Li três livros de Ondjaki

Gosto de fuçar nas estantes das livrarias a procura de livros novos pra ler, também faço isso nas bibliotecas, nas duas que mais frequento na minha cidade, a Anne Frank e a Monteiro Lobato. Tem muitas coisas que me chamam a atenção para um livro, a capa, o título, o autor, quando é conhecido. Se gosto do livro assim de cara, já começo a ler os textos; o da quarta capa, que é aquele impresso na parte de trás do livro; e a orelha, que é o texto escrito naquela dobra que tem na capa.

Se o interesse vai aumentando, leio a apresentação, quando tem; ou o começo do primeiro capítulo. Sempre que chego até aí, dá vontade de levar o livro e terminar de ler em casa. Quando estou na biblioteca é fácil, só pegar emprestado; na livraria, nem sempre tenho dinheiro pra comprar, daí fico na vontade. Apesar de que para livros meus pais sempre me dão dinheiro, e depois, eu não peço tanto assim.

Foi o que me aconteceu outro dia, estava fuçando numa livraria e vi, de longe, um livro que tinha uma capa muito bonita, cheguei mais perto e o peguei na mão, Os da minha rua, é o nome do livro. Esse título já me fez lembrar as histórias que sempre ouço de meu pai e de sua rua da infância, inclusive contei uma dessas histórias no post anterior. Também me lembrei do meu amigo e vizinho Lipe, e das nossas histórias, que não são tão emocionantes como as de meu pai, mas que são bem legais também.

Não conhecia o autor. Abri pra ver se o livro era, mesmo, como eu estava pensando – às vezes a gente pensa que um livro é uma coisa, mas ele é outra. Li a orelha, a apresentação e a primeira história, é um livro de contos. Os da minha rua é exatamente como pensei, melhor até. Levei pra casa – nesse dia tinha dinheiro pra comprar – li e gostei tanto, que fui procurar outros livros desse autor. Encontrei, li três livros de Ondjaki e hoje vou falar deles, dos livros e do escritor.

Infância em Luanda de escritor angolano é inspiração para seus livros

Além de Os da minha rua, li A bicicleta que tinha bigodes, e Uma escuridão bonita, que é ilustrado com desenhos de António Jorge Gonçalves. Também quero ler o AvóDezanove e o segredo do Soviético, que ganhou Jabuti de Melhor Livro Juvenil em 2010, mas esse vai ficar pra depois, minha cota pra comprar livros neste mês, já se esgotou. Enquanto lia os três livros, assisti a uma entrevista com Ondjaki na TV, vi outros vídeos na internet, e fiquei sabendo muita coisa de sua vida e de sua obra.

Descobri que muitas histórias que estão em alguns de seus livros são inspiradas em suas próprias histórias, ele disse que sempre gostou de ouvir e de contar histórias e acha que foi por isso que virou escritor. Seu nome verdadeiro é Ndalu de Almeida, nasceu em Angola, na cidade de Luanda, escreve para adultos, mas também já publicou livros juvenis e infantis, e ganhou muitos prêmios literários.

Tchissola, Lelinha, Ndalu, Kiesse e Dilo, personagens de "Bom dia camaradas"

Ondjaki tem livros em que o narrador é uma criança, disse que quando escreveu esses livros foi como se essa criança tivesse ditado a história para ele, essas histórias se passam em Luanda e tem personagens que existem, de verdade, como sua avó, seus pais, suas irmãs.

Ele conta que a cidade de Luanda é cheia de histórias, “se uma pessoa chega atrasada a um compromisso, ao invés de, simplesmente, se desculpar, ela vai contar uma história, vai inventar uma história”. A cidade também é inspiração para seus livros, principalmente a Luanda de sua infância: “Se eu lembro de Luanda eu lembro-me de coisas boas, e se eu me lembro de coisas boas, eu fico com vontade de escrever, depois é só decidir se aquilo dá ou não dá para fazer material para um livro”.

A estória que valia uma bicicleta

A bicicleta que tinha bigodes, de Ondjaki, publicado pela Pallas Editora é um dos seus livros em que o narrador é uma criança, que como disse o autor, ditou toda a história para ele. O livro conta que na rua do menino narrador vivia o tio Rui, um “escritor que inventa estórias e poemas que até chegam a outros países muito internacionais”. O Camaradamudo, “um senhor gordo que fala pouco” e que também vive nessa rua, disse que as estórias do tio Rui viraram peças de teatro num país de nome comprido, “parece que se diz ‘Julgoeslávia’.” Um dia o menino ouviu uma notícia na rádio, que iam dar uma bicicleta colorida, bem bonita, para quem escrevesse a melhor estória.

Mas ele não tinha jeito nenhum para essa coisa das estórias e foi falar com outras crianças pra saber quem tinha ideias e queria participar do concurso nacional da bicicleta colorida. Ninguém quis ajudar, então foi conversar com o Camaradamudo e por fim conseguiu a ajuda de sua amiga Isaura. Juntos, elaboraram um plano, que se ganhassem, dividiriam a bicicleta nos dias da semana. O plano seria pegar alguma história do tio Rui, que ficavam presas em seu bigode e depois eram guardadas em uma caixa pela tia Alice. “Ela esfregava os bigodes, soprava, esperava e aquilo acontecia: pequenas letras caíam do bigode para a caixa, eram vogais de ‘a’, ‘e’, ‘i’, ‘o’, ‘u’, mas também sobras de ‘k’ e ‘w’, alguns ‘t’, e dois ‘h’.”

Essa é só uma parte bem pequena do livro, pois até ele conseguir escrever a estória pra tentar ganhar a bicicleta, acontecem muitas coisas na história desse livro, bonitas e engraçadas. No final ele manda pra rádio a sua estória, que não é bem uma estória, mas que só vai descobrir o que é, quem ler o livro.

Histórias da rua de Ondjaki em Luanda

Li na apresentação de Os da minha rua, de Ondjaki, publicado pela editora Língua Geral, que o livro faz parte da coleção Ponta de Lança, que apresenta “aos leitores brasileiros vozes novas, ou ainda pouco conhecidas”, algumas aqui do Brasil, mesmo, outras da África, da Ásia e da Europa, “expressando-se” em Português. Quando conheci o Museu da Língua Portuguesa e contei aqui no blog, eu disse que adoro essas coisas, saber que posso conversar com pessoas de outras partes do mundo, na minha língua.

Agora, ao ler esse livro de Ondjaki, descobri que não é só na língua que somos parecidos, muitas histórias da sua rua, que fica na cidade de Luanda, em Angola, país da África se parecem com as histórias daqui, que li, ouvi e até vivi, algumas.

Como já disse é um livro de contos, são 22 histórias, uma mais legal que a outra, narradas pelo “miúdo” Ndalu, o nome verdadeiro Ondjaki, têm personagens de sua vida real, sua mãe, seu pai, sua tia, seu tio, seu avô, sua avó, seus professores cubanos e seus amigos de infância. Certamente são histórias de sua própria infância ou, pelo menos, muito parecidas com ela.

Tem histórias engraçadas e divertidas, outras emocionantes e até um pouco tristes – confesso que chorei em algumas, mas todas muito bonitas. Não é um livro juvenil, mas li, adorei e entendi quase tudo. Só algumas palavras do português falado em Angola, que eu não sabia o que eram, mas no final do livro tem um glossário, que explica todas, no A bicicleta que tinha bigodes também tem glossário.

A estória de um beijo

O livro Uma escuridão bem bonita, escrito por Ondjaki e publicado pela Pallas Editora é juvenil. Tem ilustrações de António Jorge Gonçalves, são desenhos muitos bonitos, que ajudam a criar o clima romântico da história, que começa quando a luz elétrica acaba de repente. O narrador da história puxa conversa com uma menina e lhe faz uma pergunta: “Tu não achas que as pessoas são uma coisa tão bonita?”

A menina não responde, só lhe faz “uma festinha rápida na mão”, e ele descobre que “uma pessoa pode dizer coisas sem ser com a voz de falar”. A história continua e ele vai pensando e refletindo sobre outras descobertas, até perceber que a mão da menina estava perto da dele, e sente “uma comichão de ausência na proximidade daquele calor” e tenta esconder que o que ele mais queria naquele momento, era uma “carícia calada” dela.

Ele arrisca outra pergunta: “Achas que pode caber o que no coração das pessoas?” Ela responde: “Muitas coisas. Um poema, uma recordação, um cheiro de infância, um ‘desejo de estrelas’…” “Como é um ‘desejo de estrelas’?” “É olhar para uma estrela e desejar uma coisa.” Eles continuam conversando até voltar o silêncio, que ele interrompe com outra pergunta:

“Achas que o coração das pessoas é pequeno?” “Sim. Pequenino mesmo.” E o silêncio volta novamente, que “fica muito nítido na ausência da luz.”  – Nesses silêncios da história ele reflete sobre umas coisas bem legais. Desta vez ele interrompe o silêncio com um pedido: “Dá-me só um beijo…” “Não posso…” Ele percebe os dentes dela rindo na escuridão. “Porquê?” “Porque não tenho vontade.” E a história continua, com conversas, silêncios, reflexões, cinema imaginário, até chegar… Nem preciso dizer que no final eles se beijam, um beijo tão delicado, que só vendo…

Ondjaki (Ndalu de Almeida) nasceu em Luanda, Angola, em 1977, e atualmente vive no Rio de Janeiro. Escreve romance, contos e às vezes poesia. Também escreve para cinema e correalizou o documentário “Oxalá cresçam Pitangas”, sobre a cidade de Luanda. É membro da União dos Escritores Angolanos, licenciado em Sociologia em Portugal, fez doutorado em Estudos Africanos na Itália. Recebeu os prêmios António Jacinto (Menção Honrosa, Angola); Sagrada Esperança (Angola, 2004); Prêmio Literário António Paulouro (Portugal, 2004); Grande Prêmio do Conto (A.P.E., Portugal, 2007); Grinzane – young african writer (pelo conjunto da obra, Itália/Etiópia, 2008); Prêmio Bissaya Barreto de Literatura para a Infância (Portugal, 2012); Prêmio Literário José Saramago (Portugal, 2013); FNLIJ – juvenil (Brasil, 2010 e 2013); e Jabuti – juvenil (Brasil, 2010). Seus romances, contos, poesia e livros infantis, foram traduzidos para o francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio, polonês e sueco.

António Jorge Gonçalves é de­senhista, ilustrador e nasceu em Lisboa, Portugal. Faz HQ (história em quadrinhos), ilustração edi­torial, cartoon político e desenho digital ao vivo. Publicou e expôs em Portugal, Austrália, Coreia do Sul, Espanha, França, Bélgica e Itália. Desenha semanalmente um cartoon político (suplemento Inimigo Público, no jornal  Público). Tem trabalhado extensivamente na área performativa criando cenografia para várias peças de teatro e fazendo Desenho Digital ao Vivo com músicos, atores e baila­rinos em Portugal, França, Alemanha, Japão e EUA. Criou o projeto Subway Life desenhando pessoas sentadas em carruagens do Metrô em várias cidades do mundo. Leciona sobre “Es­paços Performativos” no mestrado em artes cênicas da FSCH (Lisboa).

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Abaixo a ditadura

Agora, em 2014 vai completar 50 anos do golpe que tirou João Goulart da presidência do Brasil e implantou a ditadura militar no nosso país, isso aconteceu no dia 31 de março de 1964 e a ditadura durou até 1985. Foram anos difíceis, já li e ouvi muitas histórias a respeito dessa época. Hoje vou falar de um livro que descobri no jornal, li no ano passado e estava esperando uma oportunidade pra falar dele: 1968 – Ditadura Abaixo, escrito por Teresa Urban e ilustrado por Guilherme Caldas.

