Li um livro do professor Carlos

O livro Histórias da Lua-Cheia em Jogadas Bem-Assombradas do meu amigo escritor e professor de Sala de Leitura Carlos José dos Santos conta como os seres assombrados da mata descobriram a bola e o futebol

Hoje vou falar de um livro do escritor e professor de Sala de Leitura, Carlos José dos Santos. Conheci o professor Carlos, pessoalmente, na Bienal do Livro, ele mora em São José dos Campos, já deixou comentários aqui no blog, e até me mandou uns livros seus de presente. Já contei tudo isso aqui. Nesse nosso encontro na Bienal, ele me deu outro livro dele, Histórias da Lua-Cheia em Jogadas Bem-Assombradas, autografado, e me convidou para ir à sua cidade, conhecer os seus alunos. Já falei com meus pais e eles me deixaram ir. Vou conversar com o professor pra ver se o convite ainda está de pé.

Histórias da Lua-Cheia em Jogadas Bem-Assombradas, escrito por Carlos José dos Santos, com ilustrações de Alison Silva e Emilio Grigoleto, publicado pela Editora VirtualBooks começa com a apresentação e descrição de alguns personagens que participam dessa história. Os Difer-entes (Entes esquisitos): O Curupira, o Lobisomem, o Homem-do-Saco, o Bicho-papão, o Saci-Pererê, e o Pé-de-garrafa. Os Bichanhos (Bichos Estranhos): A Mula-sem-cabeça, o Boitatá, a Mãozinha-preta, o Domingos Pinto Colchão, a Anta-cachorro, e a Onça-boi. E a Personagem Surpresa, a Iara.

Quem conta essa história é a Lua-Cheia, a Guardiã da Noite, pois ficou combinado entre ela, a Terra e os satélites, “que toda vez que o dia 13 de agosto fosse numa sexta-feira, os astros fariam um grande encontro no espaço” e “a Lua-Cheia, grande contadora de histórias, escolheria algum caso curioso e contaria para entreter a todos.” E essa é apenas a primeira história… Histórias da Lua-Cheia será uma série!

“Faltavam quinze minutos para as dezoito horas, quando Garibaldo, o menino que todos chamavam de perneta do time, só de raiva, resolveu dar um bico na bola quando tivesse a chance de tocá-la.” O campinho ficava perto de uma mata, que nos últimos cem anos, jamais alguém entrou, “nem mesmo os mais corajosos e experientes caçadores.” O chute do Garibaldo mandou a bola para o meio da mata, primeiro todos ficaram espantados e depois com raiva.

Naquela hora ninguém teve coragem de entrar na mata para procurar a bola. Voltaram no dia seguinte, mas não encontraram nada, a bola ficou perdida. Na verdade, ela foi encontrada, sim, pelos personagens apresentados no começo do livro e que vivem na mata. No começo eles estranharam aquele objeto, depois, aos poucos, nessa história cheia de imaginação, os seres assombrados da mata foram descobrindo a bola e o futebol.

Carlos José dos Santos é professor, escritor, roteirista, diretor de teatro e poeta. Nasceu em São José dos Campos e aos dez anos, com alguns amigos do 4º ano, escreveu o seu primeiro livro de contos. Os primeiros poemas, fez com doze, “quando me apaixonei pela primeira vez”, ele contou. Formado em Letras, fez curso de especialização em Literatura Infantojuvenil. Também estudou teatro e se especializou em Arteterapia. Tem trabalhos publicados no site “Brincando na rede”, promovido pelo Banco Santander e também tem um blog, o “NetNovela – Novela para ler”.  Além deste Histórias da Lua-cheia em Jogadas Bem-Assombradas, publicou os livros Pérolas, Poemas Maduros e Fases; e participou de diversas antologias de poesia.

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Li um livro do Ferréz

– Você não vai mais escrever no blog, Heitor?

– Claro que vou, mãe! Por quê?

– Ontem fui dar uma olhada lá, e faz tempo que você não coloca post novo.

– E que eu ando muito apreensivo e não estou conseguindo escrever… E você sabe com que…

– Mas você não pode ficar assim… Tem que cuidar das suas coisas.

– Não consigo… Toda hora eu penso nisso… Às vezes penso que está bom, que vai dar certo e fico feliz, outras vezes penso que está uma porcaria e que vai dar tudo errado, e então, fico triste. Não sei mais o que pensar…

– Não pensa nada, meu filho. Espera.

– Vou tentar…

– E enquanto você espera, senta e escreve um post novo… No final da semana você não foi a um monte de lançamentos de livros?

– Fui… Fui a três lançamentos e até já li alguns dos livros que eu trouxe de lá.

– Então, senta e conta isso pra gente.

– Legal, mãe, boa ideia! Vou contar, então…

Fui a três lançamentos

Na sexta-feira à tarde fui ao bairro do Capão Redondo, participei do lançamento do livro O pote mágico, do Ferréz, ganhei um exemplar autografado por ele, já li e hoje vou falar deste livro. Na sexta à noite fui à Gibiteria, em Pinheiros, para o lançamento de uma HQ feita a partir do conto O Espelho, de Machado de Assis. Quem fez a adaptação do conto foi o meu amigo escritor Jeosafá Fernandes Gonçalves e quem fez os desenhos dos quadrinhos foi o João Pinheiro, que eu conheci pessoalmente nesse dia. Este livro faz parte de uma coleção de clássicos em quadrinhos, publicado pela Mercuryo Jovem. Já li, gostei muito e nos próximos posts vou falar dele e da coleção. E no sábado à tarde fui a uma livraria num shopping do Itaim Bibi, no lançamento da Gaivota, o novo selo da Editora Biruta. Lá encontrei outros amigos escritores que estavam lançando livros. O Luiz Antonio Aguiar lançou O menino e o grifo; a Socorro Acioli, Ela tem olhos de céu; e o Jorge Miguel Marinho, Na teia do morcego. Trouxe os três livros autografados, já li dois e nos próximos posts vou falar deles, também.

O pote mágico, de Ferréz

Na outra semana a Otacília me mandou, por e-mail, o convite para o lançamento do livro do Ferréz e me perguntou se eu queria ir.

Claro que quero! – eu respondi. E nós fomos, eu, o pessoal da Sintaxe, a Otacília e a Marisa Moura, a agente literária do Ferréz.

O lançamento foi na ONG Interferência, que fica no Jardim Comercial, distrito do bairro do Capão Redondo, zona sul de São Paulo. A Interferência foi fundada pelo Ferréz em 2009 e já atende 140 crianças, que brincam e participam de diversas atividades culturais nos horários em que não estão na escola.

Muitas crianças da ONG foram ao lançamento e quando chegamos lá, o cenário já estava montado. As crianças pintaram os painéis que enfeitavam a festa, ganharam um livro autografado e eu também ganhei o meu:

– Chega aí, Heitor. Você veio ao lançamento e também vai levar um livro.

Fui falar com o Ferréz, ele me deu um livro autografado e ainda conversamos um pouco. Ele me disse que esse livro é autobiográfico e que essa história aconteceu de verdade com ele. Na história dele o pote mágico era uma lata velha.

O pote mágico, escrito pelo Ferréz, ilustrado por Rodrigo Abrahim e publicado pela editora Planeta Infantil começa com o narrador da história empinando uma capucheta.

“O sol veio cedo, e com ele várias pipas. Eu montei uma capucheta – era assim que eles chamavam quando você pegava uma folha, dobrava em três partes, punha uma linha entre duas partes e tentava soltar.”

Eu nunca tinha visto uma capucheta na vida, perguntei ao meu pai e ele disse que no tempo dele havia muitas, e fez uma pra mim. Tentei empinar minha capucheta, mas ela quase não subiu… Pipa é bem melhor. No livro do Ferréz as capuchetas derrubavam as pipas e os meninos maiores odiavam quem soltasse, diziam que as capuchetas eram lixão.

Mas o menino já não achava mais graça em soltar capucheta, e entre brincar de pega-pega ou esconde-esconde, procurava algo novo. Até que um dia, o Dim, um menino bem maior que ele, apareceu com um pote na rua e disseram que era um pote mágico. Depois de tentar por diversos dias ele conseguiu criar coragem para ir à casa do Dim pra ver o tal do pote mágico.

“Peguei minha espada do Zorro, minha mascara do Batman e prometi para mim mesmo que iria lá no outro dia. E nada iria me impedir.”

Ele foi, mas não viu o pote. Levou uma pedrada do Will, irmão do Dinho, bem no meio da testa. No dia seguinte o menino tentou novamente, foi outra vez à casa do Dinho e conseguiu falar com ele. O Dinho pediu 5 reais para lhe mostrar o pote… Esse é só o começo dessa história, depois, o menino vai atrás dos 5 reais e vive aventuras muito bonitas e emocionantes. As ilustrações dessa história são em preto e branco com detalhes coloridos, que são os pedaços da fantasia do menino.

Ferréz (Reginaldo Ferreira da Silva) é romancista, contista e poeta. Na adolescência, trabalhou como vendedor ambulante, balconista, auxiliar de construção, arquivista, chapeiro, etc. Em 1997 lançou o livro de poemas Fortaleza da Desilusão. Em 1999 fundou o grupo 1DaSul, que promove eventos e ações culturais na região do Capão Redondo, periferia da cidade de São Paulo. É ligado ao movimento hip-hop, escreve letras de rap e canta. Lançou seu primeiro romance em 2000, Capão Pecado, e em 2003, o segundo, Manual Prático do Ódio. Em 2005 publicou o romance infantojuvenil Amanhecer Esmeralda, e em 2006 o livro de contos Ninguém É Inocente em São Paulo. De 2001 a 2010 escreveu crônicas para a revista Caros Amigos e neste ano (2012) lançou o romance Deus foi almoçar e o infantil O pote mágico.

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Minha segunda Bienal

Na outra semana fui à Bienal do Livro e só hoje vou contar um pouco do que vi por lá. Como disse no post anterior, estava ocupado e preocupado com um projeto bem legal, que estou fazendo para o blog, junto com o pessoal da Sintaxe. A minha parte terminei, agora é com eles, que já fizeram alguns contatos e me disseram que “o nosso projeto teve boa aceitação”. Não vejo a hora de dar certo e poder contar tudo! Não é um projeto para o blog, exatamente, ele vai além do blog, mas nasceu aqui, a partir das histórias que já contei. Só posso dizer isso, estou proibido de falar mais alguma coisa. “Nesse mercado, os negócios têm que ser tratados com muito cuidado e sigilo”, foi o que eles me explicaram! Vou obedecer… Afinal, eles sabem o fazem.

