Vamos abraçar o Centro Cultural

EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA

Na semana passada recebi uma mensagem do João Gabriel, ele é diretor do Sindsep, o sindicato dos funcionários públicos municipais de São Paulo. Quem acompanha meu blog há mais tempo ou leu o livro Os meninos da biblioteca, já ouviu falar dele. O João é o meu melhor amigo, depois do Lipe, é claro, o Lipe é meu amigão, quase um irmão.

A mensagem era um convite para eu participar da plenária de organização da luta contra a terceirização da gestão das bibliotecas públicas e do Centro Cultural São Paulo. Todos já devem ter visto essa notícia. Alguns chamam isso de privatização, o prefeito e seu secretário da cultura se defendem e dizem que não vão privatizar como estamos declarando “erroneamente”.

Então que nome dar à transferência para iniciativa privada, da gestão de serviços, que são da responsabilidade do Estado? Se não é privatização, é quase. Claro que fui a essa plenária, lá eu aprendi isso e muitas outras coisas!

E fiquei muito feliz com o convite do João, pois já lutamos juntos em outra frente de batalha e fomos vitoriosos. Derrotamos o outro prefeito que queria fechar a biblioteca do meu bairro, a Anne Frank, (essa história eu contei em detalhes no livro “Os meninos da biblioteca”) e vamos lutar agora contra este, que quer “privatizar” o Centro Cultural São Paulo e todas as bibliotecas públicas da cidade.

Muita gente falou na plenária, fiz algumas anotações e aos poucos vou contando as coisas que aprendi. Ainda quero estudar mais sobre o assunto, já separei e comecei a ler alguns textos, a lei das Organizações Sociais (OS), o plano do livro e o plano da cultura, quero me informar e me fortalecer para essa luta política.

Já percebi que a terceirização é um assunto bem complicado, além de perigoso. O Estado paga para as OSs executarem os serviços que são da sua responsabilidade, com o tempo o Estado perde a capacidade de gerir esses serviços, que são essenciais para a população. Isso não pode ser bom!

O ABRAÇAÇO

Nesta quarta-feira, 25 de janeiro, no feriado do aniversário da cidade, haverá a primeira manifestação pública contra esse plano do prefeito e de seu secretário de cultura, um abraço simbólico ao Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, 1000, Paraíso). A concentração será às 12h00 e o abraçaço, às 13h00. Estão todos convidados. Eu vou!

A livraria mágica de Paris

Depois de muito tempo sem escrever no blog, voltei pra falar do livro A livraria mágica de Paris, da escritora alemã Nina George, que conta a história do livreiro Jean Perdu, o farmacêutico literário que receitava livros. Antes eu conto porque fiquei tanto tempo longe daqui, e no final deste post, faço uma retrospectiva da minha vida e alguns planos para o Ano-Novo. Para provar que voltei com tudo, já vou até anunciar meu próximo post: será sobre dois livros que ganhei da Editora do SESI.

VOLTEI PARA FICAR

Hoje vou falar do livro A livraria mágica de Paris, da escritora Nina George. Encontrei esse romance depois de muita pesquisa nas livrarias, bibliotecas e sebos; pois precisava ler algum livro que me fizesse voltar a escrever no blog.

Fiquei muito tempo sem escrever aqui, então, esse livro tinha que ser especial, um livro que me tirasse da inércia, que tivesse a ver com a minha história e o meu momento atual.

Acho que estou vivendo uma crise! Minha mãe disse que isso passa, mas, sei lá, está demorando muito. Quero sair logo dessa fase, e escrever, deve me ajudar.

Na pesquisa, procurei um livro que falasse dos problemas que estou vivendo, encontrei alguns, com histórias contadas por meninas, li dois, mas não é a mesma coisa. Queria ouvir de meninos que já viveram o que estou vivendo agora. Vou explicar melhor:

Sou um leitor que busco me identificar com as histórias que leio, procuro no livro aquilo que se parece comigo. Nunca quero analisar ou criticar o autor, sempre quero gostar dele. Aprendi que sou assim lendo o livro O fazedor de velhos, de Rodrigo Lacerda. (Falei desse livro aqui no blog).