A autora Teresa Urban morreu em junho de 2013, aos 67 anos, de infarto. Li a matéria do jornal anunciando sua morte e contando que ela era jornalista, defensora do meio ambiente, lutou contra a ditadura, e foi presa e torturada pelo regime militar. Ela queria explicar aos netos por que sua geração lutou contra um regime autoritário, e fez esse livro, que foi lançado em 2008, e junta textos e história em quadrinhos. Hoje vou falar dele, mas antes quero contar uma história bem legal que ouvi de meu pai e tem tudo a ver com esse assunto.

História de meu pai menino

Aprendi a gostar de muitas coisas com meu pai, como ler jornal, jogar futebol e contar histórias. Meu pai gosta de contar histórias e eu adoro ouvir as histórias dele, principalmente as de sua infância. Meu pai viveu a infância numa rua sem saída e sem asfalto, aqui mesmo na cidade de São Paulo. Ele jogava bola na rua com seus amigos e marcava o gol com pedras, só tinham traves quando jogavam no campo do adversário da rua de trás ou numa quadra de futebol-de-salão, que ficava a uns quinhentos metros da casa dele, mas isso era só de vez em quando, o dia-a-dia era no chão batido, mesmo.

A rua também era um ponto de encontro, no começo da noite eles se reuniam pra conversar e contar histórias, até já falei aqui no blog dessas conversas e das competições com histórias de assombração. Na rua de meu pai havia duas turmas, a turma dos mais velhos, que eles chamavam de “grandões” e a dos “pequenos”, que era a que meu pai pertencia. Na época em que aconteceu a história que vou contar agora, meu pai ainda era criança, e alguns dos “grandões” já saiam pra trabalhar e todo dia traziam histórias de fora pra contar na roda. Outros foram servir o exército e à noite voltavam com histórias emocionantes lá dos quartéis.

Meu pai disse que pela localização de seu bairro, todos os “grandões” serviam o exército no quartel de Quitaúna, que ficava na cidade de Osasco. E foi nesse quartel que o Nenéco serviu, “o Nenéco era irmão do Li, um amigo da minha idade” – lembrou meu pai. Um dia já estavam todos reunidos, conversando e o Nenéco chegou com cara de assustado:

– Vocês não vão acreditar o que aconteceu hoje lá no quartel…
– O que foi que aconteceu, Nenéco?
– O capitão enlouqueceu!
– Por quê? O que foi que ele fez?
– Ele mandou a gente carregar uma Kombi com fuzis.
– E o que vocês fizeram?
– Carregamos… E o capitão foi embora, saiu do quartel com a Kombi cheia de fuzis FAL.

Havia censura e essas notícias não saiam no jornal, só depois de alguns anos, estudando História, meu pai descobriu que o que o Nenéco contou era História importante do Brasil. Nesse dia, um capitão do exército saiu do quartel, levou consigo 63 fuzis FAL, três metralhadoras leves e munição, deixou as Forças Armadas e foi para a clandestinidade lutar contra o regime militar.

Sim, o capitão do Nenéco era o Lamarca! O Nenéco driblou a censura e veio dar a notícia na roda da rua de chão batido, onde meu pai e seus amigos jogavam futebol. EXTRA! EXTRA! Ele contou essa história algumas horas depois de ela ter acontecido, a história do dia em que o capitão Lamarca abandonou o exército e foi lutar contra a ditadura militar. E meu pai também estava lá pra ouvir a notícia.

Livro com HQ conta história da luta política contra a ditadura

Quem me conhece sabe que eu adoro uma luta política, depois que participei da luta em defesa da biblioteca do meu bairro, não quero mais parar. Hoje estou participando de um movimento pra criar o Plano Municipal do Livro e da Leitura na cidade de São Paulo, já falei um pouco dele aqui. Esse processo andava meio parado na prefeitura, mas acabei de saber que a portaria que cria o grupo de trabalho (GT) já está pronta, e a secretaria de cultura quer marcar um evento público pra fazer as assinaturas. OBA! Depois conto mais detalhes.

Também, por tudo isso, adorei ler 1968 – Ditadura Abaixo. Escrito por Teresa Urban, com quadrinhos de Guilherme Caldas, e publicado pela Arte & Letra Editora, o livro é dividido em cinco partes: “Muito, muito antes de 1968”; “Pouco antes”; “1968”; “Depois”; e “2008”; ano em que o livro foi lançado. Em “Muito, muito antes de 1968”, a autora, só com textos, faz um resumo da história do Brasil e do mundo, começando antes do descobrimento, e indo até 1960, quando foi inaugurada a nova capital do Brasil, Brasília. Em “Pouco antes”, ainda em forma de textos, ela conta o período que começa em 1960, fala dos grandes movimentos políticos e culturais no Brasil e no mundo, do golpe em 1964, até chegar em 1967, quando foi criado o Conselho de Segurança Nacional (CSN).

A terceira parte, “1968”, é a maior parte do livro. No formato de quadrinhos de Guilherme Caldas, com “personagens fictícios e fatos, nem tanto”, uma moça “um pouco excêntrica”, um rapaz “bem educado”, “um sujeito misterioso”, um louco por teatro, outro “louco por cinema”, dois “rebeldes”, e um “líder” contam como se organizaram pra enfrentar a ditadura militar, e como viveram aqueles tempos movimentados e difíceis.

Além de mostrar essa história, nessa parte o livro reproduz fotos, capas de revistas, jornais, propagandas, letras de músicas, cartazes de peças de teatro e filmes da época; cartas e documentos da Polícia Federal e da União Paranaense dos Estudantes; manifestos, bilhetes; fichas policiais e lista de pessoas procuradas e perseguidas; e outras referências, que documentam e ilustram a história contada nos quadrinhos.

Na quarta parte, “Depois”, a autora volta à forma de texto e faz um resumo de como foram os anos seguintes à ditadura, até acabar, em 1985, e na quinta e última parte, “2008”, ela mostra como estavam os pesonagem dessa história no ano que o livro foi publicado.

Teresa Urban (1946 – 2013) nasceu e viveu em Curitiba (PR). Formou-se em jornalismo em 1965 pela Universidade Federal do Paraná. Participou dos movimentos estudantis, fez militância política contra a ditadura e ingressou na Organização Revolucionária Marxista (Polop). Foi presa diversas vezes e exilou-se no Chile de 1970 a 1972. Trabalhou no jornal A Voz do Paraná, colaborou com O Estado de S. Paulo, O Globo, revista Veja, entre outros, e foi pioneira, especializando-se em jornalismo ambiental. Também militou nessa área contribuindo para projetos do SOS Mata Atlântica, Mater Natura e ajudou no mapeamento dos remanescentes da floresta de araucária no estado do Paraná, e a desenvolver a Rede Verde de Informações Ambientais, além de atuar também no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conam). Escreveu mais de 20 livros.

Guilherme Caldas é artista plástico e ilustrador, nasceu em Curitiba, frequentou o atelier do pintor paranaense Andrade Lima e cursou Artes Plásticas em São Paulo, na Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP). Viveu em São Paulo por 9 anos, criou fanzines e um deles, o Candyland virou uma linha de camisetas. Voltou para Curitiba em 1999 e passou a tocar a Candyland Comics, marca de roupa e escritório de ilustração e design gráfico. Atua no mercado publicitário, atende agências e produtoras como ilustrador, designer gráfico e projetos de animação. Em quadrinhos publicou Comércio, um dos volumes da coleção Mini Tonto, de Fábio Zimbres, entre outros.

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Encontro de blogueiros e Anne Frank

Hoje vou falar de um encontro de blogueiros de literatura que participei na semana passada, de uma exposição sobre Anne Frank que vi na biblioteca do meu bairro e do livro O diário de Anne Frank.

Na outra semana o pessoal da Sintaxe me ligou.

– E aí, Heitor, beleza?

– Beleza… E vocês?

– Também… Então, a Livraria da Vila e o PublishNews vão promover um encontro de blogueiros literários, entra lá no site e faz sua inscrição.

– Eu vi, eles vão selecionar trinta blogs para esse encontro… Será que eu tenho chance?

– Claro que tem!

Fiz minha inscrição, mas não acreditava que seria selecionado, tem tanto blog bacana por aí… Dois dias antes do encontro recebi um e-mail:

“Boa noite. Estou enviando este email apenas para confirmar que sua inscrição no I Encontro de Blogs de Letras foi confirmada e você foi um dos selecionados para participar. Caso não possa estar presente, por favor, me envie um email para que eu possa colocar outra pessoa em seu lugar. O Encontro será na próxima quarta-feira, às 18h30 no auditório da Livraria da Vila de Pinheiros. Abraços, Matheus.”

Fiquei muito feliz e respondi ao e-mail do Matheus:

“Oi, Matheus. Bom dia. Presença confirmadíssima! Até lá, abraços, Heitor.”

Ganhei presentes e conheci mais um escritor

Peguei um ônibus perto de casa, que me leva até a Livraria da Vila de Pinheiros, chegando lá encontrei o meu amigo escritor Jeosafá Fernandes Gonçalves, ele tem um blog chamado “Amplexos do JeosaFÁ” e também foi selecionado para esse encontro. Fomos para o auditório da livraria e o Sérgio Pavarini, do “PavaBlog”, que, junto com o PublishNews, a Livraria da Vila e a Editora Record organizaram esse evento, começou a fazer as apresentações. Ele falou de seu trabalho e pediu que a gente se apresentasse, também. Quando chegou minha vez, contei a história do meu blog e, como ouvi alguns dizendo que participavam de clubes de leitura, também falei dos clubes de leitura que a gente faz aqui no blog. Quando terminei de falar o Sérgio fez o seguinte comentário:

– Legal, que as pessoas falam, aproveitam e já fazem o seu marketing.

Fiquei pensando: “Será que fui muito exibido?”

Depois o Sérgio dividiu a turma em cinco grupos de seis e começamos uma competição. Ele fez várias perguntas sobre livro e literatura, e o grupo que acertasse a resposta, ganhava pontos. Se errasse, passava a mesma pergunta para o próximo grupo, valendo mais pontos, ainda. No final da competição, quando faltava apenas uma pergunta, meu grupo não tinha feito nenhum ponto, sequer. Os outros grupos tinham 15, 12, 10, 7 e 5 pontos mais ou menos, e o nosso tinha zero. Que vergonha!

Quando chegou à última pergunta, a regra era apostar os pontos que quisesse, e só haveria um acertador. Apostamos quinze, pois era tudo ou nada, se errássemos, sairíamos devendo 15, se acertássemos, seríamos os grandes campeões. Adivinhem o que aconteceu? Acertamos e ganhamos uma caixa luxuosa de metal com livros da Editora Record. Cada pessoa do grupo ganhou uma caixa, antes a gente já tinha ganhado uma sacola com kits (blocos de anotações, etc) e dois livros do escritor que conheci lá, o Santiago Nazarian: Garotos Malditos e Mastigando Humanos.

Existencialismo bizarro

Existencialismo bizarro, foi o que li quando fui pesquisar sobre Santiago Nazarian, antes de ir para o encontro, não entendi muito bem, mas no bate-papo que teve com a gente, ele explicou melhor. Ele disse que nas suas histórias “mistura referências clássicas da literatura existencialista, com cultura pop, trash e de horror”. Em 2007, Santiago Nazarian foi eleito um dos autores jovens mais importantes da América Latina pelo juri do Hay Festival em Bogotá, Capital Mundial do Livro.

O seu romance Mastigando Humanos, apesar de não ter sido escrito para o público juvenil, foi adotado pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) e é leitura obrigatória do vestibular da Universidade Estadual da Paraíba. Ele também faz literatura juvenil e o seu romance Garotos Malditos foi contemplado com bolsa de criação literária do programa Petrobras Cultural. São exatamente esses dois livros que ganhei de presente da editora, até peguei autógrafos do autor e conversei um pouquinho com ele. Vou ler os dois e depois vou contar aqui.