Fui a essa Bienal com o pessoal da Sintaxe, duas vezes. Eles trabalharam na feira, me levaram e me largaram lá. Eu me virei bem, já conheço o esquema e me sinto em casa. Minha amiga, a escritora Luciana Savaget, que mora no Rio de Janeiro, me disse que já faço parte da turma… Fiquei feliz com o comentário dela! Encontrei a Luciana na Bienal, e também outros amigos escritores, ilustradores, editores e muitos leitores. Amigos de quem já falei muito aqui no blog. Das outras vezes que fui a essas feiras, fiz uma lista de todas as pessoas que encontrei. Desta vez vou fazer diferente, só vou falar de algumas coisas que me chamaram a atenção e de algumas pessoas que conheci. E depois de ler os livros que trouxe de lá, vou falar deles nos próximos posts.

De personagem para personagem

Encontrei a Marilu na Bienal, ela é assessora de imprensa da Editora Cortez, tem um blog que se chama “Primeiro Capítulo” e é editora da Revista ANL. Sempre que sai um livro que ela acha que vou gostar, ela me manda. Desta vez ela me deu o livro As Casas, de Fábio Supérbi, Juliana Notari e Marcelo Maluf, publicado pela Cortez. Na Bienal, os autores deste livro estavam apresentando uma peça de teatro de bonecos. Eu assisti e conheci os dois personagens dessa história, que autografaram o livro pra mim. É a primeira vez que ganho um livro autografado pelos personagens! Eles me disseram que também foi a primeira vez que eles autografaram um livro. Já conheci outros personagens de livros e um dia ainda vou contar essas histórias pra vocês, mas a história dos meus amigos João Redondo e Antônio Quadrado, do livro As Casas vou contar já no próximo post.

Escritoras meio brasileiras e meio francesas

Assisti a uma palestra com a escritora Pauline Auphen. De pai francês e mãe brasileira, ela nasceu no Rio de Janeiro, mas com um ano já se mudou com toda a família para França. Só voltou ao Brasil com onze anos de idade, veio passear, e depois veio morar em São Paulo, quando tinha treze. Hoje ela mora na França, mas sempre vem pra cá. Ela escreveu um livro sobre o seu retorno ao Brasil, esse livro faz parte da Coleção Memória e História, da Companhia das Letrinhas e se chama Do outro Lado do Atlântico. Comprei o livro e peguei um autógrafo dela. Disse a ela que gosto muito desse tipo de história. Ela me falou para eu dizer o que achei do livro, depois de ler. Peguei o e-mail dela! Vou ler o livro, contar aqui e depois mandar um e-mail pra Pauline.

Conheci outra escritora meio brasileira e meio francesa, que também é ilustradora e se chama Maté. Ela estava lançando o livro Águas Encantadas, publicado pela Editora Noovha América. Ao contrário de Pauline, a Maté nasceu na França e hoje mora no Brasil. Na década de 1980 ela veio passar férias em Paraty, e acabou ficando por aqui. Também já tenho o livro autografado por ela. Vou ler e depois vou contar aqui no blog. Vou falar da Maté, do Águas Encantadas e de outros livros dela.

Briga de escritores

Estava passeando pela Bienal e vi o Antônio Prata. Eu conheço o Antônio Prata e já falei dele aqui no blog. Na Bienal, ele estava em um debate com outros dois escritores, o Fabrício Carpinejar e o Ricardo Lísias. Um debate que quase vira briga! O Fabrício Carpinejar já é um escritor famoso e o Ricardo Lísias está, junto com o Antônio Prata, entre os 20 melhores jovens escritores brasileiros escolhidos pela revista inglesa Granta. Fiquei sabendo dessas coisas lá na Bienal! A quase briga foi entre o Ricardo e o Fabrício. O Ricardo disse que o texto vale mais do que a presença física do autor. O Fabrício estava com roupas e óculos coloridos e as unhas pintadas de amarelo. O Ricardo disse que ele parecia um palhaço vestido daquele jeito, e o Fabrício respondeu, dizendo ao Ricardo que ele estava sendo preconceituoso. O Antônio conseguiu controlar os ânimos, mas esse clima de quase briga foi até o final do debate, com o Ricardo discordando do Fabrício e vice-versa. Foi engraçado, descobri que escritor é muito vaidoso, cada um ao seu jeito, e às vezes brigam feito crianças.

O Pote mágico do Ferréz e as bolinhas de gude do avô do Loyola

Assisti a um debate com o Ferréz, o Sergio Vaz e o Paulo Lins. O Ferréz vai lançar um livro infantojuvenil que se chama O Pote Mágico. A minha amiga Otacília me deu o livro e me apresentou a ele. Já tinha trocado uns e-mails com o Ferréz por causa do lançamento desse livro, que vai ser numa ONG do Capão Redondo. No e-mail que eu mandei pra ele, passei o link do meu blog, ele viu e quando me encontrou disse que o meu blog é a “maior viagem”. Fiquei muito feliz com o comentário do Ferréz. Ele gostou do meu blog! Vou pedir para a Otacília não se esquecer de me avisar desse lançamento. Não quero perder! Vou lá e depois vou contar tudo aqui.

Também assisti a um debate com o Ignácio de Loyola Brandão e o Ivan Ângelo. Já conhecia o Loyola. Na Flip do ano passado ele disse que estava escrevendo um livro para pedir desculpas ao seu avô, que já morreu há muito tempo. Ele roubou e perdeu umas bolinhas de gude, que o avô guardava dentro de uma caixa de madeira e que eram muito importantes para ele. Fiquei curioso para ler esse livro! No final do debate fui perguntar se ele já tinha lançado o livro sobre as bolinhas de gude do avô. Ele disse que ainda não, que fez três versões até chegar à versão que essa história merecia, mas que agora estava pronto e até já tinha editora, a Moderna. No final da conversa ele sorriu e agradeceu “o meu interesse”. Saí feliz de lá!

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Sandra Pina e Kerouac

Já faz mais de três semanas que não publico nada aqui… Não gosto de ficar muito tempo sem escrever no blog. É muito feio um blog desatualizado, fica parecendo casa abandonada, que cresce mato no jardim. É que teve prova na escola, depois saí de férias e os meus pais me levaram pra passear. Também ando ocupado com um projeto que estou fazendo para o blog, e o tempo que tenho para escrever nele, usei pra isso. É um projeto bem legal, vocês precisam ver! Já está terminando, é a realização de um sonho, e estou louco pra contar aqui, mas não posso, ainda. O pessoal da Sintaxe falou para esperar: “Primeiro precisamos acabar e ver se vai dar certo, mesmo… Depois contamos.” Vou obedecer, mas assim que puder, venho aqui e conto tudo! Então, hoje estou de volta – acho que não deu tempo de criar mato no meu blog – e vou falar de três livros que li. Dois são da escritora Sandra Pina; e o outro é um livro de quadrinhos do João Pinheiro, que conta a história da vida do escritor americano Jack Kerouac.

Mais uma amiga escritora

O meu amigo Lipe diz que fico me achando com “esses seus amigos escritores”. Já falei dele aqui no blog, o Lipe é o meu melhor amigo, me ajuda a ler os livros do clube de leitura e faz as rodas de conversa comigo. A gente se conhece desde criança e estamos sempre juntos, a mãe dele diz que somos “unha e carne”. – O que posso fazer? – Eu disse para o Lipe. O “culpado” disso é o meu blog, primeiro eu conheci o pessoal da Sintaxe, depois fiz outros amigos, que foram me apresentando para esse monte de escritores. Adoro conhecer os escritores, pessoalmente, ler um livro deles e contar aqui no blog. Mas não acho que fico me achando por isso. Não sei por que ele pensa assim… Um dia vou levar o Lipe nesses meus passeios literários – já convidei muitas vezes, mas ele nunca pode – e quero ver se ele muda de opinião.

Contei tudo isso só pra dizer, que hoje vou falar de dois livros da minha amiga escritora, Sandra Pina. Conheci a Sandra já faz tempo, foi na Bienal do Livro, ela estava com a Anna Claudia Ramos, que também conheci naquele dia e já falei dela aqui. Depois encontrei as duas, outras vezes. Elas são muito amigas e acho que são como eu e o Lipe, unha e carne. A Sandra é jornalista, especialista em literatura infantil e juvenil e diz que levou um tempo até assumir plenamente seu lado escritora, mas, hoje, ela fala que, escrever é sua grande paixão.

A última vez que encontrei com a Sandra – já estou com saudades – foi no Rio de Janeiro, no Salão da FNLIJ, e trouxe de lá o livro Isso é pra ficar entre nós,  autografado por ela. Já li e adorei! Esse livro foi escrito do fim para o começo, e hoje vou falar dele aqui. O outro livro dela que eu vou falar hoje é O Segredo do tempo, que também já li e conta uma história bem legal, que mistura passado e presente.

Isso é pra ficar entre nós, escrito por Sandra Pina, ilustrado por Marilena Saito e publicado pela editora Mundo Mirim conta a história de cinco amigas (Maghi, Helô, Rafa, Drica e Kaká), que se conhecem há muito tempo e resolvem fazer um blog pra poder conversar sobre o que quiserem, “sem censura e sem bisbilhoteiros”, pois para entrar, precisava da senha, que só elas sabiam. Para escrever esta história a Sandra conseguiu autorização das cinco personagens, mas com uma condição, o livro “tinha que ser publicado exatamente do jeitinho que estava na internet, com os posts mais recentes antes dos mais antigos.” Por isso essa história é contada no livro do fim para o começo, como aparece no blog. É muito engraçado! A gente vê as coisas acontecerem e só depois vai descobrir como foi que elas aconteceram.

