi por isso que eu adorei, a palestra e o livro!

Marcia Camargos é jornalista com pós-doutorado em História pela USP e especialista na história da formação cultural paulistana. Além do livro A turma do Sítio na Semana de 22: uma aventura modernista, ela também escreveu sobre essa época, Villa Kyrial: crônica da Belle Époque paulistana; A Semana de 22: entre vaias e aplausos e A Semana de 22: revolução estética?. Ela é biógrafa do criador do Sítio do Picapau Amarelo e escreveu, em co-autoria, Monteiro Lobato: Furacão na Botocúndia, Juca & Joyce, memórias da neta de Monteiro Lobato, além de À mesa com Monteiro Lobato. Ela também é curadora da Mostra Cinema: Oriente Médio e tem dois livros sobre a região para a qual viajou em 2008 e 2010: A travessia do albatroz e O Irã sob o chador (em co-autoria). Escreveu e publicou muitos outros livros, entre eles, A imagem e o gesto – fotobiografia de Carlos Marighella (em co-autoria), História do Presídio Tiradentes: um mergulho na iniquidade, Micróbios na cruz, e Em que ano estamos?, que conta a história da construção de São Paulo, a “metrópole do café”, para o público infanto-juvenil.

Roberto Fukue é ilustrador e trabalhou por muitos anos na Editora Abril e nos Estúdios Disney, onde desenhou e criou vários personagens Disney. Começou a trabalhar na Abril na década de 1970. Além dos quadrinhos Disney, Fukue já trabalhou nas revistas Senninha, Sítio do Pica Pau Amarelo e A Turma do Arrepio. Roberto e o seu irmão Paulo Fukue iniciaram a carreira na década de 1960 e foram os responsáveis pela introdução do estilo mangá no Brasil. Na Editora Abril, seu primeiro trabalho foi com o personagem Superpateta, mas trabalhou com várias histórias do Zé Carioca. Possui cerca de 470 histórias publicadas com seus desenhos. Sua primeira história na Disney foi “Quem Inventa É Inventor” na revista Almanaque Disney 18, de 1972, com o Professor Pardal. Atualmente ele trabalha em estúdio próprio.