Fui à biblioteca, peguei quatro livros para ler nas férias, já li dois e hoje vou falar deles. Também vou falar da minha luta política, mas antes, como este é o último post do ano – vou viajar e só vou escrever o próximo, depois do dia 10 de janeiro – quero desejar um Feliz Ano Novo pra todos, cheio de coisas boas.
Da minha parte, tenho muitos projetos para o blog em 2012. Tive uma ideia bem bacana, que eu até já combinei com o pessoal da Sintaxe, mas ainda não posso falar nada. É segredo! Mas, se der certo, o nosso blog vai ficar mais legal ainda, e eu vou ficar muito feliz. Aguardem! Quero continuar junto com vocês, no ano que vem.
Nesta semana fui à biblioteca pegar uns livros pra ler nas férias. Sempre que vou à biblioteca, o meu amigo João Gabriel, o bibliotecário, me ajuda a escolher os livros. Mas desta vez ele não estava lá. Eu ainda não tinha contado pra vocês. O João Gabriel não trabalha mais na minha biblioteca e me explicou o que aconteceu: Ele faz parte da diretoria eleita para dirigir o sindicato. Ele continua funcionário da biblioteca, mas está de licença para ser diretor e trabalhar no sindicato. Eu disse a ele que perdi um amigo bibliotecário, mas ganhei um amigo sindicalista.
Ele riu e disse que sempre será bibliotecário. O João já me contou um monte de coisas do sindicato, ele é como eu, adora uma luta política. Mas, como já fiz novos amigos na biblioteca, desta vez quem me ajudou foi a Maricy e o Gustavo. Eu queria uns livros juvenis, escritos por autores famosos, que escrevem para adultos. Eles me mostraram uma lista de livros no computador e eu fui com a Maricy até a estante procurar aqueles que eu queria levar. Peguei quatro, já li dois e hoje vou falar deles. São dois livros do Moacyr Scliar. Eu já falei do Moacyr Scliar uma vez aqui no blog.
Nas férias do ano passado brincamos de Flip e eu também contei isso aqui. Fizemos uma roda e cada um lia um trecho do livro que estava lendo e falava um pouco dele. Eu falei do Alienista, que li nas férias. Minha mãe estava lendo um livro do Moacyr Scliar chamado Eu vos abraço, milhões, e eu falei aqui, o que minha mãe contou pra gente nesse dia, desse livro. Logo depois, em fevereiro deste ano, eu li a notícia que ele tinha morrido. Fiquei muito triste!
Eu não sabia que o Moacyr Scliar também tinha escrito livros juvenis. Na biblioteca tinha um monte e eu peguei dois: Memórias de um aprendiz de escritor, em que ele conta como virou escritor e Uma história só pra mim, que tem um personagem que é filho de escritor. Tirei da estante da biblioteca, li o resumo deles na capa e de cara gostei. – Vou levar mais esses dois, Maricy.
O primeiro livro do Moacyr Scliar que eu peguei pra ler foi o Memórias de um aprendiz de escritor. Esse assunto me interessa muito! Neste livro, ilustrado por Eduardo Albini e publicado pela Companhia Editora Nacional, ele contou que já escrevia há muito tempo. Disse que “se ainda não aprendi – e acho mesmo que não aprendi, a gente nunca para de aprender – não foi por falta de prática.” Ele disse que começou a escrever muito cedo e todas as suas recordações estavam ligadas a ouvir e contar histórias. As histórias dos personagens que ele lia nos livros e as suas próprias histórias, “as histórias de meus personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.” Ele ainda se lembrava de uma autobiografia que escreveu quando tinha seis anos de idade. Sua mãe era professora e ele aprendeu a ler e escrever muito cedo. Lembrava-se de uma frase desse seu primeiro texto: “Logo depois que nasci correu pela vizinhança que eu me chamava Mico…” Ele escreveu essa história em um papel de embrulho.