A história começa com o post “A Helô deu notícias?” postado pela Drica no dia 15, segunda-feira. Nesse post ela diz que está preocupada, pois já faz cinco dias que a Helô não dá notícias. “Não aparece on-line, não posta por aqui…” O celular na caixa postal e o telefone da casa na secretária eletrônica. Depois do post da Drica vêm os comentários das amigas: “Será que ela foi viajar?” (Rafa), “Também, depois de tudo que aconteceu…” (Kaká), “Ah, até parece que vocês não conhecem a Helô…” (Maghi), “Lembrou bem, Maghi. A Helô de vez em quando tem essas crises…” E o livro vai seguindo, contando uma história ao contrário, e mostrando como tudo aconteceu para as coisas chegarem nesse final. Só no final do livro – não da história, pois a história acaba no começo do livro – é que a gente fica sabendo o que aconteceu com a Helô, entre outras coisas que a Sandra conta num P.S. “quase tão grande quanto a história”, mas que só dá pra saber lendo o livro, do começo ao fim, e essa história, do fim ao começo.

O segredo do tempo, escrito por Sandra Pina, ilustrado por Gustavo Piqueira e Samia Jacintho, e publicado pela Editora Biruta conta uma história que junta passado e presente. Quem conta essa história é a Teca, a Thereza Christina, que tem um irmão, quase dois anos mais novo, chamado Raphael, o Fael. A história começa com o início das férias, Teca e Fael viajam para o sítio com seus primos, Beatriz (Bia) e Carlos Alberto (Cacau), filhos da tia Carol e do tio Júlio. Teca ama a natureza, mora em apartamento num bairro movimentado e se quer andar de bicicleta ou patins, só no videogame. No sítio é tudo diferente, tem piscina, cachorro, galinha, coelho, horta, fruta no pé. Lá no sítio eles não param, comem, se divertem, nadam, se divertem, comem… O tempo todo. Quando chove tem varanda para jogar pingue-pongue e totó (pebolim) e balançar na rede. “Tudo isso cercado por uma mata ma-ra-vi-lho-sa!” Ela diz que dá até para esquecer o computador por uns dias.

Chegam ao sítio e depois de alguns dias de muitas brincadeiras, a Teca e a Bia encontram uma caverna, escondida atrás das bananeiras. Planejavam despistar os irmãos e irem sozinhas, descobrir a caverna, que era muito escura. Conseguem uma lanterna e fazem um plano, tudo isso contado pela Teca com muito suspense. “Mas nem sempre tudo sai como planejado”, no dia marcado, choveu. “Depois de tudo que eu e a Bia passamos pra pegar a lanterna, tinha que chover???” Elas nem dormiram direito naquela noite imaginando o que poderiam encontrar na caverna. No outro dia a chuva passou e fez dia ensolarado. Depois de muitos desencontros elas acabam explorando a caverna junto com os irmãos. O sítio da família tinha sido uma fazenda no tempo da escravidão e o passeio pela caverna vira uma viagem no tempo. A Sandra Pina diz que este livro é uma história que mostra o seu lado de curiosa, que adora pesquisar o passado para tentar entender um pouco o presente.

Sandra Pina nasceu e mora no Rio de Janeiro. Formada em jornalismo e publicidade pela PUC-RJ, é jornalista, escritora, e especialista em Literatura Infantil e Juvenil pela UFF. Lançou o seu primeiro livro em 2001 e depois disso não parou mais. Além de escrever livros, faz traduções do inglês e do espanhol, escreve resenhas e roteiros, faz leituras críticas, e dá oficinas e cursos ligados literatura infantil. Recebeu os prêmios  “Carioquinha”, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, e “Adolfo Aizen”, da União Brasileira de Escritores (UBE). Além desses dois livros escreveu também Marcas de uma guerra; E agora?; E assim surgiu o Maracanã; Muitos caminhos, uma decisão; O pano de boca; O chiclete; Um barco, um avião, uma bolha de sabão; entre outros.

O menino de Lowell, Massachusetts, que sonhava ser escritor

Já contei muitas vezes aqui, que adoro ler jornal com meu pai, quando não entendo direito uma notícia, ele me explica, e o caderno que mais gosto é o de Cultura, principalmente quando fala de livros. E sábado é o melhor dia pra se ler jornal, traz um monte de notícias de livros e ainda tem os cadernos infantis, que leio desde criancinha. Outro sábado estava lendo o jornal e vi uma matéria escrita pelo Ignácio de Loyola Brandão, que conheci pessoalmente na Flip do ano passado. Daquela vez ele disse que ia lançar um livro juvenil, de memórias, que falava de bolinhas de gude e do seu avô. Fiquei com tanta vontade de ler! Mas acho que esse livro ainda não foi lançado… Ou será que já saiu e eu não vi?

Voltando à matéria do jornal, ela começa com o Loyola contando de um livro que foi escrito inteirinho em um rolo de papel. O autor desse livro é Jack Kerouac, e diz que ele se sentou entre os dias 2 e 22 de abril de 1951, e datilografou (eu sei o que é isso, até pouco tempo tinha uma dessas em casa) sem parar e sem precisar tirar o papel da máquina. O livro chama-se On The Road e foi lançado em 1956. Fiquei muito a fim de ler! Meu pai disse que esse livro é muito pesado pra minha idade, mas que ele “ia fazer melhor”. Um amigo dele escreveu e desenhou um livro em quadrinhos, que conta a história da vida do Kerouac. Ele disse que esse seu amigo é artista plástico, ilustrador e também já escreveu alguns livros infantis. O nome dele é João Pinheiro, um dia quero conhecer esse amigo do meu pai! – Vou dar esse livro pra você, meu pai me disse. Ele deu, já li e hoje também vou falar dele aqui.

A história do livro em quadrinhos Kerouac, com textos e desenhos de João Pinheiro, publicado pela Devir Livraria começa com o autor americano ainda criança. Seu nome de batismo é Jean-Louis Lebris de Kerouac, mas em casa o chamavam de Ti Jean. Seus pais eram o Léo, tipógrafo e dono de uma gráfica, e Gabrielle. Jack tinha dois irmãos, Caroline, três anos mais velha que ele, e Gerard, cinco anos mais velho, “hábil desenhista”, que ensinou tudo que sabia ao irmão caçula. Kerouac idolatrava Gerard, aprendeu a desenhar com ele e desenhou pelo o resto da sua vida. Seu irmão tinha uma saúde frágil e morreu com dez anos de idade, Jack ainda não tinha feito cinco. A morte de Gerard foi uma perda irreparável para Kerouac e o marcou para sempre.

Jack era um menino solitário e vivia criando mundos imaginários. Frequentemente era visto, sozinho, na ponte do rio Merrimeck, que banhava Lowell, sua cidade no Estado de Massachusetts. Ele ficava fascinado pela visão do rio! Em casa, ficava olhando por cima dos telhados vizinhos, imaginando lendas e sonhando com seu futuro de escritor famoso. O menino Kerouac sonhava em ser escritor… Gostei desse menino! Quando comentava com outros garotos da escola sobre sua pretensão de se tornar escritor, eles “riam e zombavam da sua cara”.

Jack cresceu, e aos dezessete anos, jogando futebol americano, conseguiu uma bolsa de estudos na Universidade de Columbia e mudou-se para Nova York. Ficou pouco tempo na Universidade, mas enquanto esteve por lá, leu muitos livros na biblioteca e descobriu diversos escritores como, Jack London, Thomas Wolfe, Ferdinand Céline e Dostoiévski, e deu continuidade a sua antiga paixão, a literatura. Esse é só o começo da história de Kerouac, que o João Pinheiro contou nesse livro. No final, como todos já sabem, o menino conseguiu realizar o seu sonho e virou um escritor famoso, o Jack Kerouac.

Para escrever e desenhar Kerouac, João Pinheiro disse que fez um caderno de esboços, onde anotou todas as ideias, e muitas dessas ideias foram incorporadas ao roteiro original. Primeiro ele escreveu o roteiro, que foi alterado várias vezes, tirava umas partes, acrescentava outras, até chegar à versão final do livro.

Hoje estreia nos cinemas o filme Na Estrada, de Walter Salles, baseado na história do livro On The Road. Quem puder ir, vá e depois me conta. Eu não posso ir… É proibido para menores de 16 anos.

João Pinheiro é artista plástico e ilustrador associado à SIB (Sociedade dos Ilustradores do Brasil), atua na área de artes visuais desde 2005, realizando trabalhos para diversas mídias. Em 2009 teve ilustração selecionada para a publicação American Ilustration 28, que reúne 583 trabalhos entre mais de 8 mil inscritos de todo o mundo. Autor de histórias em quadrinhos e de livros infantis, publicou HQs nas revistas Front e Graffiti. Escreveu e ilustrou o livro: O monstro (nem tão monstruoso) e o menino João (Noovha América), adotado pela Secretaria de Educação do Município de Marília para formação de gestores e coordenadores. Desde 2008 é correspondente do site Urban Sketchers, portal que reúne trabalhos de artistas urbanos do mundo inteiro. Ganhou bolsa de estudos para participar do 2º Simpósio Internacional Urban Sketchers, evento que aconteceu em Lisboa, em julho de 2011.

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Li quatro livros de Cláudio Fragata

Hoje vou falar de Cláudio Fragata, que conheci no Salão da FNLIJ no Rio de Janeiro. Quem me apresentou ao Cláudio foi o pessoal da Sintaxe, eles são amigos dele. O Cláudio estava no Salão lançando um livro novo chamado Uma história bruxólica, eu fui ao lançamento, ganhei um exemplar da Editora Globo e peguei o autógrafo do Cláudio. Já li, adorei e hoje vou falar desse livro. Trouxe um monte de livros de lá e aos poucos, vou falar de todos, e também dos seus autores. Quando eu resolvi fazer este post sobre o Cláudio Fragata, lembrei que já tinha lido um livro dele, faz tempo, acho que ainda estava no segundo ou terceiro ano. O nome do livro é Balaio de bichos, e hoje vou falar desse livro, também.

E tem mais… Outro dia eu fui à livraria para o lançamento de um livro chamado Que bagunça, da Aline Abreu – já falei da Aline e desse livro aqui – e aproveitei para procurar mais livros do Cláudio Fragata. Encontrei outro bem bacana, que se chama O voo supersônico da galinha Galatéia. Ele escreveu esse livro em homenagem a uma escritora brasileira bem famosa, que também escreveu um livro sobre uma galinha – já falei dessa escritora e desse livro dela aqui no blog. Já li o livro da galinha do Cláudio e também vou falar dele, hoje.

E pra terminar a lista de livros do Cláudio Fragata, no lançamento da Aline encontrei a Daniela Padilha, que é a editora da DCL. Ela me viu com um livro do Cláudio na mão e me falou de outro livro dele que se chama Jura?. Ela me contou um pouco da história e disse que é o livro do Cláudio Fragata, que ela mais gosta.

