Nesta semana o pessoal da Sintaxe me ligou.
– Tudo bem, Heitor.
-Tudo bem. E vocês como estão?
– Estamos bem, também. Vamos mandar um livro de presente pra você.
– Oba! Que livro é?
– O nome do livro é Marginal à esquerda, da Angela-Lago. Ela ganhou dois Jabutis no ano passado com esse livro.
– Eu sei quem é a Angela-Lago, mas nunca li nada dela. Quero ler esse! Como é a história dele?
– É a história de um menino que vive num lugar, onde as crianças têm poucas oportunidades.
– Conta mais.
– O texto da Angela-Lago é muito bonito, as ilustrações são lindas, e o jeito como ela conta essa história… você vai gostar. Chega. Não vou contar mais nada, mas acho que vai ser bom você ler esse livro.
– Por quê?
– O menino dessa história tem uma vida muito difícil. Você vai ver que pra muita gente a vida não é fácil.
– Pra mim também não é muito fácil…
– É, mas você estuda, gosta de ler, ganha livros, seus pais lhe apóiam, você tem um blog, escreve nele, tem amigos, brinca, passeia, joga bola, tem muita gente que gosta de você… Você tem uma vida muito boa, Heitor!
– Mas o que tem de errado nisso?
– Na sua vida nada. O errado é que algumas pessoas não têm nada.
– E eu sou o culpado?
– Claro que não, Heitor.
– Ainda bem. E não dá pra mudar isso?
– Dá sim.
– Como?
– Lutando por justiça social.
– Isso também é luta política?
– Sim. Igual a que você já faz pra defender a sua biblioteca. E por falar em biblioteca, nós fomos convidados para participar de uma assembleia em defesa do quarteirão.
– Legal! Quando vai ser?
– Na semana que vem.
– E eu posso ir?
– Claro que pode. Agora você é um convidado de honra! E leva o seu discurso que dessa vez você vai falar.
– Oba!
Recebi o livro do pessoal da Sintaxe, li e adorei. Marginal à esquerda, escrito e ilustrado por Angela-Lago e publicado pela Editora RHJ é história do Miúdo, o rapa-de-tacho, e quem conta essa história é a Maria, sua irmã mais velha, que era casada com o Zé Pita. Eram quatro irmãos na família, os outros dois foram para São Paulo, trabalhar num “restaurante de gente chique”, onde a mãe já havia trabalhado. O Miúdo tinha dez anos, era meio calado e estava atrasado na escola. A mãe ficou doente, largou o serviço, e o Zé Pita ofereceu dinheiro para o Miúdo vender droga. O cunhado era traficante. O menino foi pego pela polícia, e a mãe, que estava por perto não deixou que levassem o “seu esmirradinho”.
Depois de um tempo a polícia voltou, mas a mãe que tinha colocado o menino na oficina de música mostrou o Miúdo tocando. Na oficina o menino aprendeu a tocar violino e gostou. Tocava tão bem, que diziam que ele “tinha aprendido o instrumento em outra encarnação”. O Zé Pita continuou oferecendo dinheiro para o Miúdo trabalhar com ele, o menino resistia e continuava a estudar o violino. A mãe, que antes só elogiava os mais velhos, agora ria quando falava dele. A história segue, e o Miúdo, com muito sacrifício vai virando um grande violinista. O final é triste, como disse o pessoal da Sintaxe, pra muita gente a vida é muito difícil e para o Miúdo da história da Angela-Lago ela não foi nada fácil.
Angela-Lago nasceu em Belo Horizonte em 1945. Desde 1980 escreve e desenha livros para criança. Ela ganhou muitos prêmios Jabuti e outros prêmios internacionais, como o Octogone de Fonte, Prêmio Iberoamericano de Ilustración e BIB Plaque. Ela já ilustrou e escreveu muitos livros, entre eles Cena de rua, Tampinha e Sete histórias para sacudir o esqueleto. Seus livros são publicados na França, nos Estados Unidos, no Japão, na Venezuela e em muitos outros países.
é tem miita luta pela frente, não é Heitor!!!!
Tem mesmo, Ester. Ainda bem que também tem livros, bolas, brincadeiras e muitos amigos.
Um abraço grande e obrigada!
Oi, Angela-Lago. Que bom ver você aqui! Adorei esse seu livro. Vou procurar outros.
Nossa, Heitor, obrigado por ter comentado sobre esse livro maravilhoso da Angela- Lago aqui no seu blog. Depois de ler sobre ele aqui, corri pra ver quem, entre meus conhecidos, o tinha e consegui emprestado de um amigo meu, o João. Li e me emocionei. Muito bom mesmo!
Abração.
Oi, João. Que legal! Eu também me emocionei com a história desse livro e fiquei muito feliz que você foi ler, depois de ver aqui no meu blog.
Heitor, seu blog é muito bom! Vou recomendá-lo.
Eu li esse livro da Angela, minha amiga querida, e até chorei com a história do Miúdo. Torci por ele o tempo todo. O livro é lindo e muito especial. Além da beleza do texto e dos desenhos da Angela, tem a beleza do projeto gráfico e editorial da RHJ.
Parabéns pelo blog e por partilhar tantas riquezas. Livro é tesouro, não é?
Um beijo!
Oi, Sônia. Obrigado por recomendar o meu blog. Sim, livro é tesouro! E confesso que também chorei com a história do Miúdo. Visitei o seu blog e quero ler um livro seu. Vou procurar o “Diário ao contrário”.