A primeira biblioteca a gente nunca esquece

Outro dia passei na biblioteca do meu bairro pra conversar com o meu amigo Gustavo e visitar a exposição sobre a Anne Frank, a menina que escreveu o diário, que virou “um dos maiores sucessos editoriais de todos os tempos”, e deu nome à nossa biblioteca.

Logo na entrada encontrei o meu amigo, que é o coordenador de lá.

– Oi, Gustavo. Tudo bem?

– Tudo… E você, Heitor? Anda sumido!

– Muitas provas na escola…

– Que nada… Agora que você cresceu, só vai na Lobato, se esqueceu da Anne Frank.

– Não me esqueci, não… A primeira biblioteca a gente nunca esquece, e agora eu tenho duas!

Visitei a exposição “Lendo e escrevendo com Anne Frank”, conversei mais um pouco com o Gustavo e ele me falou que na semana seguinte viria uma escola da cidade de Arapeí, interior de São Paulo, ver a exposição, e me perguntou se eu não queria acompanhar, pois essa visita seria monitorada.

– Venho, sim. Quando vai ser?

– Terça-feira da semana que vem, vão chegar às 11 horas.

– Tô nessa!

A turma de Arapeí

Arapeí é uma cidade que fica no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, quase divisa com o Rio de Janeiro. Monteiro Lobato, que era de Taubaté, cidade da mesma região, incluiu Arapeí entre as “cidades mortas” daquela área. Os alunos e professores que vieram visitar a exposição são obrigados a desmentir o criador do Sítio do Picapau Amarelo. Arapeí está muito viva! Quem me contou essa história de“cidades mortas” foi um dos alunos, eles vieram em vinte, já estão no ensino médio, e estavam acompanhados das professoras Solange, Dagmar e Tânia.

Esse trabalho da escola incluía a leitura de O diário de Anne Frank e alguns já tinham lido o livro. Conversei com esses pra saber se gostaram. Nesse dia eu ainda não tinha lido O diário de Anne Frank, há muito tempo que pensava em ler, mas sempre adiava, achando que seria muito pesado. Depois dessas conversas, criei coragem, eu tinha que ler. Como ainda não li o livro que conta a história da menina que deu nome a minha biblioteca! Então, pensei: leio O diário de Anne Frank, e falo da exposição e do livro. Li, mas agora deixa eu voltar à exposição, que no final do post, eu conto o livro.

Na hora que cheguei à biblioteca, nesse dia, o monitor já estava lá, era o meu amigo Toufic. Fiquei conversando um tempo com ele, até a escola chegar. Ele me contou os detalhes dessa exposição, me disse que ela veio da Holanda e é promovida pela “Anne Frank House”. Assim que a escola chegou fomos para outra sala assistir a um vídeo, depois o Toufic falou do diário e da Anne Frank, passou a palavra para o Gustavo, que falou da nossa biblioteca, a Anne Frank, citou a luta pra ela não ser demolida, disse que eu tinha participado dessa luta e me pediu que eu contasse um pouco dessa história.

Sempre que isso acontece, fico empolgado e acabo fazendo um discurso inflamado. Essa luta mexeu muito comigo! Quando aconteceu, falei dela aqui no blog, e no ano que vem vou contar toda essa história, em detalhes, mas não vai ser aqui no blog, não. Vai ser de outro jeito, de um jeito bem legal. Aguardem!

Voltando a exposição, um painel apresentava a história na ordem cronológica, do lado de fora, a história do mundo, e de dentro, a história de Anne Frank. Fomos acompanhando o Toufic, que foi nos contando todas as etapas dessas duas histórias. No final recebemos um caderno de atividades para testar os nossos conhecimentos e aprender ainda mais sobre o mundo daquela época de guerra e sobre Anne Frank. Na exposição também tinha uma maquete do esconderijo da família Frank, uma reprodução do original do diário e outros livros sobre esse assunto.

Minha querida Kitty

Anne Frank deu o nome de Kitty ao seu diário e escrevia como se contasse a uma amiga. Começou a escrever no diário no dia 12 de junho de 1942, e em julho desse mesmo ano, sua família e outras quatro pessoas foram para um esconderijo em Amsterdã, fugindo da perseguição nazista, Anne tinha 13 anos de idade. Ela queria publicar um livro depois da guerra, usar o diário como base e dar o título de O Anexo Secreto. A última anotação feita no diário de Anne Frank foi no dia 1º de agosto de 1944, três dias depois, na manhã do dia 4, um carro parou em frente à casa onde ficava o esconderijo e os oito moradores do Anexo foram levados para uma prisão em Amsterdã, transferidos para Westerbork, na Holanda, e depois deportados para Auschwitz, na Polônia. Toda a família Frank morrreu nos campos de concentração, exceto o pai, Otto Frank, que escapou de Auschwitz, voltou para a Holanda, se mudou para Suíça, se dedicou a espalhar a mensagem do diário de sua filha e viveu até 1980.

A história de O diário de Anne Frank não é novidade pra ninguém. No livro, ela conta o seu dia-a-dia no esconderijo, fala das dificuldades e faz muitas reflexões:

Digo a mim mesma, repetidamente, para não ligar para o mau exemplo de mamãe. Só quero ver o lado bom, e procurar dentro de mim o que falta nela. Mas isso não funciona, e o pior é que papai e mamãe não percebem suas próprias incapacidades nem como eu os culpo por me deixarem deprimida. Será que existem pais que façam os filhos completamente felizes?

Além de O diário de Anne Frank, ela escreveu algumas histórias e contos, há outras narrativas escritas por ela, publicadas em livros no Brasil. Adorei Anne Frank e o seu diário. Abaixo um dos trechos que me fez gostar tanto desse livro e me apaixonar por Anne.

Eu sei que posso escrever. Algumas de minhas histórias são boas, minhas descrições do Anexo Secreto são bem-humoradas, boa parte de meu diário é vivo e interessante, mas… resta saber se realmente tenho talento.

“O Sonho de Eva” é meu melhor conto de fadas, e o estranho é que não tenho a menor ideia de onde ele surgiu. Algumas partes de “A Vida de Cady” também são boas, mas no todo não é nada especial.

Sou minha crítica melhor e mais feroz. Sei o que é bom e o que não é. A não ser que você escreva, não saberá como é maravilhoso; eu sempre reclamava de não conseguir desenhar, mas agora me sinto felicíssima por saber escrever. E se não tiver talento para escrever livros ou artigos de jornal, sempre posso escrever para mim mesma. Mas quero conseguir mais do que isso. Não consigo me imaginar vivendo como mamãe, a Sra. vam Daan e todas as mulheres que fazem o seu trabalho e depois são esquecidas.

Preciso ter alguma coisa além de um marido e de filhos a quem me dedicar! Não quero que minha vida tenha sido em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo àquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte! E é por isso que agradeço tanto a Deus por ter me dado este dom, que posso usar para me desenvolver e para exprimir tudo que existe dentro de mim!

Boas Festas

Em janeiro eu volto pra contar as minhas leituras de férias. Desejo a todos e a todas Boas Festas, Bom Natal e Feliz Ano Novo. Estou bem animado com 2014, ele promete muitas novidades!

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Três passeios e um livro sobre livro

– Você vai abandonar seu blog, Heitor?

– Por que, mãe?!

– Nunca mais você escreveu…

É a segunda vez que minha mãe fala isso, outra vez que fiquei um tempo sem publicar aqui, ela me disse a mesma coisa, minha mãe é meio exagerada, depois, desta vez, nem faz tanto tempo assim.

– Nunca vou abandonar o blog, mãe!

Eu disse, um pouco alterado, e corri ao computador pra escrever o post de hoje.

Assunto não falta, neste mês fiz três passeios da hora e li um livro que conta a história de uma biblioteca mágica. O primeiro passeio foi na cidade de São José dos Campos, fui com o pessoal da Sintaxe encontrar os alunos do professor Carlos, que participaram do clube de leitura, que está no post anterior. O segundo passeio foi na sala São Paulo, no centro da cidade, fui com minha amiga Paula assistir à entrega do prêmio Jabuti. O terceiro foi numa livraria; e o livro que li, adorei e vou contar um pouco da história dele é A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, de Jostein Gaarder e Klaus Hagerup.

Passeio a São José dos Campos

Quando comecei a fazer este blog só queria falar dos livros que leio e mostrar como e por que gosto tanto de ler. Com o tempo fui descobrindo outras vantagens, fiz passeios, fui a lançamentos e feiras de livros, conheci escritores, ilustradores, editores e um monte de gente legal nesse mundo maravilhoso da literatura. Ainda teve mais, fiz contatos por e-mail com alguns professores e organizamos aqui no blog os nossos clubes de leitura, que agora começam a render outra atividade e trazer mais vantagens: Recebi um convite do professor Carlos, com quem organizamos o último clube de leitura.

O convite era para participar de um encontro com seus alunos e conversar sobre livros e leitura. Só que a escola dele fica em São José dos Campos, não podia ir sozinho e tive que pedir ajuda ao pessoal da Sintaxe. Todos sabem quem é o pessoal da Sintaxe? Eu já falei deles, aqui… Sintaxe é a assessoria de imprensa que me deu este blog de presente, me apresentou aos primeiros escritores e me ajuda a divulgar. Eles concordaram em me levar, conversaram com os meus pais e fomos. Eles também participaram do bate-papo. Esse foi o nosso primeiro encontro pra falar de livros com alunos de outras escolas, adorei e quero fazer mais.

A turma do Vera Lúcia

Vitória Sousa, Stefanie, Raiane, Isabelle, Eduardo, Bruna, Ana Camila, João Victor, Cristian, Diego, Carlos, Adriele, João Gabriel, Bruno, Iago, Pedro Henrique, Mateus, Nicole, Pedro Lucas, Iara, Gustavo e Vitória Morais são alguns dos meus novos amigos, que conheci, pessoalmente, na visita que fiz à EMEF Vera Lúcia Carnevalli Barreto, na cidade de São José dos Campos. Eles formam o clube de leitores dessa escola, que fica perto do centro da cidade, num terreno enorme, cheio de árvores, tombado pelo patrimônio histórico. O encontro foi na sala de leitura da escola.

Participamos de um bate-papo, coordenado pelo professor Carlos, sobre livro e leitura. Descobri que assim como eu, eles também gostam muito de ler, e acho que foi isso que me aproximou, ainda mais, deles, o amor pelo livro e pela leitura. Falamos do que gostamos mais de ler; dos nossos escritores preferidos; de como viramos leitores; com quem aprendemos a gostar de livros; falamos do livro O gênio do crime, de João Carlos Marinho, que foi o tema do nosso clube; e trocamos dicas de leitura. No intervalo, eles leram trecho de um livro do professor Carlos – me disseram que ajudaram o professor a escrever esse livro; e no final ainda me fizeram um monte de perguntas sobre o blog.

Aproveitei para contar algumas das muitas aventuras que já vivi com o blog, inclusive, a luta com o prefeito da minha cidade na defesa da biblioteca do meu bairro. Acho que foi a que eles mais gostaram e prometi que um dia vou contar mais detalhes dessa história. Almoçamos e na parte da tarde visitamos, com o professor Carlos, a Bienal do Livro de São José dos Campos. Na Bienal eu participei de um bate-papo sobre poesia. Adorei o encontro e o passeio, um dia quero voltar a São José dos Campos e rever meus novos amigos.

Antes de vir embora o professor Carlos me deu dois livros que ele acabou de lançar, Os Palermas e O dia que tentaram virar os pés do Curupira, este da coleção Histórias da lua-cheia. Além de professor, ele também é escritor, já falei de outro livro dele aqui. Agora vou ler esses dois e depois eu conto.

Passeio ao Jabuti

Outro dia recebi um e-mail da minha amiga Paula: “Oi, Heitor. Vc vai na entrega do Jabuti? Tem convite? Bj, Paula.”.

Eu respondi: “Oi, Paula. Convite eu tenho, eles me mandaram, mas não sei se vou, à noite, no centro da cidade, não posso ir sozinho. Bj, Heitor.”.