– Você não leu o Jura?, Heitor?
– Ainda não li, eu respondi.
– Jura?! Ela me provocou brincando com o título do livro.
– Juro, eu respondi.
– Vou mandar um exemplar pra você, ela prometeu.
– Jura?! Eu devolvi a brincadeira.
– Juro, ela respondeu.

E não é que ela cumpriu a promessa e mandou, mesmo. Já li o Jura? e vou falar dele, também. Hoje vou falar de quatro livros de Cláudio Fragata.

Para escrever o livro Uma história bruxólica; publicado pela Editora Globo, com ilustrações de Lúcia Brandão; Cláudio Fragata se inspirou nas histórias da cultura popular da cidade de Florianópolis. É que lá, entre 1748 e 1756, chegaram muitos colonos que vieram do arquipélago dos Açores e trouxeram as suas lendas, tradições e muitas histórias de bruxas. O autor esteve na cidade e ouviu muitas dessas lendas: “Hoje, as bruxas estão à solta e mais vivas do que nunca na cultura popular de Florianópolis”, ele avisa.

A história do livro é contada por um menino, que um dia sente falta do seu rodo. Ele tinha um rodo em casa, precisou dele para enxugar o banheiro, e o rodo sumiu. “Como rodos podem desaparecer sem deixar rastros?” Ele decidiu comprar outro para não ficar desprevenido. “Vai que houvesse mais um alagamento, um dilúvio, um tsunami ou qualquer coisa parecida.” Foi o que ele fez. De manhã, foi até a venda da dona Adelina e comprou um novo rodo. Algumas noites depois ele ouviu um barulhinho na área de serviço, foi olhar e deu de cara com uma bruxa. Ele gritou de susto e a bruxa gritou também. “Só então notei que ela estava tentando montar em meu novo rodo.”

“Ah, então foi você” – ele disse. “A bruxa morreu de vergonha, e sua cara esverdeada foi ficando vermelha como um tomate.” Para disfarçar, ela segurou a ponta do vestido e se apresentou: “Muito prazer, meu nome é Rodonésia”. A bruxa não usava vassouras, pois tinha alergia à palha. Bastava sentar numa, que seu corpo ficava cheio de pereba. Além disso, também era míope e vivia perdendo os seus rodos. Esse é só o comecinho da história, ela continua e lá pelo meio tem uma grande revelação que transforma a vida de Rodonésia. O Cláudio Fragata tem um jeito bem legal de contar histórias. Uma puxa a outra e a gente viaja nas histórias dele, e não para de ler enquanto a história não acaba.

O livro Balaio de Bichos, escrito por Cláudio Fragata, com ilustrações de Biry Sarkis e publicado pela Editora DCL tem dez poemas que falam de bichos. Eles são muito engraçados e tem rimas divertidas. Dizem que são poemas nonsense. Procurei no dicionário e descobri que nonsense significa “frase, linguagem, dito, arrazoado etc. desprovido de significação ou coerência; absurdo, disparate”. As ilustrações do Biry Sarkis são nonsense também! Trecho de um dos poemas do livro, o poema Balaio de gatos:

Benito era um gato bonito. / Gambito, um gato cambaio. / Dormiam tão inocentes, / um no outro enroscados, / quando, sei lá, de repente, / Benito teve um faniquito, / Gambito disparou como um raio. / Deram um salto esquisito, / caíram dentro do balaio.

O Cláudio Fragata gosta de bichos – tem quatro gatos, Olívia, Dinah, Sofia e Fellini -, e parece que os bichos também gostam dele. Ele conta que uma vez foi entrevistar a psiquiatra Nise da Silveira – o Cláudio também é jornalista – e se apresentou como repórter de uma revista. Ela disse que não gostava de jornalistas, que eles distorciam tudo que ela falava e recebeu o Cláudio com distância, quase que com má vontade. Até que o gato da Nise, que se chamava Carlinhos, saltou no colo do Cláudio. Ele conta que a Nise olhou pra ele com surpresa e disse: “Isso é um bom sinal, agora vou dar a entrevista que você quer.” E completou: “O Carlinhos, como todos os gatos, reconhece quando uma pessoa é confiável.” O Cláudio diz que esse foi um dos maiores elogios que já recebeu. “Pelo qual serei eternamente grato ao Carlinhos e a todos os felinos do mundo.”

No final do livro A Vida Íntima de Laura, de Clarice Lispector, – eu já falei da Clarice e desse livro aqui no blog – a autora faz um pedido ao leitor: “Se você conhece alguma história de galinha, quero saber. Ou invente uma bem boazinha e me conte.” Foi o que o Cláudio Fragata fez e escreveu a história de O voo supersônico da galinha Galatéia, que tem ilustrações de Cláudio Martins e foi publicado pela editora Record. A história desse livro começa com uma conversa entre Frederico e seu amigo Deco.

Frederico tinha prometido contar um segredo para Deco. E criou o maior clima para contar, pois a revelação de um segredo sempre exige uma preparação. Fez até cara-de-quem-vai-contar-um-segredo. Empurrou o caixote de madeira para junto do muro do quintal, subiu no caixote, fez sinal pedindo silêncio e chamou o Deco. Ficaram na ponta dos pés e enxergaram o quintal do vizinho.

Frederico cochichou no ouvido de Deco e perguntou o que ele estava vendo. “A Galinha do Vizinho” o Deco respondeu sussurrando. Frederco ficou decepcionado com a resposta do Deco e pediu que ele prestasse mais atenção. Nessa hora a galinha do vizinho se ajeitou no ninho e num relance deu para ver os ovos que ela estava chocando. “Ela bota ovo amarelinho!” – disse Deco com olhos cheios de surpresa. “Ah, Deco… Tenha dó! Todo mundo sabe que a galinha do vizinho bota ovo amarelinho.”

Depois dessa o Frederico resolveu “desembuchar” logo a história para não se irritar mais e explicou ao Deco que aquela não era uma galinha qualquer. Era Galatéia, a galinha astronauta. A galinha mais corajosa que ele conheceu. Ela já tinha ido à Lua.

Galatéia era uma galinha desajeitada e um pouco burra, mas era muito curiosa. Queria conhecer o Galo da Lua. Foi até a Nasa, pegou um ônibus espacial e chegou na Lua. Como ela conseguiu fazer tudo isso? Só lendo esse livro do Cláudio Fragata pra saber. É mais uma viagem do Cláudio!

O livro Jura?, escrito por Cláudio Fragata, ilustrado por Eugenia Nobati e publicado pela Editora DCL, conta a história de Jurandir, o Jura, e de seu amigo, que é o narrador da história. O amigo do Jura dizia a ele, que no quarto dos fundos da sua casa vivia um rinoceronte enorme. O Jura tinha dois anos a mais que seu amigo, mas era tão bobo, que seu amigo se sentia muito mais velho e sabido do que ele. E o amigo não resistia. Toda vez que encontrava com Jura, contava uma mentira. Sabia que o Jura acreditaria.

Ele dizia que não existia contentamento maior para quem mente do que alguém que acredite. “É um incentivo. Uma fonte de inspiração.” O mentiroso não consegue mais parar de inventar e vai emendando uma invencionice na outra. Ele não gostava dos desconfiados que são estraga prazeres. “Olham pelo canto do olho e começam a fazer perguntas como que não quer nada, mas querendo pegar a gente na mentira.” Ele diz que quando topa com um desconfiado, é obrigado a pensar rápido, “sem tempo de inventar com a dedicação que a arte de mentir exige.”

E o amigo continuava assustando o Jura com a história do rinoceronte, que vivia no quarto dos fundos da sua casa. O Jura vai descobrindo falhas nessa história mentirosa e o amigo vai consertando sua história e convencendo o Jura. Até que um dia o Jura descobre que não existem rinocerontes no Brasil. O amigo passa a noite em claro pensando numa resposta convincente para dar ao Jura e inventa uma mentira tão grande, que só lendo o livro para acreditar.

Cláudio Fragata nasceu em Marília, no interior de São Paulo, e cresceu numa fazenda, rodeado de bichos por todos os lados. Há muitos anos mora na cidade de São Paulo. É escritor, jornalista e foi editor da revista Recreio. Sempre gostou de inventar histórias e, quando não tinha ouvintes contava histórias para ele mesmo. Além desses, já publicou vários livros, como Seis tombos e um pulinho: as aventuras de Santos-Dumont até inventar 0 14-Bis (Record, 2006), Zé Perri: a passagem do Pequeno Príncipe pelo Brasil (Record, 2009) O mal do Lobo Mal (Positivo, 2010), A Princesinha Boca-Suja (Scipione), Os Letronix e os Animais em Extinção (Nobel), entre outros.

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Li dois livros da Luciana Savaget

Hoje vou falar da Luciana Savaget. No post anterior eu disse que tentei me encontrar com ela no Salão da FNLIJ, no Rio de Janeiro, mas não consegui. Eu conheço a Luciana desde a Bienal do Livro, ela é minha amiga e mora no Rio. A última vez que a vi foi na FELIT, uma feira de livros que teve em São Bernardo, mas foi rapidinho, nem deu tempo de conversar. Todas essas histórias eu já contei aqui no blog.

Antes de viajar pro Rio mandei um e-mail pra Luciana pra saber quando ela ia ao Salão. Ela me disse que estava na feira do livro de Bogotá, na Colômbia, e que chegaria ao Rio no domingo. Eu ia voltar pra São Paulo no sábado, e não ia conseguir me encontrar com ela. Fiquei triste! Queria tanto ver a Luciana, conversar com ela, ir ao seu lançamento e pegar um livro autografado. Soube que ela ia lançar dois livros pela editora Planeta. Quem edita os livros da Planeta é a minha amiga Otacília.

Encontrei a Otacília por lá e ela me apresentou a Nice, que também trabalha na Planeta. Conversei bastante com as duas e numa das nossas conversas eu disse que queria um livro autografado da Luciana Savaget, mas não ia poder ficar para o lançamento.

– Quando você volta pra São Paulo, Heitor?
– No sábado.
– Fica mais um dia, o lançamento da Luciana é no domingo.
– Não posso, Nice. Tenho que voltar com o pessoal da Sintaxe, eles voltam no sábado à noite.

A Nice ficou calada e não conversamos mais sobre esse assunto. Voltei pra São Paulo, depois de uma semana ela chegou e escreveu um comentário aqui no blog. Fiquei muito feliz! Foi uma surpresa, não esperava.

