Li um livro do Ferréz

– Você não vai mais escrever no blog, Heitor?

– Claro que vou, mãe! Por quê?

– Ontem fui dar uma olhada lá, e faz tempo que você não coloca post novo.

– E que eu ando muito apreensivo e não estou conseguindo escrever… E você sabe com que…

– Mas você não pode ficar assim… Tem que cuidar das suas coisas.

– Não consigo… Toda hora eu penso nisso… Às vezes penso que está bom, que vai dar certo e fico feliz, outras vezes penso que está uma porcaria e que vai dar tudo errado, e então, fico triste. Não sei mais o que pensar…

– Não pensa nada, meu filho. Espera.

– Vou tentar…

– E enquanto você espera, senta e escreve um post novo… No final da semana você não foi a um monte de lançamentos de livros?

– Fui… Fui a três lançamentos e até já li alguns dos livros que eu trouxe de lá.

– Então, senta e conta isso pra gente.

– Legal, mãe, boa ideia! Vou contar, então…

Fui a três lançamentos

Na sexta-feira à tarde fui ao bairro do Capão Redondo, participei do lançamento do livro O pote mágico, do Ferréz, ganhei um exemplar autografado por ele, já li e hoje vou falar deste livro. Na sexta à noite fui à Gibiteria, em Pinheiros, para o lançamento de uma HQ feita a partir do conto O Espelho, de Machado de Assis. Quem fez a adaptação do conto foi o meu amigo escritor Jeosafá Fernandes Gonçalves e quem fez os desenhos dos quadrinhos foi o João Pinheiro, que eu conheci pessoalmente nesse dia. Este livro faz parte de uma coleção de clássicos em quadrinhos, publicado pela Mercuryo Jovem. Já li, gostei muito e nos próximos posts vou falar dele e da coleção. E no sábado à tarde fui a uma livraria num shopping do Itaim Bibi, no lançamento da Gaivota, o novo selo da Editora Biruta. Lá encontrei outros amigos escritores que estavam lançando livros. O Luiz Antonio Aguiar lançou O menino e o grifo; a Socorro Acioli, Ela tem olhos de céu; e o Jorge Miguel Marinho, Na teia do morcego. Trouxe os três livros autografados, já li dois e nos próximos posts vou falar deles, também.

O pote mágico, de Ferréz

Na outra semana a Otacília me mandou, por e-mail, o convite para o lançamento do livro do Ferréz e me perguntou se eu queria ir.

Claro que quero! – eu respondi. E nós fomos, eu, o pessoal da Sintaxe, a Otacília e a Marisa Moura, a agente literária do Ferréz.

O lançamento foi na ONG Interferência, que fica no Jardim Comercial, distrito do bairro do Capão Redondo, zona sul de São Paulo. A Interferência foi fundada pelo Ferréz em 2009 e já atende 140 crianças, que brincam e participam de diversas atividades culturais nos horários em que não estão na escola.

Muitas crianças da ONG foram ao lançamento e quando chegamos lá, o cenário já estava montado. As crianças pintaram os painéis que enfeitavam a festa, ganharam um livro autografado e eu também ganhei o meu:

– Chega aí, Heitor. Você veio ao lançamento e também vai levar um livro.

Fui falar com o Ferréz, ele me deu um livro autografado e ainda conversamos um pouco. Ele me disse que esse livro é autobiográfico e que essa história aconteceu de verdade com ele. Na história dele o pote mágico era uma lata velha.

O pote mágico, escrito pelo Ferréz, ilustrado por Rodrigo Abrahim e publicado pela editora Planeta Infantil começa com o narrador da história empinando uma capucheta.

“O sol veio cedo, e com ele várias pipas. Eu montei uma capucheta – era assim que eles chamavam quando você pegava uma folha, dobrava em três partes, punha uma linha entre duas partes e tentava soltar.”

Eu nunca tinha visto uma capucheta na vida, perguntei ao meu pai e ele disse que no tempo dele havia muitas, e fez uma pra mim. Tentei empinar minha capucheta, mas ela quase não subiu… Pipa é bem melhor. No livro do Ferréz as capuchetas derrubavam as pipas e os meninos maiores odiavam quem soltasse, diziam que as capuchetas eram lixão.

Mas o menino já não achava mais graça em soltar capucheta, e entre brincar de pega-pega ou esconde-esconde, procurava algo novo. Até que um dia, o Dim, um menino bem maior que ele, apareceu com um pote na rua e disseram que era um pote mágico. Depois de tentar por diversos dias ele conseguiu criar coragem para ir à casa do Dim pra ver o tal do pote mágico.