Os livros sempre me ajudaram a resolver minhas dúvidas e superar minhas dificuldades. Já quando contei a história do livro Os meninos da biblioteca, do qual sou o narrador, não foram somente os livros que me ajudaram, seus próprios personagens tiveram papéis fundamentais na minha história.

Eles saíram de seus livros e vieram comigo lutar contra o fechamento da biblioteca do meu bairro.

Desculpem-me ficar repetindo esses assuntos, é que aproveitei o tempo que não escrevi aqui para reler meus posts e descobri uma coisa muito importante: Amadureci!

Meu pai também releu meus posts mais antigos, lá do começo do blog, quando eu ainda escrevia feito uma criancinha, comparou com os mais recentes e me disse: – “Seu texto está melhor, Heitor, você amadureceu, já está escrevendo quase como gente grande”.

Por tudo isso, eu queria encontrar um livro que falasse dos problemas de um menino da minha idade, que está amadurecendo e passando pelas dificuldades dessa fase. Mas só encontrei histórias de meninas. Será que os meninos tem vergonha de falar disso?

Quando estava quase desistindo, vi esse livro na livraria e seu título me chamou atenção: “A livraria mágica de Paris”. Gostei de cara! Comecei a ler o texto da orelha pra ver do que se tratava:

“Uma história emocionante de amor, de perda e do poder dos livros – Monsier Perdu se considera um ‘farmacêutico literário’. De seu barco-livraria ancorado no rio Sena, ele prescreve livros para todas as dificuldades da vida. Fazendo uma análise intuitiva dos clientes, Perdu identifica e recomenda o livro perfeito para cada um.”

Como diria minha tia, “saiu melhor que a encomenda”. Era o que eu precisava para voltar a escrever aqui!

A FARMÁCIA LITERÁRIA

O livro A livraria mágica de Paris, escrito por Nina George e publicado no Brasil pela Editora Record, já foi traduzido para mais de 28 idiomas, permaneceu mais de um ano nas listas de livros mais vendidos da Alemanha e foi best-seller na Itália, na Polônia, na Holanda e nos Estados Unidos, figurando várias semanas na lista do New York Times.

O livreiro Jean Perdu, o farmacêutico literário, tinha seu barco-livraria ancorado no rio Sena e classificava seus clientes em três categorias: “Os primeiros eram aqueles para quem os livros significavam o único sopro de ar fresco no sufoco do dia a dia”, seus clientes preferidos. “Confiavam no que Monsier Perdu lhes dizia que precisavam ou compartilhavam com ele suas vulnerabilidades”.

A segunda categoria de clientes só ia ao barco-livraria, porque era atraída pelo nome da loja: La pharmacie littéraire, ou para comprar seus cartões-postais originais com dizeres do tipo, “A leitura é o fim do preconceito”, “Quem lê, não mente – pelo menos não ao mesmo tempo”, ou para comprar livros miniaturas dentro de vidrinhos marrons de remédio, ou apenas para tirar fotos.

O terceiro tipo de clientes era o que ele menos gostava. Essas pessoas se consideravam reis ou rainhas, e com tom de censura questionavam Perdu: “O senhor não tem curativos adesivos com poemas? Não tem papel higiênico estampado com romances policias? Por que o senhor não vende travesseiros infláveis de viagem? Faria bastante sentido em uma farmácia literária.”

PERDU LEVANTA ÂNCORA

Perdu teve a ideia para batizar seu barco-livraria de “Farmácia Literária” a partir da obra do escritor alemão Erich Kästner, que em 1936 lançou a sua “Farmácia Lírica”, organizada como um armário de remédios poéticos de sua obra. No prefácio do livro, Kästner dizia: “É indicado – de preferência em doses homeopáticas – para as pequenas e grandes enfermidades da existência, e ajuda no ‘tratamento da vida íntima comum’.”

Já Perdu, o nosso farmacêutico literário, queria tratar das “sensações que não são reconhecidas como doenças e que nunca são diagnosticadas por médicos. Todas aquelas pequenas emoções e todos os sentimentos pelos quais nenhum terapeuta se interessa, porque parecem pequenos demais e intangíveis.”