“Oi Heitor! A autora Luciana Savaget deixou-me uns livros autografados que eu trouxe para entregar-lhe. Como te encontro? Um abraço.”

Liguei pra Nice, agradeci e ela pediu meu endereço. No dia seguinte recebi em casa um pacote com dois livros da Luciana Savaget, Poeta sem palavras e Operação Galápagos, autografados por ela e com dedicatórias pra mim. Adorei a surpresa da Nice e os livros autografados da Luciana. Já li, gostei muito e hoje vou falar deles.

O livro Poeta sem palavras, escrito pela Luciana Savaget, com ilustrações de Andrea Ebert, e publicado pela Planeta Jovem, conta a história de um escritor, que também era poeta, e um dia acorda triste e com medo de perder o dom da escrita. Esse medo toma conta dele, que fica angustiado e não consegue criar mais nenhum verso. No começo achou que era um problema passageiro – outras vezes já tinha acontecido isso, e passou – mas, desta vez, os dias se sucediam e ele continuava sem conseguir escrever.

Ficou muito mal, a inspiração não vinha, estava tão desanimado, que até dores no corpo começou a sentir. Então resolveu sair de casa e buscar na rua a inspiração que lhe faltava. Encontrou uma jovem de olhos brilhantes e que ria sem motivos. “Encontrei o que preciso…” Ele disse. E a partir daí acontece uma história linda, que fala da generosidade e do egoísmo, vocês precisam ver, mas, só lendo o livro, mesmo, pra saber. As ilustrações da Andrea Ebert são umas colagens muito bonitas, a filha dela ajudou, e o marido fotografou.

Operação Galápagos, escrito pela Luciana Savaget e publicado pela Planeta Jovem, conta a história de uma reportagem feita no arquipélago de Galápagos. A reportagem era de tevê e a equipe era formada por Lúcio Leite, o cinegrafista, Fernando Silva, o técnico e operador de áudio, e Vinícius, o repórter, que é quem conta esta história. A pauta da reportagem era investigar denúncias contra o patrimônio cultural e ecológico em Galápagos.

O arquipélago de Galápagos, uma das reservas naturais mais valiosas do planeta, é formado por treze grandes ilhas, seis pequenas e quarenta ilhotas, e foi lá que Charles Darwin esteve em 1835 para criar sua Teoria da Evolução.  A equipe tinha um desafio, entrevistar o chefão de um grupo inglês que há anos utilizava o arquipélago como base de suas atividades criminosas.

A Luciana Savaget esteve em Galápagos a trabalho. Ela é jornalista e foi lá pra fazer uma reportagem para o programa Globo Repórter, da TV Globo. Mas a reportagem do programa não contou a história que ela conta neste livro. É que algumas vezes a Luciana aproveita as viagens de trabalho para ter inspiração e escrever os seus livros. Ela observa, pesquisa, faz anotações e entrevistas, fotografa, faz desenhos, mapas e até grava vídeos. E quando volta, inventa uma história com todas as informações que trouxe da viagem. Ela mistura ficção e realidade, histórias inventadas com histórias acontecidas.

Também foi assim com outros três livros dela: Operação Resgate em Bagdá, Operação Resgate na Palestina, Operação Resgate na Jordânia. Ela também aproveitou as viagens que fez para contar essas histórias. Por ser jornalista, gosta de conhecer os lugares e entrevistar as pessoas, antes de escrever um livro. A Luciana diz que é “uma jornalista sonhadora”! Nos livros O Amor de Virgulino, Lampião; O Amor de Maria, a bonita; e Dadá, a mulher de Corisco ela foi ao Nordeste, visitou os lugares onde os cangaceiros viveram e conversou com familiares e conhecidos, antes de escrever esses livros. Já li esses, também, e adorei.

Luciana Savaget é jornalista, escritora e nasceu no Rio de Janeiro. Escreveu vários livros, entre eles, Operação resgate na Palestina; Operação resgate na Jordânia; Operação resgate em Bagdá; O sertão do Conselheiro Antonio; O Amor de Virgulino, Lampião; O Amor de Maria, a bonita; Meu Padrinho, Padre Cícero; e Enigma de Huasão: uma história peruana. Muitos receberam o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e alguns já são publicados no México, Colômbia, Alemanha, Cuba e Palestina. Já ganhou diversos prêmios como o de Personalidade do Ano Internacional da Criança, da União Brasileira dos Escritores, da Academia Paulista dos Críticos de Arte e Menção Honrosa do prêmio jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Atualmente trabalha na Globo News.

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Ganhei mais uma amiga escritora

Como eu disse no post anterior hoje eu vou falar da Aline Abreu. Há muito tempo que eu queria conhecer a Aline, pessoalmente. A Paula, que é a minha amiga jornalista, já tinha me falado muito dela. Uma vez quase que a gente se encontra na Bienal do Livro. Nessa Bienal eu conheci um monte escritores e ilustradores e contei aqui no blog. Uma hora eu estava com a Paula visitando os estandes das editoras e ela me mostrou a Aline, que estava passando pelo outro corredor. – Corre Heitor, vamos falar com a Aline Abreu, ela é muito legal! Naquele dia a Bienal estava cheia de gente. Corremos, corremos, mas não conseguimos alcançá-la. Perdemos a Aline de vista.

Eu não conhecia a Aline, mas já tinha lido dois livros dela, li faz tempo, quando ainda estava no primeiro ano, meus pais me deram de presente. A minha mãe deu um que se chama Mamãe sabe quase tudo e o meu pai, Papai é quase um herói, ainda tenho esses livros em casa, foram publicados pela editora DCL. Eu lembro que li e achei os pais das histórias, muito parecidos com os meus. Acho que a Aline escreveu esses livros pensando nos pais dela. Quando a gente é criança, nossos pais são meio parecidos, mesmo.

Depois desse quase encontro na Bienal eu tive algumas notícias da Aline. Soube que ela participou de uma coleção de livros-objeto, da editora Jujuba, inventados pela artista plástica Edith Derdyk. Eu vi alguns, são bem legais, a gente vai dobrando as páginas e criando um monte de histórias, as nossas histórias. Nessa coleção a Aline ilustrou o texto da Alice Ruiz. Sempre que eu coloco post novo no blog, o pessoal da Sintaxe manda e-mail pra ela. Eles conhecem a Aline. Outro dia eu recebi um e-mail dela:

Assunto: quero te mandar um livro meu!
Oi Heitor, tudo bem?
Continuo fã do seu blog.
Publiquei um livro novo e queria te mandar. Qual o seu endereço?
Beijo grande, Aline Abreu.

Fiquei tão feliz com o e-mail da Aline, que respondi na hora:

Oi, Aline!
Obrigado!
Que bom! Manda, sim. Quero ler o seu livro novo.
Um beijo, Heitor.

E passei o meu endereço pra ela. Dois dias depois, recebi o livro da Aline, que chegou pelo correio. Adoro receber livro em casa… Fico tão feliz! O livro que ela me mandou se chama Que bagunça!, foi escrito e ilustrado por ela e publicado pela Planeta Infantil. Depois descobri que quem editou esse livro foi a minha amiga Otacília – esse mundo é pequeno, mesmo – a Otacília é editora da Planeta. Já li o livro, adorei e vou falar dele, mas, antes vou terminar a história do nosso encontro. Uns dias depois, fiquei sabendo que eu ia para o Salão da FNLIJ no Rio de Janeiro. Mandei um e-mail pra Aline, contando e perguntando se ela ia também. Ela me disse que sim e que ia lançar dois livros, um no sábado e outro no domingo e me perguntou: “Será que nos encontraremos por lá? Tomara!” – OBA, eu respondi no e-mail. Vamos nos encontrar, sim. Eu fico até sábado à noite.

Encontrei a Aline no Salão, no sábado de manhã. Conversamos um pouco, falamos da Paula, da Otacíla, nossas amigas em comum, e ela me falou dos dois livros novos que ela estava lançando. Um é o Que bagunça!, que eu já tinha lido, e outro é o Cheirinho de talco, que conta uma história muito bonita, escrita e ilustrada pela Aline. Este foi publicado pela editora Autêntica e eu comprei. Meu pai me deu um dinheiro para eu levar para o Rio e gastar em livros. Ele diz que é um bom investimento, eu também acho! Vou falar deste livro, também. Depois eu peguei o autógrafo dela, nos dois livros e ficamos amigos. Antes ela só era minha amiga virtual, agora a Aline é minha amiga real, de verdade.

A Aline Abreu também tem um blog e é bem legal. O nome dele é “desenpalavras” e o endereço é http://desenpalavras.blogspot.com.br/. Lá tem os livros, os desenhos e as histórias da Aline e também tem os eventos que ela participou e os lançamentos que ela vai fazer. Lá eu descobri que ela vai lançar esses dois livros, que eu vou falar hoje, aqui em São Paulo. O primeiro lançamento será em junho e o outro em agosto. Não quero perder!

O livro Que bagunça!, escrito e ilustrado pela Aline Abreu e publicado pela editora Planeta Infantil conta uma história bem maluca. É uma “viagem” com desenhos bagunçados e muita imaginação. O livro começa com um menino que não sabe por onde iniciar sua história e pede ajuda ao leitor. Depois seguem os dois, menino e leitor, por uns caminhos bem bagunçados e cheios de imaginação.

A Aline disse que este livro nasceu das bagunças que ela faz com as palavras e as imagens. Ela disse também que pra fazer os desenhos, pegou papel vegetal, canetinha nanquim e foi rabiscando e depois usou um escâner para jogar tudo dentro do computador. “Ficou a maior bagunça!”, ela disse. E lindo, eu acrescento. Afinal, como ela adivinhou na dedicatória que fez pra mim neste livro, eu também adoro uma bagunça.

O livro Cheirinho de talco, escrito e ilustrado pela Aline Abreu e publicado pela editora Autêntica conta uma história muito bonita, da relação de uma menina com a sua bisavó. O nome da bisavó era Hermengarda e os pais para homenageá-la, iam dar esse mesmo nome à menina. “Eu escapei por pouco desse nome!” Depois a menina começa a falar de outros nomes estranhos. É muito engraçado o jeito como ela vai contando isso. Depois acontece uma coisa na história – que eu não vou dizer o que é – que faz a menina começar a falar da Sinhá, que era o apelido da sua bisavó.

