Os contos de enigma dos alunos da Luiz Gatti
Hoje publico os três últimos contos de enigma, resultado do clube de leitura que fiz, sob a coordenação da professora Luciana, com os alunos do 8º ano, da Escola Municipal Luiz Gatti, de Belo Horizonte. Inspirados pela leitura de “Os dançarinos”, história de Sherlock Holmes, contada pelo Dr. John H. Watson e escrita por Sir Arthur Conan Doyle, eles escreveram, a pedido da professora, os seus próprios contos de enigma.
Post internacional
Mas antes de apresentar os contos, quero contar a última novidade. Como disse no primeiro post dessa série, estou ocupado com outro projeto, escrevendo uma história mais longa, continuação de “Os meninos da biblioteca”, que pretendo terminar antes do final deste ano. Como disse lá, também, nessa história, entre outras aventuras, eu e a minha turma estamos atrás de um livro que sumiu, seguimos o seu rastro e descobrimos que, depois de dar muitas voltas, ele foi parar em outro país. Quando já tinha desistido de contar essa história – nunca que iria conseguir viajar para tão longe, só para encontrar um livro – e começava a procurar outra história, surgiu a oportunidade de fazer essa viagem. Embarco, hoje e o meu próximo post, vou escrever de lá. Será um post internacional!
Agora, vamos aos contos
No primeiro conto “Amigo ou Inimigo?” , escrito pelo Fred, Max e o narrador dessa história tentam desvendar um assassinato e descobrir qual seria a motivação do crime. Será que Max, que é um detetive muito procurado, conseguirá desvendar mais esse mistério? No segundo “A morte de Joyce”, escrito por Gláucia Gomes e Geovana Raissa, duas detetives investigam um assassinato e desconfiam do filho da vítima. Teria, mesmo, o filho, assassinado a própria mãe? Já no terceiro conto, escrito por Laura Menks e Laís, a história começa numa festa, passa por uma briga de namorados e acaba em tragédia.
Amigo ou Inimigo?
Fred
Em um prédio, há três meses, ocorreu um assassinato em que a vítima era reconhecida por Joel e parecia morar com Caio, que diz ser um amigo íntimo de Joel. Um policial ficou sabendo do ocorrido e foi chamado para investigar o caso. Sem saber, os policiais não chegaram a uma conclusão do suspeito, mesmo sabendo que seu vizinho não era muito amigo de um deles. Eu e Max, que era um detetive muito procurado naquela época, também fomos chamados para investigar o caso. No local havia várias pistas, mas não pudemos observar o corpo de Joel, pois iria passar por exames, para saber mais do que estava acontecendo. Nas pistas, Max encontrou um pano úmido com um cheiro muito forte de remédios que só eram usados por pessoa com dificuldade para dormir, e uma passagem de avião, rasgada ao meio que parecia ser para outro estado. Depois de observarmos as pistas, não descobrimos nada, e Max ficou atento, por muito tempo, dentro do quarto em que Joel dormia.
No dia seguinte, eu e Max voltamos ao local do crime para interrogarmos algumas pessoas. No total, três pessoas foram interrogadas e só uma falou que tinha ouvido um escândalo em uma noite, vindo do prédio em que havia ocorrido o assassinato. Com essas pistas, Max interrogou Caio, que negou tudo o que Max tinha lhe perguntado sobre o assassinato de Joel. Assim se passou mais um dia de dúvidas sobre o ocorrido.
De manhã, enquanto eu e Max estávamos dormindo, recebemos uma ligação urgente, que mais uma pessoa havia morrido no prédio. Nós dois saímos o mais rápido possível para vermos o corpo da outra vítima, que havia falecido. E, para a nossa surpresa, era o vizinho que havia falado que não gostava de um deles (Joel ou Caio). Imediatamente, quando Max viu o corpo e de quem era, logo foi à delegacia para mandarem prender Caio. Mas os policiais o perguntaram o motivo de prendê-lo. Max tirou um pano úmido que estava nos dois assassinatos.
No júri, estavam presentes Caio, eu e Max. Caio como acusado, eu e Max como investigadores dos assassinatos. Quando o júri chama Max para explicar o crime e o porquê de Caio ser o assassino, explica que Caio já estava há muito tempo planejando em assassinar o vizinho, mas quando Joel soube, tentou fugir para outro estado, Caio ficou com medo de que ele contasse para a polícia e resolveu matá-lo para esconder o verdadeiro crime. Com o relato, o júri acabou o caso e no dia seguinte Caio foi condenado e preso pelos assassinatos. Nos exames relatou morte por quantidade de remédios em Joel e no vizinho. Assim, por um instante, pensamos ter acabado o enigma, mais o porquê do vizinho não gostar de um deles acho que nunca saberemos !!!!!
A morte de Joyce
Gláucia Gomes e Geovana Raissa 8ºC
Já era fim de expediente! O silêncio da sala é quebrado pelo som do telefone! Por alguns segundos o cansaço de mais uma noite acordada me faz hesitar em atendê-lo. Enfim o retiro do gancho e uma jovem se identifica como Helena Ferrary! A primogênita de uma das famílias mais ricas da cidade relata o provável homicídio de sua mãe.