O Moacyr Scliar conta que suas primeiras histórias eram muito tristes. Seu primeiro conto fala de um menino que morre tentando impedir que um ônibus caia numa ponte danificada: “heroico, mas triste.” Ele era muito sério! Mais tarde descobriu o humor que já estava dentro dele, o humor judaico, “aquele humor agridoce, de meio sorriso, apenas”. Ele era judeu e foi criado num bairro judaico de Porto Alegre chamado Bom Fim. Meu pai me disse que aqui em São Paulo tem um bairro com uma história bem parecida ao Bom Fim de Porto Alegre, é o Bom Retiro. O Moacyr Scliar conta uma história bem engraçada, de um escritor e seu vizinho, e diz que literatura nem sempre parece trabalho. “O vizinho olhava o escritor que estava sentado, quieto no jardim, e perguntava: Descansando, senhor escritor? Ao que o escritor respondia: Não, trabalhando. Daí a pouco o vizinho via o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas: Trabalhando? Não, respondia o escritor, descansando.”
O outro livro do Moacyr Scliar que eu li foi Uma história só pra mim. Ilustrado por Roberto Barbosa e publicado pela Atual Editora, este livro conta a história de um menino chamado João, que morava só com a mãe e não via o pai há mais de 11 anos. Ninguém sabia direito o que tinha acontecido, mas se falava que o pai tinha deixado a família quando o João ainda era muito pequeno. Quem conta essa história é o Rodrigo, amigo do João. Tem outro personagem, que também faz parte da turma, que é o Rafael. João era meio esquisito, ficava sempre isolado, lendo e parecia muito triste. Com o tempo os amigos descobriram que o motivo da sua tristeza era a falta que ele sentia do pai. Um dia o João em conversa com o Rodrigo e a Fernanda (outra personagem do livro) decide contar a sua história: Seu pai era um médico, cirurgião plástico, rico e famoso, que um dia decidiu largar tudo pra cuidar dos índios do Amazonas.
Ele e sua mãe acompanharam o pai e foram viver no interior da Amazônia. No final dessa história contada pelo João, o pai é assassinado pelos capangas de um fazendeiro que queria as terras dos índios. Em pouco tempo essa história do João se espalhou pelo condomínio. Um dia, o Rafael que era metido a detetive ouve falar de um livro que contava uma história muito parecida com a história contada pelo João. Vai à biblioteca da escola e encontra esse livro: Irapi, meu amigo. O escritor chamava-se Brandão Monteiro. Rafael liga para o Rodrigo e pelo telefone lê trechos do livro. Lá estavam todos os detalhes da história contada pelo João. Os dois resolvem investigar, vão à editora do livro e depois de muito esforço conseguem o endereço do autor. Ele morava em uma praia isolada, longe de tudo. Vão até lá e descobrem uma história muito legal e ajudam o João a escrever o final da história deste livro.
Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre em 1937 e morreu em 2011. Foi escritor, médico especialista em saúde pública e professor universitário. Publicou mais de setenta livros, entre crônicas, contos, ensaios, romances e literatura infantojuvenil. Recebeu muitos prêmios literários como o Jabuti (1988, 1993 e 2009), o Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) (1989) e o Casa de las Américas (1989). Em 2003 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Também ficou conhecido por suas crônicas publicadas nos principais jornais do país.
Luta política em assembleia permanente
Na semana passada teve reunião da organização do movimento em defesa do quarteirão do meu bairro. Eu fui! Fui com o pessoal da Sintaxe, eles também estão na luta e já tem um monte de gente participando. Tinha mais de vinte pessoas nessa reunião, que aconteceu num escritório bonito e muito grande aqui no Itaim. Fizemos uma avaliação da nossa apresentação no Condephaat. Estamos otimistas, muitos conselheiros estão do nosso lado, mas não podemos contar só com o tombamento. Por isso estamos nos organizando mais, para garantir a defesa do nosso quarteirão do ataque da prefeitura, que quer derrubar todo esse espaço público para construir prédios de apartamentos.
Nessa reunião criamos grupos de trabalho e cada grupo vai ser responsável por uma área. Eu também faço parte de um grupo! É o grupo que vai cuidar das diversas produções culturais que estamos organizando para um grande evento que vamos promover em março do ano que vem. Nesse grupo estão também, o Helcias, o Luiz e o Aerton. Vamos ter uma reunião desse nosso grupo, depois do dia 15 de janeiro. Vou viajar com os meus pais, mas nesse dia já estou de volta e quero participar dessa reunião. Outra coisa: nessas férias estamos em assembleia permanente e de olho em tudo que acontece lá no quarteirão. Outro dia derrubaram um muro… A gente nunca sabe o que mais eles podem fazer!