O Velho e o mar – O livro e o vídeo

Encontrei um vídeo de um desenho animado de O Velho e o Mar na internet, adorei, descobri que tinha o livro em casa, li Hemingway, descobri uns segredos do meu pai e publiquei o vídeo aqui no blog

Na semana passada eu encontrei um vídeo na internet. É um desenho animado que conta a história de O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway. Assisti, adorei e fiquei a fim de ler o livro. Mostrei o vídeo para o meu pai, ele também gostou e disse que leu esse livro quando tinha mais ou menos a minha idade. Ele foi até a estante de casa, procurou e encontrou o exemplar que leu quando tinha 14 anos. É uma edição da Editora Civilização Brasileira e tem uma apresentação do Ênio Silveira, o editor, em que ele diz que essa história é “uma das mais belas obras da literatura contemporânea.”

Meu pai disse que o Ênio Silveira foi um homem elegante e um dos maiores editores brasileiros. Ele nasceu em 1925 e morreu em 1996, foi filiado ao Partido Comunista e durante a ditadura militar editou muitas publicações contra o regime. Meu pai também me falou de uma revista que ele lia, quando estava na faculdade chamada “Encontros com a Civilização Brasileira”, que também era editada pelo Ênio Silveira e que “fez a cabeça de muita gente daquela época”, inclusive a dele.

Mas vamos voltar ao velho e ao mar… São tantas coisas que eu descubro e aprendo que às vezes me perco um pouco. O vídeo que eu encontrei de O Velho e o Mar, como já disse, é um desenho animado, mas parece de verdade. Foi feito pelo Alexandr Petrov, um desenhista russo. Ele desenha as pessoas, os animais, as paisagens e faz suas animações “de uma forma muito realista”. Ele pintou O Velho e o Mar no vidro, quadro por quadro, diz que durante esse trabalho ele pintava, fotografava, apagava e pintava o próximo. Eu peguei o vídeo na internet e publiquei aqui, está lá no final deste post. São duas partes de mais ou menos dez minutos cada. Para a internet, dizem que é longo, mas é muito bonito, vocês vão ver. Mas antes terminem de ler o meu post, que eu ainda vou contar uns segredos do meu pai.

Peguei o livro do meu pai e antes de começar a leitura, fui ler a apresentação e dar uma folheada. Vi que tinham algumas partes sublinhadas por ele. Apesar de ter apagado, ficaram as marcas e os vincos no papel. Ele sublinhou a primeira vez em que aparecem os nomes dos personagens: Santiago, o velho e Manolin, o menino. Depois ele sublinhou outro trecho em que o autor faz uma descrição do velho: “O velho pescador era magro e seco e tinha a parte posterior do pescoço vincada de profundas rugas. As manchas escuras que os raios do sol produzem sempre nos mares tropicais, enchiam-lhe o rosto, estendendo-se ao longo dos braços, e suas mãos estavam cobertas de cicatrizes fundas que haviam sido causadas pela fricção das linhas ásperas enganchadas em pesados e enormes peixes. Mas nenhuma destas cicatrizes era recente.”

Esta minha leitura foi diferente de todas as outras que eu tive até hoje. Foram duas! Uma foi a leitura do próprio livro. Eu entrei e viajei na história do Hemingway! Estava lá, junto com o velho pescador lutando contra o peixe e os tubarões. Sofri com ele. Senti as suas dores, torci e festejei a sua superação. Os pensamentos do velho durante o combate são muito bonitos e o final da história é emocionante. Confesso que chorei no final. A outra leitura foi imaginar como o meu pai leu esse livro quando tinha 14 anos. As suas sublinhadas e anotações no livro me revelaram um pouco do meu pai menino.

