Outro dia recebi um e-mail do escritor Jorge Miguel Marinho me convidando para o lançamento de seu novo livro, Um passarinho me contou. O Jorge Miguel foi o primeiro escritor de verdade que conheci, isso aconteceu quando visitei, pela primeira vez, uma editora, nesse dia aprendi como se faz um livro e de quebra, ganhei este blog. Quem me deu ele de presente e até hoje me ajuda a administrá-lo é o pessoal da Sintaxe, que na época fazia assessoria de imprensa para essa editora.
Com o blog conheci muitos escritores, ilustradores, editores, leitores e fiz muitos amigos. Na outra semana fui ao lançamento do novo livro do Jorge e na dedicatória que fez pra mim, ele escreveu: “Heitor, eu sou amigo do João e quero ser seu amigo também. Maior abraço do Jorge. Espero que você goste dessa história”. O João trabalha na Sintaxe, foi quem me apresentou ao Jorge Miguel e a outros escritores. Eu gostei muito do novo livro do Jorge, já quero contar no próximo post e vou adorar ser seu amigo!
No lançamento do Jorge, encontrei a Nice Ferreira, que trabalha na Edições de Janeiro, a editora que publicou esse seu livro, e conheci a Renata Nakano, a moça que editou Um passarinho me contou. Também conheci o ilustrador, o Flávio Pessoa, e dois escritores, amigos do Jorge, o Edson Gabriel Garcia e o Marcelo Donatti. O Edson tem um monte de livros juvenis, e o Marcelo escreveu um livro infantil. Um dia quero falar dos livros deles!
Fiz essa introdução para contar o assunto do post de hoje. Vou falar de dois livros, o De João para seis irmãos, da Roberta Asse, e o As mentiras do zodíaco, do Marcelo Jucá, dois escritores que conheci no final do ano. Adoro conhecer escritores e fazer novos amigos, meu amigo Lipe me chama de “comédia” quando começo a falar dos “meus amigos escritores”. As aspas são dele, que faz sinal com os dedos indicador e médio, fala com desdém, e diz que tudo não passa de ficção. Não é ficção, não, Lipe! Pode perguntar a eles.
A história de João, o pequeno marceneiro
No final do ano fui a um evento da Editora Jujuba, no parque da Água Branca, aqui em São Paulo, e encontrei muitos amigos: Daniela Padilha, Aline Abreu, Raquel Matsushita, Lúcia Hiratsuka, André Neves, Silvia Fernandes e Cristiane Rogerio. O Claudio Fragata também estava lá e me apresentou à Roberta Asse. Li muitos livros do Claudio e já falei dele aqui no blog, além de escritor ele dá cursos e coordena uma oficina de escrita criativa, a Roberta foi sua aluna nessa oficina.
O projeto do livro que eu vou contar hoje foi analisado em aula, o Claudio me disse que a Roberta tem outros textos, tão bons quanto esse, que também podem virar livro. Soube que a Roberta tem um jeito bem legal de trabalhar, ela viaja pelo Brasil, visita algumas comunidades, presta atenção no que as crianças comem, como brincam, cantam e dançam; e depois transforma tudo isso em histórias curtas. Adorei essa história que a Roberta escreveu, a história de João, e quero ler outras.
De João para seis irmãos
No dia que conheci a Roberta, ela me contou que tinha acabado de publicar esse livro, e eu falei do meu blog. Na outra semana, ela me mandou um e-mail, dizendo que gostou muito do blog, e me perguntou se podia me mandar um exemplar do livro, de presente. E eu respondi que sim. Claro, adoro ganhar livros!
O livro De João para seis irmãos, publicado pela Pólen Livros, foi escrito e ilustrado pela Roberta Asse, o projeto gráfico também é dela, ela é arquiteta e trabalha como designer gráfico. A história foi inspirada em seu pai, o livro é dedicado a ele, o pai da Roberta se chama João e é marceneiro. Gostei de saber disso, pois meu avô também foi marceneiro, não o conheci, quando nasci, ele já tinha morrido, mas meu pai me fala dele. Na nossa casa tem alguns móveis feitos pelo meu avô, inclusive uma estante de livros, aquelas de madeira trabalhada e portas de vidro.
Como já diz o título do livro, o João tinha seis irmãos, ele era o mais velho, cuidava e se dedicava tanto a todos, que às vezes parecia um pai. Quando criança, trabalhava fazendo vassouras, depois do almoço e da escola, e aos 12 anos aprendeu a marcenaria. Um dia pensou em fazer um presente para cada um dos irmãos. “Um presente lindo. Um presente de madeira. Um presente para sempre.”
Seus seis irmãos eram Alva (linda e sonhadora), Chico (travesso e aventureiro), Miro (gostava de assistir, era observador), Tito (atencioso e reclamador), Elizabeth (alegre, gostava de companhia) e Bento (esperto e engraçado), e os presentes que João fez para cada um tinham a cara deles.
Gostei muito do jeito como a Roberta escreve e como foi construindo essa história, é muito bonito ver cada presente se encaixar em cada irmão. Acho que a Roberta herdou isso de seu pai, pois o presente que ela me deu, esse livro, também se encaixou direitinho em mim. No final do livro tem um quadro com as técnicas de marcenaria usadas para fazer os presentes.
Um caçador de mentiras
Já fazia tempo que eu vinha conversando com o Marcelo Jucá, por e-mail, nosso papo começou quando ele descobriu o meu blog e me passou uma dica de leitura, um livro que tinha acabado de lançar, em formato e-book, pela Editora Pipoca, A Coleção de Maya. Ele me contou que esse livro tem narração, e recursos de animação e interação. O leitor pode brincar com a história do livro, compartilhar com os amigos e trabalhar com os professores, em sala de aula, ou com os pais, em casa. A Maya da história é doida pra começar uma coleção, e de foma curiosa, brincando, ela descobre algo bem divertido.
Eu não li esse livro do Marcelo Jucá, não tenho um tablet e meu pai é meio conservador com essa história de e-book. O Marcelo me disse que também dá pra baixar o aplicativo iBooks e ler A Coleção de Maya e outros livros da Editora Pipoca, no smartphone. A Coleção de Maya eu não li, mas li outro livro do Marcelo e adorei, As mentiras do Zodíaco, fui ao lançamento no final do ano, conheci o Marcelo, pessoalmente e ganhei um super-autógrafo:
Caro Heitor, fico muito feliz em finalmente te conhecer! Seu sorriso é sincero e revela muita sabedoria. Espero que esse livro faça você rir. Rir é a coisa mais gostosa do mundo. Então, a cada rima, ria muito. Não sei qual é o seu signo, e pra falar a verdade, eu sou ruim em lembrar as características de cada um. Mas, para este texto, estudei bastante e tentei criar uma história divertida com misteriosos seres do zodíaco. Espero revê-lo em breve pra trocarmos mais histórias. Um grande abraço! Marcelo Jucá. 6/12/14
As mentiras do zodíaco – 13º o signo da serpente
Eu também quero rever o Marcelo e trocar mais histórias com ele! Acabei de ler um livro da Socorro Acioli, A cabeça do Santo, é um livro para adultos. Fui ao lançamento e tenho um exemplar autografado por ela, no autógrafo ela escreve que é para eu ler daqui a dez anos. Fui desobediente! Já li, adorei e não vi nada que uma pessoa da minha idade não possa ler. Soube que o Marcelo Jucá também leu esse livro, quero marcar de tomar um suco com ele e compartilhar essa leitura.
O Marcelo Jucá é jornalista e mestre em comunicação, já trabalhou na Folha de S. Paulo, Editora Abril, Editora Escala e algumas agências de conteúdo. A história de seu livro, As mentiras do zodíaco, publicado pela Editora Patuá, começa com Gael, o personagem principal, deitado na grama, olhando o céu: “Há exatos 13 anos, Gael estava deitado na grama admirando as estrelas no céu. Olhava com os seus óculos binóculos as dezenas de luzinhas daquela infinita escuridão, buscando as respostas para as suas perguntas, para os acontecimentos, para a vida. E morte.”
Essa grama ficava no jardim da casa de seu avô Euclides, numa cidade do interior. Seu avô estava doente e de cama e esta notícia inconformou Gael, que ficou emburrado, sem muita reação. Gael gostava de se perder em pensamento, admirador do céu, seu passatempo era reconhecer cada constelação ou planeta, “ou até um avião sobrevoando se achando o dono de tudo”. De repente ele sentiu um vento estranho vindo de cima, parecia um chacoalhão.
Desse vento veio um brilho, e do brilho, uma serpente. O Marcelo conta essa parte de uma forma muito bonita, como é todo o livro. Fiquei totalmente envolvido na história do Gael, é bonita e engraçada, tem trechos que parecem poesia. A serpente conversou com o Gael, lhe fez uma proposta e passou 12 tarefas ao menino. Ele tinha que fazer 12 pessoas (uma de cada signo) contar 3 mentiras. Com isso seu avô ficaria curado e a serpente seria reconhecida como o 13º signo do zodíaco. Esse é só o comecinho da história, Gael sai para cumprir suas 12 tarefas e salvar o seu avô. Será que ele vai conseguir? Sim, o Marcelo perguntou o meu signo… Sou de escorpião!
Heitor, você disse que a Roberta trabalha com designer gráfico; designer é o profissional. O que o profissional faz é design. Ou projetista que faz projetos em bom português.
Sei, não, Mario. Só sei que o profissional que faz o projeto gráfico do livro, chamam de “designer gráfico”, mas se o que ele faz é o projeto gráfico, acho que ele é um projetista gráfico, sim. Só mais um anglicismo! Obrigado, já corrigi.