Ela respondeu: “Vai comigo, na volta, te deixo em casa.”.

Eu respondi:  “OBA!”. E fomos!

Meus amigos escritores

Chegamos à Sala São Paulo, pegamos a fila pra ver se nosso nome estava na lista de convidados, estava, entramos na sala e já começamos a encontrar nossos amigos, a Paula encontrou o Guilherme Azevedo, que também é jornalista como ela, publicou um livro, As Aventuras de Alencar Almeida (O Repórter) e é editor de um site, “Jornalirismo“ (www.jornalirismo.com.br). O Guilherme é bem legal, ficou com a gente e fomos passear pela sala pra encontrar mais amigos.

O primeiro que encontrei foi o Luiz Antonio Aguiar, que mora no Rio de Janeiro. Ele tem muitos livros publicados e premiados, gosto muito do Luiz Antonio e já falei de um livro dele aqui, A espada turca, um romance de literatura fantástica. Neste Jabuti ele ganhou o segundo lugar de Melhor Juvenil com o livro Os anjos contam histórias. Quero ler esse também.

Depois encontrei o Nelson Cruz, que mora em Santa Luzia, Minas Gerais. Já fizemos um clube de leitura aqui no blog com um livro dele, Os herdeiros do Lobo. Neste Jabuti ele ganhou o terceiro lugar de Melhor Ilustração Infantil e Juvenil com o livro A máquina do poeta. Também encontrei a Marilda Castanha, mulher do Nelson, eu a conheci no outro Jabuti, daquela vez foi ela quem ganhou prêmio de melhor ilustração.

Fui procurar a Socorro Acioli, precisava encontrá-la, afinal, torci por ela, e o seu livro Ela tem olhos de céu pegou o primeiro lugar de Melhor Infantil. Encontrei a Socorro, que me disse que não acreditou quando recebeu a notícia, ficou tão feliz e emocionada que não conseguia conversar com ninguém, nem responder as mensagens que recebia em sua casa em Fortaleza. Disse que demorou um tempo pra voltar ao normal. Também encontrei a Eny Maia da Editora Biruta e conversei um pouco com ela. Foi a Eny que publicou o livro da Socorro.

Também encontrei o Jeosafá Fernandes Gonçalves, outro dia falei de um livro dele, O Jovem Mandela, ele estava com a Rosa, da Nova Alexandria, que é a sua editora. O livro Cheiro de chocolate e outras histórias, de Roniwalter Jatobá, publicado pela Nova Alexandria ganhou o terceiro lugar na categoria Livro de Contos e Crônicas. Conversei um pouco com o Roniwalter e o cumprimentei pelo prêmio.

Conheci o Tomás Martins, da Ateliê Editorial. A Ateliê ganhou o Jabuti, em primeiro lugar, na categoria Arquitetura e Urbanismo com o livro do professor Benedito Lima de Toledo, Esplendor do Barroco Luso-brasileiro. O Tomás me contou que o Benedito foi seu professor na Faculdade de Arquitetura. Já tinha trocado alguns e-mails com o Tomás quando falei, aqui no blog, de um livro da Ateliê, o Contos da Nova Cartilha – Segundo Livro de Leitura, de Liev Tolstói.

No final, depois da entrega dos troféus, encontrei o André Neves, ele me disse que a gente só se encontra no Jabuti, eu disse pra ele continuar a ganhar os prêmios pra gente se encontrar sempre. Da outra vez, ele ganhou o segundo lugar de Ilustração e o primeiro de Melhor Infantil com o livro Obax. Li esse livro, adorei e falei dele aqui no blog. Desta vez o André ganhou o primeiro lugar de Melhor ilustração Infantil e Juvenil com o livro Tom. O André estava com a Daniela Padilha, da Editora Jujuba, que me convidou para visitar sua editora, e eu vou.

O Luis Fernando Verissimo ganhou o prêmio de Melhor Livro do Ano de Ficção com Diálogos Impossíveis, que foi primeiro lugar na categoria Contos e Crônicas; e o Audálio Dantas, de Melhor Livro do Ano de Não Ficção, com As duas guerras de Vlado Herzog, que foi primeiro lugar na categoria Reportagem. A lista completa dos premiados: http://www.premiojabuti.org.br/resultado-vencedores-2013

Passeio à livraria

– Heitor, vou à livraria, quer ir comigo?

– Claro que quero!

– Então vamos logo, que já estou saindo.

– Espera, só vou me trocar.

Estranhei, fazia tempo que meu pai não me convidava pra ir à livraria com ele, no caminho ele me explicou, eu entendi, e adorei ainda mais nosso passeio daquele dia. A livraria estava fazendo uma promoção, e todos os livros infantojuvenis de uma editora estavam pela metade do preço. Ele me disse que eu podia escolher até três, não muito caros. Eu escolhi A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, de Jostein Gaarder e Klaus Hagerup; Noah foge de casa, de John Boyne; e Os Gêmeos: Crônicas de Salicanda – Livro I, de Pauline Alphen, esta escritora é brasileira, mas mora na França, eu a conheci na Bienal e já falei de outros livros dela, aqui no blog. Desses livros que ganhei já li A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken e hoje vou falar um pouco dele.

Homenagem ao livro

A primeira parte de A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, de Jostein Gaarder e Klaus Hagerup, publicado pela editora Companhia das Letras se chama “O livro de cartas” e é contada pelas cartas que o menino Nils mandava para sua prima Berit e vice-versa. As cartas eram escritas num livro, comprado por Nils, que podia ser fechado a chaves. Só havia duas chaves, uma ficou com Nils e a outra ele enviou a Berit, quando inaugurou o livro, escreveu a primeira carta, trancou e o remeteu para sua prima. O livro partia de Oslo, capital da Noruega, onde morava Nils, e seguia para uma cidadezinha do interior do país, onde morava Berit, em seguida fazia o caminho inverso.

Essa história é cheia de mistérios e o primeiro já acontece logo na primeira carta. Quando Nils entrou na livraria para comprar esse livro, havia lá uma mulher estranha. Segundo ele, ela ficava passando na frente das estantes, olhando os livros e babando, como se eles fossem de chocolate, marzipã ou coisa parecida. E o mais estranho de tudo foi quando o menino foi ao caixa e a mulher se ofereceu para pagar o livro. Ela chegou perto dele e perguntou se não podia dar uma pequena contibuição. Disse isso com um olhar tão esquisito, que Nils não conseguiu recusar e aceitou a oferta da mulher misteriosa.

Atrás de desvendar esse mistério os primos vão encontrando outros, resolvendo alguns, narrando tudo em suas cartas e escrevendo esse livro, até chegar à segunda parte da história, que se chama “A biblioteca”. Nessa parte são revelados todos os mistérios que envolvem a biblioteca mágica de Bibbi Bokken.

São tantos os mistérios que num deles cheguei a pensar que essa mulher misteriosa sabia coisas até da minha própria vida. Diziam que nessa biblioteca havia livros que ainda não tinham sido publicados, um deles seria lançado no ano que vem e contaria a história de uma biblioteca. Eu sei de um livro que conta a história de uma biblioteca e vai ser lançado no ano que vem! De verdade! Mas isso ainda é segredo. Será que ela descobriu o meu segredo? Perguntei pro meu amigo Lipe o que ele achava disso tudo, ele também leu A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken e sabe desse outro livro.

– Você tá pirando, Le, confundindo ficção com realidade.

– Você acha, mesmo, Lipe?

– E anda muito autorreferente.

Não sei onde ele aprendeu essa palavra.

Jostein Gaarder nasceu em 1952, na Noruega. É autor de O mundo de Sofia (1995) e O livro das religiões (2000), entre outros livros de grande sucesso internacional.

Klaus Hagerup, nascido em 1946, é poeta, diretor teatral e autor infantojuvenil premiado na Noruega.

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João Carlos Marinho no clube de leitura

Hoje é dia de clube de leitura! O clube de hoje será com os alunos do sexto e sétimo anos, do professor Carlos, da EMEF Vera Lúcia Carnevalli Barreto, de São José dos Campos, e o livro que lemos foi O gênio do crime, do escritor João Carlos Marinho. São aproximadamente 70 alunos que estão participando desta edição do nosso clube. O professor Carlos disse que leu O gênio do crime quando tinha 12 anos – a nossa idade, minha e dos alunos dele – e esse foi um dos livros que o incentivou à leitura.

Esta edição do nosso clube de leitura também vai ter uma entrevista coletiva com o autor, como a que fizemos no clube com o Nelson Cruz. Os alunos do professor Carlos mandaram algumas perguntas, eu e o meu amigo Lipe bolamos mais duas, enviamos para o João Carlos Marinho, e ele respondeu. Ele disse que as nossas perguntas foram ótimas e que foi um prazer responder!

Como foram as outras edições do nosso clube de leitura, hoje eu publico o post e nos próximos dias os alunos vão deixando os seus comentários. Quem não faz parte do clube e quer deixar um comentário, também pode.

Nossa roda de conversa

– Lipe, um aluno da professora Luciana, de Belo Horizonte, me perguntou se você é meu amigo imaginário ou é de verdade.

– E o que você respondeu?

– Que é de verdade, claro! Eu ia mentir pra ele?

Desta vez foi mais fácil fazer a roda de conversa com o Lipe, depois que fizemos as pazes, estamos sempre juntos, ele até já foi comigo às reuniões do PMLL.

– Você gostou do livro O gênio do crime?

– Adorei e quero ler os outros livros da Turma do Gordo, achei essa turma bem maneira! E você, gostou?

– Gostei muito e também vou ler os outros da Turma do Gordo.

Conversamos bastante sobre o livro, contei ao Lipe as partes que gostei mais, e ele me falou das suas preferidas, até que me lembrei da entrevista coletiva:

– Viu, Lipe, esse clube com o João Carlos Marinho também vai ter entrevista coletiva, os alunos do professor Carlos vão mandar as perguntas e nós podemos fazer duas. Você já sabe o que perguntar?

– Sei, quero perguntar se ele montava álbuns de figurinha quando era criança e se conseguiu completar algum, meu pai disse que era muito difícil encher um álbum, antigamente.

– Boa! Também já sei o que vou perguntar… Li que ele recebe visitas de escolas em sua casa, aqui em São Paulo, vem alunos e professores, até de outras cidades, e conversam com ele sobre seu trabalho e seus livros. Vou pedir pra ele falar dessas visitas, quem sabe o professor Carlos decide trazer os seus alunos pra visitar o João Carlos Marinho e a gente vai junto com eles.

O livro O gênio do crime, escrito por João Carlos Marinho e publicado pela Global Editora começa assim: “Era um mês de outubro em São Paulo, tempo de flores e dias nem muito quentes nem muito frios, e a criançada só falava no concurso das figurinhas de futebol. Deu mania, mania forte, dessas que ficam comichando o dia inteiro na cabeça da gente e não deixam pensar em mais nada. Quem enchia o ábum ganhava prêmios bons e jogava-se abafa pela cidade: São Paulo estava de cócoras batendo e virando. Batia-se de concha, de mão mole, de quina, com efeito, de mão dura, conforme o tamanho do bolo, o jeito do chão e o personalíssimo estilo de cada um.”

Havia as figurinhas difíceis, por isso pouca gente conseguia completar um álbum. No álbum do Edmundo só faltava o Rivelino, ele comprava toneladas de envelopinhos e o Rivelino não saía; foi jogar abafa na Vila Matilde e no Tucuruvi, e nada; foi ao treino do Corinthians falar com o Rivelino e nem o próprio jogador tinha a figurinha dele mesmo. Certo dia seu amigo Pituca chegou com uma novidade: “disseram que no largo São Bento tinha um cambista que vendia as figurinhas abertas; o fulano encomendava a figurinha que queria e no dia seguinte o cambista trazia. Custava caro, mas era garantido.”

O Edmundo encomendou o Rivelino e, finalmente, conseguiu completar o álbum. Foi à fabrica buscar seu prêmio e descobriu que as figurinhas que o cambista vendia estavam levando seu Tomé, o dono da fábrica, à falência, muitos álbuns cheios e tantos prêmios, que seu Tomé não estava dando conta. Depois de muita conversa e negociações o Edmundo, o Pituca, o Bolacha, que nem de futebol gostava, e depois a Berenice, formaram a Turma do Gordo e resolveram ajudar o seu Tomé a encontrar a fábrica clandestina e pegar o gênio do crime.

O livro quase não saiu

O livro quase não saiu e o João Carlos Marinho ia desistir de ser escritor. Ele publicou O gênio do crime em 1969, mas até o livro ficar pronto, muitas coisas aconteceram. Começou a escrever o livro em 1965, quando tinha 30 anos de idade, morava em Guarulhos (SP), tinha um escritório de advocacia, aonde ia trabalhar à tarde, e de manhã ficava em casa, brincando com o filho pequeno, cuidando do jardim, da horta, do galinheiro, pensando e se lembrando da infância.

Lembrava sempre dos concursos de figurinhas de futebol e dos álbuns que colecionava quando era criança, achou que podia escrever um livro infantil, envolvendo um mistério e que tivesse figurinhas de futebol. Primeiro fez o desenho do livro, uma fábrica de figurinhas honesta, outra desonesta e um grupo de meninos detetives, em seguida criou os personagens, encaixou os personagens no desenho da história e começou a escrever os primeiros capítulos.

Quando escrevia a parte da história em que o gordo tem a grande ideia para perseguir e pegar os cambistas criminosos, a imaginação dele “secou”. Ficou 20 dias pensando nessa ideia, pensava no livro o dia todo, mas não conseguia encontrar uma saída, “deu branco total”. Abandonou os rascunhos na gaveta e durante 10 meses não pensou mais no livro. Quase desistiu de ser escritor, pensou que o que aconteceu com ele foi um “fogo de palha, que acontece na vida de todo mundo”.  Até que em janeiro de 1967, passando férias em uma praia, acendeu “uma lâmpada” em sua cabeça, que lhe revelou a grande ideia para continuar e terminar de escrever seu primeiro livro. Essa e outras histórias estão no site http://www.globaleditora.com.br/joaocarlosmarinho.

Entrevista coletiva

“Nunca foi meu propósito seduzir o leitor e sim dar-lhe boa literatura”

Entrevistamos o João Carlos Marinho!

Fizemos algumas perguntas (eu, o Lipe e os alunos da EMEF Vera Lúcia Carnevalli Barreto, de São José dos Campos), lhe enviamos e ele respondeu.

Clube de Leitura – Como é para você saber que tem milhões que gostam de seus livros?
João Carlos Marinho – Isso me deixa realizado como escritor, não tanto pela quantidade de livros vendidos, que sempre achei secundária em literatura (onde sigo a lição dos reais apreciadores), mas pela permanência no tempo. Já se passaram 44 anos do lançamento de O gênio do crime.

CdL – Você ganhou muito dinheiro com O gênio do crime?
JCM – Se somarmos esses 44 anos daria um soma alta, mas isso até com o salário de qualquer um. A renda que me dá não é grande, é modestamente confortável.

CdL – Em algum momento você pensou que o livro poderia não emplacar, por motivos como o contrabando de Edmundo ou pelo fato de Bolacha quase ser morto com uma facada, ou, ainda, por algum outro motivo?
JCM – Esses fatos citados são irrelevantes. Vamos substituir a palavra “emplacar” por “firmar-se na literatura”, que deixa mais claro de que nunca foi meu propósito seduzir o leitor e sim dar-lhe boa literatura. Nunca fiquei preocupado em ficar analisando se o livro ia ou não “firmar-se na literatura”. Deixei acontecer.

CdL – Você acha que seu livro pode ser lido por crianças menores de 8 anos?
JCM – A minha experiência pessoal como criança, a minha experiência de vida e a minha experiência de autor que há 44 anos conversa com leitores, individualmente ou nas classes que me visitam sucessivamente, me convenceram de que a organização cerebral meio simplória da criança dá um salto formidável a partir de aproximadamente 7 ou 8 anos (com raras exceções), que permite pensamentos bastante complexos. Por isso a idade ideal para ler meus livros, como eu constatei, é entre 9 e 12 anos ou 13. Quando começa a adolescência, pela minha experiência, a infância deixa de existir, o adolescente já é um adulto que se acha em um processo de metamorfose glandular violenta e a infância já acabou. Dos 12 ou 13 anos em diante o leitor pode entender perfeitamente meus livros, mas não entra no clima da infância, ele está fora do clima da infância, e não sente o mesmo prazer, não “veste a camisa”. Os professores também sentem isso e por isso nunca trazem classes de adolescentes para me visitar após a leitura. Os adolescentes (com exceções) fazem uma leitura “fora de foco”. Nesse ponto eu até prefiro a leitura dos menores de 9 anos, que já me trouxeram classes assim, inclusive de 7 anos, eles não tem um aproveitamento ótimo mas pegam umas coisas aqui e ali e, ao contrário dos adolescentes, estão “no foco”.

CdL – Você já recebeu alguma crítica, da qual não gostou? Pode revelar?
JCM – Não me recordo de nenhuma crítica que tenha me incomodado ou mudado o meu bom humor.

CdL – Já passou pela sua cabeça que os pais proibiriam as crianças de lerem o livro, pelo fato de os meninos da história mentir para os seus pais?
JCM – A literatura e de um modo geral toda a arte que chega até a criança sempre teve que passar pela vigorosa censura de pais e professores. É normal. Dentro disso também é normal que existam “transbordamentos” e “exageros de zelo”. Desde criança que eu sei disso e isso nunca me incomodou e nem me perturbou.

CdL – Hoje, você mudaria alguma coisa no livro O gênio do crime?
JCM – Não.

CdL – Qual foi a melhor opinião que lhe deram a respeito de O gênio do crime?
JCM – É uma que se repete sempre, de adultos me dizendo que meus livros abriram para eles os horizontes da boa leitura e que são guardados sempre na memória deles como inesquecíveis.

CdL – Você colecionava figurinhas quando era criança? Conseguiu completar algum álbum?
JCM – O fato de eu colecionar apaixonadamente figurinhas é que gerou este livro, junto com o fato de que era muito difícil encher um álbum por causa das figurinhas difíceis. Eu nunca enchi um álbum. Era uma emoção muito grande. Se quiserem saber como era o meu álbum é só acessar o vídeo MEU ÁLBUM que se acha no meu site.

CdL – Como são as visitas que professores e alunos fazem a você? Há um agendamento?
JCM – Os professores entram em contato comigo através do meu site que está impresso em todos os livros ou através dos divulgadores da Global e explicam que livro eles estão lendo, quantos alunos são e fica marcada uma data. O meu prédio tem um auditório muito agradável que fica no fundo de um grande jardim que as crianças devem atravessar para chegar até ele e por isso já chegam felizes. No mês passado esteve aqui o Colégio Maria Imaculada de Jacareí e na semana que vem receberei o Colégio Ceni de Taubaté. No ano passado recebi o Pequeno Príncipe (SEPP) de Jacareí, assim como recebo também escolas mais distantes do interior mas a grande maioria é daqui de São Paulo mesmo.

João Carlos Marinho nasceu no Rio de Janeiro em 25 de setembro de 1935, e logo se mudou para Santos onde cursou o primário no Ateneu Progresso Brasileiro. Fez o ginasial em São Paulo no Colégio Mackenzie, e depois se mudou para Lausanne, na Suíça, onde cursou o colegial na Maturité Fédérale Suíça. Voltando ao Brasil morou em São Paulo e se formou em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco (USP). Formado passou a morar e advogar em Guarulhos, no escritório de Advocacia Trabalhista J.C. Marinho, até 1987, quando voltou pra São Paulo, onde mora até hoje, e passou a viver exclusivamente de literatura.

Em 1969, quando ainda advogava, publicou o livro O gênio do crime que virou um clássico da literatura infantojuvenil brasileira, já tendo passado a marca de 60 edições. Depois de O gênio do crime vieram outros livros da Turma do Gordo, Sangue fresco, Berenice detetive, O conde Futreson, O disco I – A viagem, O disco II – A catástrofe do planeta ebulidor, O gordo contra os pedófilos, Assassinato na literatura infantil, ao todo são doze os títulos da Turma do Gordo. Escreveu ainda quatro livros para adultos. Com o livro Sangue fresco ganhou o Prêmio Jabuti e o Prêmio da Crítica APCA, e com o livro Berenice detetive, o Prêmio Mercedes Benz. O livro O gênio do crime virou filme de cinema em 1973, como O detetive Bolacha contra o gênio do crime, dirigido por Tito Teijido, e também foi traduzido para o espanhol, como El gênio del crimen. Em 2009 aconteceram muitas comemorações para festejar os 40 anos deste livro.

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Mandela, Jabuti e outro encontro

Como prometi no post anterior hoje vou falar de dois livros, O jovem Mandela e Ela tem olhos de céu. O primeiro foi escrito por Jeosafá Fernandes Gonçalves e faz parte de uma coleção da Editora Nova Alexandria, “Jovens Sem Fronteiras”, que reconstitui a juventude de importantes personagens da cultura brasileira e mundial. O segundo foi escrito por Socorro Acioli, ilustrado por Mateus Rios, publicado pela Editora Gaivota e está entre os finalistas ao Prêmio Jabuti de Melhor Livro Infantil.

Também vou falar de outro encontro bem legal que eu participei na semana passada, na biblioteca Monteiro Lobato, promovido pelo LiteraSampa, que reuniu quase cem crianças e adolescentes pra conversar sobre livro, leitura e biblioteca. E no final deste post já vou anunciar o próximo, vamos fazer o clube de leitura com uma escola municipal de São José dos Campos.

Amandla! Ngawethu!

O escritor Jeosafá Fernandes Gonçalves é meu amigo e companheiro de luta na defesa do livro e da leitura, eu o conheci na Bienal de São Paulo e já estive com ele em algumas reuniões, ele também estava no encontro municipal para organizar a construção do Plano Municipal do Livro e da Leitura do dia 13 de setembro, que contei aqui no blog. Hoje vou falar de um livro que ele escreveu, que conta um pouco da vida do grande personagem da História e principal líder na luta pela democracia, pela liberdade e contra o apartheid na África do Sul, Nelson Mandela.

Apartheid foi um regime de segregação racial que existiu durante muitos anos, a maioria negra da Africa do Sul não tinha direito a nada, nem votar podia e até os casamentos inter-raciais eram proibidos. Por lutar por democracia e liberdade, Nelson Mandela ficou preso durante 27 anos, mas continuou sua luta contra o apartheid. Na prisão, promoveu debates, deu palestras e verdadeiras aulas, com currículo estabelecido pelos próprios participantes, até os guardas acompanhavam as aulas de Mandela.

Essa sua iniciativa de educação geral e de formação política ficou conhecida como Universidade Mandela, e essa história está em O jovem Mandela, escrito por Jeosafá Fernandes Gonçalves e publicado pela Editora Nova Alexandria. Para escrever esse livro, o autor fez muita pesquisa, misturou realidade e ficção e mostrou como se formou o homem e o líder que derrotou o apartheid. Mandela deixou a prisão em 1990 e em 1994 foi eleito presidente da África do Sul, pelo voto direto de todos os sul-africanos, não apenas dos brancos.

Havia um grito de guerra para as manifestações antiapartheid: Amandla! Ngawethu! Um líder saudava a multidão Amandla! (o poder) e esta respondia numa só voz Ngawethu! (está com a gente!), depois vou perguntar ao Jeosafá como pronuncia essas palavras, ele me disse que gostou de escrever esse livro, e eu adorei ler, comecei e não parei mais, até acabar.

Jeosafá Fernandez Gonçalves, nasceu em São Paulo, em 1963. Trabalhou como jornaleiro, operário metalúrgico, vendedor de roupas, porteiro de cineclube, entre outros, até ingressar no curso de Letras da Universidade de São Paulo e tornar-se professor, carreira que exerceu por dezesseis anos, na Educação Básica e no Ensino Superior. Doutorou-se em Literatura pela mesma Universidade, com especialização nas relações Brasil-África, em 2002, publicou seu primeiro livro em 1986 e reúne hoje em sua obra, entre poesia, ficção, ensaio e ensino, mais de quarenta livros. É autor de uma série de romances chamada Era uma vez no meu bairro, resultado de mais de vinte anos de pesquisa sobre a violência, particularmente contra crianças e jovens.

Sebastiana, a menina que fazia chover

Já fui uma vez à entrega do Prêmio Jabuti, até contei aqui e neste ano, quero ir de novo. Tem um livro entre os finalistas ao Prêmio de Melhor Livro Infantil, que estou torcendo pra ganhar, é o livro da minha amiga Socorro Acioli e se chama Ela tem olhos de céu. O resultado final sai no dia 17 de outubro, quando serão anunciados os três primeiros colocados por categoria e a festa de entrega dos prêmios será no dia 13 de novembro. Quero ir e reencontrar minha amiga, que mora em Fortaleza.

Ela tem olhos de céu, escrito por Socorro Acioli, ilustrado por Mateus Rios e publicado pela Editora Gaivota conta a história de Sebastiana, uma menina que nasceu em Santa Rita do Norte, cidade que fica “lá pras bandas do Nordeste, onde a água nunca pinga, onde a seca não tem pena, de gente de bicho e cacimba.” Sua mãe era Lúcia Natalina, “parindo depois dos trinta”, não tinha água em casa pra Chica Parteira fazer seu trabalho.

Os vizinhos lhe ajudaram, cada um “deu o que pôde” e depois de cinco filhos homens, nasceu sua primeira mulher. Nasceu chorando e não parou de chorar, logo “ouviu-se o trovão, uma pancada no céu, mais parecia explosão”, e quanto mais a menina chorava, mais o céu escurecia, até começar a chover. Este é só o começo dessa história, contada em versos de cordel, Sebastiana chora-chuva ainda vai virar atração e um grande problema pra cidade.

A Socorro Acioli já lançou o Ela tem olhos de céu aqui em São Paulo, nesse dia foi também o lançamento da Editora Gaivota, eu fui e contei aqui no blog. Até peguei um autógrafo dela! Li outro livro da Socorro contado em versos de cordel, é o Inventário de Segredos, que “revela” os segredos dos habitantes de uma cidade do interior do Ceará. Tem cada segredo nessa história, que só lendo! O Inventário também foi ilustrado pelo Mateus Rios. Gosto muito das ilustrações dele, são desenhos, que vistos de longe já dá vontade de pegar o livro e ler.

Socorro Acioli nasceu em Fortaleza, em 1975. É jornalista e doutoranda em estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. Estuda roteiro de cinema e foi aluna de Gabriel García Márquez e Guilhermo Arriaga. Além do Ela tem olhos de céu, publicou, A Bailarina Fantasma, Inventário de Segredos, O Anjo do Lago, Bia que tanto lia, Tempo de Caju e muitos outros. Por seus livros infantojuvenis já recebeu o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e o prêmio de Melhor Obra Infantil do Governo do Estado do Ceará.

Mateus Rios é carioca, mas mora e trabalha em São Paulo. Fez faculdade de cinema e hoje trabalha com ilustração de livros, projetos de animação e publicidade. Gosta de descobrir e testar novos modos de contar histórias, experimentando diversos materiais, meios e modos de narrar, deixando os olhos descobrirem caminhos e cores neste jogo com o texto, e dando forma ao que as palavras inspiram. Além de Ela tem olhos de céu, ilustrou Planeta Bicho, Vozes da Floresta, Pedro Noite, A ideia que se esquecia, Inventário de Segredos, O Barba-Azul e muitos outros.

LiteraSampinha

Na semana passada participei de um encontro, quem me avisou foi a Bel do LiteraSampa, ela deixou um comentário no post anterior: “… Nesta sexta-feira (04/10) estarei no LiteraSampinha, na Biblioteca Monteiro Lobato com uma garotada de 06 a 12 anos. Vamos conversar sobre o PMLL. Falarei de você.” Não resisti e fui, pessoalmente, o encontro durou o dia todo, saí da escola e fui direto pra lá, deu tempo de pegar o lanche e os trabalhos da tarde. As atividades seriam dentro e fora da biblioteca, no jardim da praça onde fica a Lobato, mas como naquele dia estava chovendo em São Paulo, só teve as atividades internas, mas, mesmo assim, foi bem gostoso.

Teve mediação de leitura, contação de história e duas atividades em grupo. Na primeira atividade, os grupos conversaram sobre “um elemento da narrativa essencial para uma história: o personagem”. Desenhamos no papel e cada um construiu a identidade de seu personagem, se era idoso, mulher, homem, jovem, animal, que tempo ele viveu ou vive, como é sua família, o que gosta de fazer, qual é o seu nome, que planeta vive e onde nasceu. Depois, escolhemos em que gênero literário de histórias estaria o nosso personagem, num romance, história em quadrinhos, fábula, conto, poesia. No final, nosso personagem ficou construído e desenhado.

A segunda atividade começou com uma contação, a escritora Thayame Porto contou uma história de seu livro Carrego Comigo!. Depois o grupo conversou sobre os dois primeiros eixos do PMLL, “democratização do acesso” e “fomento à leitura e à formação de mediadores” e todo mundo teve que desenhar o lugar onde mais gosta de ler, teve de tudo, gente que desenhou uma árvore, uma casa, uma biblioteca, um jardim, um bosque, o sítio do avô, uma montanha, um rio, um banheiro, teve até desenho de privada, mas o curioso, mesmo, é que ninguém desenhou uma escola. Daí todos começaram a falar como queriam que fosse a sua escola.

A escola tem que ter mais espaço, pra ir pra fora e não ficar só dentro da sala; as salas deveriam ser mais espaçosas, com puffs e tapetes; no mesmo espaço da sala, estante de livros; sala de leitura mais silenciosa; biblioteca aberta direto, quando a gente pode ir na biblioteca da escola, ela está fechada; acesso direto ao livro, ir lá e poder pegar; aulas diferentes, fora da sala; lugar de leitura no pátio, mais dias para pegar livro e biblioteca aberta todos os dias. No final, perguntei pra a Bel se essas reivindicações seriam encaminhas para o grupo de trabalho do Plano Municipal do Livro e da Leitura. A Bel respondeu que sim, que o PMLL precisa ouvir todo mundo, inclusive crianças e adolescentes.

Entrevista coletiva no Clube de Leitura

No próximo post vamos fazer o clube de leitura com o professor Carlos e os alunos da EMEF Profa. Vera Lúcia Carnevalli Barreto, de São José dos Campos. O livro será O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho e ainda vamos publicar uma entrevista coletiva que fizemos (eu e os alunos do professor Carlos) com o autor. Não percam!

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PMLL, Grupo de Trabalho e próximo post

Já faz três semanas que não publico nada aqui, provas na escola, já contei que quando é assim, meus pais me regulam a internet e dizem que é para o meu bem. Hoje tive uma folga, amanhã não tem nenhuma prova, e resolvi começar a por em dia os meus posts. Vou falar do encontro municipal para organizar a construção do Plano Municipal do Livro e da Leitura (PMLL) na cidade de São Paulo, que aconteceu no último dia 13, anunciei no post anterior e participei.

Livro e Leitura

O encontro foi o dia todo, fiquei lá, desde o comecinho até o final, fiz algumas anotações e agora vou contar um pouco do que ouvi.

A abertura foi com o secretário-adjunto da Secretaria da Cultura, Alfredo Manevy, e o diretor de orientação técnica da Secretaria de Educação, Fernando José de Almeida. O Alfredo Manevy disse que a base da construção do PMLL é a articulação de todas as forças ligadas a questão do livro e da leitura, disse também que a leitura tem que ser encarada como um direito de todos e o plano deve criar condições para isso.

Disse ainda que as duas secretarias tem que se unir nesse trabalho, que as bibliotecas devem ter usos mais amplos, integrar escolas e comunidades, envolver as editoras, livrarias e bibliotecas estaduais, e criar políticas que busquem o leitor e não fique esperando ele chegar. O representante da Educação, Fernando José de Almeida disse que a Secretaria tem 750 salas de leitura, bibliotecas nos CEUs, promove a formação de mediadores de leitura, e que devemos dar atenção especial para as crianças da educação infantil na formação de leitores.

A outra mesa foi com o José Castilho, secretário-executivo do Plano Nacional do Livro de da Leitura, do Ministério da Cultura, e a Cida Fernandes, coordenadora-executiva do Centro de Cultura Luiz Freire, de Pernambuco. O Castilho disse que o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) é resultado da união entre os ministérios da Educação e da Cultura, e que o objetivo é construir uma “política de Estado” para o livro e a leitura, disse que o governo municipal deve cumprir o seu papel para que Estado e sociedade trabalhem pela construção de um Brasil de leitores, que o Estado tem que financiar as políticas públicas, e que a leitura não se faz do dia para a noite,  assim como a cidadania. “É preciso pensar a longo prazo.”

Cida Fernandes disse que a participação da sociedade foi fundamental na construção dos planos municipais de Recife e Olinda, disse que a presença de saraus na cidade de São Paulo é um exemplo que onde inexiste política pública, a cidade reage e busca seus caminhos, contou que houve um desmonte das bibliotecas públicas em 2012, em Pernambuco, e que os eventos Seminário de Literatura e Encontro Estadual de Bibliotecas Públicas foram muito importantes para o Plano de lá.

Na parte da tarde houve quatro oficinas. A primeira foi sobre a “Democratização do acesso” e quem coordenou foi a Vera Saboya, Superintendente da Leitura e do Conhecimento da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. A segunda foi sobre “Fomento à leitura e à formação de mediadores”, coordenada por Neide A. de Almeida, socióloga e consultora nas áreas educacional e editorial. A terceira, “Valorização institucional da leitura e incremento de seu valor simbólico”, coordenada por Sandra Medrano, da Revista Emília, e a última foi sobre “Desenvolvimento da economia do livro”, coordenada por Kim Doria, da Libre – Liga Brasileira de Editores. Eu fiquei na segunda mesa e aprendi muita coisa sobre mediação de leitura. Um dia ainda vou falar sobre mediação de leitura aqui no blog.

No final ficou decidido que o GD – Grupo de Discussão que vem se reunindo desde o ano passado será ampliado e transformado em GT – Grupo de Trabalho. O GT será formado por representantes das entidades ligadas ao livro e a leitura nas diversas regiões da cidade, por meio de uma portaria intersecretarial (Cultura e Educação) da Prefeitura do Município de São Paulo. Para definir os pontos dessa portaria e a composição do GT, foi marcada uma reunião para o próximo dia 7 de outubro, segunda-feira, às 14h00 no auditório da Biblioteca Pública Viriato Corrêa, que fica na rua Sena Madureira, 298, na Vila Mariana. Todos estão convidados!

Eu vou, queria tanto participar desse grupo de trabalho, mesmo que fosse como simples observador, tipo café-com-leite, nem ligo, só quero mesmo é acompanhar de perto, mais essa luta em defesa do livro e da leitura na minha cidade.

Próximo post

Hoje também ia falar de um livro bem legal que li, escrito pelo meu amigo Jeosafá Fernandes Gonçalves, que conta a história de Nelson Mandela e de sua luta contra o apartheid, e que se chama O jovem Mandela. Outro livro que li e queria falar também é o Ela tem olhos de céu. Escrito por Socorro Acioli e ilustrado por Mateus Rios, ele foi indicado para concorrer ao prêmio Jabuti de melhor livro infantil. Agora já tenho pra quem torcer no Jabuti deste ano, vou torcer para o livro da minha amiga Socorro!

Mas tenho que deixar pra falar desses dois livros no próximo post, pois este já está grande e o meu tempo na internet, por hoje, já acabou.

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A Rússia e minha segunda luta política

Com esse título meu pai disse que parece que vou falar da Revolução Bolchevique e riu, não entendi a piada, ele me explicou, mas não é nada disso, só dei esse nome para o post de hoje, pois achei bonito e é mais ou menos o que vou contar. No post de hoje, vou anunciar dois eventos importantes, um começa amanhã, o outro acontece na próxima sexta-feira.

O primeiro evento se chama “A Rússia visita o Sítio”. Serão diversas atividades organizadas pela Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato em parceria com a Associação Cultural Grupo Volga de Folclore Russo, realizadas entre os dias 10 e 30 setembro, na própria biblioteca, que fica na rua General Jardim, 485, na Vila Buarque, região central de São Paulo.

Haverá oficina de língua, de culinária, de artesanato e de dança russas, palestra sobre cultura russa e contação de histórias russas. As inscrições podem ser feitas pelo telefone (11) 3256-4122, com Marta ou Nilce. Eu já fiz a minha inscrição, vou participar da oficina de língua russa, assistir à palestra sobre cultura russa e também quero ouvir algumas histórias russas. Soube que esse evento é um intercâmbio entre crianças russas e brasileiras. Quando eu for lá, vou conversar com a Sueli e a Muriel, minhas amigas da Lobato, pegar mais informações e contar aqui no blog. Vejam abaixo a programação.

Primeiro Encontro Municipal

Outro dia contei aqui no blog, que participei de uma reunião para discutir a criação do PMLL – Plano Municipal do Livro e da Leitura em São Paulo, e que passei a chamar de “minha segunda luta política” – a primeira foi a luta em defesa da biblioteca do meu bairro, que já contei aqui no blog. O PMLL deve ser criado para “garantir a promoção do acesso ao livro, à leitura, à literatura e às bibliotecas públicas, escolares e comunitárias a todos os cidadãos e cidadãs do município”. Fui a essa reunião com o meu amigo escritor, Jeosafá, e lá conheci a Bel, do LiteraSampa, o Paulo, da Bibli-ASPA; a Sueli, da Biblioteca Monteiro Lobato; o Miro, do Centro Cultural São Paulo; e o Flavio, o jornalista do sindicato.

Desde então, sempre converso com eles, que continuaram se reunindo com outras pessoas e entidades interessadas em livro e leitura, e agora decidiram organizar um grande encontro municipal para dar início à construção do PMLL/São Paulo. O objetivo desse encontro é ampliar e levar a discussão para as diversas regiões da cidade. Para isso, convidam todas as entidades e pessoas interessadas em discutir o Livro e a Leitura, a fim de construir o Plano da cidade de São Paulo. O evento acontece na próxima sexta-feira, 13 de setembro, no Centro Cultural São Paulo, que fica na rua Vergueiro, 1000, no Paraíso, e todos estão convidados. Eu vou! Vejam abaixo o convite e a programação.

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Nelson Cruz no clube de leitura

Hoje começa outra edição do nosso clube de leitura com os alunos da Escola Municipal Luiz Gatti, de Belo Horizonte, e vamos falar do livro Os herdeiros do Lobo, de Nelson Cruz. Também vamos mostrar uma entrevista coletiva que fizemos com o autor. O clube funciona assim, eu posto sobre o livro, e na sequência, os alunos, que leram e trabalharam esse livro com as professoras, escrevem seus comentários. Se alguém mais quiser comentar, claro que pode, mesmo não fazendo parte do clube. A edição anterior (“A professora encantadora no clube de leitura”) teve 147 comentários.

Esse nosso clube é formado por, aproximadamente, 170 alunos das turmas do 6º ano. Quem organiza o clube na escola são as professoras de Língua Portuguesa, e nesta edição entrou mais uma professora pra nossa turma, a Nádia. Agora são três professoras, a Luciana, a Ana Paula e a Nádia. Aqui no blog, somos eu e o meu amigo Lipe. Ele sempre me ajuda, lê os livros do clube, depois fazemos uma “roda de conversa” e compartilhamos nossas leituras.

Nossa roda de conversa

Na semana passada eu estava preocupado, precisava fazer a roda de conversa com o Lipe e a gente não se falava, desde o dia que ele me chamou de comédia. Contei isso no post anterior. Não nos encontramos na escola, ele não me procurou e eu também não o procurei. Estava com saudades do meu amigo e queria conversar com ele, não só pra falar do livro do clube, mas também pra conversar de outras coisas, essas coisas que só os grandes amigos conversam. Contei para o meu pai, ele me disse que isso acontece com todo mundo, e que nessas horas, alguém tem que ceder. Eu cedi e liguei para o Lipe.

– E aí, Lipe, beleza?

– Beleza, Le!

– Na semana que vem tenho que publicar o post do clube de leitura… Você já leu o livro Os herdeiros do Lobo?

– Li.

– Gostou?

– Gostei.

– Você pode passar aqui em casa, hoje, pra gente fazer a roda de conversa?

– Que horas?

– Às cinco. Você pode?

– Posso. Às cinco eu passo aí.

Ele veio, no começo estava meio esquisito, mas nem tocamos no assunto da briga. Fomos conversando sobre o livro, ficamos animados com a história, e em poucos minutos, eu nem lembrava mais que estava brigado com o meu amigo. A história do livro Os herdeiros do Lobo fez as nossas pazes. No final ainda bolamos uma pergunta para entrevista coletiva com o Nelson Cruz.

As histórias de vô João

Quando a professora Luciana sugeriu que a gente lesse o livro Os herdeiros do Lobo no clube de leitura, fiquei muito feliz. Primeiro porque já tinha lido dois livros do Nelson Cruz (Mestre Lisboa – o Aleijadinho, escrito e ilustrado por ele, e Conto de escola, de Machado de Assis, que ele ilustrou) e tinha adorado! Segundo porque já conhecia o Nelson Cruz pessoalmente, conversei com ele uma vez, tinha o seu e-mail e tive uma ideia:

– Professora Luciana, que tal a gente tentar entrevistar o Nelson Cruz no nosso clube?

– Seria ótimo, Heitor! – ela me respondeu. Será que conseguimos?

Conseguimos! Entrevistamos o Nelson Cruz, li Os herdeiros do Lobo, e adorei! Esse livro ganhou o prêmio Jabuti de Melhor Livro Infantil de 2009.

Os herdeiros do Lobo, escrito e ilustrado por Nelson Cruz, publicado pelo selo Comboio de Corda da Edições SM conta uma história que parece ser a história do próprio autor. O vô João seria o avô de Nelson ou ele o inventou. Também pode ser que a história tenha um pouco de verdade e bastante fantasia. Os personagens existiram, mas a história é inventada. Vai saber… O Nelson Cruz diz que em alguns casos é “escolha do leitor”, o leitor escolhe e dá um destino aos personagens. Vamos seguir o seu conselho, então, e brincar de escolher os destinos da história desse livro, que agora, também, é um pouco nossa.

Vô João nasceu na Itália, seu nome era Giovanni Ferdinando, durante a guerra naturalizou-se brasileiro e adotou o nome de João Fernandes. Ele gostava de contar histórias e contava as histórias de Pinóquio, de Cinderela, como se tivesse participado delas. Mas havia uma história que ele sempre repetia e toda vez que contava ficava emocionado. Abria uma velha caixa metálica e retirava de dentro dela antigas fotografias de quadros, com o verso manuscrito, como se fossem cartões-postais.

Todas tinham endereços de remessa de diferentes cidades e vilarejos da região da serra da Mantiqueira, no sul de Minas Gerais. As pinturas eram de um artista chamado Camilo Amarante Lobo, o fotógrafo era um amigo de vô João, Cosme Zanone. Vô João ainda vivia na Itália e seu amigo Cosme, ja tinha se mudado para o Brasil. Certo dia, vô João resolve vir também para o Brasil para procurar o seu amigo, e vive uma aventura cheia de mistérios, que só, mesmo, lendo o livro Os herdeiros do Lobo pra descobrir.

Entrevista coletiva

‘Prefiro acreditar que minhas fantasias sejam reais’

Entrevistamos o Nelson Cruz!

Fizemos algumas perguntas (eu, o Lipe e os alunos da Escola Municipal Luiz Gatti, de Belo Horizonte – por isso, entrevista coletiva), lhe enviamos e ele respondeu.

Clube de Leitura – Como você se inspirou para criar a história de Os herdeiros do Lobo?
Nelson Cruz – Essa história me pregou uma peça; um dia acordei e ela estava inteirinha na minha cabeça. É verdade. Não tive que pesquisar, estudar nem nada. Pronto. Apareceu. O que fiz em seguida, foi escrevê-la e, ao longo do tempo, melhorar alguns personagens e o texto.

CdL – Qual é o paradeiro do personagem Cosme – ele está morto ou escondido?
NC – Olha, essa conclusão sobre o paradeiro desse personagem deve ser do leitor. Se eu falar vai resolver o mistério? Acho que não devo fazer isso. Como cada um escolhe um doce para comer penso que debater e escolher o destino que levou esse personagem deve ser uma escolha do leitor.

CdL – Por que os personagens ficavam atrás da cortina?
NC – Bom, uma passagem da história que não vou revelar. Principalmente, porque é a mais importante da história. Só chamo a atenção para a leitura de imagem.

CdL – Você tem um avô que se chama João? Você é um dos personagens?
NC – Não, eu não sou nenhum dos personagens. Mas, tive esse avô italiano que adotou minha mãe quando ela era criança. Ele era um imigrante. Para homenagear esse gesto de nobreza, de ter adotado minha mãe, e para que ele não fosse esquecido na família adotei-o como personagem dessa história.

CdL – Sabemos que o livro todo não é real, mas algumas partes são reais?
NC – Prefiro acreditar que minhas fantasias sejam reais. Porque, constantemente no noticiário aparecem fatos que já existem na literatura de ficção.  Então…

CdL – Quando você era criança você gostava de fazer e contar histórias?
NC – O mais forte em mim sempre foi o ato de desenhar. Agora, contar histórias é algo inerente ao ser humano. Nunca vou me esquecer das fogueiras e da turma de amigos ao redor do fogo ouvindo e contando histórias, principalmente de assombração.

CdL – Com quem você aprendeu a fazer histórias?
NC – Aprendi a contar histórias lendo histórias. Parece simples mas é aí que entra a ilustração me facilitando o desenvolvimento da narrativa. O que eu não conseguia esclarecer na escrita a ilustração entrava e vice-versa.

CdL – Do que você gosta mais, de desenhar ou de escrever?
NC – Minha alma é de ilustrador e ligada à arte do desenho. Não dá para camuflar isso. Amo ser ilustrador e ser reconhecido como autor de imagem.

Nelson Cruz nasceu em Belo Horizonte e mora em Santa Luzia, Minas Gerais. Escritor, ilustrador e artista plástico, recebeu prêmios nacionais e estrangeiros, como o de Melhor Ilustração Hors-Concours da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), em 2003, para Conto de escola, de Machado de Assis. Entre outros, também ilustrou O aprendiz de feiticeiro, de J. W. Goethe, e O menino poeta, de Heriqueta Lisboa.

Além de Os herdeiros do Lobo, que ganhou o prêmio Jabuti de Melhor Livro Infantil, em 2009, é autor de A árvore do Brasil, Mestre Lisboa e No longe dos Gerais, neste último também fez o projeto editorial e o livro foi 3º lugar na categoria juvenil, do Jabuti, em 2005. Em 2002, foi indicado ao Hans Christian Andersen de ilustração. Em 2008, ao lado de sua esposa, a autora e ilustradora Marilda Castanha, lançou a coleção Histórias para contar História, que reúne seus livros Dirceu e Marília, Chica e João e Bárbara e Alvarenga e os livros de Marilda, Pindorama, terra das palmeiras e Agbalá, um lugar-continente.