Algumas anotações do meu pai eu vi que foram para ajudar no trabalho da escola. Descrição dos personagens, dos lugares, do mar, dos peixes e das aves. Mas outras não tinham nada a ver com a escola. Acho que eram as suas preocupações daquela época. Ele já me contou como era sua casa da infância e eu fiquei imaginando o meu pai menino, na casa dele, lendo esse livro. “Além disso, pensou, tudo mata tudo de uma maneira ou de outra. Pescar mata-me tal como me faz viver. O rapaz é que me mantém na vida, pensou. Não é bom que eu tenha ilusões”. Ele sublinhou essa parte e mais outra: “É uma estupidez não ter esperança, pensou. Além disso acho que é um pecado perder a esperança. Mas não devo pensar em pecados. Já tenho muitos problemas para começar a pensar em pecados. Para dizer a verdade também não compreendo bem o que são os pecados.” E sublinhou muito mais… Perguntei ao meu pai porque ele sublinhou essas partes do livro e depois apagou. Ele disse que não se lembrava, mas vou insistir. Quero descobrir mais coisas do meu pai menino.

Ernest Miller Hemingway nasceu em 1899, em Oak Park, Illinois (EUA). Filho de um médico da zona rural, cresceu em um ambiente pobre e rude, que conheceu ao acompanhar o trabalho do pai na região. Trabalhou como repórter, alistou-se no exército italiano em 1916 e foi gravemente ferido na frente de batalha. Ao deixar o hospital, passou a trabalhar como correspondente em Paris. Em 1926, publicou O Sol Também Se Levanta, livro que fez muito sucesso. Em 1929, publicou Adeus às Armas, que descreve sua experiência militar na Itália. Foi para a Espanha e escreveu Morte à Tarde (1932), sobre as touradas; fez caçadas na África Central, que contou em As Verdes Colinas da África (1935); participou da Guerra Civil Espanhola e escreveu Por Quem os Sinos Dobram (1940); foi pescador em Cuba e escreveu O Velho e o Mar (1952), e ganhou o Prêmio Pulitzer com este livro. Ganhador do Nobel de Literatura (1954), Hemingway suicidou-se em sua casa de Ketchum, em Idaho (EUA), em 1961.

Compartilhe:
  • Facebook
  • Twitter
  1. pelo jeito nossa conversa na pizzaria rendeu esse livro né? Sobre seu pai quando criança a pergunta é: ele já tinha barba nessa época? Eu tenho minhas dúvidas, assim como o bigode do meu pai!

  2. Oi, Antonio. Você viu? As ideias aparecem assim… Sobre o meu pai, eu nem lembro que ele teve barba, mas nessa época acho que não tinha ainda, agora o seu, acho que tinha, sim.

  3. Fui ao show nesse sábado no Décião e foi muito bonito. Foi o único show inteiramente de rock do ano. O pessoal do CAPS Itaim estava lá, parece que eles gostam de Metallica, embora a banda era mais pro lado de Jimmi Hendrix e Frank Zappa. Que tipo de música você gosta Heitor?

  4. Oi, Mario. Nunca mais eu fui aos shows do Décio… Eu gosto de muita coisa, gosto de rock, também. Mas o que eu mais escuto são os CDs que o meu pai ouve. Tem um dos Novos Baianos que ele está ouvindo, que tem uma música bem bacana chamada “Acabou Chorare”. Você precisa ouvir, ela é bem legal! Eu já sei de cor.

  5. Heitor,
    Ler um pouco sobre o livro e ver esses vídeos ilustrou bem a magia que esse autor transmite. Adorei!
    Deu vontade de ler também, que legal!
    Agora, descobrir segredos é sempre muito instigante, principalmente de nossos pais…
    Bjs.,
    Ana Lucia

  6. Oi, Ana Lucia. Sempre que eu encontrar um vídeo de livro legal, vou colocar aqui. Achei bacana isso! E esse livro é ótimo!
    Ih, descobri mais segredos, mas não posso contar tudo aqui, tenho que respeitar a “privacidade dele”.

  7. para o heitor

    Ola heitor tudo bom com você? Eu to falando da escola emef joefa nicaso araujo e eu venho dizer a você que nó estamos voltando para o blog e eu queria saber como fose tem pasado .

    asinado: pablo

  8. Ola heitor eu quero que você escreva mais livros que os seus livros e muito bom eu ja li quase todos os livros escreva mais para mim poder ler

  9. Oi, Pablo. Eu estou bem. E você. Que bom que vocês estão voltando para o blog e vamos continuar o nosso clube de leitura.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *