Hoje começaremos outro clube de leitura com a professora Luciana e seus alunos da Escola Municipal Luiz Gatti, de Belo Horizonte. Vamos conversar sobre o livro “O avô mais louco do mundo”. O nosso clube de leitura funciona assim, a professora indica um livro, eu leio e escrevo, aqui, a minha “resenha”. Na sequência, os alunos, que também leram e trabalharam esse livro, em sala de aula, escrevem seus comentários e contam o que acharam do livro. No final, respondo os comentários e as eventuais perguntas e, assim, promovemos um debate sobre nossas leituras do mesmo livro. Mas se alguém mais quiser comentar e participar do clube, também pode, mesmo não sendo aluno da escola.
Toda vez que faço um clube de leitura, empresto o livro para o meu amigo Lipe e peço sua ajuda. Ele também lê e depois, a gente troca ideias, são as nossas rodas de conversa. É sempre muito bom saber de outra leitura do livro, antes de escrever a “resenha”. É muita responsabilidade! Pena que meu amigo não se contenta em só me ajudar com o livro do clube, ele quer dar palpite em tudo.
-Pra ter um blog e postar tão pouco como você posta, melhor não ter – meu amigo, às vezes, é muito cruel em suas opiniões.
-Como assim, Lipe?
-Você sabe o que eu penso…
-O que você pensa?
-Você devia postar, pelo menos, a cada 15 dias. Eu concordo que os clubes de leitura com a professora Luciana são da hora, mas você poderia fazer muito mais. Volta a escrever as resenhas com mais frequência, eu ajudo, já estou lhe ajudando com seu livro.
-Como você vai me ajudar, quer escrever as resenhas pra mim?
-Não, né, as resenhas são suas, não pretendo ser seu ghost-writer, mas podia ler, também, os livros que você anda lendo e conversar, como fazemos nos clubes, quem sabe você não tem umas ideias e se anima.
-Vou pensar…
-Mas, pensa rápido!
Acho que o Lipe tem razão, vou voltar a escrever as resenhas, com mais frequência e também dar sugestões de leitura, como fazia antes. Tenho lido livros tão bons, que têm feito eu pensar sobre diversos assuntos, devia, pelo menos, compartilhar essas experiências aqui no blog. Está decidido, vou aceitar a ajuda do meu amigo e voltar com as minhas resenhas!
Nossa roda de conversa
Desta vez, minha conversa com o Lipe sobre o livro do clube seguiu um roteiro novo. Selecionamos algumas perguntas do Book Bucket List, o guia de clube leitura, que trouxemos da viagem e que falei no post anterior. Foram estas as perguntas que selecionamos do guia e tentamos responder na nossa roda de conversa:
- O que você mais gostou neste livro? O que você menos gostou?
- Este livro fez você lembrar de outros livros que já tenha lido, quais?
- De quais personagens você mais gostou? E de quais você menos gostou?
- Cite um trecho do livro que você mais gostou e porque gostou deste trecho.
- Você leria outro livro deste autor? Por que sim, por que não? Se já leu, compare.
- Qual personagem do livro você mais gostaria de conhecer?
- A história desse livro parece verdadeira?
- Se você tivesse a chance de fazer uma pergunta ao autor desse livro, que pergunta faria?
Soube que os alunos fizeram uma atividade sobre esse livro e também responderam a outras perguntas. A professora Luciana me enviou esse questionário e eu também respondi, com o Lipe, na nossa roda de conversa. Por isso, deixo as perguntas do nosso guia, quem sabe os alunos da professora Luciana também queiram responder a essas.
O avô mais louco do mundo
A história desse livro começa, mais ou menos, assim: os pais de Marcos vão viajar, vão ficar fora por 15 dias e precisam deixar o filho com alguém, e a única pessoa disponível é o seu avô Felipe. “É um velho louco”! – a mãe preocupada. “Não é bem assim. Além disso, não há outro lugar para deixar Marcos durante tantos dias.”- o pai minimiza e sai na defesa do avô de Marcos, que é seu pai. Narrado pelo menino, o livro “O avô mais louco do mundo”, escrito por Roy Berocay, ilustrado por Roberto Negreiros e traduzido Cristina Antunes, conta a história bem divertida, cheia de aventuras e descobertas vividas pelo neto, dos dias em que passa na casa de seu avô, que mora na praia e é muito maluco.
Havia anos que Marcos não visitava seu avô e suas lembranças eram muito boas, quando pensava nele, dava uma “sensação morna na barriga”, de felicidade, mas ao mesmo tempo, ficava em dúvida e dividido, pois sua mãe dizia que o avô era má influência para ele. Mas o pai continuava o defendendo: “Sempre foi muito bom com o Marcos.” E a mãe insistindo, continuava atacando: “Sim, mas é muito distraído e fuma demais, um dia vai tocar fogo na casa.” Eles discutindo e o menino tentando falar, que também achava o avô meio estranho: “Esse velho magro e sem dinheiro, de cara engraçada, que gostava de ler romances policiais e de ouvir música esquisita.” Mas não teve jeito, não havia outro lugar para deixar Marcos, por tantos dias, e ele foi, mesmo, para a casa do avô. Foi e não se arrependeu, as férias com o seu avô artista, inventor, defensor do meio ambiente e um pouco atrapalhado, foram as melhores férias da sua vida.
Sobre as respostas às perguntas do guia, vou deixar um resumo geral da nossa conversa, pois, o trabalho de responder, gerou um longo debate entre mim e o Lipe. Nós não conhecíamos o Roy Berocay e nunca tínhamos lido nenhum livro dele, mas, com certeza, leríamos outro livro desse autor, pois gostamos muito do jeito como ele conta a história. O Lipe gostou mais da parte em que o experimento do avô transforma a água que sai pelos canos da cidade em água com gás, e eu gostei da parte em que Marcos conhece Gabriela, pois ando meio romântico. Achamos que a história parece verdadeira, sim, pois devem existir muitos avôs Felipes por aí. O personagem que gostamos mais e, também, o que gostaríamos de conhecer é o avô, e se pudéssemos fazer uma pergunta ao autor, perguntaríamos se o avô não é ele.
Os autores
O escritor Roy Berocay nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 1955, e tem cinco filhos e três netos. Além de jornalista, é também músico e compositor. Foi guitarrista, compositor e cantor do grupo uruguaio de rock e blues El Conde de Saint Germain, e atualmente é membro da banda de rock La Conjura. Como escritor, seus livros têm recebido prêmios importantes, e são muito populares em seu país e em outros países da América Latina.
O ilustrador Roberto Negreiros nasceu e vive em São Paulo. Formou-se em Produção Visual Gráfica, em Artes Plásticas e em Jornalismo. Colaborador freelancer das maiores e melhores publicações das principais editoras do país há quase quatro décadas, é reconhecido pelo seu traço marcante e bem-humorado. Seus trabalhos frequentam periodicamente as páginas das revistas Veja, Veja São Paulo, Veja Rio, entre outras, assim como de livros infantis e juvenis de diversas editoras.
A tradutora Cristina Antunes foi curadora da Biblioteca José e Guita Mindlin, de 1980 até março de 2019, quando faleceu, aos 68 anos de idade. Ela foi licenciada em Educação pela PUC de São Paulo e especialista em Paleografia, estudo das antigas formas de escrita, pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Foi membro do grupo de tradutores do Journal of The American Institute for Conservation (JAIC/USA). Publicou a transcrição paleográfica de vários manuscritos, além de traduções de diversos livros. Escreveu “Memórias de uma guardadora de livros”.