Chegando ao local, acompanhada de minha parceira Geovana, ouvimos atentamente o relato de Helena, analisamos o ambiente que sua mãe havia falecido. Não fugiram de nossos olhos os pedaços do vidro da janela caídos do lado de fora da casa, então perguntamos a Helena o que havia acontecido e ouvimos o seu relato:
– Na madrugada passada, me sentindo indisposta, levantei para ir à cozinha tomar água e resolvi ir ao quarto da minha mãe, ver como ela estava. Encontrei-a com um dos braços caído para fora da cama, sua pele estava fria e pálida e seus olhos vidrados e sem pulsação. Chamei-a mais de uma vez e ela não me respondeu.
Neste momento, vimos fortes sentimentos aparecerem em seu rosto! Ela enxugou suas lágrimas e disse:
– Ricardo chamou a ambulância e os médicos confirmaram a notícia, nossa mãe havia falecido… os médicos disseram que a causa da morte foi o medicamento que havia na seringa. Então minha assistente anotou em seu caderno e disse:
– Mas foi ela que tomou todos esses remédios?
Ela respondeu rapidamente:
– Não, os médicos constataram uma grande dosagem de vários remédios diferentes que ela costumava tomar. Um deles disse também que poderia ser um assassinato.
Perguntei:
– Quais foram aplicados em sua mãe?
Triste, Ricardo respondeu:
– Os médicos falaram que foram drogas sintéticas.
Minha assistente falou:
– Hmmm… Muito suspeito detetive Gláucia, realmente pode ser um assassinato.
Helena e Ricardo se olharam, e naquele momento ele estava branco e nervoso, então eu perguntei:
– Alguém de sua família estuda medicina?
Helena ficou em silêncio, mas Ricardo respondeu:
– Sim, eu estudo medicina, mas o que isso tem a ver?
– Por enquanto nada, estou apenas juntando os fatos.
Ricardo suspirou…Então eu continuei a dizer:
– Eu posso olhar a casa?
– Claro que sim. – Helena disse.
Fomos para o quarto de Joyce e começamos a analisar detalhes.
– Vocês ouviram barulhos estranhos ou algo parecido?
– Não – Disse Helena.
E Ricardo confirmou balançando a cabeça. Eu e minha assistente vimos rastros de sapatos no chão, peguei minha lupa no bolso e segui os rastros, onde deu no quarto ao lado.
– De quem é esse quarto? E de quem é essa bota? Minha assistente perguntou.
Ricardo engoliu seco e levantou o dedo, dizendo:
– Esse quarto é meu, e a bota também. Mas faz meses que não uso essa bota, e nem sei o que ela faz aqui.
– Vamos para o quarto do crime, detetive – Disse minha assistente.
Eu olhei embaixo da cama e vi que lá havia uma bolsa, peguei e disse:
– De quem é essa bolsa? Ficaram em silêncio então falei mais alto:
– De quem é essa bolsa?
Eles persistiam em não responder, então eu falei brutalmente:
– Se vocês não responderem de quem é essa bolsa, irão para a delegacia!
– Essa bolsa é de Ricardo – Disse Helena, não querendo se envolver.
– Sim ela é minha, mas ela estava em meu quarto – Disse Ricardo
– Igual a sua bota? – Falou minha assistente.
Ricardo abaixou a cabeça. Eu abri a bolsa, onde havia uma seringa usada e do lado uma ampola quebrada, ele disse:
– Detetive, você não está pensando que…
A detetive o interrompeu dizendo:
– Existem várias provas de que você é o culpado!
– Não detetive … Não fui eu!
Fechei a cara e disse bem alto e em bons tons: “Você está preso!”
Helena, comovida, disse;
– Não, meu irmão não seria capaz de matar nossa própria mãe!
Peguei as algemas e enquanto o prendia, assustado e se debatendo gritava que não era o culpado. Enquanto o conduzia até a porta, ordenei que Helena abrisse, momento em que, desesperada pela cena e motivada pelo remorso, a irmã de Ricardo confessa toda sua trama:
– Meu irmão não seria capaz de matar nossa própria mãe, EU A MATEI.
Facada Mortal
Laura Menks e Laís
Nessa noite eu, Maycon, Jéssica, Pedro e Flávia faremos uma festa surpresa para Pâmela.
…
A festa estava ótima! E a noite parecia boa. Só faltava a Pamela chegar para cantarmos os parabéns.
Quando ela chegou com o Maycon vimos que estava tudo bem com ela e que, como sempre, estava linda!
Depois dos parabéns, o clima ficou um pouco tenso, a Pâmela e o Maycon brigaram, isso era comum entre eles, mas essa briga, em particular, estava sendo pior.
Depois da briga, o Maycon resolveu ir embora (ainda bem, não aguentava mais a discussão). A festa continuou com o clima estranho e a Pâmela ficou quieta sem falar nada com ninguém, resolvi então conversar com ela.
– Oi Pamela! Está gostando da festa? Ela olhou para mim com os olhos lacrimejando.
– Não enche, Richard! Eu sei que você e os outros ouviram nossa briga!
