A democracia pode ser assim – um livro e um lado

Acabei de ler A democracia pode ser assim. Esse livro tem ideia e texto de Equipo Plantel, ilustrações de Marta Pina, foi publicado no Brasil pelo selo Boitatá da Boitempo Editorial e faz parte de uma série de quatro livros chamada “Livros para o Amanhã”. Dirigida a jovens leitores, série foi publicada pela primeira vez na Espanha, entre 1977 e 1978. Depois de ler esse livro e conversar com o meu amigo Lipe, escolhemos o lado que vamos combater na luta política que está acontecendo em todo o Brasil.

O livro e uma conversa com o meu amigo

Na semana passada conversei a sério com o meu amigo Lipe, ele é o meu melhor amigo, moramos na mesma rua e estudamos na mesma escola, o Lipe sempre me ajuda quando faço os nossos clubes de leitura. Falei dele algumas vezes aqui no blog, já no livro “Os meninos da biblioteca”, ele aparece direto, é o personagem coadjuvante mais importante da história e foi o meu grande companheiro na luta contra o fechamento da biblioteca do nosso bairro.

– Le (ele me chama pelo meu apelido da escola), achei arriscado você falar de política no último post.

– Por que…?

– Sei lá, o clima anda tão pesado…

– A gente tem que se posicionar, Lipe… Depois, eu não disse nada demais, meu pai que deu a opinião dele.

– E a sua opinião, qual é?

– Temos que conversar, Lipe… Tenho uma proposta: Acabei de ler um livro bem bacana que se chama A democracia pode ser assim, empresto pra você ler e depois conversamos sobre o livro e sobre a política. Você topa?

– Claro que eu topo, falar de literatura e política com você é sempre da hora! Dá aí o livro que eu vou ler hoje mesmo e amanhã volto pra conversar.

– Fechado!

O dia seguinte

No dia seguinte o Lipe voltou à minha casa, com o livro lido e uma posição tomada.

– Li o livro, Le, adorei e fiz algumas anotações. Tem uma parte que ele diz que na democracia, “(…) é preciso ser tolerante, igualitário, justo. É preciso saber ganhar e saber perder”.

– Pois é, e a oposição não aceitou até hoje a derrota nas eleições, não sabem perder.

– Em outra parte, o livro diz que “E, como o governo é eleito pela maioria, todos têm de aceitar o que o governo faz enquanto governa”.

– É claro, menos “crime de responsabilidade”, foi o que eu andei lendo nos jornais, mas a presidente não cometeu nenhum crime desses, ao contrário dos que pedem o impeachment dela, estão mais sujos que pau de galinheiro.

– Pelo jeito você já escolheu o seu lado.

– Já escolhi, sim, estou ao lado da presidente Dilma, contra o impeachment. E você, Lipe, de que lado está?

– Mais uma vez estamos do mesmo lado, juntos, em outra luta política. A da biblioteca nós ganhamos, e vamos lutar pra ganhar essa também.

– Topa ir à manifestação de domingo?

– Demorô!

– Já sei! Vamos juntos com o Book Bloc.

– Boa ideia! Eles vão se encontrar às 11h30 na praça da República, depois, vamos todos juntos para o Anhangabaú.

– Combinado! Vamos à luta, companheiro!

– Isso aí… NÃO VAI TER GOLPE. VAI TER LUTA!

Agora vou falar do livro e da série Livros para o Amanhã

A coleção Livros para o Amanhã traz uma série de quatro livros: A democracia pode ser assim, A ditadura é assim, O que são classes sociais? e As mulheres e os homens. Essa série é dirigida a jovens leitores. Por enquanto eu só li o primeiro da série, A democracia pode ser assim, quero ler os outros, também.

“Livros para o Amanhã” foi publicada pela primeira vez entre os anos de 1977 e 1978, pela editora La Gaya Ciencia, de Barcelona, na Espanha. Aqui no Brasil, a série foi publicada no final do ano passado, pela Boitempo Editorial (selo Boitatá). Quando esses livros saíram na Espanha, fazia menos de três anos que o ditador Francisco Franco havia morrido.

Franco governou a Espanha por quase quarenta anos, de 1936 até sua morte, em 1975, quando o país começou a viver um período de transição, com as primeiras mudanças democráticas. Nesse tempo o Brasil era uma ditadura, que durou mais uns anos, ainda, e esses livros, certamente, seriam censurados por aqui.

O livro A democracia pode ser assim com os textos de Equipo Plantel e as ilustrações de Marta Pina explica como funciona esse sistema político. Na democracia há liberdade, “todos podem brincar de tudo”, também podem pensar o que quiser, dizer o que quiser, encontrar e se reunir com quem quiser.

Mas existem regras e leis que devem ser obedecidas. O livro também fala de eleições e de partidos políticos, existem os conservadores e os progressistas. Cada grupo tem o seu programa, que é apresentado a toda população para ver quem serão os escolhidos para governar. O eleitor escolhe e a maioria vence.

Essas são só algumas partes, o livro tem muito mais. Achei bem legal ler e poder conversar com o meu amigo. Essa é uma leitura que merece ser compartilhada. No final do livro tem um texto do filósofo Leandro Konder, contando um pouco da história da democracia, tem também outro texto, que fala um pouco do que mudou de 1977, quando o livro saiu pela primeira vez, para os dias de hoje, e ainda tem mais, cinco questões sobre o tema para refletir e debater. Fizemos um bom debate eu e o meu amigo Lipe!

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  1. Será que essa afirmação “A democracia pode ser assim” ainda é atual, ou seja, ainda construímos o que poderia ser ao invés de viver plenamente?

  2. Oi, Mario. Que bom ter comentário seu!
    Então, esse livro foi escrito no final dos anos 1970, publicado na Espanha, que acabava de sair de uma ditadura e estava construindo a sua democracia. Aqui no Brasil, ele pode ser atual, sim, pois ainda estamos construindo a nossa. Foi o que concluímos eu e o Lipe no nosso debate. 🙂

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