Elas tinham alguns segredos e gostavam das mesmas coisas. A bisavó tocava piano e a menina começou a estudar violino. Tem uma parte da história, que a bisavó pega uma orquídea do fundo do quintal da casa dela e dá para a menina. A menina planta a orquídea na sua casa, que floresce num dia muito especial. É emocionante essa parte. Vocês precisam ver! Confesso que chorei! A Aline diz que fez as ilustrações deste livro com papeis amarelados, “guardados havia tempo, amassadinhos como as memórias entocadas bem dentro da gente.”

Aline Abreu é ilustradora e escritora. Primeiro começou ilustrando os livros de outros escritores, depois descobriu que podia fazer as duas coisas e passou a ilustrar os seus próprios livros, mas sempre arruma um tempo e diz: “quando algum autor me convida para viajar junto também é bom demais.” Estudou Artes Plásticas, nasceu no Rio de Janeiro, mas mora em São Paulo desde criança.

No próximo post vou falar de outra amiga escritora. Com este blog estou ganhando muitos amigos! Essa amiga eu já conhecia desde a Bienal, ela também foi ao Salão da FNLIJ, mas eu não consegui encontrá-la, quando ela foi, eu já tinha vindo embora. Mas, mesmo assim, eu consegui dois livros autografados por ela. O nome dela é Luciana Savaget e no próximo post vou contar como isso aconteceu.

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Fui ao Salão FNLIJ no Rio de Janeiro

Agora que já coloquei as minhas tarefas em ordem – faltei às aulas para ir ao Rio de Janeiro com o pessoal da Sintaxe, visitar o Salão da FNLIJ, como falei no post anterior – já posso escrever aqui e contar como foi a minha viagem. Encontrei tanta gente, fiz novos amigos, vi tantos livros, que nem sabia como contar e por onde começar. Pensei, pensei e decidi: Primeiro vou fazer um resumo de tudo que vi, depois vou ler os livros que eu trouxe de lá e falar deles e dos seus autores, como sempre faço aqui no meu blog. No post de hoje vou fazer o resumo, e no próximo já vou falar de uma ilustradora e escritora, que há muito tempo eu queria conhecer, que lançou dois livros no Salão, que eu já li e adorei. Trouxe um monte de livros do Rio, vou ler todos e contar aqui. Tenho muito assunto para os próximos posts do meu blog!

O Rio e o Salão

Antes da hora combinada, eu já estava no portão de casa, de mala pronta, esperando o pessoal da Sintaxe, pra gente ir ao aeroporto pegar o avião para o Rio de Janeiro. Eles foram pontuais e em pouco tempo já estávamos em Congonhas, e em menos de uma hora, descemos no aeroporto Santos Dumont, na cidade do Rio de Janeiro. O pessoal da Sintaxe tinha razão, é lindo chegar ao Rio de avião! Fiquei na janelinha e vi tudo, de fato, a cidade é maravilhosa!

Assim que saímos do avião, senti o cheiro do mar. Adoro o cheiro do mar! Sempre que sinto esse cheiro, me lembro da primeira vez que vi o mar. Eu era bem pequeno, criancinha mesmo, mas nunca mais me esqueci. Pra mim o mar cheira a felicidade. De lá fomos para o hotel, deixamos a mala no quarto para ir ao Centro de Convenções, onde acontece o Salão. Na saída do hotel o pessoal da Sintaxe encontrou uma amiga deles, que iria se hospedar lá, também.

– Heitor, venha conhecer a Daniela Padilha. Ela é editora da DCL e também veio visitar o Salão. Esta é a Daniela Padilha e este é o Heitor, do Blog do Le-Heitor.

– Oi, Daniela! Já li muitos livros da DCL. A DCL tem um monte de livros legais!

– Oi, Heitor. Que bom que você gosta dos livros da DCL. Eu também gosto muito do seu blog.

Eles combinaram de se encontrar mais tarde no Salão, e nós saímos para pegar o metrô. No caminho, ao lado do hotel, eu vi uma casa muito grande com um jardim enorme, parecendo um palácio. Perguntei e descobri que é um palácio, mesmo! É o Palácio do Catete, onde moravam os presidentes do Brasil, quando o Rio de Janeiro ainda era a capital, e hoje é o Museu da República. No outro dia ainda fizemos um passeio pelo Catete, caminhamos pelo jardim do Palácio e conhecemos um pouco da casa, tem sala de cinema e um monte de atividades culturais.

Voltando ao primeiro dia, pegamos o metrô, descemos na Estação Estácio, caminhamos um pouco e chegamos ao Salão. Entramos, pegamos a programação – naquele dia ainda não era aberto ao público, a abertura oficial seria às 17 horas – e saímos para almoçar. Na saída encontramos a Otacília, que foi almoçar com a gente. Eu já falei da Otacília aqui no blog, ela é minha amiga e me levou a minha primeira sessão de autógrafos, quando eu comecei a fazer este blog. Hoje ela editora da Planeta e está fazendo um monte de livros legais. Eu trouxe alguns e vou falar deles nos próximos posts.

Assisti a abertura oficial, tinha muita gente na plateia e algumas autoridades na mesa. Teve discurso e umas pessoas falaram sobre a importância da leitura, do livro e contaram a história do Salão da FNLIJ, que acontece há quatorze anos no Rio de Janeiro. Mas o que eu mais gostei de ouvir foi o que contou a Maria Antonieta Cunha, que trabalha para o governo e é secretária do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL). Ela falou que uma vez o Orígines Lessa (ainda vou falar de algum livro dele aqui) disse a ela que uma criança veio conversar com ele, e falou que tinha acabado de ler um livro seu e que tinha sido o melhor livro que tinha lido em toda sua vida.

O Orígines Lessa ficou curioso e perguntou a criança quantos livros ela já tinha lido na vida, e a criança respondeu: – Um. Esse foi o primeiro. Achei engraçado! Deve ser legal começar a ler pelo melhor livro da vida. Eu, mesmo, já li muitos melhores livros da minha vida e ainda vou ler muito mais. Depois do evento de abertura nós fomos passear no Leblon. Foram alguns escritores, ilustradores, editores, livreiros, e o pessoal da Sintaxe. Tinha gente de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte e de Porto Alegre. Comi escondidinho de camarão e tomei suco de abacaxi. Estava muito gostoso! Nos outros dias fizemos outros passeios pelo Rio, mas foi pouco, quero voltar e conhecer mais.

Os escritores e ilustradores do Salão e os seus livros

Na abertura eles disseram que durante o Salão haveria 230 lançamentos de livros, reunindo 230 artistas, entre escritores e ilustradores. Não encontrei todo mundo, é claro, só fiquei no começo da festa, e agora vou falar um pouquinho daqueles que encontrei ou conheci, e depois vou ler os seus livros pra contar mais nos próximos posts.

Encontrei a Lucia Hiratsuka e soube que um livro dela chamado Antes da Chuva foi indicado como “Altamente Recomendável” pela FNLIJ; também encontrei o Caio Riter, ele estava lançando o livro A Filha das Sombras, que conta a história de uma bruxa. Por falar em bruxa, conheci uma de verdade, que é escritora, mora na Alemanha e se chama Regina Drummond. Ela estava lançando uma série de livros chamada Eu, Ana e também tem outro livro dela que eu peguei e que se chama Marcelo descobre a Alemanha.

Encontrei a Anna Cláudia Ramos, ela estava lançando junto com a Sandra Pina o livro Aconteceu na Escola, também peguei outro livro da Sandra Pina que se chama Isso é pra ficar entre nós, que conta a história de uma blogueira e foi escrito de trás pra frente. Também encontrei o Luiz Antonio Aguiar, que estava lançando o livro Internautas, série de contos escritos por diversos autores que falam da influência da internet na vida das pessoas.

Encontrei o Fernando Nuno, ele tem um conto no livro Internautas e estava junto com a Silvana Salerno divulgando a coleção “Correndo o Mundo”, que adapta clássicos da literatura juvenil. O Nuno estava lançando a adaptação de Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne, e a Silvana, Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Encontrei o Adriano Messias, ele estava lançando os livros Era lobisomem, mesmo!; O passeio dos brinquedos; e Que toró!. Fiquei a fim de ler o do lobisomem, gosto das histórias de medo do Adriano.

Encontrei a Rosinha Campos, e fiquei sabendo que a coleção que ela ilustrou, com os poemas de Fernando Pessoa organizados pela Maria Viana, recebeu prêmio da FNLIJ. Encontrei a Socorro Acioli, ela estava lançando o livro Ela tem olhos de céu, que foi escrito como um poema de cordel, igual a outro livro dela, que eu gosto muito chamado Inventário de Segredos. Conheci o Rogério Andrade Barbosa, soube que ele morou dois anos na África e escreveu muitos livros sobre a cultura africana. Ele estava lançando o livro A Tatuagem, que fala do povo Luo, que vive no Quênia, na Tanzânia e em Uganda.

Conheci a Flavia Cortês, já falei de um livro dela aqui no blog, mas ainda não a conhecia pessoalmente. Ela estava lançando o livro Senhora das Névoas, que faz parte da mesma coleção do livro da bruxa do Caio Riter. O da Flávia fala de fada. Conheci o Luiz Raul Machado, ele disse que era redator da Editora Abril, quando escreveu o texto de um livro chamado João Teimoso, lançou na Bienal de 1974 e no dia seguinte acordou escritor. No Salão ele estava lançando o livro Chifre em cabeça de cavalo.

Conheci o Cláudio Fragata, além de escritor, ele também é jornalista e estava lançando o livro Uma história bruxólica. Conheci a Georgina Martins, eu já tinha ouvido falar muito dela. Como eu, ela também adora uma luta política e tem muitas na sua vida. No Salão ela estava lançando o livro Com quem será que eu me pareço? Conheci a Fátima Miguez, ela estava lançando dois livros infantis, A Turma do ABC e As paredes têm ouvidos e nesta semana ela ia lançar outro livro chamado A literatura na leitura da infância.

Vi o ilustrador Rui de Oliveira, ele estava lançando o livro de imagens Quando Maria encontrou João e contou como cria os seus desenhos. Conheci a Sonia Rosa, ela ia lançar os livros Vovó Bentuta, Traços e Tramas, e O menino de olhar apertadinho que enxergava longe. E finalmente, (por dois motivos, porque é a última dessa minha lista, e porque finalmente eu a encontrei) conheci a Aline Abreu. Ela estava lançando dois livros, Que bagunça! e Cheirinho de talco. Já li os dois, adorei e vou falar deles e da Aline – que agora é minha amiga – no próximo post.

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Casa Azul do Marciano, Salão da FNLIJ e minha luta política

Hoje vou falar de um livro de um escritor bem legal que eu conheci no ano passado, na FELIT; também vou falar um pouquinho do Salão da FNLIJ, que começa na semana que vem e contar uma NOVIDADE;
e ainda vou dar uma notícia muito boa sobre minha luta política.

Quando comecei a fazer este blog, o pessoal da Sintaxe me passou o e-mail de alguns escritores e outros amigos deles, e eu mandei mensagem pra todos, me apresentando e apresentando o blog do Le-Heitor. Recebi a resposta de muitos deles dizendo que o meu blog era muito legal e que eu escrevia muito bem. Isso me animou a continuar escrevendo e fazendo este blog. Depois a Sintaxe assumiu a divulgação e só eles passaram a mandar os e-mails, mas eu continuei a receber muitas mensagens dos amigos da Sintaxe, que com o tempo passaram a ser meus amigos, também.

Conheci pessoalmente alguns na Bienal, outros na FLIP, outros na FELIT e ainda fui ao lançamento de alguns, aqui em São Paulo. O escritor que eu vou falar do livro dele, hoje, foi um dos primeiros a me mandar uma mensagem, e sempre envia e-mails me elogiando. Outro dia ele disse que eu estou me “tornando o leitor número 1 do Brasil”. Sei que foi exagero dele, mas eu gostei! Demorei para conhecê-lo pessoalmente, nos dias que eu fui à Bienal, ele não estava lá, só fui encontrá-lo na FELIT.

Conversamos bastante e eu fiquei sabendo muita coisa dele. Soube que ele fez uma entrevista com a Tatiana Belinky e escreveu um livro sobre ela. Eu já tenho esse livro, li e gostei muito, mas vou deixar para falar dele depois. Hoje eu vou falar de outro livro desse escritor, um livro que ele me mandou de presente e chegou aqui em casa pelo correio. O nome do livro é Uma aventura na casa azul, foi ilustrado pela Lúcia Hiratsuka, que também é minha amiga (estou cheio de amigos!) – eu já falei da Lúcia e de um livro dela aqui no blog -, e foi escrito pelo meu amigo escritor, o Marciano Vasques.

A história do livro Uma aventura na casa azul, escrito por Marciano Vasques, ilustrado por Lúcia Hiratsuka e publicado pela Editora Cortez, tem apresentação da Tatiana Belinky e começa com um bilhete bem misterioso, que a Vera Márcia encontrou dobrado em seu caderno: Encontre-me hoje em frente à casa azul às 19 horas. Assinado: Alguém que te ama. Assim que leu o bilhete, Vera Márcia deu uma gargalhada e em seguida ficou séria e pensativa. Depois ficou curiosa: Quem teria deixado o bilhete em seu caderno de matemática? Logo no da matéria que ela mais precisava estudar?

Depois ela começou a “viajar” e pensar nas lições de matemática, que não sabia e tinha que aprender. “Se fosse pelo menos divertido!” Mas logo voltou a pensar no bilhete misterioso: “Encontrar alguém em frente à casa azul às 19 horas?” “Quem poderá ter mandado o bilhete?” “O Everton?” Pensou, pensou e concluiu que, com certeza, não foi o Everton que escreveu o bilhete. Então abriu o seu diário e começou a olhar nome por nome. Primeiro o dos meninos, ela estava torcendo para que um deles tivesse escrito o bilhete. Douglas, Iago, Fernando, Maurício, esses eram todos bagunceiros e não escreveriam esse bilhete.

Continuou vendo outros nomes e relendo o seu diário, releu os poemas deixados pelos seus amigos, papel de chiclete colado nas páginas, frases escritas e nada de achar um suspeito, o seu apaixonado secreto. Este é só um pequeno resumo do começo dessa história. A história continua e a gente fica querendo descobrir os mistérios dela. Vera Márcia ainda vai viver muitas aventuras e no final vai desvendar o mistério da casa azul e conversar com a sua moradora ilustre. Gostei muito da casa azul, vou pedir para o Marciano me levar lá, também.

Marciano Vasques é escritor e professor. Nasceu em Santos (SP), passou a infância lendo gibis e virou um apaixonado por HQ e histórias de mistérios. Já adulto conheceu a Literatura Infantil e começou a escrever para o leitor pequeno (que ele considera um grande leitor). Gostou tanto da experiência que até decidiu estudar Literatura Infantil e Juvenil. Além de escrever gosta muito de ler. Já possui mais de quinze livros publicados, entre eles Uma dúzia e meia de bichinhos, Espantalhos, Rufina e Encontro com Tatiana Belinky. Também escreve crônicas para alguns jornais e sempre é convidado pelas escolas para realizar oficinas com os alunos e também com os professores.

Lúcia Hiratsuka é ilustradora e escritora. Nasceu em Duartina, interior de São Paulo. Quando criança, costumava riscar o chão do quintal com muitos desenhos, sonhando um dia trabalhar com isso. Veio para São Paulo com 16 anos, estudou e depois de se formar em Artes Plásticas, passou a se dedicar a Literatura Infantil e Juvenil. Estudou os livros de imagem no Japão onde também expôs seus trabalhos. Voltando ao Brasil lançou livros recontando os contos populares do Japão, que ouvia na infância, contados pela avó. Escreveu e ilustrou Os livros de Sayuri, Festa no céu Festa no mar, Histórias de Mukashi, Contos da montanha, entre outros.

14º Salão da FNLIJ no Rio – Eu vou!

No ano passado fiz um post sobre a FELIT, uma feira de livros que aconteceu aqui perto, na cidade de São Bernardo do Campo (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=1577). Nesse post eu falei de um ditado antigo, que diz que “se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé”. Eu me lembrei desse ditado, pois sempre quis ir ao Salão da FNLIJ, uma feira de livros que acontece todo ano na cidade do Rio de Janeiro e é organizada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). No ano passado a FNLIJ promoveu a FELIT em São Bernardo e eu pude ir.

Muita gente falou que a FELIT foi igualzinha ao Salão do Rio de Janeiro. Como eu ainda não fui ao Salão, não posso dizer nada. O pessoal da Sintaxe disse que foi parecida, mas não foi igual: “Também juntou um monte de escritores e ilustradores bacanas, lançando livros e conversando com o público, como no Salão, mas o Salão da FNLIJ é diferente, tem um clima especial e além do mais, acontece na cidade do Rio de Janeiro, que é outra história”. E eles ainda me provocaram:

– Você precisa conhecer, Heitor. Neste ano nós vamos… Começa na próxima quarta-feira, dia 18. Quer ir com a gente?
– Claro que eu quero, mas não sei se os meus pais vão deixar.
– Nós vamos conversar com os seus pais…

Eles conversaram, e os meus pais me deixaram ir.
Não sou Maomé, mas desta vez sou eu quem vai à montanha: Na semana que vem vou conhecer o Salão da FNLIJ e o Rio de Janeiro!

Notícias da minha luta política

Vereador quer revogar a lei da prefeitura

No post anterior falei da passeata e no outro contei que a prefeitura desistiu de vender o terreno do meu bairro, onde fica a minha biblioteca, o teatro, duas escolas, uma creche, dois serviços de saúde e a APAE. Mas a prefeitura só desistiu porque não ia dar tempo de fazer a licitação e vender ainda neste ano. Ela disse que vai deixar tudo pronto para o próximo prefeito continuar o seu projeto no ano que vem. Por isso temos que continuar lutando, convencendo os conselheiros do Condephaat a votar pelo tombamento do quarteirão e “procurar outras estratégias de luta”.

O vereador Eliseu Gabriel, que está do nosso lado desde o início do movimento, já deu entrada em um projeto de lei na Câmara para pedir a revogação da lei da Prefeitura, que foi aprovada pela maioria dos vereadores em junho do ano passado e que permite a venda do nosso quarteirão. Ele disse que “esse pedido foi criado, pois enquanto essa lei estiver em vigor, o perigo é eminente”. Depois vou falar com o pessoal do movimento pra saber quando esse projeto será votado. Acho que temos ir à Câmara pra convencer alguns vereadores a ficar do nosso lado, desta vez.

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Antonio Prata, Laerte e mais luta política

Eu ia escrever este post na semana passada, quarta-feira à tarde, quando voltei da passeata, mas não consegui, foi semana de provas na escola e eu não tive tempo pra nada. Nesses dias meus pais controlam minha internet e dizem que é para me “dar limites, que eu tenho que estudar pras provas e que o blog pode esperar”. Não gosto de ficar muitos dias sem escrever aqui, quem me acompanha vai achar que eu desisti. Nunca vou desistir do meu blog, ele só me dá alegria! Com ele conheci muita gente legal e aprendi um monte de coisa bacana. Hoje, como minhas provas já acabaram, vou escrever o post e falar da passeata em comemoração à vitória parcial da nossa luta política, de um livro que eu li e do o lançamento que fui no outro sábado. Vou começar pela passeata.

Mais notícias da nossa luta política

Na quarta-feira passada fez um ano da primeira passeata em defesa do quarteirão do nosso bairro e pra comemorar nós fizemos outra, e festejamos a vitória parcial da nossa luta. Na primeira passeata eu ainda não conhecia ninguém, foi o primeiro evento que eu participei e só queria defender a minha biblioteca. Meu pai me incentivou a ir e disse que seria a minha primeira luta política. Na época não entendi direito o que ele estava dizendo, mas achei legal. Depois desse dia, eu fui a muitos outros eventos do nosso movimento. Fui a uma audiência pública na Câmara Municipal, duas vezes ao Condephaat, participei de diversas reuniões, fiz panfletagens e caminhadas, ajudei a agitar o nosso bairro e contei quase tudo aqui no blog. (Tem muitas coisas dessa história, que eu ainda não contei, coisas que só eu vi e um dia vou contar, não sei se aqui ou em outro lugar).

Hoje conheço muita gente, tenho novos amigos e aprendi muitas coisas. Agora a minha luta é em defesa de todo o quarteirão do bairro. Luto pela biblioteca; pelo teatro; pelas duas escolas; pela creche; pelos dois serviços de saúde, a UBS e o CAPS; e pela APAE. E sou contra este projeto da prefeitura e a especulação imobiliária que quer acabar com o quarteirão do meu bairro e de outros bairros, e destruir o patrimônio histórico e cultural da cidade. Eles se esquecem dos alunos das duas escolas do quarteirão, das crianças da creche, das pessoas que usam os serviços de saúde, dos que vão ao teatro ou frequentam a biblioteca. Nem querem saber que lá é um parque escola, um projeto do Anísio Teixeira, e que a biblioteca está nesse terreno por sugestão do Monteiro Lobato. Eles só pensam em construir prédios e ganhar dinheiro. “É a força da grana”, diz o meu pai. Mas desta vez fomos mais forte que ela.

A passeata começou ao meio-dia e eu cheguei às 11h00 para ajudar a pregar as faixas. O Helcias e o Luiz, do Grupo de Memórias do bairro, e o Hamilton, do CAPS, já estavam por lá. Logo depois chegou o meu amigo bibliotecário, o João Gabriel. Também chegaram a Nena, a Vera, a Joyce e a Luciana, moradoras do bairro, a Lucila, do Movimento Defenda São Paulo, a atriz Eva Wilma e o Roberto, assessor de imprensa do nosso movimento. O vereador Eliseu Gabriel e o deputado Carlos Giannazi, que estão com a gente desde o começo, também vieram. Foram chegando mais gente, os usuários dos serviços de saúde, mais moradores do bairro, pessoas que eu já vi em outros eventos da nossa luta e finalmente os quatrocentos e cinquenta alunos e os professores da escola estadual que fica no quarteirão. Eles chegaram gritando: Aha-uhu, o quarteirão é nosso! Aha-uhu, o quarteirão é nosso! Aha-uhu, o quarteirão é nosso! E animaram a passeata, que no total, tinha quase mil pessoas.

Tinha até carro de som, o Helcias, o vereador e o deputado fizeram discursos. A Eva Wilma leu o nosso manifesto – alguém gravou, peguei o vídeo do YouTube e coloquei aí embaixo. Depois saímos em passeata gritando nossas “palavras de ordem”: Aha-uhu o quarteirão é nosso! Aha-uhu o quarteirão é nosso! Andamos pelo quarteirão e todas as pessoas que encontramos pelo caminho, apoiaram a nossa luta. Foi um sucesso a nossa segunda passeata, mas temos que continuar lutando, se o próximo prefeito quiser, ele pode vender, a Câmara já autorizou a venda (até hoje não me conformo com isso!). Alguns vereadores estão do nosso lado, mas a maioria votou a favor da prefeitura. Só vamos ficar tranquilos, mesmo, quando o Condephaat tombar o nosso quarteirão como patrimônio histórico e cultural. Só assim ele estará protegido para sempre. No final fui me despedir dos meus amigos, pois tinha que voltar para casa pra estudar, e o Luiz me perguntou:

– Você se lembra de como estava o tempo na passeata do ano passado, Heitor?
– Sim, claro que eu me lembro, estava nublado e choveu.
– E hoje?
– Está aberto e fazendo muito sol.
– E o que significa isso?
– Que o tempo também está do nosso lado.

Rimos e eu fui embora pra casa, feliz, muito feliz!


Eva Wilma leu o nosso manifesto

Antonio Prata e Laerte

No outro sábado eu fui ao lançamento de um livro chamado Felizes Quase Sempre. Quem escreveu esse livro foi o Antonio Prata, e o Laerte fez as ilustrações. Eu já falei do Laerte aqui no blog, duas vezes. Uma vez eu falei de um livro dele que se chama Carol. É um livro de quadrinhos. Eu li, entrevistei o Laerte e contei no post “Li uma HQ e entrevistei o autor” (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/?p=198). Depois eu encontrei o Laerte na Bienal e contei aqui, também. Eu sempre leio as tirinhas do Laerte no jornal e gosto muito.

Outro dia eu vi uma entrevista dele na televisão. Ele está se vestindo de mulher e nessa entrevista ele falou sobre isso. Eu assisti a entrevista até o final, conversei com minha mãe e cheguei a seguinte conclusão: Vestir-se de mulher é a luta política do Laerte! Como a minha luta em defesa da biblioteca do meu bairro. Gostei da luta política do Laerte e soube que ele já teve outras. No sábado, quando vi que ia ter esse lançamento, pensei: “Tenho que ir! Quero encontrar o Laerte e ver se ele se lembra de mim”.

Também queria aproveitar para conhecer o Antonio Prata. Meu pai sempre lê as crônicas dele no jornal. Eu já disse aqui que gosto de ler jornal com o meu pai. Quando eu não entendo alguma notícia, ele me explica. Também quando tem alguma coisa interessante ou engraçada ele passa para eu ler. Outro dia ele me mostrou uma crônica do Antonio Prata muito engraçada. Gostei tanto do jeito que ele escreve, que toda semana dou uma olhada e se o assunto é legal, eu leio, também. E sempre é!

Na crônica desta semana, por exemplo, ele contou que uma vez, quando voltava de Ubatuba, parou para abastecer o carro, e para impressionar a namorada – era a primeira viagem deles juntos – resolveu calibrar os pneus. “Menos por necessidade do que pelo gesto, que a meu ver envolvia certo charme viril”. E enquanto ele estava agachado, calibrando, ouviu a garota perguntando: “Você não quer dar uma olhada na água?” Ele entrou em pânico, pois não tinha a menor ideia onde ficava a água e para que servia. Mesmo assim, ele respondeu: “Claro.” Abriu o capô e “entornou” uns cinco litros de água no galão de óleo. Mesmo assim, o carro resistiu até chegar em São Paulo e ele acha que valeu a pena, pois essa garota está com ele até hoje. Pelo menos até o dia em que publicou a crônica, ele escreveu.

Fui ao lançamento e quando cheguei lá tinha muita gente. Fila pra comprar o livro e fila para o autógrafo. Entrei na primeira fila, comprei o livro e a moça do caixa me perguntou para quem era o autógrafo. Eu disse que era pra mim, mesmo. Ela perguntou meu nome. Eu respondi: Heitor. Ela escreveu o meu nome num papelzinho e grudou no livro. Peguei meu livro, fui para a fila do autógrafo e logo chegou minha vez. Primeiro eu falei com o Antonio Prata e me apresentei: “Meu nome é Heitor, gosto muito de ler e tenho um blog, o blog do Le-Heitor”. Ele abriu um sorriso – acho que ele gostou de mim – e depois me pediu para enviar um e-mail pra ele com o link do meu blog, que ele queria ver. Vou mandar, hoje, mesmo! No autógrafo ele escreveu assim: “Pro Heitor, leitor imaginário! Abraço concreto do Antonio Prata.” Gostei do “leitor imaginário”. Agora tenho mais um apelido! Depois fui pegar o autógrafo do Laerte: “Oi, Laerte. Tudo bem? Eu sou o Heitor do blog. Lembra de mim?” Ele também sorriu e disse que se lembrava, sim. No autógrafo o Laerte desenhou pra mim, um dragão bem legal!

O livro Felizes quase sempre, escrito por Antonio Prata e ilustrado pelo Laerte começa contando a história de uma princesa que viveu feliz para sempre. “Ah, ela nunca vai esquecer do primeiro dia em que viveu feliz para sempre! Acordou ao lado do seu príncipe encantado só quando não tinha mais nem um tiquinho de sono para aproveitar, abriu a janela do quarto lá no alto do castelo e deu de cara com o dia mais lindo que já fez num conto de fadas. O sol brilhava bem forte no meio do céu azul e uma única nuvenzinha passava num canto, caso eles quisessem deitar na grama e brincar de adivinhar as figuras.” Depois eles passaram o dia todo brincando, cantando, montando a cavalo, andando de bicicleta, tomando banho de cachoeira, fazendo guerra de frutas no pomar e se divertiram muito.

Depois desse primeiro dia feliz vieram outros, muitos outros, sempre felizes, para sempre, e sempre iguais. Aquela história já estava ficando muito chata e eles descobriram que a felicidade também cansa. “A gente tem que parar de ser feliz para sempre! Se não tiver uma infelicidadezinha de vez em quando, a vida perde a graça!” Começaram a se lembrar das coisas que aconteciam antes de ficarem felizes para sempre e sentiram saudades. A princesa sugeriu que eles fizessem uma reunião, um encontro com todo mundo que era feliz para sempre. Foram à biblioteca, leram os contos de fada, anotaram os nomes dos personagens, pesquisaram na internet, descobriram os e-mails e mandaram o seguinte convite:

Assunto: Cansado de ser feliz.
Olá, se você não aguenta mais ser feliz para sempre e quer fazer algo a respeito, não perca a reunião no nosso castelo, sábado de manhãzinha!

Eles se encontram e decidem mudar o final das suas histórias. O que eles fazem para mudar é bem legal. Vocês precisam ver!

Antonio Prata nasceu em São Paulo em 1977. Estudou filosofia na USP, cinema da FAAP e Ciências Sociais na PUC-SP. Tem nove livros publicados, entre eles As pernas da tia Corália (Objetiva, 2002), O inferno atrás da pia (Objetiva, 2004), Adulterado (Moderna, 2009) e Meio intelectual e meio de esquerda (Editora 34, 2010), que recebeu o Prêmio Jabuti na categoria contos e crônicas. Entre 2003 e 2010, escreveu para o jornal O Estado de S. Paulo; e depois passou a publicar suas crônicas na Folha de S. Paulo, sempre às quartas-feiras. Trabalha também como roteirista de cinema e TV, colaborando na novela Avenida Brasil, da Rede Globo.

Laerte é reconhecido como um dos mais importantes cartunistas do Brasil. Nascido em São Paulo em 1951, estudou desenho e teatro na FAAP e técnicas de animação na Escola Panamericana de Arte. Desde 1991, publica na Folha de S. Paulo, onde criou personagens como Overeman, Suriá e Lola, a andorinha. Foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba e ganhou Prêmio Angelo Agostini, além de ter recebido o Troféu HQ Mix em todas as suas edições. Ilustrou, entre outros, O livro das tatianices, de Tatiana Belinky (Moderna, 2004); Agora eu era, de Arthur Nestrovski (Companhia das Letrinhas, 2009); e O doente imaginário, de Molière, com adaptação de Marilia Toledo (Editora 34, 2010).

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