Ele tratava da dor dos outros, mas não conseguia cuidar da sua própria. Uma desilusão amorosa arrastada por 21 anos teve uma revelação que o fez romper todas as suas amarras, levantar âncora e navegar com seu barco-livraria para o sul da França.

Nessa viagem Perdu é acompanhado por Max Jordan, um jovem escritor, autor de um best-seller, que estava sofrendo de um bloqueio criativo, e por Salvo Cuneo, um cozinheiro italiano à procura da barqueira misteriosa que roubou seu coração.

Essa viagem é cheia de aventuras, Perdu continua vendendo seus livros – agora com a ajuda de seus dois amigos -, às vezes até trocando por comida, fazendo suas mediações de leitura e receitando livros.

Uma coisa que eu gostei de descobrir nesse livro é que existe uma cidade, no sul da França, em que tudo se relaciona à literatura. Jean Perdu diz que “quem ama livros, deixa o coração lá, é um vilarejo onde todos são loucos por livros, quase toda loja é uma livraria, uma gráfica, uma encadernadora ou uma editora”. Essa cidade se chama Cuisery. Um dia quero ir à Cuisery!

A AUTORA

Nina George nasceu no dia 30 de agosto de 1973, em Bielefeld, na Alemanha. É jornalista, escritora e professora, já publicou mais de 26 livros, entre romances, thrillers, contos, crônicas e livros de não-ficção. Trabalhou como repórter policial, colunista e editora-chefe de várias publicações.

Ela também escreve com pseudônimos. Sobre questões de amor, sexualidade e erotismo, como Anne Oeste; romances policiais, em parceria com o marido Jens J. Kramer, assina Jean Bagnol. Já com o nome de casada, Nina Kramer, escreveu um thriller em 2008. A livraria mágica de Paris é o seu primeiro romance best-sellers.

MEUS PLANOS PARA 2017

Acho que me sinto bem melhor, agora. Depois de ler A livraria mágica de Paris e voltar a escrever no blog, já estou até pensando em fazer planos para este ano!

Enquanto relia alguns dos meus posts, desde o começo do blog, percebi outra coisa muito importante: Tenho uma história e não posso abandoná-la, simplesmente.

Com o blog fiz muitos amigos escritores, ilustradores, editores e, principalmente, leitores. Fui a muitos lançamentos de livros, passeios e festas literárias.

Com apoio e orientação de professores, organizamos vários clubes de leitura, foram mediações que fizemos com alunos de escolas públicas, lemos diversos livros, e depois conversamos sobre as nossas leituras, por meio dos comentários no blog.

Para a produção desses clubes de leitura, não posso deixar de agradecer ao meu amigo Lipe, ele sempre me ajudou, lendo o livro e participando das rodas de conversa.

Foi o Lipe quem mais me incentivou a voltar a escrever aqui, depois de listar um monte de coisas bacanas que fiz, disse que eu devo tudo ao blog.

– Antes do blog você não era ninguém, Le.

– E daí? – eu respondi. – Você também não era ninguém, Lipe. – E gargalhamos.

Outra coisa importante foi a minha participação na luta política contra o fechamento da biblioteca do meu bairro, com ela, cheguei a receber uma homenagem da Câmara Municipal de São Paulo, por minha militância. Contei essa história em detalhes no livro Os meninos da biblioteca.

Também participei de várias plenárias e acompanhei algumas discussões para elaboração do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca, que hoje é uma lei municipal.

Mas o mais importante foram os livros que li. Eu cresci, refletindo e escrevendo sobre essas leituras. Como eu disse no começo deste post, confirmei isso lendo meus textos mais antigos e comparando aos mais recentes.

Hoje já não tenho a mesma cara de quando comecei a escrever aqui, e agora quero mostrar como estou. Para isso, preciso reformular o blog, atualizar as ilustrações, modernizar o projeto gráfico, ampliar o conteúdo, etc… Acho que vou ter muito trabalho!

Mas tudo bem, já estou mais disposto e cheio de ideias. Vou conversar com o meus amigos, pedir ajuda e ver como que se faz tudo isso. Fiquei animado!