– Sim, você tem razão, nós ouvimos a briga de vocês, mas ele foi um babaca com você!
– Não. A culpa foi minha!
Até parece! A culpa nunca é da Pâmela, é sempre o Maycon que erra e ela fica se sentindo culpada.
– Mesmo assim, aproveita um pouco a festa, conversa com a galera! Se anima! Estamos aqui por você.
Depois do que eu disse, ela parecia tentar ficar feliz, mas falhava, miseravelmente.
– Depois desse dia eles brigaram de novo certo Richard? Perguntou Cecile.
– Sim detetive, e dessa vez foi bem crítica, e aí eles terminaram o namoro.
Eu estava sem palavras, quase não conseguia contar a história direito.
– E cada dia que se passava ela ficava mais triste e deprimida… Nem parecia mais a mesma. Foi aí que eu fiz de tudo para animá-la: tomamos sorvete juntos, fomos ao cinema, passeamos no zoológico… E nesse meio tempo, começamos a nos aproximar mais e ver que tínhamos várias coisas em comum e começamos a namorar, foi tudo bem rápido… O Maycon não sabia nada sobre a gente, ela o havia bloqueado nas redes sociais, até que esses dias para trás ele nos viu de mãos dadas no parque, olhou bem nos nossos olhos e foi embora bem rápido. Um tempo depois, estávamos na minha casa e víamos vultos passar pela janela, eu falava que não era nada, mesmo assim ela e eu ficávamos com medo, mas nunca achamos necessário ligar para a polícia. Um tempo depois que começamos a namorar, Flávia e Pâmela brigaram, eu não sei o porquê, só sei que depois disso elas não se falaram mais. No dia da morte dela eu fui ao mercado e quando voltei ela estava ferida no chão com uma faca perto do peito. A primeira coisa que eu fiz foi ligar para a emergência e ficar ao lado dela, depois que desliguei o telefone ela tentou murmurar algo como “Fo… Fo… FOI… E… El…E…” Foi só isso que eu consegui entender. Depois disso ela ficou fraca e não resistiu…
– Ou seja, morreu. – Disse Theo.
– Infelizmente sim, detetive.
– Seu depoimento foi muito importante para a investigação, senhor Richard. Assim que tivermos alguma pista entraremos em contato. Agora vamos detetive Theo.
UMA SEMANA DEPOIS
-A não! A campainha tocando justo em um sábado de manhã! Olho no olho mágico e… MEU DEUS! Finalmente!
-Cecile, Theo! Entrem, alguma pista?
Eles só olharam para a minha cara e disseram:
– Já temos possíveis suspeitos…
– Nos acompanhem por favor.
– Mas… Quem são?
– Você verá.
Fiquei tenso o caminho inteiro, ninguém falava nada e foi bem constrangedor. Depois de uns 10 minutos, chegamos a uma delegacia. Lá, eles me levaram para uma sala e dentro dela estavam Flávia, Jéssica e Maycon, todos pareciam tensos e ninguém falava nada. E assim Theo começou a falar:
– Achamos que um de vocês foi quem matou Pâmela.
– Como assim? Falaram todos em coro.
– Deixe-me explicar.
– Primeiro você, Richard, conseguimos o vídeo da câmera de segurança do mercado que estava, realmente você estava lá quando Pâmela foi morta. Maycon, conseguimos falar com o dono do bar em que você alegou estar, ele confirmou tudo. Jéssica, conversamos com a companhia aérea e eles confirmaram que você havia pegado um avião um dia antes e voltaria após dois dias. Mas e você Flávia? Não achamos nada que provasse sua inocência, mesmo você alegando estar em casa na hora do crime.
Fiquei confuso e perguntei:
– Eu era um suspeito?
Todos me ignoraram e Cecile disse:
– Pegamos o vídeo da câmera de segurança da casa de Pâmela e vimos uma pessoa estranha entrar na casa e sair por volta de 20 minutos depois.
– Vocês são idiotas, eu estava de capuz. Quer dizer… Essa pessoa devia estar de capuz… Hehe…
– Flávia, você está presa. Tem direito a um advogado. Tudo o que você falar pode ser usado contra você, então sugiro ficar calada.
– NÃOOO…
Nós ficamos na sala até o advogado dela chegar e ela por fim começar a falar.
– Bom… Eu só fiz isso tudo por causa dela! Falou Flávia.
Eu estava com um pouco de medo, e curioso também. Como alguém teria coragem de matar Pâmela?
– O que te motivou a cometer o crime? Perguntou Cecile.
– Nós éramos melhores amigas… Trabalhávamos no mesmo lugar… Até que surgiu uma promoção na empresa e uma de nós iriamos ocupar a tal vaga…Ela sabia que eu estava precisando de dinheiro, mesmo assim queria que a vaga fosse dela… Eu iria apenas conversar com ela quando fui até a casa dela… Tentar explicar minha situação… Mas discutimos mais ainda.
A Pamela não havia me falado nada sobre essa vaga de emprego.
– E, durante a briga, eu vi a faca e não aguentei… Mas me arrependo de tudo isso.
– Vai se arrepender, mais ainda, na cadeia. Podem levá-la.