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Notícias da luta política e de caros amigos

Hoje vou contar novidades sobre a luta em defesa do quarteirão e da biblioteca do nosso bairro; vou falar do primeiro livro da minha amiga Stela Greco Loducca, que tem um site bem legal chamado “O Pequeno Leitor” – o livro dela se chama A lobinha ruiva e foi ilustrado pelo, agora, meu amigo Renato Moriconi. Também vou mostrar trecho de um vídeo de animação do meu amigo escritor Almir Correia; e vou falar do livro O Elefante Infante, de Rudyard Kipling, um clássico da literatura infantil, editado pela Musa, editora da minha amiga Ana Cândida Costa, traduzido pelo meu amigo Adriano Messias e ilustrado por Fernando Vilela, que ainda não conheço pessoalmente.

Coisas do meu melhor amigo

– Você é o maior comédia, Heitor!

Fiquei surpreso com o Lipe, por dizer que sou comédia e por me tratar pelo nome, faz tempo que ele só me chama pelo apelido. Deve estar p. comigo!

– Por que, Lipe?

– Esses seus “amigos”

Falou com desdém e fez sinal com os dedos colocando aspas em amigos.

– O que é que tem meus amigos?

– Você fica falando no seu blog que é amigo de todos esses escritores. É tudo ficção!

– Não é tudo ficção, não, Lipe! Tem alguma ficção no meu blog, sim, mas a minha amizade com esses escritores, é verdadeira. Pode perguntar a eles.

Quem acompanha o meu blog sabe da minha amizade com esses escritores e de como tudo começou. Primeiro conheci o pessoal da Sintaxe, em uma visita que fiz a uma editora, tudo isso está contado aqui. Foram eles que me deram a ideia do blog, me ajudaram a fazer, a divulgar e me introduziram nesse mundo da literatura. Eles me levaram a feiras de livros, lançamentos, a outros passeios literários e me apresentaram a seus amigos escritores, ilustradores e editores. Depois aprendi a me virar sozinho, meti as caras e hoje continuo ampliando minha rede de amigos do livro. O Lipe é o meu melhor amigo e sabe disso tudo, não sei por que fica tão p. comigo.

Minha primeira luta política

Faz tempo que não falo da minha primeira luta política, a luta em defesa do quarteirão e da biblioteca do nosso bairro. Todos devem ter acompanhado pelo jornal ou aqui no meu blog. O prefeito anterior queria demolir a biblioteca, o teatro, duas escolas, uma creche e duas unidades de saúde, que ficam em um terreno público aqui no Itaim Bibi, para construir um prédio de apartamentos particulares.  A biblioteca é a Anne Frank, que eu frequento desde criancinha.

Quando soube que as pessoas do bairro estavam se organizando pra defender o quarteirão, perguntei pro meu pai se eu podia participar do movimento, também. Ele me deu a maior força e disse: “Essa será sua primeira luta política, de verdade, Heitor!” E é por isso que eu a chamo assim: “minha primeira luta política”. Esta e outras cenas dessa minha luta estão aqui no blog, e em breve vou contar toda essa história, completa, em detalhes. Aguardem!

As comissões

Apesar de o prefeito ter cedido a nossa pressão e, antes de terminar seu mandato, desistido de demolir o quarteirão, a lei que autoriza a prefeitura a vender o terreno continua valendo. No ano passado o então vereador Eliseu Gabriel, que apoiou o nosso movimento, entrou com um PL (Projeto de Lei) na Câmara para revogar essa lei. Mas antes de ir à plenária para ser votado pelos atuais vereadores, esse projeto tem que passar por quatro comissões: Comissão de Constituição e Justiça, de Política Urbana e Meio Ambiente, de Administração Pública, e de Finanças e Orçamento.

Na quarta-feira, ele passou pela primeira comissão, a de Constituição e Justiça, foi aprovado, e o nosso grupo estava lá, fazendo pressão. Eu não fui, não podia faltar à escola, mas foram meus amigos e companheiros de luta, o Helcias, o Luiz, a Joyce, o Cacildo e o Toufic. Nossa luta vai continuar, vamos pressionar as próximas comissões e também acompanhar o processo de tombamento que está parado no Condephaat, para salvar o nosso quarteirão, para sempre.

Personagens trocadas

Na outra semana recebi um e-mail da minha amiga Stela Greco Loducca me convidando para o lançamento de seu primeiro livro, A Lobinha Ruiva:

Oi Heitor, tudo bem com você? Quanto tempo! Queria muito te contar que sábado que vem, dia 3, será o lançamento do meu primeiro livro com uma das historinhas do meu site O Pequeno Leitor. Estou muito feliz e gostaria muito que você desse uma passadinha lá na livraria já que é fã de livros. Beijos, Stela.

Fazia tempo que eu não via a Stela, eu a conheci no lançamento de “O Pequeno Leitor” (essa história eu contei aqui no blog), depois nos encontramos na entrega do prêmio de uma revista para os melhores livros infantojuvenis (essa eu não contei aqui, não dá pra contar tudo), ela já tinha me falado que estava pra lançar o livro. Respondi ao e-mail dizendo que ia, sim, ao lançamento e que, além de ser fã de livros, também era fã do site e do trabalho dela. O Pequeno Leitor é um site bem legal, tem um monte de histórias e ainda dá pra criar personagens e construir sua própria história. Fui ao lançamento do livro, conversei com a Stela, com o Renato Moriconi, que fez as ilustrações e peguei autógrafo dos dois.

A Lobinha Ruiva é o primeiro de uma série de livros que a Companhia das Letrinhas vai lançar com as histórias que Stela Greco Loducca escreveu para o site O Pequeno Leitor. Será um lançamento por semestre e o segundo já está previsto para o final de 2013. Ilustrado por Renato Moriconi, esse livro reconta a história da Chapeuzinho Vermelho e troca as personagens. Nessa história a Chapeuzinho  se chama Amanda e é uma lobinha bem boazinha. Sua mãe é Dora e a vovó, Gertrudes. Todas lobas!

E o bicho malvado que tenta enganar Amanda, é “bem esquisito”, quase não tem pelos no corpo e anda com duas pernas. “Seria o caçador?” Sua mãe alertou-a para que “tomasse cuidado com os caçadores maus que poderiam aparecer na floresta”. A lobinha desconfiada pede a ajuda dos outros bichos para salvar sua vovozinha. No final, o livro dá algumas sugestões para o leitor misturar personagens de outra história e criar sua própria, como acontece no site O Pequeno Leitor, ou inventar outros finais para essa história.

Stela Greco Loducca trabalhou por 18 anos com redatora publicitária, mas foi depois do nascimento de seu filho, sua maior fonte de inspiração, que virou a página e, assim como a Chapeuzinho, foi caminhando estrada afora. Começou a escrever histórias, que tinham a ver com os momentos de vida dele, e também desenvolveu um trabalho de incentivo à leitura em uma comunidade carente. A partir dessas experiências criou O Pequeno Leitor, um site interativo e cheio de histórias para pequenos que um dia serão grandes leitores. A Lobinha Ruiva é o seu primeiro livro.

Renato Moriconi nasceu na cidade de Taboão da Serra, em São Paulo. Estudou artes plásticas e design gráfico. Tem mais de quarenta livros publicados no Brasil e também em outros lugares do mundo, como França, México e Coreia do Sul. Recebeu alguns prêmios ao longo de sua carreira, como o de Melhor Livro-Imagem, em 2011, e de Melhor Livro Para a Criança, em 2012, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Foi finalista do prêmio Jabuti 2011 em duas categorias: Melhor Ilustração Infantil e Melhor Livro Infantil.

Um teaser de animação

Conheci o Almir Correia na Bienal do Livro e falei de um livro dele aqui no blog. Depois disso trocamos alguns e-mails, gosto de acompanhar todas as coisas que ele faz e sempre peço notícias. Ele é escritor, com muitos livros publicados por diversas editoras; roteirista; produtor de vídeos de animação e autor da série “Carrapatos e Catapultas”, sucesso de animação que passou na TV Cultura, na TV Brasil e no Cartoon Network. Em breve quero fazer um post especial sobre o trabalho dele. Hoje vou mostrar um trecho de uma animação nova, que ele produziu e me mandou o link por e-mail:

Oi, Heitor. Aqui vai o teaser da nossa mais recente animação “Menina Lua Menino Lua”. Abraços, Almir Correia.

Teaser do curta de animação “Menina Lua. Menino Lua.”. Roteiro e direção de Almir Correia. Animação e direção de arte de Giordana Medaglia. Trilha sonora de Rodrigo Grigoletti. Produção Zoom Elefante. Junho de 2013.

Um prêmio Nobel de Literatura

O conto O Elefante Infante, de Rudyard Kipling, com ilustrações do próprio autor e de Fernando Vilela, traduzido por Adriano Messias, e publicado em versão trilíngue (português, inglês e francês) pela Musa Editora foi tirado do livro Histórias assim (Just so stories), uma de suas mais famosas coletâneas de contos. Ele é dedicado a sua filha Josephine e conta a história de um elefantinho muito curioso, que queria saber de tudo, e vivia fazendo perguntas.

À sua tia Avestruz perguntava por que as plumas de sua cauda cresciam daquele jeito, à sua tia Girafa, por que tinha a pele manchada, à gorda tia hipopótamo, por que tinha olhos vermelhos, e ao seu tio peludo Babuíno, por que os melões tinham aquele gosto. O Elefante Infante tinha perguntas pra tudo, não conseguia respostas pra nada, e só apanhava a cada pergunta feita.

Até que um dia, numa bela manhã, ele aparece com uma pergunta que jamais havia feito: “O que o Crocodilo come no jantar?” Todos os bichos ficaram assustados e bateram no Elefantinho por muito tempo. Depois, encontrou o Pássaro Kolokolo, que disse pra ele seguir pelas margens do grande rio Limpopo, que encontraria sua resposta. O Elefantinho foi e isso mudou sua vida e o transformou para sempre.

O escritor Adriano Messias, de quem eu já falei aqui no blog, disse que, traduzir Rudyard Kipling do francês e do inglês para nosso idioma foi tarefa de responsabilidade e prazer. Sobre essa história ele diz que “a interessante relação do narrador com sua ‘bem-amada menina’ torna a narrativa agradável, ora se reportando às densas florestas, ora voltando o contador ao ambiente em que narra a história, por meio de seus desenhos, o que promove uma maior interação leitor e autor.” Kipling foi um escritor marcante na infância e juventude do Adriano.

Rudyard Kipling nasceu em Bombaim (atual Mumbai), na Índia, em 1865, e morreu em Londres, em 1936. Jornalista, poeta e escritor é considerado o maior inovador na arte do conto curto e seus livros para crianças são clássicos da literatura infantil. Foi um dos escritores mais populares da Inglaterra no final do século XIX e início do século XX. Em 1907 ganhou o prêmio Nobel de Literatura, na época foi o primeiro autor de língua inglesa a receber esse prêmio, e até hoje, o mais jovem. Foi um lutador pelos direitos dos povos indianos colonizados, e seus textos tratam com ironia as incongruências do império britânico. Ao mesmo tempo, foi considerado por outros, como o profeta do imperialismo britânico.  A controvérsia sobre esses temas em sua obra perdurou por muito tempo, mesmo assim, ele é reconhecido como um intérprete incomparável de como o império era vivido. É autor da série O livro da Selva, das diversas versões de Mogli, o menino-lobo, entre muitas outras obras de prosa e poesia.

Próximo post

O próximo post será sobre o livro Os herdeiros do Lobo, de Nelson Cruz, em mais uma edição do clube de leitura com os alunos da Escola Municipal Luiz Gatti, de Belo Horizonte. Haverá entrevista coletiva com o autor, não percam!

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