“Peguei minha espada do Zorro, minha mascara do Batman e prometi para mim mesmo que iria lá no outro dia. E nada iria me impedir.”

Ele foi, mas não viu o pote. Levou uma pedrada do Will, irmão do Dinho, bem no meio da testa. No dia seguinte o menino tentou novamente, foi outra vez à casa do Dinho e conseguiu falar com ele. O Dinho pediu 5 reais para lhe mostrar o pote… Esse é só o começo dessa história, depois, o menino vai atrás dos 5 reais e vive aventuras muito bonitas e emocionantes. As ilustrações dessa história são em preto e branco com detalhes coloridos, que são os pedaços da fantasia do menino.

Ferréz (Reginaldo Ferreira da Silva) é romancista, contista e poeta. Na adolescência, trabalhou como vendedor ambulante, balconista, auxiliar de construção, arquivista, chapeiro, etc. Em 1997 lançou o livro de poemas Fortaleza da Desilusão. Em 1999 fundou o grupo 1DaSul, que promove eventos e ações culturais na região do Capão Redondo, periferia da cidade de São Paulo. É ligado ao movimento hip-hop, escreve letras de rap e canta. Lançou seu primeiro romance em 2000, Capão Pecado, e em 2003, o segundo, Manual Prático do Ódio. Em 2005 publicou o romance infantojuvenil Amanhecer Esmeralda, e em 2006 o livro de contos Ninguém É Inocente em São Paulo. De 2001 a 2010 escreveu crônicas para a revista Caros Amigos e neste ano (2012) lançou o romance Deus foi almoçar e o infantil O pote mágico.

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  1. Oi Heitor, sua mãe tem razão, você não pode desistir de escrever, pois sua opinião sobre os livros que são lançados para crianças e jovens é muito importante… Sei que tem dias em que a gente acorda sem vontade de fazer nada, mas a melhor forma de vencer isso é sentar pra escrever… Gostei muito de saber sobre o lançamento do Ferréz. Obrigada por compartilhar essa tantas outras notícias boas com seus leitores!
    Abraço da
    Maria Viana

  2. Olá Heitor! Continue escrevendo, sempre! Vc manda muito bem! Gostaria que meus alunos tivessem um pouquinho do seu amor pela literatura e de sua curiosidade! Parabéns!
    P.S.: Por favor, mande um abraço pra sua mãe, ela é incrível.

  3. Oi, Fabiana. Obrigado! Podemos ler o mesmo livro, eu e os seus alunos, daí a gente compartilha nossas leituras aqui no blog.
    Vou mandar o seu abraço pra minha mãe. Ela vai adorar ouvir isso!

  4. oi Heitor
    Você lembra de mim. eu sumi daqui, mas as vezes entro e leio correndo. A minha vida estaa super complicada, espero que as coisas melhorem com o novo prefeito. beijão

  5. Oi. Claro que lembro! Estava com saudades. Também espero que as coisas melhorem pra você… e pra mim… Tomara que o novo prefeito não queira demolir a biblioteca aqui do bairro, como quis fazer esse.

  6. O Senhor é meu Pastor, e nada me faltará, deitar-me faz em verdes pastos. Guia me mansamente para as águas tranquílas, refrigera a minha alma, ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum porque o Senhor Deus está comigo.

  7. Olá Heitor !!
    Você é um afortunado, foi beber da fonte. Sou amarradão no Ferrez, Já lí Manual Prático do Ódio e Capão Pecado; adorei os dois. Estou louco atrás do livro de poesias Fortaleza da Desilusão mas não encontro em lugar nenhum, nem nos sebos encontrei. Se vc souber onde encontrar por favor me avise.

  8. Oi, Francisco. Eu também gosto muito do Ferréz e foi bem legal o conhecer pessoalmente. Não li esses, mas ainda vou ler. Primeiro quero ler o Deus foi almoçar. E se eu encontrar o Fortaleza da Desilusão eu aviso você.

  9. oi sou aluno da professora Ana Paula. O livro da professora encantadora é muito legal, eu gostei. Aqui também temos um professora encantadora, ela se chama Teresa é a de Ciências. Eu gosto da aula dela como se fosse do livro, por isso eu gostei do livro e também eu gostei de como o livro foi escrito porque o autor tinha muita vontade de ver a professora que ensinou a suspirar e a aprender muitas coisas legais.

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